28 junho, 2012

Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2012, sob o olhar de SOMBRAS ELÉTRICAS.


Como é público e notório, saíram os indicados para oGrande Prêmio de Cinema Brasileiro. É, aquele prêmio da Academia Brasileira de Cinema que quer ser o Oscar do cinema brasileiro, mas não consegue adotar um nome forte (tipo assim: Cesar – o equivalente ao Oscar na França; Goya – o equivalente ao Oscar na Espanha; Davi di Donatello – o equivalente ao Oscar na Itália; ou mesmo o Kikito – o deus do bom humor, troféu do saudoso Festival de Gramado), nem critérios permanentes de indicação e premiação.
Como também é público e notório, SOMBRAS ELÉTRICAS não faz parte do colégio eleitoral que elege os premiados – todos membros da Academia Brasileira de Cinema.
Dane-se. Por enxerida, esta revista indica os seus favoritos a este prêmio. Quem não concordar, tudo bem, não vamos brigar por isso. Agora, quem concordar, proponho que encham o saco dos ilustres associados da Academia Brasileira de Cinema para que premiem os nomes indicados. A listaestá aqui, para quem quiser pressionar.
Isto posto, vamos aos indicado pela Academia e os indicados por SOMBRAS ELÉTRICAS, em parêntesis.

MELHOR LONGA–METRAGEM DE FICÇÃO
ASSALTO AO BANCO CENTRAL de Marcos Paulo. Produção: Marcos Didonet, Vilma Lustosa e Walkiria Barbosa por Total Entertainment
BRÓDER de Jeferson De. Produção: Paulo Boccato e Mayra Lucas por Glaz Entretenimento Ltda, Renata Moura e Jeferson De por Barraco Forte
BRUNA SURFISTINHA de Marcus Baldini. Produção: Roberto Berliner e Rodrigo Letier por TvZero e Marcus Baldini por Damasco
HOMEM DO FUTURO, O de Cláudio Torres. Produção: Cláudio Torres e Tatiana Quintella por Conspiração Filmes
PALHAÇO, O de Selton Mello. Produção: Vania Catani por Bananeira Filmes

(Meu voto está dividido entre Broder, de Jefferson De, e O Palhaço, de Selton Mello. Motivo: sem ser chatos ou herméticos, os dois são projetos pessoais autênticos, que dialogam bem com o ilustre espectador e cumprem o que prometem. Os outros, por favor, esqueçam.)

MELHOR LONGA–METRAGEM DOCUMENTÁRIO
À MARGEM DO LIXO de Evaldo Mocarzel. Produção: Assunção Hernandes e Leonardo Mecchi por Raiz Produções e Letícia Santos por Casa Azul Produções Artísticas
AS CANÇÕES de Eduardo Coutinho. Produção: João Moreira Salles e Maurício Andrade Ramos por VideoFilmes
DIÁRIO DE UMA BUSCA de Flavia Castro. Produção: Flávio Ramos Tambellini por Tambellini Filmes, Estelle Fialon por Les Films du Poisson e Flavia Castro
LIXO EXTRAORDINÁRIO de João Jardim, Karen Harley e Lucy Walker. Produção: Hank Levine por O2 Filmes e Angus Aynsley por Almega Projects
QUEBRANDO O TABU de Fernando Grostein Andrade. Produção: Fernando Menocci, Silvana Tinelli e Luciano Huck por Spray Filmes
ROCK BRASÍLIA de Vladimir Carvalho. Produção: Marcus Ligocki por Ligocki-Z Entretenimento

(Também temos voto dividido – desta vez entre À Margem do Lixo, e Evaldo Mocarzel, e As canções, de Eduardo Coutinho. A razão é a mesma: projetos que cumprem o que se propõem e dialogam com todos. Fora a presença da poesia em suas imagens.)

MELHOR LONGA–METRAGEM INFANTIL
PALAVRA CANTADA 3D - SHOW BRINCADEIRAS MUSICAIS de Carlos Garcia Magalhães e Marcelo Siqueira. Produção: Jerome Merle, Marcelo Siqueira, Patrick Siaretta, Paulo Tatit e Sandra Peres por Palavra Cantada
UMA PROFESSORA MUITO MALUQUINHA de André Alves Pinto e Cesar Rodrigues. Produção: Diler Trindade por Diler & Associados

(Meu voto: Palavra cantada 3D. Uma professora muito maluquinha é simpático, gosto muito do Ziraldo, agrada as crianças e rendeu dinheiro. Mas, em termos de filme infantil, o bom filme é o que faz mais pelas crianças do que apenas divertir. E Palavra cantada 3D faz isso. Daí, o meu voto.)

MELHOR DIREÇÃO
ANDRUCHA WADDINGTON por Lope
CLÁUDIO TORRES por O Homem do Futuro
EDUARDO COUTINHO por As Canções
JEFERSON DE por Bróder
SELTON MELLO por O Palhaço

(A dúvida cruel de melhor longa se repete aqui: divido meu voto entre Jeferson De e Selton Mello, e pelas mesmas razões acima.)

MELHOR ATRIZ
ALINNE MORAES como Helena por O Homem do Futuro
DÉBORA FALABELLA como Manuela por Meu País
DEBORAH SECCO como Bruna Surfistinha por Bruna Surfistinha
LEANDRA LEAL como Carmen por Estamos Juntos
SIMONE SPOLADORE como Elvis por Elvis e Madona

(Essa me pegou... Além de lindas, são excelentes atrizes. Mas apenas beleza não põe mesa, e talento pode ser desperdiçado se não estiver inserido no projeto do filme. Daí, meu voto é para Simone Spoladore.)

MELHOR ATOR
CAIO BLAT como Macu por Bróder
CASSIO GABUS MENDES como Hudson por Bruna Surfistinha
SELTON MELLO como Benjamim/Palhaço Pangaré por O Palhaço
WAGNER MOURA como Marcelo por Vips
WAGNER MOURA como Zero por O Homem do Futuro

(Aqui, nenhuma dúvida: Selton Mello.)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
CASSIA KISS como dona Sônia por Bróder
DIRA PAES como Leonora por Estamos Juntos
DRICA MORAES como Larissa por Bruna Surfistinha
FABIANA KARLA como Tonha por O Palhaço
FABÍULA NASCIMENTO como Janine por Bruna Surfistinha

(Mais uma vez, a dúvida cruel vinda de melhor longa, e pelas mesmas razões. Divido meu voto entre Cassia Kiss e Fabiana Karla.)

MELHOR ATOR COADJUVANTE
AILTON GRAÇA como Seu Francisco por Bróder
CAUÃ REYMOND como Murilo por Estamos Juntos
JONATHAN HAAGENSEN como Jaiminho por Bróder
PAULO JOSÉ como Valdemar/Palhaço Puro Sangue por O Palhaço
TONICO PEREIRA como Doutor por Assalto ao Banco Central

(Mais uma vez, a dúvida cruel 2, a missão. Divido meu voto entre Jonathan Haagensen e Paulo José.)

MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA
ADRIAN TEIJIDO, ABC por O Palhaço
GUSTAVO HADBA por Bróder
LULA CARVALHO por Estamos Juntos
RICARDO DELLA ROSA, ABC por Lope
RICARDO DELLA ROSA, ABC por O Homem do Futuro

(Aqui, nenhuma dúvida: Adrian Tejido, por O Palhaço.)

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE
ADRIAN COOPER, ABC por Capitães da Areia
ALEXANDRE MEYER por Assalto ao Banco Central
CARLOS BODELÓN, CÉSAR MACARRÓN e LILLY KILVERT por Lope
CLAUDIO AMARAL PEIXOTO por O Palhaço
YURIKA YAMAZAKI por O Homem do Futuro

(Claudio Amaral Peixoto, por O Palhaço.)

MELHOR FIGURINO
KIKA LOPES por O Palhaço
LETÍCIA BARBIERI por Bruna Surfistinha
MARCELO PIES por O Homem do Futuro
MARJORIE GUELLER por Capitães da Areia
TATIANA HERNÁNDEZ por Lope

(Kika Lopes, por O Palhaço.)

MELHOR MAQUIAGEM
DENISE BORRO e MARINA BELTRÃO por Capitães da Areia
GABI MORAES por Bruna Surfistinha
MARINA BELTRÃO por Elvis e Madona
MARLENE MOURA e RUBENS LIBÓRIO por O Palhaço
MARTÍN MACÍAS TRUJILLO por O Homem do Futuro

(Mais uma vez, a dúvida cruel 3, a revanche. Fico entre Marina Beltrão, por Elvis e Madona, e Marlene Moura e Rubens Libório, por O Palhaço.)

MELHOR EFEITO VISUAL
ANDRÉ KAPEL por Bróder
CLÁUDIO PERALTA por O Homem do Futuro
CLÁUDIO PERALTA e MARCELO SIQUEIRA por Lope
DIEGO VELASCO-DE ARMAS por Onde Está a Felicidade?
EDUARDO SOUZA e RODRIGO LIMA por Bruna Surfistinha

(Curto e grosso: André Kapel, por Broder.)

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
ANDRÉ RISTUM, MARCO DUTRA e OCTÁVIO SCOPELLITI por Meu País
BRUNO MAZZEO, ROSANA FERRÃO, JOSÉ ALVARENGA JR e MARCELO SABACK por Cilada.com
CLÁUDIO TORRES por O Homem do Futuro
JEFERSON DE e NEWTON CANNITO por Bróder
JOSÉ DE CARVALHO E MARCELO LAFFITTE por Elvis e Madona
MARCELO VINDICATTO e SELTON MELLO por O Palhaço

(Mais uma vez, a dúvida cruel – desta vez, tripla: Jeferson De e Newton Cannito, por Bróder; José de Carvalho e Marcelo Laffitte, por Elvis e Madona; e Marcelo Vindicatto e Selton Mello, por O Palhaço. Os outros, tchau e benção.)

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
ANTONIA PELLEGRINO, HOMERO OLIVETTO e JOSÉ CARVALHO por Bruna Surfistinha. Adaptado da obra "O Doce Veneno do Escorpião" de Bruna Surfistinha
BRAULIO MANTOVANI, A.C. e THIAGO DOTTORI, A.C. por Vips. Baseado no livro "VIPs – Histórias Reais de um Mentiroso" de Mariana Caltabiano
CECÍLIA AMADO e HILTON LACERDA por Capitães da Areia. Adaptado da obra "Capitães da Areia" de Jorge Amado
DOMINGOS OLIVEIRA por Todo Mundo Tem Problemas Sexuais. Adaptado da peça teatral homonina de Domingos Oliveira e Alberto Goldin
MARCELO RUBENS PAIVA por Malu de Bicicleta. Adaptado da obra "Malu de Bicicleta" de Marcelo Rubens Paiva

(Aqui, nenhuma dúvida: Domingos Oliveira. Certo, Todo Mundo Tem Problemas Sexuais pode não ser o seu melhor filme, mas o roteiro adaptado é coerente com seu pensamento.)

MELHOR MONTAGEM FICÇÃO
EDUARDO HARTUNG por Capitães da Areia
FELIPE LACERDA por Assalto ao Banco Central
JEFERSON DE e QUITO RIBEIRO por Bróder
MANGA CAMPION e OSWALDO SANTANA por Bruna Surfistinha
MARILIA MORAES e SELTON MELLO por O Palhaço

(Mais uma vez, a dúvida cruel 4: fico entre Marilia Moraes e Selton Mello por O Palhaço, e Jeferson De e Quito Ribeiro, por Bróder.)

MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO
ANNA PENTEADO, BRUNA CALLEGARI, DIANA ZATZ, FELIPE IGARASHI e RAFAEL
BUOSI 
por Mamonas Para Sempre
AVA GAITÁN ROCHA por Estrada Real da Cachaça
BAÚ CARVALHO e HENRIQUE DANTAS por Filhos de João, O Admirável Mundo Novo Baiano
JORDANA BERG por As Canções
PEDRO KOS por Lixo Extraordinário
SÉRGIO AZEVEDO e VLADIMIR CARVALHO por Rock Brasília

(Nâo, não estou trêbado: Ava Gaitan Rocha, por Estrada Real da Cachaça.)

MELHOR SOM
ALESSANDRO LAROCA, ARMANDO TORRES JR E ROMEU QUINTO por Vips
ALOYSIO COMPASSO, JOSÉ LOUZEIRO e PATRICK O'SULIVAN por Lixo Extraordinário
BRANKO NESKOV, GEORGE SALDANHA e SIMONE PETRILLO por Capitães da Areia
GEORGE SALDANHA, LUIZ ADELMO e PAULO GAMA por O Palhaço
JORGE SALDANHA, MIRIAM BIDERMAN, RICARDO REIS e RODRIGO NORONHA por O Homem do Futuro

(Rápido e rasteiro: George Saldanha, Luiz Adelmo e Paulo Gama, por O Palhaço.)

MELHOR TRILHA SONORA
CLÁUDIO KAHNS a partir da obra dos MAMONAS ASSASSINAS por Mamonas Para Sempre
EDU LOBO por Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo
JEFERSON DE e JOÃO MARCELO BOSCOLI por Bróder
LENINE por Amor?
VLADIMIR CARVALHO por Rock Brasília

(Mais uma vez, a dúvida cruel 5: fico entre Edu Lobo, por Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo, e Jeferson De e João Marcelo Boscoli, por Bróder.)

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL
ANDRÉ MORAES e CHRIS PITMAN por Assalto ao Banco Central
ANTONIO PINTO por Vips
CARLINHOS BROWN por Capitães da Areia
DADO VILLA-LOBOS por Malu de Bicicleta
PLÍNIO PROFETA por O Palhaço

(Plínio Profeta, por O Palhaço.)

MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO
CONTAGEM dirigido por Gabriel Martins e Maurílio Martins
ENTRE MUROS dirigido por Adriana Tenório
MÁSCARA NEGRA dirigido por Renê Brasil
PRA EU DORMIR TRANQUILO dirigido por Juliana Rojas
ÚLTIMO DIA, O dirigido por Christopher Faust

(Pra eu dormir tranquilo, de Juliana Rojas.)

MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO
ANGELI 24 HORAS dirigido por Beth Formaggini
O GIGANTE DE PAPELÃO dirigido por Barbara Tavares
OVOS DE DINOSSAURO NA SALA DE ESTAR dirigido por Rafael Urban
PRAÇA WALT DISNEY dirigido por Renata Pinheiro e Sérgio Oliveira
PROCURANDO MADALENA dirigido por Ricardo Sá
VERDADEIRA HISTÓRIA DA BAILARINA DE VERMELHO, A dirigido por Alessandra Colassanti e Samir Abujamra

(Mais uma vez, a dúvida cruel 6. Claro, A verdadeira história da bailarina de vermelho está mais para mockumentary – e corrijam a minha burrice: é este o termo com o qual designam os falsos documentários? – mas voudividir meu voto entre ele e Angeli 24 horas.)

MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO
AS AVENTURAS DE PAULO BRUSCKI dirigido por Gabriel Mascaro
O CÉU NO ANDAR DE BAIXO dirigido por Leonardo Cata Preta
CÉU, INFERNO E OUTRAS PARTES DO CORPO dirigido por Rodrigo John
ENGOLELOGOUMAJACAENTÃO dirigido por Alex Antunes, Guilherme Coutinho, Marão, Tiago MAL
FURICÓ E FIOFÓ dirigido por Fernando Miller
SAMBATOWN dirigido por Cadu Macedo

(Aqui a dúvida é cruel demais. Vai ficar em branco, pois os cinco são ótimos.)

MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO
CISNE NEGRO (Black Swan, Ficção, EUA) - dirigido por Darren Aronofsky. Distribuição: Fox Film do Brasil.
UM CONTO CHINÊS (Un Cuento Chino, Ficção, Argentina / Espanha) - dirigido por Sebastián Borensztein. Distribuição: Paris Filmes.
MEIA NOITE EM PARIS (Midnight in Paris, Ficção, EUA / Espanha) - dirigido por Woody Allen. Distribuição: Paris Filmes.
PELE QUE HABITO, A (La Piel que Habito, Ficção, Espanha) - dirigido por Pedro Almodóvar. Distribuição: Paris Filmes.
RIO (Rio, Animação, EUA) - dirigido por Carlos Saldanha. Distribuição: Fox Film do Brasil.

(Mais uma vez, a dúvida cruel 7. Qualquer um dos quatro primeiros filmes da lista mereceria o prêmio. Rio, de Carlos Saldanha, nem pensar. Certo, é uma gracinha e um trabalho de animação primoroso. Mas filme de animação também é roteiro, e ele se esmera nos bons e velhos estereótipos que americano tem sobre o Brasil e qualquer outro país da América Latina. Só faltou o mexicano-que-dorme-de-sombrero.)
E vocês, o que acham? Escrevam para sombraseletricas@gmail.com ou sombraseletricas@yahoo.com.br e dêem a sua opinião.

24 junho, 2012

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXXVIII))

Recentemente, amigos me aconselharam a encerrar esta séria série. Motivo: não adianta nada, pois você só estará fazendo propaganda (do tipo "falem mal mas fale de mim") deste bando de fiscais de fiofó.
Sim, eu sei que, quanto mais eu falo (e critico) os fiscais de fiofó, melhor para eles. Mas há de convir, amigo leitor, é uma propaganda negativa destes aprendizes de aiatolá. O caso não é "falar mal, mas falar deles": é falar DELES, mas falar MAL e METENDO O PAU. E, tal como o ditado "água mole em pedra dura, tanto bate até que fura", chegará a hora em que todas as pessoas de bem (e por pessoas de bem entendam-se: todas as pessoas de índole democrática, que vivem sem precisar criar inimigos para poder viver) vão sair do silêncio e da imobilidade e se mover para empurrar tais figurinhas autoritárias para o lugar merecido: a lata do lixo.
Além do mais, este escriba não tem sangue de barata. Não consigo ficar quieto enquanto filhotes de cruz-credo, nascidos do casamento putativo entre o nazismo e o fanatismo religioso, como o pastor Silas Mala-Sem-Alça-Faia, falam o que bem quiserem sem que nenhuma pessoa de bem os questione.
Um trecho bem significativo da "inteligente" entrevista do reverendo Silas Mala-Sem-Alça-Faia ao iG:


iG: Mas o senhor não acha que deveria ser feito algo para evitar as discriminações e agressões físicas aos gays?
Silas Malafaia: Não desejo que ninguém morra, ok? Mas os homossexuais dizem que foram assassinados 260 deles no ano passado. Cinquenta mil pessoas foram assassinadas no Brasil no ano passado. O número de homossexuais mortos representa 0,52%. Um dado que eles não falam: grande parte das mortes é resultado de briga de amor entre eles. Que papo é esse? No mínimo, uns 50%. Homofobia é falácia de ativista gay para manter verbas para suas ONGs para fazer propaganda de que o Brasil é um país homofóbico. Homofóbico uma vírgula, amigo.


Briga de amor?

Só se for entre os gays assumidos e os homófobos raivosos que, como a ciência já provou, são majoritariamente pessoas com tendências homossexuais que não conseguem lidar com sua homossexualidade latente nem assumi-la para si mesmos(E esta só será a última vez em que baixo este link se os fiscais de fiofó pararem de insultar nossa inteligência.)
E este fato, ocorrido com uma jovem lésbica e contado no facebook, o que vocês acham? (Só direi o nome dela se ela permitir. Os grifos são meus)


Bom, já que estou afastada do facebook e tudo o que diz respeito a redes sociais, vim me explicar. Isso aqui tem me cansado. Tenho estado com sede de VIDA de verdade.


E venho aqui expressar a minha revolta sobre um fato ocorrido ontem pela manhã.
Vocês já estão mais que acostumados a ler notícias sobre a violência relacionada a homofobia. Porém, normalmente os alvos são os gays homens e mesmo em choque, ninguém faz porra nenhuma.
Então, ontem, eu, minha namorada e mais duas amigas, todas lindas, femininas, educadas e totalmente do bem, porém, lésbicas, assim como eu sofremos violência às 10 horas da manhã no corredor de um prédio comercial. Revidamos, obviamente, mas ele era um homem forte, homofóbico, extremamente drogado, alcoolizado e fora de si, ou seja, sua força parecia redobrada.
Todas estamos bem fisicamente. Fora os socos nos meus olhos e nariz, socos na cabeça de alguns lados das meninas. Nelas ele procurou atingir bem e com força partes da cabeça, em mim foi bem no rosto.
Fisicamente tudo isso passará em alguns dias, mas o trauma não passará até o nosso último dia aqui na Terra.
Estou afastada mesmo de facebook e não estou vindo "dar satisfações", principalmente pra esse povo nojento fofoqueiro. Sei que tenho amigos realmente verdadeiros e que se preocupam comigo. Por mais contaminado que esteja o mundo, na minha vida tem muita gente do bem.
Pra ser sincera? Sei que deve ter uns 5% pensando "Bem feito!". E quer saber? Fodam-se. Isso é coisa de bicho.
Acho que a explicação foi dada.
Em meio de tantas notícias que lemos a respeito disso, mas sobre pessoas que não conhecemos, aqui estou eu, alguém que vocês conhecem, passando exatamente pelo que são apenas notícias para alguns.
Eu fui vítima da violência física homofóbica e vivo num país de merda.
A conclusão é essa. O sujeito saiu correndo, ou seja, não sabemos nada a respeito dele.
E deixo aqui bem claro, como a justiça nesse "paisinho" de merda não funciona, se um dia na minha vida der de cara com ele, farei justiça com as próprias mãos.
Não, não sou capaz de matar, mas sofrer algum trauminha assim como eu e minhas amigas sofremos, ele vai.
Estou reclusa e de saco cheio de facebook. Qualquer coisa vocês (amigos) me liguem.
Preciso de paz e tranquilidade na minha vida, porque é sempre isso o que ofereço as pessoas. Só aceito isso de volta.
Lei contra a violência feminina existe, mas cadê a porraaaaaaaaaaaaa da lei contra a homofobia??
É com os olhos e nariz machucados que digo aqui com muito orgulho que enfiamos a porrada nele, mas no estado que o sujeito estava e pela maneira de bater, era praticante de alguma luta. Por isso conseguiu atingir todas. Bem, com uns roxos e nariz também sangrando assim como eu, também voltou pra casinha dele. Não tenho nem 1,60m e peso 48 kg. Mas experimente mexer comigo e com quem gosto.
O papo foi dado, com a maior humildade do mundo. Quem quiser, reflita.
Bom final de semana!



Isto parece "briga de amor", reverendo Silas Mala-Sem-Alça-Faia?
Ou está mais para intolerância?
ME POUPEM, FISCAIS DE FIOFÓ! 
CHEGA DE INSULTAR A NOSSA INTELIGÊNCIA, SEUS APRENDIZES DE AIATOLÁ!
**********

E isto aqui, no Ocidente cristão e laico.
Imagine no Oriente Médio muçulmano. Ou na Índia.
Ou nas quase fechadas comunidades hindus e muçulmanas na Europa.
É onde se passa o filme que estou indicando hoje: I Can't think straight (2008), de Shamin Saref, cineasta britânica de origem indiana.
A trama é simples. Tala (Lisa Ray), jordaniana de ascendência palestina, mora e trabalha em Londres, e está prestes a se casar com um noivo jordaniano, Hani (Daud Shah) depois de ter deixado já outros três noivos no dia do casamento. Leyla (Sheetal Sheth) é uma moça tímida, de origem indiana, muito próxima do melhor amigo de Tala, Ali (Rez Kempton). Conhecendo-se num encontro de amigos, Tala e Leyla formam um vínculo lento que cresce a cada minuto que passam juntas.
Eventualmente, as duas revelam os seus verdadeiros sentimentos enquanto passam uns dias em Oxford, e percebem que se apaixonaram. Mas Tala, incapaz de revelar os seus sentimentos à sua família, voa de volta para a Jordânia, pois a data do casamento aproxima-se. De volta a Londres, Leyla, de coração partido, decide ser honesta com ela e conta à sua família que é homossexual.
Percebendo o amor entre Leyla e Tala, a irmã de Leyla, Yasmin (Amber Rose Revah) e Ali tomam como missão reunir as duas, mas Leyla só concebe um relacionamento em que ambas são verdadeiras consigo e com as suas famílias. Depois de descobrir que Tala afinal não se casou, Leyla põe como condição a Tala que conte a verdade sobre si aos pais.
E agora?

Agora, o melhor é insistir com seu distribuidor para que I Can't think straight seja distribuído no Brasil. Que tal mostrar a ele o trailer do filme?

(Detalhe: o trio Shamin Saref, Lisa Ray e Sheetal Sheth já esteve junto em outro filme, The World Unseen, de 2007. Mas deste filme eu falo em outra ocasião.)

"HÁ A CRETINICE DE UM REGIME IMPOSSÍVEL" II - A MISSÃO (Carta ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes)


Excelentíssimo sr. prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes:

Antes de mais nada, gostaria de cumprimentar sua excelência pelo lançamento de sua candidatura à reeleição para prefeito do Rio de Janeiro. Claro, há outros candidatos - o deputado estadual Marcelo Freixo, do PSOL, reúne os idealistas e inconformistas; e a chapa Rodrigo Maia (DEMO) - Clarissa Garotinho (PR) dispensa comentários, pelo conjunto da, digamos, obra. Com opositores assim, parece que sua reeleição está garantida.
Ainda assim, gostaria de informar a Vossa Excelência que eu tenho uma condição para votar no senhor.
Para reelege-lo, Vossa Excelência poderia mandar o seguinte ofício ao secretário municipal de Cultura, a qual a Riofilme é subordinada, com o seguinte texto:

Ofício nº ... – 06/2012
De: EDUARDO PAES, Prefeito do Rio de Janeiro.
Para: EMÍLIO KALIL, Secretário Municipal de Cultura.

Assunto: SÉRGIO SÁ LEITÃO, presidente da Riofilme.

1) Demita-se esse imbecil boquirroto.
2) Substitua-se por alguém que realmente seja do ramo de cinema.

Tá, tá bom, esse é um texto que eu estou sugerindo para o ofício, não precisa ser assim...
Mas o pedido que lhe faço é simples: demita Sérgio Sá Leitão, mande-o para casa ou para uma major do cinema americano, onde este deslumbrado deverá se sentir bem, e nomeie alguém que realmente conheça produção, distribuição e exibição de cinema em seu lugar.
Não custa nada lembrar a biografia do dr. Sérgio: jornalista, ex-aspone... ops, ex-assessor de imprensa da Ancine e, mais tarde, diretor da mesma Ancine, sem ter feito sequer crítica de cinema, quanto mais uma assistência de produção ou de direção em cinema, nem que seja para dizer que conhece um pouco de cinema.
E um boquirroto autoritário – sim, porque só os autoritários não aceitam críticas. Pior: tem a mania de desqualificar quem o critica. 
vamos começar com dois posts do dr. Sérgio Sá Leitão no Facebook

A crítica de cinema do Globo é um PSTU da cultura. Odeia o sucesso. Detesta a diversão. E usa o jornal para fazer "resistência cultural"...

Tá, dr. Paes, com um pouco de Alka-Seltzer, isso até faz parte.
O que não faz parte é o que ele escreve a seguir:

Diga não aos críticos malcomidos! Veja "E Aí... Comeu?" hoje e tenha 100 minutos de prazer & reflexão! Isso sim é "resistência cultural"...

CRÍTICOS MALCOMIDOS!... Isso é que é resposta de alto nível, não é, dr. Paes?
Pior foram as explicações, nos posts seguintes:

Detesto explicar piada... Mas como teve gente que não entendeu... Ou que não quis entender... Ou que fingiu não entender... Vamos lá:


O filme se chama E Aí... Comeu?. Ao contrário de boa parte do público, alguns críticos não gostaram. Por isso usei a expressão malcomidos.

É uma referência ao título do filme...

(Muuuito "engraçado"!... Há muito tempo que eu não "ria" tanto, sabe, dr. Paes?)

Lamento q a carapuça tenha servido. A intenção não era ofender. Pensei q a referência era óbvia. E q o tom era claramente de humor. Enfim...

De qualquer modo... Alguns críticos precisam entender a velha máxima dos condomínios. Quem não sabe brincar... Não desce para o play.

Sábio conselho, não acha, dr. Eduardo Paes?
Então eu me pergunto: POR QUE O DR. SÉRGIO SÁ LEITÃO NÃO SEGUE O PRÓPRIO CONSELHO?
Desde que assumiu a presidência da Riofilme, ele se recusa a ter um bom relacionamento com a crítica cinematográfica – e, embora não pareça, este relacionamento é essencial para o seu trabalho (bem como para o trabalho dos dirigentes de uma das majors estabelecidas no Brasil – cargo que, no fundo, é almejado pelo dr. Sérgio Sá Leitão...).
E também se recusa a entender duas coisas.
A primeira: o compromisso da crítica de cinema não é com as planilhas de custo das produtoras e distribuidoras: é com o cinema em si. E a tarefa da crítica de cinema não é dizer mil e uma maravilhas de um filme para vendê-lo, pois isso é tarefa das assessorias de comunicação e marketing (e se pegar um crítico fazendo isso, podes crer: ele está na profissão errada – deveria ser assessor de imprensa, redator de press-releases): é analisar um filme em seus diferentes aspectos – roteiro, direção, atuação, fotografia etc. – para ver se, independente do gosto do crítico, ele chega ao que se propõe.
A segunda: uma vez pronto e lançado, um filme é como um filho que completou dezoito anos - tem vida própria, e ele deve se virar sozinho. Claro, os seus "pais" (produtor, diretor e roteirista), se quiserem, podem defender seu "filho".
Isto, claro, se quiser(em) mesmo defender seu "pimpolho", porque se eu estivesse no lugar do dr. Sérgio Sá Leitão, não perderia a chance de permanecer calado. Porque, nesse caso, a melhor defesa é afirmar as qualidades de seu "pimpolho", não DESQUALIFICAR quem o critica. Porque não adianta nada.
Até porque, quando a crítica analisou E aí... Comeu?, limitou-se a falar do filme. Ninguém criticou pessoalmente o diretor Felipe Joffily, nem o dr. Sérgio Sá Leitão – nem as suas progenitoras.
Essa é a brincadeira da atividade cinematográfica – brincadeira que o dr. Sérgio Sá Leitão se recusa a saber. E, mesmo assim, insiste em ficar no playground, como o garoto chato e babaca do condomínio Cinema Brasileiro Gardens.
A seguir, mais posts "inteligentes" do dr. Sérgio Sá Leitão:

Curioso. Há gente que faz da critica o seu ofício... Mas não aceita críticas ao que faz! E o pior... Não aceita criticas feitas com humor.

E desde quando chamar os críticos de "malcomidos" é "humor"? Nem o Zorra total, campeão do humor de mau gosto, se atreveria a isso.

Antes que a corporação faça uma tempestade em copo d'água... 1) Tenho o direito de comentar críticas que envolvem o meu trabalho.

Claro que sim. O que não tem direito é de desqualificar quem criticou o seu trabalho como coprodutor - entrando com dinheiro dos meus, dos seus, dos nossos impostos - e distribuidor do filme.

E... 2) Não tive a intenção d desrespeitar pessoas específicas. Ou a corporação de críticos. Fiz apenas um trocadilho com o título do filme.

Mais uma vez: desde quando chamar os críticos de "malcomidos" é "humor"? Só se for no botequim – aliás, o mesmo botequim onde se passa o filme. Perto desta "piada", a resposta de um amigo meu, famoso pela, digamos, franqueza – a quem mostrei estes posts do dr. Sérgio Sá Leitão – é um primor de sofisticação: "Alguém sabe se o dr. Sérgio Sá Leitão é casado? Porque, enquanto ele esculhamba os críticos, um deles pode estar com a gentil esposa dele..."
(É, eu avisei que ele era de uma franqueza rude...)

Posto isso... A questão essencial permanece: Pq parte da crítica de cinema sistematicamente rejeita o cinema brasileiro que busca o sucesso?

Respondo com outra pergunta: porque o dr. Sérgio Sá Leitão acha que a crítica de cinema rejeita o cinema que busca o sucesso? Longe dela pensar isso. Acontece que o compromisso da crítica – mais uma vez tenho de dizer isso – é com o CINEMA, com a arte cinematográfica, com a busca da qualidade cinematográfica. Se esta busca também leva um filme a ser campeão de bilheteria, o crítico também acha ótimo. O problema é que o dr. Sérgio Sá Leitão parece achar que "buscar a qualidade cinematográfica" e "buscar o sucesso de bilheteria" são coisas incompatíveis. E tome filmes com roteiros escritos nas coxas, direções bur(r)ocráticas e estética padronizada televisiva (e cinema e televisão, até hoje, são linguagens audiovisuais diferentes). Ou então são as sociochanchadas, como bem definiu Andrea Ormond em artigo sobre Perdida E, por favor, não me venham dizer que investem em filmes deste, digamos, quilate porque "é disso que o povo gosta"... Este argumento parece muito com aquele anúncio dos biscoitos Tostines: "Vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?": esta lógica do biscoito não vale para o cinema. Ou só vale desta forma: "A gente só produz este tipo de filme porque é disto que o povo gosta"? Ou "O povo gosta disto porque é só isso que a gente produz e oferece"? É o mesmo que dizer " o povo gosta disso porque é imbecil". E chamar o espectador de cinema de imbecil é a última coisa que um crítico faz.
Certo, hoje E aí... Comeu? teve, até agora, um público de 60 mil espectadores (se levarmos a sério o dr. Sérgio Sá Leitão, pois são informações dele; "graaaaaaande" público, comparado com os milhões de espectadores de Dona Flor, nos anos 1970, e de Tropa de elite 2, recentemente).
Mas, e daqui a algum tempo? (Não, não falo em daqui a alguns anos, e sim em meses.) Se alguém perguntar qual a cena mais engraçada de E aí... Comeu? a um espectador comum? Será que ele vai sequer se lembrar do filme? Duvido muito. E isto é chato até mesmo comercialmente: se um dia quiser relançar o filme daqui a algum tempo, quem vai se lembrar dele?
Só para lembrar outro filme cujo cenário é um bar, com temática de costumes: Bar Esperança – O último que fecha (1983), de Hugo Carvana. Também se passa em torno de um bar, também fala das confusões amorosas de seus personagens. Mas o roteiro de Hugo Carvana, Denise Bandeira, Marta Alencar, Armando Costa e Euclydes Marinho é muito melhor do que o de E aí... Comeu?, posto que não foi escrito nas coxas.

Por todas estas razões, dr. Paes, venho por meio desta solicitar ao sr. que tire o dr. Sérgio Sá Leitão da presidência da Riofilme e troque por alguém, digamos, mais educado. Ou melhor: por alguém, digamos, mais educado, mais articulado do que ele, que possa pelo menos responder a nós, críticos, com argumentos e educação. Não apenas por causa de nós, críticos de cinema, mas porque o post de André Miranda no Blog do Bonequinho do site de O Globo tem toda a sua lógica (ah, sim: o grifo é meu):

A RioFilme é um órgão da prefeitura do Rio. "E aí, comeu?" tem coprodução e codistribuição da RioFilme. É um filme feito, portanto, com investimentos públicos, o que é perfeitamente normal. No Brasil, e em praticamente todos os países mundo afora, o cinema é feito com investimentos públicos. O projeto de "E aí, comeu?" passou por comissões, apresentou méritos dentro de seu gênero e por isso foi contemplado pela RioFilme (e também pelo Fundo Setorial do Audiovisual, cuja gestão é federal).
Mas não é normal alguém escrever "diga não aos críticos malcomidos". Não é aceitável, sobretudo para o presidente de um órgão público que lida com cinema. (...) 
É muito mais fácil para quem discorda de uma crítica negativa atacar o autor do texto do que argumentar. Sempre foi assim, não apenas com críticas de cinema. Quando não se tem o que dizer, resta desqualificar o interlocutor. Só que, quando o presidente da RioFilme escreve "diga não aos críticos malcomidos", ele não está desrespeitando apenas o autor do texto. Também não está fazendo uma piada com o título do filme como pode parecer. 
Ele está desrespeitando seu cargo.

(E, por tabela, os cargos dos seus superiores diretos, o secretário municipal de Cultura e, acima deste, o prefeito do Rio de Janeiro – é, é o sr. mesmo, dr. Paes.)

Esperando pronta resposta, subscrevo-me,

Atenciosamente,

Revista SOMBRAS ELÉTRICAS. 


  

02 junho, 2012

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXVII)

Tudo bem, já sabemos que Jair Besteiraro é tão gentil quanto um burro quando puxam o seu rabo. Mas até o mais ferrenho defensor de suas ideias (de jerico...) não entendeu o motivo de tamanha patada, já que ninguém puxou o rabo dele.
Tudo isso por causa de uma calcinha?
Para quem não entendeu nada ou chegou de Marte ontem, esta notícia de O Globo:


Calcinha encontrada no plenário da Câmara é incinerada

Peça íntima - branca e vermelha - caiu de bolso de deputado que foi votar
Publicado:30/05/12 - 14h11
Atualizado:30/05/12 - 21h31
BRASÍLIA - Uma calcinha achada há duas semanas no plenário da Câmara dos Deputados foi incinerada, segundo disse um segurança da Casa. O mistério ronda a Câmara e preocupa um deputado saliente. Por volta das 17h, há cerca de 15 dias, no horário da Ordem do Dia, esse deputado chegou correndo para votar, e na entrada principal do plenário, próxima à Mesa, mexeu nos bolsos e sem ver, deixou cair a prova do crime: uma calcinha - mais para calçola - branca e vermelha, com babadinhos nas laterais.
Sem saber que deixara para trás o fetiche, o parlamentar foi para o meio do plenário. Um dos seguranças, vendo a calcinha estendida na entrada do plenário, sem despertar a atenção dos parlamentares, assessores e jornalistas que se amontoam na entrada, deu um chutinho discreto, empurrando a lingerie para o lado da lixeira.
Avisado pelos seguranças, um assessor do presidente Marco Maia (PT-RS) recolheu a calcinha e a escondeu no bolso. A partir daí, a peça íntima foi examinada por assessores, jornalistas e seguranças à exaustão. A única conclusão: a peça foi usada antes e não pertence a uma sílfide.
Sem saber o que fazer com o achado, a calcinha foi recolhida “aos achados e perdidos” da Segurança da Câmara e, depois, queimada. Até agora não foi reclamada por nenhum parlamentar.
Indagado sobre a polêmica em torno da calçola encontrada na entrada do plenário, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) comentou:
- Deve ser alguma sacanagem que fizeram com alguém. Era fio dental? Não? Calçolão? Aí não, aí é um fiasco.
O deputado Arnon Bezerra (PTB-CE) aproximou-se e Maia, brincando, perguntou se era ele quem tinha perdido a calçola e Bezerra emendou:
- Não, presidente. Deve ser algum fã do Wando.
Um dos seguranças que presenciou o momento em que o deputado perdeu a calçola, disse que não é dos mais conhecidos e que estão, dia a dia, ocupando os microfones do plenário.
- Parecia a calcinha de um torcedor do Bangu, listada de vermelho e branco.
O deputado Tiririca (PR-SP), que viu a calcinha, também comentou o incidente:
- Eu estava no cafezinho e dois colegas me chamaram para me mostrar a calcinha. Não tenho ideia de como se deu esse acidente. O que sei é que sumiram com ela. A gente tem uma desconfiança de quem é o dono, mas não podemos entregar o colega.


Até aí morreu Neves: mais um fato pitoresco que ajuda o parlamento brasileiro cair cada vez mais no perigoso terreno da galhofa (© Millor Fernandes, que Deus - se é que ele acreditava nele - o tenha).
E, claro, já que nunca se descobrirá quem era o dono da tal calcinha (o espírito de porco... digo, de corpo de suas excelências também serve para isso...), nossos ínclitos legisladores brincam com o assunto – afinal, eles também não são de ferro.
Os nossos ilustres legisladores só não sabiam tão bruta do seu colega Jair Besteiraro para brincadeiras deste tipo.
Saiu na coluna de Ancelmo Gois em O Globo de 1º de junho: 


CPI das Calcinhas
Bolsonaro, o deputado, prova que o Barão de Itararé estava certo ao dizer que, “de onde menos se espera, é dali que não sai nada mesmo”. Ontem, respondeu a uma brincadeira do colega Chico Alencar, que queria criar a “CPI da Calcinha”, com esta baixaria:

— Não precisa. Eu já descobri o mistério. Pertence a uma pessoa do seu partido, o deputado Jean Wyllys.

Para quem voltou de Marte ontem 2, a missão: tanto o professor Chico Alencar quanto o jornalista Jean Wyllys são deputados federais pelo PSOL do Rio de Janeiro.

E por conta da questão dos direitos do povo LGBT, Jean Wyllys - gay assumido e militante - e Jair Besteiraro - o mais exibicionista dos novos "fiscais de fiofó alheio" - obviamente, são fortes oponentes.

Mas até o mais fanático fiscal de fiofó reconhece que Jean Wyllys e seu colega Chico Alencar são pessoas educadas. Já Jair Besteiraro - para parodiar um trecho de Dama do cabaré, do mestre Noel Rosa - "usa e abusa da (falta de) diplomacia pois não gosta de ninguém" - ninguém, claro, que não compartilhe de suas ideias de jerico.
E, pelo que se entende da notinha na coluna de Ancelmo Gois, Chico Alencar estava brincando com o assunto da calcinha, mas não estava brincando diretamente com Jair Besteiraro.
Então por que patada tão forte?
Será que faz parte da velha estratégia de Besteiraro de aparecer a qualquer custo - tipo assim "falem mal (e dos meus maus atos), mas falem de mim"?
Considerando-se que ninguém sabe quem é o deputado dono da calcinha, será que a peça caiu do bolso dele?
Considerando-se que sempre há uma desconfiança de que Besteiraro esteja trancado no armário - já que a ciência provou que a maioria dos homófobos são gays enrustidos que não sabem lidar com a sua própria homossexualidade - será que a calcinha é do próprio Bolsonaro?
(Ah, como estou ficando maldoso...)
Ou será que é um desabafo mais do que exagerado por uma pequena vitória do povo LGBT a respeito da lei?
Ah, é verdade, estou há tempos querendo comentar um fato extraordinário - ao menos, para esta séria série, tão acostumada a comentar fatos chatos, integrantes da ofensiva dos fiscais de fiofó para transformar o Brasil numa república teocrática evangélica e intolerante.

Mas é melhor deixar que o site G1 noticie para nós:



24/05/2012 14h22 - Atualizado em 24/05/2012 15h45

Comissão aprova projeto que inclui casamento gay no Código Civil

Proposta da senadora Marta Suplicy não interfere no casamento religioso.Projeto ainda precisa passar por CCJ e plenário do Senado e pela Câmara.

Do G1, em Brasília

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) aprovou projeto de lei da senadora Marta Suplicy (PT-SP) que introduz no Código Civil a união estável entre casais homossexuais e a possibilidade da conversão dessa união em casamento civil. A proposta não interfere nos critérios adotados pelas igrejas para o casamento religioso.
O projeto define como entidade familiar “a união estável entre duas pessoas, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família”.
Para ser transformada em lei, a proposta ainda necessita de aprovação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado e também na Câmara dos Deputados.
O projeto de Marta Suplicy transforma em lei a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em maio do ano passado reconheceu a união estável entre homossexuais como unidade familiar.  "O que nós fizemos foi colocar no Código Civil aquilo que o STF já fez", declarou a senadora.
De acordo com a Agência Senado, a relatora do projeto na Comissão de Direitos Humanos, senadora Lídice da Mata (PSB-BA), afirmou que o Congresso está "atrasado" em relação a outras instituições que já reconheceram a união de casais do mesmo sexo, como o STF, a Receita Federal e o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Se transformado em lei, o projeto eliminará dificuldades de casais homossexuais para conseguir efetivar o casamento civil, apesar da decisão do Supremo. Mesmo com a decisão do STF, alguns juízes argumentam que não existe legislação sobre o assunto.



"Alguns juízes argumentam que não existe legislação sobre o assunto"... Sei... 
Sabemos muito bem qual lei estes "alguns juízes" seguem: a lei da pressão de setores conservadores e religiosos da sociedade. Ou mesmo a lei de seus próprios preconceitos. E diante desta lei não escrita, um acórdão do STF não vale nada. Aquele juiz de Goiás - que também é pastor da Assembleia de Deus que praticamente deu uma banana para a decisão do STF ao anular um contrato de união civil, teve sua decisão anulada por uma desembargadora e, mesmo assim anulou o contrato de novo (desta vez, dando uma banana para a desembargadora e para o Tribunal de Justiça de Goiás - que o diga.
Diante disso, a decisão da Comissão de Direitos Humanos do Senado foi uma vitória. Mas foi apenas a primeira batalha: como já vimos, ainda falta passar pela CCJ, pelo plenário do Senado e pela Câmara. E neste caminho, hay que vigilar, pois os fiscais de fiofó não descansam...
Mas, como diria Mao Zedong, "uma longa caminhada começa com um primeiro passo".


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Em homenagem ao ataque de nervos de Jair Besteiraro (por causa de uma calcinha! isto é incrível!...), nossa indicação para esta séria série não poderia ser outra: Zerofilia (Zerophilia - EUA, 2005), de Martin Curland. De repente, a condição de Besteiraro pode ser semelhante a do herói do filme, Luke (Taylor Handley). Já pensou?
Mas qual a estranha condição de Luke? Não, não é sua insegurança em relação á sua masculinidade. Ela é consequência de sua rara condição genética: a chamada zerofilia, que lhe dá a capacidade de mudar de sexo à vontade. 
Não, você não leu errado e este escriba não está de porre. É isso mesmo: Luke pode se transformar naturalmente em menina e dali em menino sempre que se sente excitado  - cortesia de um raro cromossomo extra, o cromossomo Z. E ele precisa se resolver sexualmente antes de se transformar em mulher de uma vez por todas - um pepino difícil de resolver, ainda mais depois que Luke conhece Michelle (Rebecca Mozo) e seu irmão Max (Kyle Schmid).
Está rindo? Bem, a ideia é essa mesma: Zerophilia é uma comédia, supostamente baseada em pesquisas científicas sobre o cromossomo Z, desenvolvidas pelos neuromorfologistas Czierny Ptolemy e Eva Szantova - se é que eles existem. E uma excelente comédia, que merece ser lançada no cinema.
Duvida? Então olhe o trailer.