08 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXII)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
6 de março de 2019

Poxa, Diário, que encheção de saco do cacete!
Só porque eu postei um videozinho de nada estão pegando no meu pé.
Tudo começou porque eu queria dar um gás no meu twitter. Então perguntei pro meu filho que entende dessas coisas:
- O que que faz mais sucesso na internet?
- Sacanagem, né, pai?
- Eu já estou postando os atos do governo e não adianta nada.
- Sacanagem de verdade.
- Reforma da Previdência?
- Não. Outro tipo de sacanagem. Essa aqui, olha.
Aí ele me mostrou um monte de vídeos. Nuns até tinha um cara parecido com ele.
Então, quando o garoto saiu, eu me tranquei no banheiro e comecei a fuçar na internet. Pesquisei horas e horas, em tudo quanto é site.
Aí eu aprendi o que é bukkake (nossa, que meleca que fica a cara da pessoa!), chuva negra (como é que pode uma coisa dessas? Vi umas dez vezes para acreditar), adstringopenispetrafilia (que é amarrar pedras no piupiu), dupla penetração, fio terra, suruba, catena (que é fazer um trenzinho de sacanagem), bondage (hum, amarrar o outro...), beijo grego, espanhola, gang-bang etc...
Quando eu percebi, já era de manhã.
Aí, para denunciar essa pouca vergonha que é o carnaval (Como eu odiei o desfile da Paraíso do Tuiuti! Quem foram os marginais que jogaram laranja no meu boneco de Olinda? E que história é essa dos blocos gritarem “Ei, Bolsonaro, vtnc!”), eu decidi postar uma golden shower (que é mijar no outro) e um socratismo (que é enfiar o próprio dedo no olho que não vê).
Mas em vez de me apoiar, o pessoal me criticou. Disseram que eu era pornográfico.
A gente tenta moralizar a coisa e é isso que recebe de volta? Francamente...
Diário, eu vou é voltar para a minha pesquisa. Será que o Frotinha me dá umas dicas?
E pensar que no meu tempo só tinha a Sala Especial, na Record.

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Oh, dúvida cruel!... Explico ou não explico ao Coiso por que o povo está uma arara com o vídeo que postou no seu Twitter, com um cidadão em cima de uma banca de jornal insinuando que está botando o dedo no... no... Como direi para não chocar quem lê esta sériasérie? Talvez falando que o vídeo foi filmado na segunda feira, durante o desfile de um bloco de rua de São Paulo chamado... Blocu (!).

Do autoproclamado presidente do Brasil José de Abreu, com mais decoro do que o Coiso.

OK, vou explicar.
Primeiro, porque carnaval é assim mesmo: uma libertação. Só que é uma festa bem mais complexa: tem gente que abusa mesmo (esse Blocu, por exemplo, parece que é filiado ao MSN - Movimento dos Sem Noção...), mas não é todo mundo. Sei que é chato para alguém como o Coiso, que só pensa (pensa? Ato falho... ato falho...) em termos de preto e branco, mas é isso.
Mais uma vez, apelo para o Catraca Livre, em texto de Maurício Costa (o grifo é meu):

Quando o presidente diz que é necessário expor a verdade à população, por que ele se utiliza da exceção para tal? Não é regra que em vários blocos pessoas urinaram na cabeça de outras. E, se essa foi uma situação particular, por que tomá-la como exemplo? Podemos aqui elencar outras situações que foram regra e MUITO positivas durante o Carnaval 2019, que o Bolsonaro poderia ter mostrado em seu Twitter:

  • Milhões de pessoas ocuparam as ruas de forma democrática para celebrar, brincar, dançar, cantar, beijar
  • Milhões de pessoas ocuparam as ruas para protestar no Carnaval (inclusive, o presidente foi uma das maiores vítimas. Talvez por isso esse ódio todo contra os bloquinhos…)
  • Milhares de pessoas se uniram em prol de campanhas humanitárias e muito dignas, como por exemplo o #CarnavalSemAssédio, lançada pela Catraca Livre para combater o assédio sexual

Mas é muito mais fácil pegar um recorte pequeno de algo que te desagradou e tentar entuchar na cabeça do seu eleitorado, não é mesmo sr. Presidente?
“Ah, Catraca, mas vocês não vão falar sobre a cena em si?!”. Não, não vamos. Já tem muita gente pra julgar essa cena em si, tá ótimo.
Tem TANTA coisa pra gente falar… vamos falar sobre a homofobia que mata milhares de LGBTs no Brasil todo ano? Vamos falar sobre o fato de mulheres ainda ganharem menos do que os homens em cargos iguais? Vamos falar sobre os negros serem abordados por policiais todos os dias nas ruas só por serem negros? E que tal o salário destes mesmos policiais, sr. Bolsonaro? Um lixo, não é?!
O presidente precisa começar a se preocupar urgentemente com questões mais sérias que afetam milhões e milhões de pessoas no país. O fato de um garoto fazer xixi em outro não merece a atenção do mais alto cargo Executivo do Brasil…

E esse é o segundo ponto: NENHUM CHEFE DE GOVERNO ESCAPA DA CRÍTICA IRREVERENTE DO POVO DURANTE O CARNAVAL. E isso é tradição nos chamados "folguedos de Momo.
Quando os chamados poderes públicos tentam mexer com o carnaval, aí é que são sacaneados. E isso desde os tempos do bonde puxado a burro.
Em 1912, o Barão do Rio Branco (1846-1912) – ministro das Relações Exteriores de quatro presidentes da república (Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca) morreu, e justo às vésperas do carnaval. Daí, o último presidente ao qual ele serviu (Hermes da Fonseca) decretou que o próprio carnaval fosse adiado para abril, por conta do luto.
Certo, o Barão era muito popular, e o povo ficou triste. Mas carnaval é carnaval, e a tristeza não foi o bastante para adiá-lo. Em fevereiro, lá estavam os foliões enchendo o centro do Rio de Janeiro, cantando e brincando. Em abril, o governo teve que honrar a sua palavra, e o povo honrou a sua presença nas ruas, de novo. E o Marechal Hermes ainda teve de engolir uma marchinha que o povo criou em sua "homenagem":

Com a morte do Barão
Tivemos dois carnavá
Ai que bom, ai que gostoso
Se morresse o Marechá

(Sim, o Marechal Hermes não era tão popular naquele momento – cortesia da interferência acintosa do senador Pinheiro Machado em seu governo... e, segundo o povo, de seu pé frio... Para a sua sorte, Ai, Philomena (paródia de J. Carvalho Bulhões sobre a canção italiana Viva Garibaldi, em homenagem à sua urucubaca) só foi lançada em 1915, meses depois que deixou o cargo.)


Ou seja: água de morro abaixo, fogo de morro acima, e folião sacaneando as "otoridades" (seja com fantasias, seja com músicas, seja com VTNC – e se você não sabe, caro leitor, o que é essa sigla, sinto muito, mas não sou eu que vou lhe explicar...) ninguém segura – ainda mais quando é sobre um chefe de governo que nem completou os cem primeiros dias de governo e só vem fazendo (e falando) m... Por exemplo: quem mandou você (e outros porraloucas de seu governo) obedecer a Pato Donald Trump e rosnar que não vão mais vender soja para a China?  – especialmente sem perceber que o "inimigo" (a China) de seu "amigo" (Os EUA de Trump) estão quase fazendo as pazes. O resultado foi mais ou menos assim como disse o deputado Paulo Teixeira em seu Twitter:

"Bolsonaro atende os EUA e dá as costas para China. China passa a comprar soja dos EUA. Brasil perde mercado da venda de soja para os EUA. Trump agradece Bolsonaro pela ajuda"

(Ou seja: a esta altura, por conta disso, não são só os foliões que querem que você VTNC... o agronegócio também...)

Terceiro... bem, esse terceiro eu acho mais difícil sem interesse e motivação políticas... mas a ideia até que faz sentido: isso pode ser considerado falta de decoro... e motivo para seu impeachment. Sério. Leia o que diz um dos capítulos da Lei 1079/50, que trata do impedimento e destituição deum presidente (os grifos são meus):

CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A PROBIDADE NA ADMINISTRAÇÃO
Art. 9º São crimes de responsabilidade contra a probidade na administração:

1 - omitir ou retardar dolosamente a publicação das leis e resoluções do Poder Legislativo ou dos atos do Poder Executivo;
2 - não prestar ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas relativas ao exercício anterior;
3 - não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição;
4 - expedir ordens ou fazer requisição de forma contrária às disposições expressas da Constituição;
5 - infringir no provimento dos cargos públicos, as normas legais;
6 - Usar de violência ou ameaça contra funcionário público para coagí-lo a proceder ilegalmente, bem como utilizar-se de suborno ou de qualquer outra forma de corrupção para o mesmo fim;
7 - proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decôro do cargo.

Como eu disse... esse terceiro eu acho mais difícil... só se o senhor fosse do PT ou se chamasse Dilma Rousseff... mas a ideia pode ser considerada – especialmente pelos generais que o cercam, quando o senhor deixar de ser necessário ou fizer (e falar) m... demais.
Aliás, já pensou em usar mais esse miolo cinzento dentro de sua cabeça, chamado cérebro? Eu lhe garanto: isso faz um bem enorme...
E faz um bem maior ainda se ouvir os seus assessores. Eles podem compensar o seu cérebro estreito.
 (Se bem que isso não vai adiantar nada se seus assessores forem de duas formas terríveis: os da turma do "sim, senhor" concordo com o senhor", e os da turma do "é isso mesmo que eu penso, senhor"...)

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Aliás, no que me concerne (copyright Jânio Quadros...) não adianta nada a operação apaga-incêndio dos seus "aceçores" (assim mesmo, sr. revisor, obrigado) mais graduados, os generais Hamilton Mourão e Augusto Heleno – depois que o Coiso falou para os fuzileiros navais que "democracia e liberdade, só existe quando a sua respectiva Forças Armadas assim o quer (SIC)" – para convencerem a galera de que ele foi mal interpretado ao dizer o que disse.


"O que que o presidente quis dizer? Está sendo mal interpretado. O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade, esses valores morrem. É o que acontece na Venezuela. Lá, infelizmente, as Forças Armadas venezuelanas rasgaram isso aí. Foi isso que ele [Bolsonaro] quis dizer" (Hamilton Mourão)

"Não achei polêmica. Não vejo nada de mais na declaração. Ele [Bolsonaro] estava fazendo um discurso para comemoração dos 111 anos do Corpo de Fuzileiros Navais e ele falou o que todo mundo sabe: as Forças Armadas são o baluarte da democracia e da liberdade. Historicamente, em todos os países do mundo", opinou o ministro.
"Ele falou isso em tom absolutamente tranquilo, cordial, num contexto de amor à família, amor à pátria, manutenção dos valores da sociedade. E citou que as Forças Armadas são as responsáveis pela manutenção da democracia e da liberdade. Nada demais. Nada demais, nada que possa contrariar", complementou. (Augusto Heleno)

Podem falar o que bem quiserem.
Não vão convencer quem tem o número exato de neurônios no cérebro.
Seja sem pensar (ou pensando com o fígado), o Coiso disse exatamente isso: se as Forças Armadas cismarem que não vai ter mais democracia, não vai ter (assim como em 1937 e 1964), e pronto.
E seus "aceçores" – Augusto Heleno, que foi radicalmente contra a Comissão da Verdade; e Mourão, defensor de um "autogolpe" (à la Fujimori no Peru) e "uma nova Constituição elaborada por um grupo de 'notáveis'" – concordam em gênero, número e grau. Só querem disfarçar, porque ainda é cedo. Simples assim.

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E agora, a nossa indicação para esta séria série: All over me (EUA, 1997), de Alex Sichel. Sim, é antigo, mas tem uma curiosidade supimpa no elenco: a então iniciante Leisha Halley – isso mesmo, a Alice de The L Word.
Claude (Alison Folland) e Ellen (Tara Subkoff) são grandes amigas e vivem em uma área não muito agradável de Nova York. Eles estão envolvidas na subcultura jovem dos anos 90 com drogas, música ao vivo e homofobia. Tudo muda quando Claude se apaixona por Ellen, que está saindo com um viciado em drogas. No entanto, um assassinato muda tudo. Resta saber se Claude tem garra para lutar pelo que quer.
Sorry, não tem trailer... por enquanto.
Evoé.

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E antes que eu me esqueça: FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER.


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