24 outubro, 2012

GRANDE PRÊMIO DO CINEMA BRASILEIRO 2012: OS VENCEDORES DO PÁREO.


Que conste dos autos: são opiniões de uma pessoa que respeito muitíssimo. Aliás, qualquer pessoa de bom senso na área de cinema respeita – menos, claro, os grandes jornais e seus segundos-cadernos-culturais-e-seu-jornalismo-de-press-release.
A pessoa é Maria do Rosário Caetano, que atualmente escreve na Revista de Cinema e em seu próprio blog, o Almanakito. O assunto é o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro. É, aquele prêmio da Academia Brasileira de Cinema, sobre o qual escrevi um post há alguns meses atrás sobre as indicações e as apostas deste escriba.
Aliás, que tal vermos se este escriba acertou alguma coisa?
MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO
O Palhaço, de Selton Mello (Produção: Vania Catani, por Bananeira Filmes).
Lembrando meu voto: ficou dividido entre Broder, de Jefferson De, e O Palhaço, de Selton Mello. (Aliás, pobre Jeferson De, que saiu de mãos abanando...)
MELHOR FILME DE FICÇÃO - VOTO POPULAR
O Palhaço
(Sábio público...)
MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Lixo Extraordinário (Produção: Hank Levine por O2 Filmes e Angus Aynsley por Almega Projects), de João Jardim, Karen Harley e Lucy Walker.
MELHOR DOCUMENTÁRIO - VOTO POPULAR
Quebrando o Tabu (Produção: Fernando Menocci, Silvana Tinelli e Luciano Huck por Spray Filmes), de Fernando Grostein Andrade.
Meu voto também ficou dividido – desta vez entre À Margem do Lixo, e Evaldo Mocarzel, e As canções, de Eduardo Coutinho. Não deu nenhum dos dois. Uma pena.
MELHOR LONGA-INFANTIL
Uma Professora Muito Maluquinha (Produção: Diler Trindade por Diler & Associados), de André Alves Pinto e Cesar Rodrigues.
Lembrando meu voto: Palavra cantada 3D. O júri preferiu homenagear Ziraldo por seus 80 anos...
MELHOR DIREÇÃO
Selton Mello, por O Palhaço.
Lembrando que a dúvida cruel de melhor longa se repetiu aqui: dividi meu voto entre Jeferson De e Selton Mello.
MELHOR ATRIZ
DEBORAH SECCO como Bruna Surfistinha, por Bruna Surfistinha
Injustiça com Simone Spoladore – meu voto: sua Elvis, em Elvis e Madona foi fantástica.
MELHOR ATOR
SELTON MELLO (Benjamim/Palhaço Pangaré), por O Palhaço.
(Mais um acerto.)
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
DRICA MORAES (Larissa) por Bruna Surfistinha.
(Mais uma injustiça – desta vez, com Cassia Kiss e Fabiana Karla. Mas justo com Drica Moraes e seu trabalho afinado.)
MELHOR ATOR COADJUVANTE
PAULO JOSÉ (Valdemar/Palhaço Puro Sangue), por O Palhaço
(Bingo... Mais um acerto.)
MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
ADRIAN TEIJIDO, ABC, por O Palhaço.
(Bingo...)
MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
CLAUDIO AMARAL PEIXOTO, por O Palhaço.
(Bingo...)
MELHOR FIGURINO
KIKA LOPES, por O Palhaço.
(Bingo...)
MELHOR MAQUIAGEM
MARLENE MOURA e RUBENS LIBÓRIO, por O Palhaço.
(Meio injustiça com Marina Beltrão, por Elvis e Madona. Podia dar empate aí.)
MELHOR EFEITO VISUAL
CLÁUDIO PERALTA, por O Homem Do Futuro.
(Meu voto, só para lembrar: André Kapel, por Broder. Outra injustiça.)
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
MARCELO VINDICATTO e SELTON MELLO, por O Palhaço.
(Bingo...)
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Adaptado da obra “O Doce Veneno do Escorpião” de Bruna Surfistinha. ANTONIA PELLEGRINO, HOMERO OLIVETTO e JOSÉ CARVALHO, por Bruna Surfistinha.
(Lembrando meu voto: Domingos Oliveira, por Todo Mundo Tem Problemas Sexuais. Injustiça com mestre Domingos...)
MELHOR MONTAGEM FICÇÃO
MARILIA MORAES e SELTON MELLO, por O Palhaço.
(Bingo...)
MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO
PEDRO KOS, por Lixo Extraordinário
(Lembrando meu voto: Ava Gaitan Rocha, por Estrada Real da Cachaça.)
MELHOR SOM
JORGE SALDANHA, MIRIAM BIDERMAN, RICARDO REIS e RODRIGO NORONHA, por O Homem Do Futuro.
(Única injustiça com O Palhaço, que foi meu voto.)
MELHOR TRILHA SONORA
VLADIMIR CARVALHO, por Rock Brasília.
(Lembrando meu voto, para os injustiçados Edu Lobo, por Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo, e Jeferson De e João Marcelo Boscoli, por Bróder.)
MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
PLÍNIO PROFETA, por O Palhaço.
(Bingo...)
MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO
Juliana Rojas, por Pra Eu Dormir Tranquilo.
(Bingo...)
MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
Alessandra Colassanti e Samir Abujamra, por A Verdadeira História da Bailarina de Vermelho.
(Bingo...)
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
Leonardo Cata Preta, por O Céu no Andar de Baixo.
Ficou em branco, pois os cinco são ótimos. Palmas para Leonardo Cata Preta.
MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO
Woody Allen, por Meia Noite em Paris. Distribuição: Paris Filmes.
MELHOR FILME ESTRANGEIRO - VOTO POPULAR
Rio.
Por increça que parível, a decisão do júri, por Meia Noite em Paris, foi mais sábia do que a do voto popular (e não, não estou tucanando...) que preferiu os bons e velhos estereótipos que americano tem sobre o Brasil e qualquer outro país da América Latina - só faltando o mexicano-que-dorme-de-sombrero - de Rio, de Carlos Saldanha. Triste.)
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Findo o balanço dos premiados ao Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, voltemos às opiniões de Maria do Rosário Caetano, que podem ser encontradas em post de seu Almanakito.

Nossa amiga cita alguns problemas deste prêmio da Academia Brasileira de Cinema que quer ser o Oscar do cinema brasileiro, mas não consegue. Listando:
1- O ALCANCE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE CINEMA – A Academia Brasileira de Cinema tem cerca de 200 associados. A maioria é radicada no Rio de Janeiro e atuante no cinema carioca. Ninguém do cinema de outros estados.
Ora, pinhões, Rô chama a atenção para uma coisa importante a respeito de um Grande Prêmio de Cinema Brasileiro: “Um prêmio que se propõe a ser BRASILEIRO precisa mobilizar os VARIOS BRASIS.” – isto é, precisa incorporar e mobilizar também os cinemas e cineastas de outros estados. Ficar centrado no chamado “eixo Rio-são Paulo do cinema industrial”, levando-se em conta que o Brasil não tem uma indústria de cinema propriamente dita, não dará nunca credibilidade ao Grande Prêmio de Cinema Brasileiro.
Esse cariococentrismo (e não, caro leitor, não estou xingando ninguém, esse não é um palavrão... É um neologismo...) se refletiu na indicação dos finalistas: três filmes produzidos no Rio de Janeiro e dois filmes de São Paulo (que, aliás, ficaram de mãos abanando...). Nenhum filme pernambucano foi indicado – o que é uma injustiça para o cinema pernambucano e sua criatividade intensa.
2- A DATA DE PREMIAÇÃO – Como é publico e notório, a Academia Brasileira de Cinema baseia-se no modelo da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos EUA. É, ela mesma, a Academia de Hollywood, que concede o popularíssimo Oscar – que um amigo irreverente chamou certa vez de “bonequinho viado”... (Inveja? Pode até ser...)
Só que, para quem conhece os hábitos da Academia de Hollywood, sabe que ela aponta os finalistas ao Oscar do ano anterior no mês de janeiro do ano seguinte, e entrega os “bonequinhos viados”... digo, os Oscars em fevereiro ou, no mais tardar, no comecinho de março.
Já a data de entrega do Grande Prêmio de Cinema Brasileiro consegue ser a mais tardia possível. Este ano, conseguiu a façanha de entregar os prêmios do ano de 2011 em OUTUBRO de 2012 – isto é, com o ano de 2012 quase no fim. Pior: QUATRO DIAS DEPOIS DA ENTREGA DO PRÊMIO REDENTOR, do Festival do Rio.
Não sei se o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro é só o troféu ou tem uma premiação em dinheiro que o acompanha. Se tem grana, por que não abre mais a rodinha para o resto do país? Se é só o troféu, o que o respeitável público de cinema pode dizer se resume a isso: “Ah, o filme ganhou o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro? Legal, mas... e o Quico?”
(Pra quem nunca viu o Pânico na TV em seus bons tempos (isto é, quando fazia humor...): havia uma paródia do apresentador José Luiz Datena e de seu programa Brasil Urgente – e o Datena paródico conseguia ser mais hilariantemente histérico que o original. A certa altura, ele exclamava para o “diretor” do programa: “Agora... e o Quico? (Nesse momento, aparecem imagens congeladas do personagem Quico, do seriado mexicano “Chaves”.) E... o... Quico? O QUICO EU TENHO A VER COM ISSO?” E antes que o caro leitor diga que é podre, respondo-lhe: sim, é podre, mas é eficiente. Ou vai me dizer que não riu? Mas voltando à vaca fria...)
O que nos leva ao...
3- O NOME DO PRÊMIO – Rô começa seu texto no seu Almanakito citando o nobre colega Inácio Araújo, eficientemente irreverente em texto na Folha de S. Paulo. Com sua permissão, mestre Inácio: Quem inventou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro merecia uma medalha: não é todo dia que alguém dá a um prêmio de cinema o nome de corrida de cavalo.

E não é?
E, como eu disse antes, este prêmio da Academia Brasileira de Cinema quer ser o Oscar do cinema brasileiro, mas não consegue adotar um nome forte – ou, como a própria Rô pergunta: “Por que não arrumar um nome SINTÉTICO, PARÓDICO (e não paródico ao mesmo tempo!!!!!!) E GENIAL (...)???
O cinema mundial tem prêmios com nomes marcantes: Cesar – o equivalente ao Oscar na França; Goya – o equivalente ao Oscar na Espanha; Davi di Donatello – o equivalente ao Oscar na Itália; e, claro, o Oscar.
E olhe que o cinema brasileiro já teve prêmios com nomes marcantes: o Medalhão de Bronze, concedido pela revista Cinearte (apenas uma vez, em 1927, para Tesouro Perdido, de Humberto Mauro); o Saci, concedido pelo jornal O Estado de S. Paulo até 1968 (que, a rigor, era um prêmio multiartístico, concedido ao cinema e ao teatro); a Coruja de Ouro, do antigo INC; e mesmo (já que a própria Rô fala de Gramado) o Kikito – o deus do bom humor. Aliás, o Kikito, por longo tempo, foi o Oscar brasileiro – não apenas porque a forma da estatueta é ligeiramente parecida com a do “bonequinho viado”... quer dizer, do Oscar americano, mas porque o Festival de Gramado era o mais importante (ou um dos mais importantes, rivalizando com o de Brasília).
Talvez porque o nome do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro mude não por causa de falhas de comunicabilidade e empatia, mas ao sabor dos patrocinadores.
É só lembrar a história.
Quando começou, em 2002, tinha o singelo nome de Grande Prêmio BR do Cinema Brasileiro, porque era patrocinado (adivinhem?) pela Petrobras.
Em 2003, a Petrobras saiu de cena, e a edição do prêmio, que (claro) se chamou Grande Prêmio do Cinema Brasileiro foi feita com uma vaquinha entre exibidores e distribuidores.
A partir de 2004, passou a se chamar Grande Prêmio TAM do Cinema Brasileiro, quando a empresa aérea passou a patrocinar a láurea por quatro anos.
Hoje, o Ministério da Cultura, a Globo e a prefeitura do Rio de Janeiro patrocinam o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, e graças a Deus nenhum deles teve a brilhante ideia de exigir que o seu nome esteja no nome do prêmio (já pensou: “Grande Prêmio Globo do Cinema Brasileiro”, ou “Grande Prêmio Prefeitura do Rio do Cinema Brasileiro”? Ia ser um troço composto por cinco letras que cheiram tão mal...)
Agora, tem coisa pior do que o nome mutante (e, atualmente, hípico) do prêmio, a data tardia de sua entrega ou o cariococentrismo da Academia Brasileira de Cinema – e isso, a minha amiga Rô, com certeza, se esqueceu de falar por falta de espaço em seu Almanakito. É a ambição (até agora fracassada) de ser o prêmio maior da indústria cinematográfica brasileira. E, por conta disso, insistir em voltar o seu olhar somente para os ditos “filmes de mercado”, que como todos nós sabemos, fazem parte de um “cinema de patrocinador”, já que vão para as salas de cinema totalmente pagos pelos patrocínios das leis de incentivo – e que para isso, infelizmente, renunciam a uma busca corajosa por novas temáticas e novas formas de cinema. Talvez essa seja a explicação para a ausência dos filmes pernambucanos – que, sem nenhum favor, são o mais forte sopro de criatividade dentro do atual cinema brasileiro.
(Certo, eu gosto de O Palhaço. Mas não é por isso que deixarei de dizer o óbvio: ele é, ao mesmo tempo, a exceção e a regra.)
E, por favor, não insultem a nossa inteligência dizendo outro óbvio ululante: que o Oscar, da Academia de Hollywood, é um prêmio da indústria cinematográfica americana. Sim, é certo. Mas lembrem-se do nome da academia que entrega os Oscars: Academia de ARTES e CIÊNCIAS Cinematográficas. E, sim, ela é um prêmio da indústria. Mas também é um prêmio que quer ser artístico. E, nos últimos anos, se ser filme apenas comercial resultasse em Oscar, Os Mercenários, do tio Stallone, seria indicado e levaria todos os “bonequinhos viados”... ops, os Oscars do ano.
E enquanto o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro insistir em premiar a indústria cinematográfica comercial e ignorar a arte, a criatividade cinematográfica, não vai chegar até onde quer chegar.
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A seguir, gravações de outras coberturas independentes do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro.
Uma cobertura foi realizada pelo ilustre crítico de cinema luso-brasileiro Zé Fidélis.
A outra, mais profissional, foi realizada pela mais ilustre emissora de rádio brasileira de todos os tempos – a PRK-30.

Divirtam-se.

17 setembro, 2012

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXXI)


E eu quase me esqueço de comentar este relevante fato para o desenvolvimento do Estado laico brasileiro (SIC) (http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/07/jesusbook-rede-social-evangelica-arrecada-dizimo.html). Não vale rir, certo?

Postado em: 13 jul 2012 às 16:23 | Religião

A rede social Fé em Jesus (carinhosamente apelidada de JesusBook), só para evangélicos, vai arrecadar dízimo para as igrejas, além de vender bíblias e CDs.


Apelidada de Jesusbook, a rede será lançada amanhã, 14/07, dia em São Paulo da Marcha para Jesus, no endereço www.feemjesus.com.br.
O seu proprietário é o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ele informou ter a expectativa de que a rede obtenha pelo menos 3 milhões de adesões. “Seremos a maior audiência evangélica do país”.
O gasto anual de manutenção da rede está orçado em R$ 2 milhões. Inicialmente, o Jesusbook conta com dois patrocinadores (ainda não revelados), mas Cunha afirmou que o grosso da receita tende a vir da venda de publicidade.
A rede diz ser “uma iniciativa de um grupo de cristãos queacredita na transformação do Brasil”. Cunha informou ter convidado lideranças evangélicas de várias denominações para integrar um conselho editorial.
A seção de notícias da rede já está no ar e alguns de seus destaques são “Kit gay disfarçado entra nas escolas com o apoio do governo”, “OAB garante em parecer o direito de psicóloga de expressar sua fé em Cristo” e “Novo Código Penal traz mudanças polêmicas, como ampliação do aborto legal”.

Sério. A gente fica até comovido com essa dedicação fervorosa destes evangelicuzinhos ao Evangelho – o Evangelho segundo Tartufo, de Molière, claro.
Pena que eles não tem esta mesma dedicação com a lei do Estado laico brasileiro, que, salvo engano, é igual para todos. Leia a continuação da matéria:

O deputado Eduardo Cunha responde a dois inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal). O 2984/2010 apura uso de documentação falsa e o 3056 se refere a crimes contra a ordem tributária.
No Tribunal Regional da Primeira Região ele é réu no processo 0031294-51.2004.4.01.3400. Trata-se de uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Estadual.
No Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro ele é alvo do processo 0026321-60.2006.8.19.0001, que trata de improbidade administrativa.
No Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro ele responde ao processo 59664.2011.619.0000, que se refere à captação ilícita de sufrágio. No mesmo tribunal ele é réu no processo 9488.2010.619.0153 sob a acusação de abuso de poder econômico em campanha eleitoral.
No Tribunal Superior Eleitoral, ele também responde por captação ilícita de sufrágio, no processo 707/2007.

E o pior é que ele não é o único (http://www.pragmatismopolitico.com.br/2012/06/paladinos-da-moralidade-parlamentares-evangelicos-sao-campeoes-em-pendencias-judiciais.html):

Postado em: 14 jun 2012 às 15:36 | Religião

A maioria dos paladinos da moralidade alheia responde a processos na justiça eleitoral e no foro privilegiado do STF (Supremo Tribunal Federal).


Os deputados federais evangélicos são de diferentes partidos, mas em questões que envolvem comportamento e moralidade — como o casamento de gays — agem como se fossem de uma única agremiação que se norteia pelos textos bíblicos. São da base de apoio do governo, desde que o governo siga a agenda cristã-conservadora deles. Discutir a liberação do aborto, por exemplo, não pode. Tampouco distribuir nas escolas públicas kit contra a homofobia.
A maioria desses paladinos da moralidade alheia responde a processos na Justiça Eleitoral e no foro privilegiado do STF (Supremo Tribunal Federal).
Praticamente todos os deputados integrantes da Bancada Evangélica têm pendência na Justiça. Os processos apuram acusações como peculato (furto ou apropriação de bens ou valores públicos), improbidade administrativa, corrupção eleitoral, abuso de poder econômico, sonegação fiscal e formação de quadrilha.
A Assembleia de Deus tem a maior representação na bancada. Sabino Castelo Branco (PTB/AM), por exemplo, responde por peculato, crime tributário, captação ilícita de recursos, etc. A ficha judicial de Zé Vieira (PR/MA) é também extensa.
Na Igreja Presbiteriana, Anthony Garotinho (PR/RJ) e Edinho Araújo (PMDB/SP) se destacam pela quantidade de processos.
Em seguida vêm Igreja Universal, com 7 deputados, Quadrangular (3), Igreja da Graça (3), Igreja Mundial (2), Metodista (2), Maranata (1), Igreja Nova Vida (1), Cristã Evangélica (1), Igreja Brasil para Cristo (1), Igreja Cristã do Brasil (1), Sara Nossa Terra (1) e Comunidade Shamá (1).
(...) O levantamento foi feito pela organização não governamental Transparência Brasil.

A lista é grande, não cabe num post só, mas o link está aí para quem quiser – inclusive para o fiéis de igrejas evangélicas verificarem a lisura e a honestidade de seu deputado.
Basta colocar alguns aqui:

Igreja Sara Nossa Terra

STF – inquérito 2984/ 2010 - É alvo de inquérito que apura uso de documento falso. STF – inquérito 3056 - É alvo de inquérito que apura crimes contra a ordem tributária. TRF-1 Seção Judiciária do Distrito Federal – processo 0031294-51.2004.4.01.3400 - É alvo de ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal. TJ-RJ Comarca do Rio de Janeiro – processo 0026321-60.2006.8.19.0001 - É alvo de ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público Estadual. TRE-RJ – processo 59664.2011.619.0000 - Alvo de representação movida pelo Ministério Público Eleitoral por captação ilícita de sufrágio. TRE-RJ – processo 9488.2010.619.0153 - Alvo de ação de investigação judicial eleitoral movida pelo MPE por abuso de poder econômico. TSE – processo 707/2007 - Alvo de recurso contra expedição de diploma apresentado pelo MPE por captação ilícita de sufrágio.

(É, o criador do JesusBook. Em campanha, usa o slogan: “O povo merece respeeeeitooo” Pena que não siga o próprio slogan...)

Assembleia de Deus

João Campos de Araújo – PSDB/GO
TRF-1 (Seção Judiciária do Distrito Federal – processo 0031294-51.2004.4.01.3400 - É alvo de ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal.

Não poderia esquecer este exemplar do tucanato evangelicuzinho goiano. Lembram-se de sua defesa do direito dos psicólogos evangelicuzionhosde ministrar métodos de “cura” da homossexualidade, num grande exemplo da falta do que fazer de certos parlamentares?
E, last but not least:

Igreja Presbiteriana


-  Anthony William Garotinho Matheus De Oliveira (Anthony Garotinho) – PR/RJ
É alvo de inquéritos que apuram crimes eleitorais: STF – Inquérito 2601/2007STF – inquérito 2704/2008TRF-2 (Seção Judiciária do Rio de Janeiro – Processo nº 2008.51.01.815397-2 - É réu em ação penal referente à máfia dos caça-níqueis e movida pelo Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, corrupção e crimes contra a administração pública. Chegou a ser condenado a dois anos meio de prisão. A pena foi convertida em prestação de serviços e suspensão de direitos. É alvo de ações de improbidade administrativa: TJ-RJ Comarca de Nova Iguaçu – processo 0026769-53.2005.8.19.0038TJ-RJ Comarca de São Fidelis – processo º 0000249-07.2011.8.19.0051TJ-RJ Comarca do Rio de Janeiro – processo 0050419-80.2004.8.19.0001TJ-RJ Comarca de Campos dos Goytacazes – processo 0011729-64.2009.8.19.0014TJ-RJ Comarca do Rio de Janeiro – processo 0040380-19.2007.8.19.0001TJ-RJ Comarca do Rio de Janeiro – processo 0040412-24.2007.8.19.0001TJ-RJ Comarca do Rio de Janeiro – processo 0039456-08.2007.8.19.0001TJ-RJ Comarca do Rio de Janeiro – processo 0064717-67.2010.8.19.0001TJ-RJ Comarca do Rio de Janeiro – processo 0183480-95.2008.8.19.0001TRE-RJ – processo 764689.2008.619.3802 - Em ação judicial eleitoral, foi condenado por abuso de poder econômico e uso indevido de veículo de comunicação social. A Justiça decretou inelegibilidade.

A justiça do Rio de Janeiro decretou sua inegibilidade. Mas, como a lei da Ficha Limpa não foi aprovada a tempo pelo STF para as eleições de 2010, este “gênio da raça” (de que raça animal, não sei...) se candidatou e foi eleito deputado federal.
Protegido pelo mandato de novos processos na justiça (a não ser que, depois do mensalão, o STF resolva julgá-lo), o mais eminente dos evangelicuzinhos fluminenses resolveu ter mais uma de suas brilhantes ideias políticas. Desta vez, como é público e notório, firmou uma aliança política para as eleições municipais do Rio de Janeiro com um de seus mais notórios desafetos: o psicopata Cesar Maia – é, aquele que, enquanto governava a cidade do Rio de Janeiro, deixou mais de 200 pessoas morrerem durante um surto de dengue, contra a qual não fez nada, - visto quenegava obsessivamente a sua existência, para não ter de sair de sua posição de oposição aos governos federal e estadual pedindo ajuda para combatê-la.
Desta aliança nasceu a mais incrível chapa para a prefeitura do Rio de Janeiro: o deputado Rodrigo Maia (DEMO), para prefeito, e a deputada estadual Clarissa Gargantinho (PR-RJ) para vice. Segundo Gargantinho e Cesar Maia (este ano, candidato a vereador), uma chapa imbatível.
O problema – como diria o filósofo Garrincha – é que faltou combinar:
- com os adversários – inclusive o prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato a reeleição;
- com os institutos de pesquisa: de acordo, por exemplo, com o IBOPE, o prefeito Eduardo Paes está com 52% das intenções de voto, contra 14% de Marcelo Freixo (PSol) e apenas 3% para Rodrigo Maia – que, aliás (e por conta dos pais), é o campeão de rejeição do eleitor: 36% não votariam nele nem que a vaca tussa; e
- com a memória do eleitor carioca, que lembra muito bem o pão que o Tinhoso amassou que teve de comer, enquanto Gargantinho e Cesar Maia brigavam entre si e contra o governo federal, já com o PT.
E não ajuda muito quando os pais de ambos, achando que estão jogando bem, fazem gol contra.
O mais recente gol contra veio do pai da senhorinha Clarissa Gargantinho (http://www1.folha.uol.com.br/poder/1153941-no-rio-garotinho-ataca-aproximacao-de-paes-com-evangelicos.shtml – os grifos são meus):

14/09/2012 - 21h22
No Rio, Garotinho ataca aproximação de Paes com evangélicos

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

O deputado federal Anthony Garotinho (PR) criticou no horário eleitoral da noite desta sexta-feira (14) a aproximação do prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição, com setores evangélicos. O ex-governador, aliado de Rodrigo Maia (DEM) na disputa, disse que o peemedebista quer "enganar" o eleitor.
"O prefeito vai na passeata gay, apoia a formação da família gay, usa dinheiro público vendendo o Rio como a capital mundial do turismo gay. E depois vai para as igrejas evangélicas e diz: 'Glória a Deus! Aleluia!' Isso é fingimento, hipocrisia. A quem o Eduardo Paes quer enganar? Vale tudo para ganhar voto?", disse o deputado no programa de TV.
Paes se aproximou das principais lideranças evangélicas da cidade justamente para se prevenir de ataques, feitos hoje pela primeira vez no programa de TV.
Garotinho vai concentrar os ataques com temática religiosa. A Maia, caberá as críticas da administração municipal. O ex-governador estreou no programa de TV do aliado na quarta-feira, quando relembrou políticos sociais como os restaurantes populares.
"Eu sei que vão cair de pau em mim, mas não tem problema. Eu nunca neguei a minha fé. O que não pode é gente sair por aí vendendo os princípios do Evangelho. Eu não sou preconceituoso. Eu tenho posição. Tem gente que concorda e gosta. Tem gente que detesta. E é assim mesmo. Mas o pior político é aquele que quer agradar a todo mundo", finalizou Garotinho.
Para se aproximar de evangélicos, Paes deu um patrocínio inédito à Marcha para Jesus de R$ 2,48 milhões. Flexibilizou também exigências para a construção de templos na cidade.
Segundo a última pesquisa Datafolha, realizada nos dias 10 e 11 de setembro, Paes tem 59% das intenções de votos entre os evangélicos pentecostais, contra 11% de Freixo e 6% de Maia. Garotinho tenta com o vídeo reduzir a vantagem nesse grupo, no qual a vantagem do peemedebista é mais ampla do que no resultado geral, em que o prefeito tem 54%, contra 18% do socialista e 4% do candidato do DEM.

Por que gol contra?
Releia alguns trechos:

"A quem o Eduardo Paes quer enganar? Vale tudo para ganhar voto?"

Novamente a memória do eleitor carioca e fluminense: e Gargantinho, não o enganou para ganhar voto? Não valia tudo para Gargantinho enquanto ele esteve no poder no estado do Rio de Janeiro?

"Eu não sou preconceituoso. "

Imagine se fosse...
E também foi gol contra porque conseguiu iniciar uma crise numa campanha que já está mal das pernas (http://www1.folha.uol.com.br/poder/1154183-coordenador-abandona-campanha-de-rodrigo-maia-apos-video-de-garotinho.shtml):

15/09/2012 - 16h29
Coordenador abandona campanha de Rodrigo Maia após vídeo de Garotinho

ITALO NOGUEIRA
DO RIO

O coordenador do programa de governo do deputado Rodrigo Maia (DEM), Marcelo Garcia, abandonou neste sábado (15) a campanha à Prefeitura do Rio após a aparição do ex-governador Anthony Garotinho (PR) no programa de TV do candidato criticando o apoio do prefeito Eduardo Paes (PMDB) às políticas públicas para homossexuais.
Ex-secretário de Assistência Social da administração César Maia, pai de Rodrigo, ele classificou como "oportunismo político" as críticas do ex-governador ao peemedebista.
Garcia afirma ainda que, na gestão de Maia, também havia apoio às políticas voltadas a homossexuais, como a Parada Gay.
"O senhor tenta usar a insegurança diária da comunidade gay num oportunismo político com o prefeito Eduardo Paes. Na prefeitura Cesar Maia apoiávamos a Parada Gay. Inclusive eu ia dar o beijo de abertura. Na prefeitura Cesar Maia iniciamos o projeto mais importante no país de proteção a travestis. Na prefeitura Cesar Maia garantimos muitos direitos de gays e lésbicas. Tenho um enorme orgulho de tudo que fiz no governo. Eu fico triste em ver um homem como o senhor usar a comunidade gay para confrontar uma campanha eleitoral de adversários", afirmou o ex-coordenador, em carta endereçada a Garotinho.
O ex-governador criticou no horário eleitoral da noite da última sexta-feira (14) a aproximação do prefeito com setores evangélicos, enquanto apoia políticas voltadas para gays. Ele disse que Paes quer "enganar" o eleitor.
"O prefeito vai na passeata gay, apoia a formação da família gay, usa dinheiro público vendendo o Rio como a capital mundial do turismo gay. E depois vai para as igrejas evangélicas e diz: 'Glória a Deus! Aleluia!' Isso é fingimento, hipocrisia. A quem o Eduardo Paes quer enganar? Vale tudo para ganhar voto?", disse o deputado no programa de TV.
Marcelo Garcia afirma, na carta endereçada a Garotinho, que o ex-governador "é prioridade na campanha de Rodrigo Maia e Clarissa Garotinho", motivo pelo qual decide sair da campanha.
Ele diz que aceitou participar da coordenação do programa de governo "tentando conviver com as diferenças abissais entre o meu mundo e o seu [Garotinho]".
"Na última sexta feira, ficou claro que nós dois sempre seremos de lados opostos nesta vida. Eu acredito na igualdade e no direito universal das pessoas serem respeitadas.
O senhor não acredita numa vida de igualdade. O senhor deixa claro que tem outra posição sobre gays, lésbicas, travestis e transexuais", disse ele, na carta.

Precisamos falar mais alguma coisa? Marcelo Garcia já disse tudo...

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Vamos ao cinema, que é o melhor que podemos fazer.
Lembram-se de um post anterior nesta séria série, em que falamos da bela e talentosa atrizPiper Perabo e de Assunto de meninas (Lost and delirious - Canadá, 2002 - ), de Léa Pool?
Pois é. Minha nova indicação é outro filme em que ela é uma das protagonistas: Imagine Eu & Você (Imagine Me & You – Reino Unido, 2005), de Ol (Oliver) Parker – na verdade, mais conhecido pelos ilustres cinéfilos brasileiros por ser marido de Thandie Newton (de Assédio, 1998, de Bernardo Bertolucci). Mas Mr. Parker também é um ótimo diretor de cinema.
Ah, a história do filme. De certa forma, é uma volta de 180° em relação a Lost and delirious. Rachel (Piper Perabo) e Heck (Mattew Goode), amigos de longa data e amantes, finalmente decidem se amarrar. Durante o casamento, Rachel começa uma amizade com a florista Luce (Lena Headey). E, enquanto Rachel inicialmente tenta apresentar sua nova amiga ao amigo do marido, Cooper (Darren Boyd), ela logo descobre que Luce é lésbica. Durante o curso de sua amizade, Rachel começa a questionar sua própria sexualidade. E embora ela vem a perceber que ela pode ter sentimentos por sua nova amiga, Rachel deve decidir com quem ela acabará por encontrar a maior felicidade: com Heck, seu novo marido, que também é adorado por sua família, ou com Luce, que transformou sua vida e tudo o que ela achava que ela sabia sobre o amor de cabeça para baixo.
Desconfio que já esteja em DVD aqui em Terra Papagalli. Recomendo.

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXX)


Eu tentei. Juro que tentei.
Juro que passei esse longo tempo tentando cuidar da minha vida.
Juro que fiz a alegria dos laboratórios farmacêuticos que fabricam sal de fruta e genéricos, para ver se conseguia reequilibrar minha digestão.
Mas não dá.
Ainda é difícil engolir regras defecadas por “santos homens como Silas Mala-Sem-Alça-Faia, como naquela entrevista ao iG.
Para quem não sabe, lá vai o trecho que me deixou com indigestão (http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/rj/2012-05-19/pastor-silas-malafaia-tenho-pastores-que-ganham-entre-r-4-e-22-m.html): 


iG: Mas o senhor não acha que deveria ser feito algo para evitar as discriminações e agressões físicas aos gays? 
Silas Malafaia: Não desejo que ninguém morra, ok? Mas os homossexuais dizem que foram assassinados 260 deles no ano passado. Cinquenta mil pessoas foram assassinadas no Brasil no ano passado. O número de homossexuais mortos representa 0,52%. Um dado que eles não falam: grande parte das mortes é resultado de briga de amor entre eles. Que papo é esse? No mínimo, uns 50%. Homofobia é falácia de ativista gay para manter verbas para suas ONGs para fazer propaganda de que o Brasil é um país homofóbico. Homofóbico uma vírgula, amigo.

Briga de amor entre gays?
Então me diga, reverendo: o que dizer deste fato (que estou querendo comentar faz tempo)?
http://www.folhademaringa.com.br/elisa-riemer-blogueira-da-folha-de-maringa-e-espancada-pelo-proprio-irmao/

15/07/12
Elisa Riemer, blogueira da Folha de Maringá, é espancada pelo próprio irmão

A artista plástica e blogueira da Folha de Maringá, Elisa Riemer, foi espancada neste sábado (14) pelo próprio irmão.
Segundo relatos de Michelle Riemer, irmã da artista, Elisa recebeu golpes de muay thai nas pernas, costas, barriga e cabeça por Matheus Riemer até perder a consciência. Após ver a irmã desacordada, o agressor continuou a espancá-la com chutes na cabeça e costas, mesmo tendo a mãe dos dois intervindo na tentativa de assassinato. O jovem parou de agredir Elisa e fugiu do local assim que percebeu que sua mãe havia chamado a polícia.
Luiz Modesto, representante local da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Travestis, e Transexuais), deve se encontrar com a artista e sua mãe ainda hoje acompanhado de um grupo de advogados e um psicólogo para dar suporte legal e psicológico. “A Elisa é uma amiga pessoal, uma companheira de luta, e sentiu na própria carne hoje a dor que tantas pessoas sentem todos os dias, a mesma dor que ela tenta combater em sua arte, em sua militância. Falei com ela agora a pouco, coloquei todo o nosso pessoal a disposição para o que precisar”, disse Modesto.
O representante da ABGLT ainda diz que todo o discurso que segregue ou constranja determinado grupo é reafirmador dessa violência. “Indiretamente, pais, pastores, professores e comunicadores dão o aval a esse tipo de violência ao repetir, como um mantra da morte, as máximas machistas, sexistas, homofóbicas e racistas. A culpa pela agressão da nossa Elisa não é só de seu irmão, mas de todos aqueles que, dia após dia, autorizaram esse rapaz e ser machista, a tratar mulher assim. Tanto com piadinhas, com seus mau exemplos, inúmeras pessoas tem a mão manchada do sangue e a culpa pelo que sofreu Elisa Riemer”.
Elisa Riemer foi a criadora do cartaz alternativo da primeira Parada LGBT de Maringá e ganhou destaque nacional pelo trabalho polêmico e criativo.

Repetindo: o que dizer deste ato, reverendo?
Seria uma demonstração amor fraterno?
Há uns dois meses, fui a um encontro político de uma candidata a vereadora. Um dos assuntos discutidos naquela noite foi a questão da violência contra o povo LGBT.
Talvez por isso, estava presente Angélica Ivo, mãe do adolescente Alexandre Ivo.
Bem, para quem ainda não sabe quem é Alexandre Ivo, sugiro que leia a matéria abaixo:

http://www.redebrasilatual.com.br/temas/cidadania/2011/08/caso-alexandre-ivo-mae-de-adolescente-morto-em-crime-homofobico-no-rio-luta-por-justica

CIDADANIA
Mãe de Alexandre Ivo conta história do filho assassinado por homofobia
Angélica Ivo diz que a morte do filho, Alexandre, teve "todos os requintes de crueldade possíveis". Nome do jovem poderá batizar projeto de lei anti homofobia.
Por: raoscandiuzzi
Publicado em 05/08/2011, 13:00

São Paulo – Jovem, inteligente, bem humorado, amoroso e de estilo próprio. Estas são algumas das características destacadas por aqueles que conheciam Alexandre Ivo, garoto de São Gonçalo (RJ) brutalmente assassinado em junho de 2010, aos 14 anos, vítima de preconceito homofóbico. Angélica Ivo, sua mãe, espera e luta há mais de um ano pela punição dos responsáveis pelo crime que, segundo ela, “teve todos os requintes de crueldade possíveis”.
Alexandre Ivo batizou, recentemente, o possível substitutivo ao Projeto de Lei da Câmara 122/06, que prevê a criminalização da homofobia. A história do jovem comoveu o estado do Rio de Janeiro em meados do ano passado, quando três homens espancaram Alexandre até a morte e o atiraram em um terreno baldio na madrugada de 23 de junho. Uma queixa na delegacia após uma briga entre o grupo de amigos de Alexandre e três skinheads teria motivado a agressão e o assassinato do jovem.
Dois amigos de Alexandre que são homossexuais sofreram ameaças após o episódio. À época, a polícia identificou Eric Boa Hora Bedruim e Alan Siqueira como os possíveis agressores do adolescente, e decretou prisão temporária de ambos, no prazo de 60 dias. No entanto, eles conseguiram um habeas corpus para aguardar em liberdade o julgamento, que ainda não ocorreu.
A apreensão de Angélica é flagrante quando ela conta que Alexandre não tinha orientação sexual definida. “Ele estava 'se descobrindo', jogava bola, andava de skate, e, segundo os amigos, não tivera nenhuma experiência sexual ou amorosa nem com menino, nem com menina”, relata a mãe.
Todos contam que Alexandre mantinha uma relação saudável com sua família e todos os dias ajudava nos cuidados à sua avó, que meses antes havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC).  Na escola, o garoto é lembrado, segundo depoimentos dos professores à polícia, como um menino muito inteligente e ativo, que participava de todos os debates em sala de aula e colocava, sem hesitar, seu ponto de vista, seja ele qual fosse.
Pela espontaneidade, sonhava trabalhar como ator. A mãe conta que sua beleza física chamava a atenção nas ruas e que por diversas vezes Alexandre fora convidado para ensaios fotográficos em agências de modelos.
Leitor assíduo, segundo Angélica, Alexandre ganhava livros do avô e separava, quase que diariamente, alguns minutos para a leitura. A menina que roubava livros era a obra à qual ele se dedicava quando foi morto.
“Eles sabem que a impunidade é grande e quando fizerem isso (cometer crimes motivados por homofobia) não vai acontecer nada. Quem sofre é somente a família”, desabafa Angélica, que aguarda esperançosa alguma atitude da justiça para punir aqueles que “mataram uma criança feliz, de bem com a vida, que não fazia mal a ninguém, por puro preconceito”.

Repetindo o que Angélica Ivo disse: aos 14 anos, Alexandre não tinha orientação sexual definida. Não teve nenhuma relação sexual ou amorosa com meninas ou meninos, porque ainda estava descobrindo sua sexualidade.
O problema, para o bando de brucutus que torturou e matou Alexandre, é que ele tinha um amigo e colega de escola que, sim, era gay assumido.
Contei esse detalhe da história de Alexandre Ivo a um amigo meu, que se caracteriza pela falta de paciência com a hipocrisia e pela, digamos, franqueza. Transcrevo aqui o que ele me respondeu:
- Como é que é? Morreu só por ter um amigo gay? PQP!!! Alguém precisa explicar a esses cornos que amizade se faz por afinidade e sentimentos, não pelo estado do cu!
(Eu avisei que ele é franco demais...)
O problema é que, para os ilustres brucutus, ter amigo gay é o mesmo que ser gay. E pela lei dos brucutus sem cérebro, gay bom é gay morto...
E nem o senhor, reverendo Silas Mala-Sem-Alça-Faia, poderá dizer, em defesa deste bando de brucutus – que continua à solta, respondendo ao processo em liberdade – que eles estavam apaixonados pelo jovem Alexandre Ivo. Primeiro, porque vai acabar corroborando o que a ciência já provou: que os homófobos, na verdade, são pessoas com tendências homossexuais que não conseguemlidar com sua homossexualidade latente nem assumi-la para si mesmos. Segundo, porque a coisa pode passar de crime por motivação homofóbica para pedofilia...

Agora entendemos por que é que o reverendo Silas Mala-Sem-Alça-Faia e outros líderes evangelicuzinhos são contra o projeto de lei 122, que criminaliza a homofobia.
Lembrando: o projeto de lei 122 não impede as igrejas de continuarem a pregar que a homossexualidade é um grave pecado aos olhos de Deus – pelo menos, aos olhos do Deus estreito deles, não é? – mas pune quem estimula e pratica a violência contra gays e lésbicas. Porque, desta forma, ele e outros pastores podem exagerar em sua pregação contra a homossexualidade, dizendo que os assassinatos de gays é lésbicas são "brigas de amor entre eles", ou mandando "descer o porrete" no povo LGBT, podendo dormir tranquilos – sem remorsos por autorizar alguns de seus fiéis a desrespeitar um dos Dez Mandamentos (aquele que diz "não matarás") – porque não poderão ser responsabilizados se um bando de idiotas homofóbicos tomar isso ao pé da letra.
E se dizem cristãos, defensores do amor fraterno...

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Esperando que minha digestão volte ao normal, vamos à minha indicação de hoje.
Como é público e notório, a TV Cultura, sob a administração de João Safad... digo, Sayad, se dedica a demitir funcionários e fazer a alegria do departamento de vendas da BBC (ao invés de trabalhar para torna-la uma TV pública igual à própria BBC – uma TV de qualidade e servindo ao povo de São Paulo, não submissa demais ao governo).
Sendo assim – para não dizer que não colaboro com a política do dr. Safad... digo, Sayad – gostaria  de sugerir um programa batuta da BBC que a TV Cultura poderia comprar para exibir: a série Tipping The Velvet (2002), dirigida por Geoffrey Sax, a partir de roteiro de Sarah Waters (autora de Fingersmith, do qual falarei futuramente) e Andrew Davies. É curtinha (3 episódios), mas é uma graça – ainda mais ambientada na Londres de 1890.
Conta o caso de amor lésbico entre Kitty Butler (Keeley Hawes),estrela do music hall londrino, especializada em travestir-se de homens, e Nan Astley (Rachael Stirling), moça vinda do interior.
Que tal, dr. Safad... digo, Sayad?
(Ah, maldito teclado emperrado deste computador...)