Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
16 de abril de
2019
Diarinho, o meu pessoal está espalhando um zap-zap muito legal, que me
faz um monte de elogios. Mas tomara que ninguém cheque nada, porque tem um
bocado de coisa errada lá. Para lembrar desse negócio na velhice, vou colocar
aqui o texto entre parentes e dizer o que está fakeado.
“Dez motivos pelos quais Bolsonaro é o melhor presidente da história”
“1-) Bolsonaro abriu a caixa preta do BNDES.”
- Menos, gente, menos. Por enquanto o que o BNDES fez foi colocar todas as informações que estavam dispersas num único link.
- Menos, gente, menos. Por enquanto o que o BNDES fez foi colocar todas as informações que estavam dispersas num único link.
“2-) Bolsonaro cortou 2,5 Bilhões de verbas de patrocínio com a Globo e
outras empresas televisivas.”
- Ô, gente boba! O gasto com propaganda aumentou em 63%, comparando com o primeiro trimestre do ano passado. A diferença é que a Globo passou para o terceiro lugar. Em primeiro está a Record e em segundo, o SBT.
- Ô, gente boba! O gasto com propaganda aumentou em 63%, comparando com o primeiro trimestre do ano passado. A diferença é que a Globo passou para o terceiro lugar. Em primeiro está a Record e em segundo, o SBT.
“3-) Cortou 21 mil cargos comissionados;”
- Epa!, isso é verdade. Ou quase. É que o governo federal passou de 131 mil cargos para 110 mil. Mas só havia 106 mil pessoas trabalhando. Ou seja, cortamos os cargos, mas as despesas já não existiam.
- Epa!, isso é verdade. Ou quase. É que o governo federal passou de 131 mil cargos para 110 mil. Mas só havia 106 mil pessoas trabalhando. Ou seja, cortamos os cargos, mas as despesas já não existiam.
“4-) Cortou a obrigação dos trabalhadores de pagar o imposto sindical;”
- Pô, isso é do Temer, pessoal.
- Pô, isso é do Temer, pessoal.
“5-) Gerou saldo positivo nas contas do governo de R$ 30,2 bilhões em 3
meses;”
- Esse número de 30,2 bilhões é só de janeiro. Mas isso não é exatamente uma vitória. É que janeiro geralmente é superavitário, porque não há repasse para os estados. No ano passado, por exemplo, o número foi 30,8 bilhões. E em fevereiro já tivemos déficit de 18,27 bilhões. O pessoal endoidece, Diarinho.
- Esse número de 30,2 bilhões é só de janeiro. Mas isso não é exatamente uma vitória. É que janeiro geralmente é superavitário, porque não há repasse para os estados. No ano passado, por exemplo, o número foi 30,8 bilhões. E em fevereiro já tivemos déficit de 18,27 bilhões. O pessoal endoidece, Diarinho.
“6-) Cortou a suntuosa verba do Carnaval e outros eventos, passando a
responsabilidade a ser dos próprios idealizadores;”
- Pô, gente, se o governo federal nem dá verba para o Carnaval, como pode cortar alguma coisa? Mas gostei do “suntuosa”.
- Pô, gente, se o governo federal nem dá verba para o Carnaval, como pode cortar alguma coisa? Mas gostei do “suntuosa”.
“7-) Mostrou ao mundo como a esquerda deixou o Brasil depois de 20 anos,
ao postar um vídeo em seu Twitter com cenas imorais de foliões em local
público;”
- Isso eu fiz mesmo. Aliás, preciso dar uma outra pesquisada nesses vídeos aí. Vou no banheiro e volto já.
- Isso eu fiz mesmo. Aliás, preciso dar uma outra pesquisada nesses vídeos aí. Vou no banheiro e volto já.
“8-) Acabou com o horário de verão.”
- Aí, sim! É a minha grande obra.
- Aí, sim! É a minha grande obra.
“9-) Criou o centro de pesquisa para resolver o problema da seca no
Nordeste.”
- Eita! Tem um acordo com Israel para trazer uma técnica de dessalinização. Mas ela já existe aqui. Desde 1990, no governo do FHC (os militares deixaram ele escapar...), já existem dessalinizadores para tratar a água salobra do subsolo do semiárido. E em 2004, no governo Lula (prisão perpétua para esse aí!), o uso da técnica foi ampliado num programa federal chamado Água Doce.
- Eita! Tem um acordo com Israel para trazer uma técnica de dessalinização. Mas ela já existe aqui. Desde 1990, no governo do FHC (os militares deixaram ele escapar...), já existem dessalinizadores para tratar a água salobra do subsolo do semiárido. E em 2004, no governo Lula (prisão perpétua para esse aí!), o uso da técnica foi ampliado num programa federal chamado Água Doce.
“10-) Bolsonaro criou 211 mil vagas de emprego em dois meses.”
- Nem tanto, nem tanto... Esse número só fala das vagas criadas, não das fechadas. De dezembro a fevereiro o Brasil perdeu mais de 800 mil postos de emprego. A taxa de desemprego subiu de 11,6% para 12,4%.
- Nem tanto, nem tanto... Esse número só fala das vagas criadas, não das fechadas. De dezembro a fevereiro o Brasil perdeu mais de 800 mil postos de emprego. A taxa de desemprego subiu de 11,6% para 12,4%.
Bom, Diário, a turma exagerou um pouco. Mas isso não importa. Temos é
que espalhar as notícias pela zap-zap e pelo Feicebuque.
Se alguém quiser acreditar, problema dele. O Brasil tem liberdade de
crença, kkkk!
*********
O
Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias. Quem
quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode
ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro.
Bem, a gente sabe que a fala do Coiso é muito
tosca. Mas sempre se desconfiou que seu cérebro – mais especificamente – sua
capacidade de articular ideias – também era. Por isso, gostaria que, desta vez,
o Coiso se explicasse melhor. Do contrário, fica entendido para todos o
seguinte entendimento:
Um país receber turistas LGBTs, que vem para cá
passear, visitar pontos turísticos e museus, ir às nossas praias etc, etc. –
como qualquer outro tipo de turista – isso não pode, "porque ofende as
famílias". (Se isso ofende as famílias LGBTs, compostas por casais de dois
homens, ou duas mulheres, ou um homem e um trans, ou uma mulher e um trans,
mais seus filhos, acho meio difícil...)
Agora, homem vir à Terra Papagalli para usufruir da
exploração sexual de mulheres, adolescentes e crianças, ah, isso pode.
É isso mesmo, produção?
Será que a ideia do Coiso de fazer – como disse
certa vez – o Brasil voltar uns 50 anos inclui a volta à mentalidade das
campanhas de promoção ao turismo da Embratur, nos anos 1980, em que o Brasil
era associado à sensualidade das mulheres brasileiras de biquíni?
Sério, o Coiso precisa REALMENTE esclarecer isso.
Até porque já tem gente na bronca.
Pode-se pensar o que quiser do escritor Paulo
Coelho. Mas foi o cidadão Paulo Coelho que deu a maior bronca no Coiso – e em ingrês:
E antes que tu, ó beócio seguidor do Coiso, venha
dizer que "Ah, mas as bibas também vem pra cá caçar home!", um
recado: não é assim não.
Está bem, um ou outro turista hetero (homem e
viajando sozinho – seja "a negócios", seja qual for outra desculpa
que apresenta aos familiares e/ou amigos...) vem para Terra Papagalli a fim de
turismo sexual. Mas a maioria vem é passear, visitar pontos turísticos e
museus, ir às nossas praias etc, etc.
Pois então. A maioria dos LGBTs também vem para cá
pela mesma razão. (E se forem famílias LGBTs – relembrando: casais do mesmo
sexo, casais com um homem e/ou uma mulher e um cônjuge trans, com filhos ou não
– aí mesmo é que não estão a fim de turismo sexual...)
E se o Coiso e seus seguidores fossem mais
pragmáticos, veriam que menosprezar (ou mesmo espantar) turistas LGBTs é uma
burrice sem tamanho. Uma matéria do Estadão apresenta quatro bons argumentos a favor da
promoção do turismo LGBT em Terra Papagalli:
1-
Público qualificado com gastos altos
De acordo com a
Câmara de Comércio e Turismo LGBT no Brasil, o setor movimentou US$ 218,7
bilhões em 2018, segundo dados da pesquisa LGBT Travel Market, promovida pela
Consultoria Out Now/WTM.
Segundo dados da
Organização Mundial do Turismo (OMT), o público LGBT corresponde a 10% dos
viajantes do planeta. Só nos Estados Unidos estima-se que o setor movimente
cerca de US$ 65 bilhões.
Em 2016, durante o
Fórum de Turismo LGBT, foi divulgada uma pesquisa sobre o perfil do turista
LGBT:
-Realizam em média
quatro viagens por ano;
-45% deles viajam ao
exterior todos os anos (a média nacional é de 9%)
-Têm gasto 30% maior
em relação a outros viajantes”
Combater a visita da
comunidade LGBTI+ ao Brasil, além de ser um grave ataque aos direitos
universais, impediria a entrada de US$ 26,8 bilhões na economia brasileira
(pesquisa OUT/WTM 2018)”, declarou a Câmara de Comércio em um comunicado
divulgado na própria quinta-feira.
2- Tolerância ajuda na divulgação de
um destino como marca
O
Ministério do Turismo da Argentina (um dos destinos mais gay friendly do
mundo), criou em 2016 uma campanha chamada Amor. focada
em estimular esse público a viajar pelo país: nossos vizinhos recebem cerca de
450 mil turistas LGBT todos os anos. O país, aliás, é o que mais promove sua
faceta gay friendly, segundo a OMT.
Com leis que
garantem proteção e segurança e estabelecimentos orgulhosos de ostentar a
bandeira do arco-íris, o país conquistou turistas satisfeitos: 94% dos
viajantes LGBT descreveram sua experiência no país como excelente (63%)
ou muito boa (31%). Do total dos viajantes no país, 35% declararam também ter o
Brasil no seu roteiro. Ou seja, uma boa oportunidade para pegar carona em um
destino já consolidado.
São
Francisco, na Califórnia, acaba de anunciar uma nova campanha chamada
Open For All (Aberto a Todos), reforçando que todos são bem-vindos na cidade,
independentemente de gênero, cor, raça, origem, religião ou orientação sexual.
A
Organização Mundial do Turismo, em relatório divulgado em 2016, cita diversos exemplos de outras
campanhas bem sucedidas pelo globo. Entram aí Espanha, Irlanda e Reino Unido,
por exemplo. Segundo o órgão, notícias sobre a aprovação de união civil para
pessoas do mesmo sexo são distribuídas no mundo todo (ou seja, publicidade
gratuita) e passam uma imagem de tolerância e respeito não apenas para esse
público específico, mas também para que outros turistas se sintam bem-vindos.
Publicidade
focada nesse público, segundo o estudo, é baseada em dados que comprovam que a
imagem positiva gerada é maior do que a rejeição criada pela parcela
intolerante da população. A campanha Open For All de São Francisco, por
exemplo, tem como apoiadores marcas de renome como GAP, Banana Republic, Yelp e
Marriott – a rede de hotéis, aliás, é considerada referência em hotelaria no
treinamento de seus funcionários e receptividade ao público LGBT. Uma de suas
campanhas, chamada #LoveTravels, estimula todos os visitantes a postarem
expressões do amor em suas mais variadas formas.
Valência, na
Espanha, é outra cidade a investir em publicidade específica para esse nicho de
mercado. A partir de conversas com a comunidade LGBT, criou-se roteiros com
dicas e atrações de interesse.
3-
Eventos temáticos ajudam a movimentar o turismo na baixa temporada
Em São Paulo, a
Parada do Orgulho LGBT de 2018 reuniu mais de 3 milhões de pessoas e levou os
hotéis na região do centro e Avenida Paulista a uma ocupação de 90% dos leitos
– lembrando que, na capital paulista, os hotéis registram maior ocupação
durante a semana. A parada é realizada sempre no domingo da emenda do feriado
de Corpus Christi (este ano, está marcada para 23 de junho). O evento
movimentou cerca de R$ 190 milhões na cidade.
Além de eventos
específicos, há cidades que investem em nichos como forma de receber um público
constante. Nos últimos anos, o mercado de casamentos e lua de mel voltado a
pessoas do mesmo sexo vem registrando ótimos números. Um case de sucesso é Nova
York: em 2011, foi gerado um impacto de US$ 200 milhões na economia da
cidade ligados apenas a celebrações e casamentos LGBT.
Uma expectativa
conservadora, segundo a própria cidade, aponta que cerca de 7 milhões de
turistas que se declarem LGBTQ+ visitem Nova York anualmente, vindos do mundo
todo. Um impacto de US$ 7 bilhões na economia local.
4 – Há
múltiplos públicos dentro do público LGBT
É errado acreditar
que todo viajante LGBT tem o mesmo interesse. Afinal, o viajante LGBT não é
nada além de um viajante normal: há quem esteja mais ligado em arte, em
gastronomia, em atrações budget, em viagens românticas a dois, em festejar com
os amigos, e há grandes diferenças de interesses geracionais também.
Vale destacar também as
famílias LGBT que viajam com suas crianças e buscam o que todos os pais buscam
quando saem em férias: sossego, diversão e tempo de qualidade com os filhos.
Ah, tem mais uma vantagem: turismo LGBT paga
impostos.
O turismo sexual, nem tanto.
Nem todo cafetão paga impostos sobre a cafetinagem
sobre as mulheres.
Certo, o canalha do Oscar Maroni (Bahamas Club)
paga impostos... pelo menos, eu acho. Mas diga-se a seu favor que ele só
explora mulheres adultas. (Pelo menos, que se saiba.)
Mas... e exploradores de crianças e adolescentes?
Pagam impostos?
Não.
Fora o fato de que, nos últimos vinte anos,
assistimos a uma campanha e um combate sem tréguas (ainda que com poucos
recursos recursos) contra a exploração sexual de crianças e adolescentes.
Será que o Coiso já parou para pensar que sua fala –
pensada ou (com certeza) não – é um estímulo a essa exploração? Será que as
famílias que ele tanto diz defender vão achar legal, um barato?
O que se sabe é que, no Nordeste – região forte em
turismo... e, infelizmente, ainda com a exploração do turismo sexual bem forte,
apesar do combate – três estados que combatem isso (Maranhão, Rio Grande do
Norte e Bahia) estão na bronca – bronca devidamente mostrada em cartazes:
Do governo do Maranhão
Do governo do RN
Repetindo: o Coiso precisa se explicar melhor, se
não quiser ficar conhecido como o primeiro presidente cafetão da história de nossa República.
*********
E agora, a nossa indicação para esta séria série: Die Mitte der Welt (O centro do mundo - Alemanha, 2016), de Jakob M. Erwa, baseado no romance
homônimo de (1998) de Andreas
Steinhöfel.
Após um período de férias de verão no acampamento, Phil (Louis
Hofmann) retorna para casa e se depara com sua mãe tendo problemas familiares
com a irmã. Junto da sua amiga Kat (Svenja Jung), ele retorna para a escola,
onde um novo aluno entra em sua turma: Nicholas (Jannik Schümann). Apaixonado,
Phil começa a paquerar Nicholas. O novato corresponde, mas a fragilidade do
primeiro amor é colocada à prova.
Vejam o trailer, e até lá.
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