Vamos
combinar: até que o título é bem conveniente para tratar do assunto Centro
Petrobras de Cinema, em Niterói, RJ. Ou melhor, para tratar das ameaças contra
ele, inclusive de sua privatização – eufemismo para “fazer com que meia-dúzia-de-três-ou-quatro
lucrem com um bem PÚBLICO, que custou o meu, o seu, o nosso dinheiro em
impostos para ser construído”.
E, por
coincidência, tenho duas coisas para falar sobre o Centro Petrobras de Cinema.
Uma é opinião pessoal. A outra é uma notícia vinda de terceiros.
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Primeiro:
se a causa é nobre, não precisamos usar mentiras para defende-la. (E, ainda
complementando: lembrem-se da fama do dia 1º de abril – data também conhecida
como “o aniversário de Pinóquio”...)
Quem é de
Niterói, está interessado no assunto Centro Petrobras de Cinema e tem conta no
Facebook leu na página de eventos o seguinte aviso:
A
justificativa vem abaixo:
As obras do Centro
Petrobrás de Cinema começaram em 2004 e ainda estão inacabadas.
Por intermédio do Diretório Acadêmico de Cinema da UFF e do Movimento #Cinejá, solicitamos esta proposta para a realização de uma Audiência Pública sobre o tema, por acreditar que o rumo a ser tomado no uso deste Centro é importante para o cinema e audiovisual em Niterói, incluindo as iniciativas de ensino de produção acerca desta pauta. A iniciativa do livre debate com a sociedade civil se legitima, já que esta está diretamente envolvida.
Existe uma carência no que se refere a alternativas salas de cinema em Niterói e a população deve participar das decisões pertinentes na contemplação de mais um espaço cultural do município.
Por intermédio do Diretório Acadêmico de Cinema da UFF e do Movimento #Cinejá, solicitamos esta proposta para a realização de uma Audiência Pública sobre o tema, por acreditar que o rumo a ser tomado no uso deste Centro é importante para o cinema e audiovisual em Niterói, incluindo as iniciativas de ensino de produção acerca desta pauta. A iniciativa do livre debate com a sociedade civil se legitima, já que esta está diretamente envolvida.
Existe uma carência no que se refere a alternativas salas de cinema em Niterói e a população deve participar das decisões pertinentes na contemplação de mais um espaço cultural do município.
Que bom.
Assim, todos os interessados no assunto Centro Petrobras de Cinema poderiam se
manifestar – inclusive os executivos do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer,
que poderiam justificar porque um bem PÚBLICO (vai em caixa alta mesmo, para
que se lembrem) deva ser privatizado.
Só que, no
mesmo dia da audiência (remember to date:
1º DE ABRIL), alguém escreveu na página do evento no Facebook:
[ALGUÉM - ESTOU
OMITINDO O NOME PORQUE NÃO QUERO PREJULGAR NINGUÉM] alterou o nome do evento
para "REUNIÃO ABERTA: Centro Petrobrás de Cinema".
Tarde demais:
já estava na cabeça de todos os interessados no assunto Centro Petrobras de
Cinema que era a audiência pública sobre o tema.
E lá se
foram todos os interessados no assunto Centro Petrobras de Cinema – inclusive este
que vos escreve.
Conhece um
trecho da Bíblia (não, não estou virando evangélico, nem evangelicuzinho...)
que diz: “Muitos são chamados, mas poucos serão os escolhidos”?
Pois é.
Poucos conseguiram
entrar nesta “audiência pública”, que depois virou “reunião aberta”: as portas
da Câmara Municipal estavam fechadas, e quase todas as luzes apagadas. Menos no
gabinete de um vereador do Partido Socialismo e Liberdade – PSOL – vulgarmente conhecido
como “o distraído”, por seu papel, em 2006, na derrubada do veto do então
prefeito de Niterói ao projeto de destombamento do cinema Icaraí...
Porque era
isso, amigos: não era a audiência pública sobre o Centro Petrobras de Cinema:
era uma reunião aberta sobre o assunto. Melhor dizendo: UMA REUNIÃO CONVOCADA PELA
BANCADA DO PSOL NA CÂMARA MUNICIPAL, aberta a todos os interessados – de preferência,
os interessados que sejam filiados ao PSOL.
Ué, é
direito de um partido convocar reunião para debater determinado assunto de seu
interesse, certo? Certo.
E é direito
de um partido abrir ou não suas reuniões ao respeitável público, certo? Certo.
Ainda mais
quando é o assunto Centro Petrobras de Cinema. Lembremos do que está escrito na
página do evento no Facebook:
a população deve participar das decisões pertinentes na
contemplação de mais um espaço cultural do município.
Então, POR
QUE USAR DE UM SUBTERFUGIO ENGANADOR, BEIRANDO AO ESTELIONATO (dizer que era “audiência
pública” sobre o assunto Centro Petrobras de Cinema, quando na verdade era uma “reunião
aberta” do PSOL), PARA CONVOCAR UMA REUNIÃO DE UM PARTIDO SOBRE O ASSUNTO?
Já pararam
para pensar, ínclitos membros do PSOL, que depois disso, quando realmente for
convocada e marcada a data da audiência pública sobre o assunto Centro
Petrobras de Cinema, todos os interessados poderão não comparecer para expor
suas ideias, já que pensarão que pode ser mais um 1º de abril fora de época? (A
menos que o interesse do setor cultural do PSOL – se é que existe – seja exatamente
esse, para monopolizar a discussão...)
Já pararam
para pensar que o assunto Centro Petrobras de Cinema INTERESSA A TODA A CULTURA
DE NITERÓI, e não ao setor cultural de um partido?
Ou será que,
para o PSOL, a ânsia de “conquistar posições” é maior do que o interesse de
todos?
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Segundo:
Recebi por
esses dias, um email de outra pessoa interessada no assunto Centro Petrobras de
Cinema.
E vindo de
onde menos se espera, como vocês poderão ler aqui. (O grifo é meu.)
----- Mensagem encaminhada -----
De: Joaquim Camarão
Para: Antonio Paiva Filho
Enviada: Sexta-feira, 29 de Março de 2013 10:09
Assunto: Centro Petrobras de Cinema
De: Joaquim Camarão
Para: Antonio Paiva Filho
Enviada: Sexta-feira, 29 de Março de 2013 10:09
Assunto: Centro Petrobras de Cinema
Prezado sr. Antonio, bom dia.
Meu nome é Joaquim Camarão. Sou formado em Comunicação, com doutorado em
Ciências Sociais Aplicadas.
Pois, com todos estes títulos, o senhor sabe onde trabalho? Como
servente, a serviço de uma empresa que terceiriza serviços para a prefeitura de
Niterói.
Mas não é para me lamentar a respeito do meu trabalho atual. É para
falar sobre um assunto que o senhor vem tratando, que é o Centro Petrobras de
Cinema.
É que eu presto serviços justamente num lugar inesperadamente estratégico:
na sede do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer.
Na verdade, estou aproveitando o folga do feriado para lhe escrever
sobre isso. Ou melhor, sobre uma coisa que soube durante minha jornada de
trabalho. E, creia-me, estou arriscando meu emprego, mas acho que isso é mais
importante do que isto.
Acompanhei toda a discussão sobre o Centro Petrobras de Cinema e sobre
os planos a seu respeito – aquela ideia de conceder sua administração por tempo
determinado a um grupo privado, para que pudessem ser abertas lojas, os cinemas
etc. E – que os meus atuais patrões e os empregadores destes não me ouçam –
gostei muito que tais planos acabassem arquivados, depois que o sr. e outras pessoas
se mobilizaram para isso.
A partir daí, rezaria a lógica democrática que qualquer decisão sobre o
futuro do Centro Petrobras de Cinema fosse realizada em conjunto com outros
órgãos – especialmente a Secretaria Municipal de Cultura, ao qual ele pertence –
e depois de ampla discussão com a sociedade – especialmente durante uma
audiência pública, ao qual estou aguardando ansiosamente.
No entanto, esta lógica parece que passa longe do Grupo Executivo do
Caminho Niemeyer: os seus executivos parecem estar imbuídos do direito de
passar por cima do bem público e mesmo do prefeito que os nomeou – pelo menos, em
se tratando de privatizar o bem público, pois, infelizmente, é disso que se
trata.
Por isso, transmito ao senhor o que descobri.
Na semana passada, um
executivo do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer enviou correios eletrônicos a diversos
diretores de grupos exibidores privados, brasileiros e estrangeiros, atuantes
no Brasil.
O motivo dos correios
eletrônicos? Solicitar a estes ilustres cavalheiros sugestões e subsídios
para... elaborar um edital de concessão das salas de cinema do Centro Petrobras
de Cinema.
Em suma: os membros do Grupo Executivo do Caminho Niemeyer não querem
esperar a discussão sobre o Centro Petrobras de Cinema: querem porque querem
privatizar, pelo menos, as salas de cinema. (E a UFF que se cuide, porque neste
processo, ela pode perder o direito a ter a sala de cinema que tanto desejava
ali.)
Agora, ao mesmo tempo que lhe revelo esta minha descoberta (descoberta
que, volto a repetir, pode custar o meu “excelente” emprego atual...), pergunto
ao senhor: que poder tem este Grupo Executivo do Caminho Niemeyer para agir
acima dos interesses da população da cidade e, mesmo, do governo eleito pelo
povo – que, salvo engano, nomeou este Grupo Executivo – para fazer o que bem
entender – inclusive não informando as autoridades constituídas (volto a
repetir) eleitas pelo povo do que faz ou que pretende fazer?
E o que podemos fazer para evitar este (me desculpe o termo) bundalelê,
destinado a fazer com que uma minoria usufrua dos frutos do trabalho e dos
impostos pagos por todos (porque é disso que se trata)?
Esperando pronta resposta a estas perguntas (e desde já procurando outro
trabalho), subscrevo-me,
Atenciosamente,
Joaquim Camarão
Boas
perguntas, Joaquim Camarão, boas perguntas.
Enquanto
elas não são respondidas, podemos agir, nos estreitos limites que temos, para
saber o que diabos o Grupo Executivo do Caminho Niemeyer realmente pretende: colaborar para o
bem estar de todo o povo de Niterói ou para o bem estar de meia-dúzia-de-três
ou quatro pessoas...
Cartas e
telegramas, pedindo esclarecimentos a respeito deste assunto, podem ser
enviadas para o endereço abaixo:
Grupo Executivo do Caminho Niemeyer
Avenida
Jornalista Rogério Coelho Neto, s/nº (Antiga Vila Olímpica)
Centro
Niterói – RJ.
Cep: 24.020-011
Quem quiser
telefonar, pode usar os seguintes números: Telefones: (21) 2613-2613 / 2613-2734 / 2622-7377
(escritório)
Paralelamente
a isso, e-mails podem ser enviados ao Exmo. Sr. prefeito municipal de Niterói,
informando-o (e pedindo informações) sobre o assunto, no endereço abaixo: prefeitura@niteroi.rj.gov.br.