A assombração, no caso, chama-se Carlos Macedo, ínclito vereador do PRP em Niterói, que já foi tema de um post desta séria série. E o motivo é o mesmo: "ingrinorança" (SIC) e homofobia.
Para quem não lembra: há uns quatro anos atrás, Macedo era líder do governo (SIC, de novo) de Jorge Roberto Silveira na Câmara Municipal de minha cidade, Niterói. E nos estertores deste "governo" e de seu mandato, ele veio com esta:
Líder do governo na câmara, vereador Carlos Macedo propõe
mais homofobia nas escolas
24 de agosto de 2011
“Depois de aprovarem uma moção de REPÚDIO ao Frei Beto, simplesmente por ele ter escrito um artigo contra a homofobia, agora o líder do governo, Vereador Carlos Macedo (PRP) apresenta um Projeto de Lei totalmente HOMOFÓBICO!
Macedo pretende VEDAR a distribuição de TODA publicação, filmes ou QUALQUER tipo de material contendo orientações sobre a diversidade sexual nos estabelecimentos da rede pública de ensino do Município de Niterói! Um dos artigos do PL dispõe que no caso de distribuição de algum item sobre diversidade sexual, o Poder Executivo deverá abrir “procedimento investigatório, visando apurar as responsabilidades do ato praticado”.
Na justificativa do Projeto de
Lei, o Vereador Macedo, líder do governo de Jorge Roberto Silveira, afirma que
com a divulgação de informações que atentem contra a homofobia “iremos em breve
formar uma sociedade repleta de pessoas com sérios distúrbios de
personalidade”.
O vereador Renatinho (PSOL),
presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que na semana passada
compareceu na delegacia de policia com o jovem Silaedson Junior (Juninho),
estudante da UFF agredido por homofobia e fez uma Indicação Legislativa ao
Governador Sergio Cabral para que este tipo específico de agressão passe a
constar dos Boletins de Ocorrência afirmou:
“Neste momento de diversas
agressões homofóbicas na cidade, quase uma por semana, na Cantareira e outros
locais, um Projeto de Lei como esse é um retrocesso. Discordar de um
determinado material sobre diversidade sexual é até aceitável, mas simplesmente
dizer que todo e qualquer material sobre diversidade sexual deve ser repudiado
é demais. Respeito a opinião de todos, mas houve exagero nesse caso. Vou votar
contra o PL e darei parecer contrário pela Comissão de Direitos Humanos.”,
disse o vereador do PSOL.
Indicação Legislativa: A Indicação
Legislativa feita por Renatinho objetiva diminuir as agressões homofóbicas no
Estado. Vai no sentido de medir exatamente quantos crimes como este ocorrem no
Estado para que se possa pensar políticas públicas que garantam os direitos
humanos a todos, como por exemplo a criação de núcleos de atendimento ou
delegacias especializadas para o público LGBT.”
Lembraram?
Pois é.
Quatro anos depois, quando ninguém mais esperava, o fantasma da "ingrinorança" Carlos Macedo voltou com sua obsessão favorita, conforme nos fala notícia d' O Globo Niterói (disponível aqui):
Vereador
quer banir discussão sobre diversidade nas escolas de Niterói
Carlos Macedo (PRP) tenta aprovar emenda para
barrar ensino sobre gêneros e orientação sexual na rede municipal
POR LEONARDO SODRÉ
31/07/2015
12:00 / ATUALIZADO 31/07/2015
15:42
NITERÓI - A Câmara Municipal volta do
recesso na próxima terça-feira, e as sessões prometem esquentar com o debate
sobre a retirada do tema diversidade da grade escolar. Tramita na casa uma
emenda à lei orgânica, de autoria do vereador Carlos Macedo (PRP), que propõe
barrar políticas de ensino relacionadas a questões de gênero e orientação
sexual nas escolas da rede pública municipal, hoje tratadas de forma
facultativa. Vereadores contrários à medida já se mexem para derrubar a
proposta.
A inclusão da diversidade de gênero e
orientação sexual no currículo escolar foi colocada como uma das metas para o
Plano Municipal de Educação, durante a Conferência Municipal de Educação, em
junho. No ano passado, foi aprovado o Plano Nacional da Educação, que determina
a criação, pelos municípios, de seus próprios planos para os próximos dez anos.
O de Niterói ainda não foi feito, mas Macedo se precipitou a excluir a temática
do universo escolar, seja em disciplinas obrigatórias ou mesmo de forma
complementar.
DECISÃO TOMADA EM
CONJUNTO
Segundo
o parlamentar, a decisão foi tomada após encontro na presidência da Câmara
entre lideranças religiosas, da sociedade civil organizada e um grupo de
vereadores. São coautores da proposta de Macedo: Alberto Lecin (SDD), Andrigo
de Carvalho (SDD), Beto da Pipa (PMDB), Bira Marques (PT), Bruno Lessa (PSDB),
Emanuel Rocha (SDD), José Vicente Filho (PROS), Luiz Carlos Gallo (PROS),
Milton Lopes (CAL), Paulo Henrique Oliveira (PPS), Paulo Bagueira (PPS),
Priscila Nocetti (PSD), Renato Cariello (PDT), Rodrigo Farah (PMDB) e Vitor
Junior (PT).
— O Plano Municipal de Educação ainda
não chegou à Câmara, mas eu já estou me antecipando porque estudo o assunto.
Nós ainda não sabemos, com clareza, em Niterói, quem defende a questão de
ideologia e orientação sexual nas escolas para crianças de 4 a 12 anos. Meu
problema é só em relação às crianças. Não tenho qualquer tipo de preconceito e
repudio todo e qualquer tipo de segregação. O que não pode é o preconceito
servir de pretexto para inserir esses termos de gênero e orientação sexual nas
escolas e ferir o princípio sagrado de proteção à criança — defende o
parlamentar.
A emenda chegou a entrar em pauta para
a votação durante a sessão do dia 30 de junho, antes do recesso, mas foi
retirada a pedido do vereador Leonardo Giordano (PT).
— É um absurdo essa emenda. O texto não
só representa um atraso no debate das questões de gênero, que alimenta posturas
ruins, a exemplo do machismo, como veta futuras proposições legislativas a
respeito do assunto. Isso é inconstitucional — argumenta Giordano.
(...)
Pastor evangélico, o vereador Henrique
Vieira (PSOL) tenta protocolar na Câmara Municipal um outro projeto de emenda à
Lei Orgânica contrário à iniciativa de Macedo. Sua proposta precisa ainda da
assinatura de seis vereadores.
— O objetivo é garantir que a
diversidade seja compreendida e respeitada já no universo escolar para que ninguém
sofra por causa de preconceito. É papel da escola trabalhar questões como
respeito, solidariedade e combate ao preconceito. Eles (os vereadores que
apoiam a emenda proposta por Macedo) distorcem tudo e contribuem para a criação
de um sentimento de ódio — ressalta Vieira.
A emenda recebeu parecer favorável da
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. O GLOBO-Niterói não
conseguiu contato com o presidente da comissão, o vereador Rodrigo Farah
(PMDB), nem com o vice, Renato Cariello (PDT), por meio de seus telefones
pessoais e de seus gabinetes.
(...)
Em português claro: o dr. Carlos Macedo continua com sua burrice seletiva, achando que que discussão sobre gênero e diversidade sexual nas escolas vai "ensinar as crianças a ser gays ou lésbicas".
Pior: através de emenda à Lei Orgânica (para quem não sabe o que é: é como se fosse a Constituição de um município) de Niterói – o que, perante a Constituição Federal, é absolutamente INCONSTITUCIONAL. Se a Carta Magna brasileira diz uma coisa, a constituição de um estado ou a Lei Orgânica de um município não pode dizer o contrário, para dificultar possíveis legislações a respeito deste ou daquele assunto. Ou, como explica um advogado (pessoa que o dr. Carlos Macedo e os outros quinze mistos de "fiscais de fiofó" com cavalos-de-vinte-e-quatro-patas – incluindo os petistas Bira Marques e Vitor Junior (que devem ser da linha covarde-dilmista referente aos direitos do povo LGBT e que depois vão se perguntar porque tanta gente do povo LGBT não vai votar no PT nas próximas eleições...) na mesma matéria d'O Globo:
O texto da emenda tem parecer favorável
da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, de acordo com o site da
casa, mas o presidente da Comissão de Direito Constitucional da OAB-RJ, o
advogado Leonardo Vizeu, vê irregularidades:
— A lei tem que ser contextualizada a cada época, a cada
geração. Sem essa possibilidade, tira-se a essência do próprio ato de legislar.
A lei tem que atender à necessidade de cada momento. A cláusula pétrea
(dispositivos que não podem ter alteração, nem mesmo por meio de emenda) não é
indubitável. Ela não pode ser retirada da Constituição, mas pode ser alterada.
Quanto à questão de gênero nas escolas, havendo adequação do conteúdo à faixa
etária, é assegurado na própria constituição.Ou seja, tudo o que os senhores cavalos-de-vinte-e-quatro-patas vão conseguir é passar uma vergonha federal num tribunal idem – isto é, se alguém tiver peito para uma ação judicial para contestar essa excrescência.
Vamos explicar de novo ao senhor, dr. Carlos Macedo, e aos outros quinze "fiscais de fiofó" e cavalos-de-vinte-e-quatro-patas – bem devagar, para ver se entendem:
1- Discutir sobre gênero e diversidade sexual não vai "ensinar as crianças a ser gays ou lésbicas". Simplesmente essa discussão tem um grande objetivo: INFORMAR – informar corretamente aos héteros e aos homossexuais sobre sexualidade e orientação sexual. Quem é hétero não vai se tornar gay: vai saber que o povo LGBT é gente como a gente – cuja única diferença dos héteros é manter relações amorosas com pessoas do mesmo sexo - algumas tão duradouras como casamentos. E quem é gay ou lésbica não vai se envergonhar em ser honesto com os outros a respeito de sua sexualidade. Melhor dizendo: ser honesto com os outros... e consigo mesmo. Assim não se junta aos grupos de homófobos que agridem e matam homossexuais. Até porque a ciência já provou: todo homófobo raivoso, no fundo, é um homossexual enrustido, que externa esta agressividade porque não consegue lidarcom sua homossexualidade, nem assumi-la para si mesmo.
2- Relembrando: a discussão é sobre diversidade sexual e GÊNERO. Em português claro: também é sobre homens (gênero masculino) e mulheres (gênero feminino) – sobre a relação entre os gêneros e sobre a igualdade e o respeito mútuo que pode e deve ter entre eles.
Melhor deixar a professora explicar direito:
Para a pedagoga da Universidade Federal Fluminense (UFF) Elza Dely
Macedo, doutora em história social e especialista em gênero e educação, banir
temas relacionados a diversidade do ambiente escolar representa um retrocesso.
— A questão do sexo ou da sexualidade e as características de
gênero mulher e homem são culturais. Quando, por exemplo, a professora pede
ajuda dos meninos para uma atividade de esforço físico e das meninas para
coisas artísticas como decoração contribui para comportamentos estereotipados.
A escola precisa agir desnaturalizando esses papéis. Talvez, com um pouco de
cuidado porque muitas famílias terão dificuldades de lidar com isso. A escola
tem que tomar para si esse papel. A gente precisa, numa sociedade que tem
inúmeras vertentes violentas, eliminar o preconceito com gênero e cor. Há um
medo por parte de algumas famílias de se fazer uma indução a homossexualidade,
mas não é isso que está se falando. As pessoas precisam saber lidar com as
diferenças — enfatiza.
Apenas isso: respeito mútuo entre homens e mulheres, para que o machismo mais exacerbado...
Epa, parece que apliquei aqui uma redundância do pleonasmo, já que o machismo, por si só, já é agressivo – já é o homem, agressivamente se achando superior à mulher, e por tabela agredindo-a sexualmente...
Reformulando: para que o machismo não subsista nas relações homem-mulher. E que suas formas mais deformadas ainda – o estupro, a agressão física – desapareçam.
A não ser, é claro, que o dr. Carlos Macedo e os senhores edis sejam fãs destes "grandes democratas" do vídeo abaixo, em que eles discutem a questão de gênero e diversidade sexual nas escolas...
3- Pra que tentar segurar o relógio da história da sociedade, que sempre anda para a frente? Se é porque os senhores edis tem um medo pânico de perder o voto dos evangélicos, meus pêsames: vocês estão pensando no povo da cidade e na sociedade a curtíssimo prazo, por motivação meramente eleitoreira. Do jeito que os políticos estão em baixa na população, vocês acham que realmente vão conseguir os votos que esperam dos evangélicos? Realmente esperam que a meia dúzia de evangelicuzinhos malafaianos, que fazem muito barulho mas não fazem nada de concreto por sua fé, vão indicar para que votem em vocês? Du-vi-de-o-dó.
Agora, se a motivação dos senhores é uma concepção do século retrasado de "moral e bons costumes", ou de respeito exacerbado aos preceitos bíblicos, ficam algumas perguntinhas que não querem calar:
- Dr. Carlos Macedo: como é que posso acreditar nas suas boas intenções em respeito aos preceitos bíblicos se o senhor é acusado de mandar desrespeitar um dos Dez Mandamentos de Deus, que Moisés trouxe lá do alto do monte Ararat, "Não matarás" – acusação de cujo julgamento o senhor está fugindo usando todos os recursos legais?
- Senhores edis: como é que a moralidade dos senhores, que faz com que impeçam a discussão de assunto importante para a vida em sociedade nas escolas, não impede que possam conviver com um suspeito de ser criminoso?
Para quem não é de Niterói e/ou chegou de Marte ontem depois de meio século de moradia no planeta:
Lúcio Diniz Araújo Martelo, conhecido como Lucio do Nevada, disputou umas duas ou três eleições para vereador, até que em 2012, foi eleito pelo PRP. O problema é que, com isso, deixou um nobre colega de partido sem mandato na Câmara Municipal – justamente, o dr. Carlos Macedo, que ficou com a primeira suplência. E, como se sabe, um suplente assume o mandato quando o titular se afasta, seja temporariamente – por ser nomeado para um cargo executivo, por exemplo – ou definitivamente – por renúncia, por eleição para uma função maior (deputado estadual ou federal)... ou por sua morte.
Dito e feito: por curiosa coincidência, na noite de 25 de outubro de 2012, Lúcio do Nevada foi assassinado com, pelo menos, seis tiros, na porta de casa no bairro Santa Bárbara.
O problema é que polícia que trabalha a sério não acredita em "curiosas coincidências" em crimes deste tipo.
Assim, cinco meses depois, o inquérito chegou a uma conclusão nada surpreendente:
MP
denuncia seis pessoas pela morte do vereador Lúcio do Nevada
Carlos Alberto de Macedo, que era suplente de
Nevada, é um dos denunciados pelo crime, que aconteceu em outubro
POR O
GLOBO
/ ATUALIZADO 20/03/2013 16:48
RIO — O Ministério Público estadual denunciou o
vereador eleito pelo município de Niterói Carlos Alberto de Macedo e mais cinco
pessoas acusadas de matar o vereador Lúcio Diniz Araújo Martelo, conhecido como
Lúcio do Nevada, eleito em 2012. Além do político, foram denunciados a chefe de
gabinete, Mariana Soares Queiroz; os policiais militares Jair Martins de Souza
Neto e Damião Washington da Silva Ferreira; o segurança José Carlos Alves de
Azevedo; e Marco Antonio Titoneli Barbosa. Eles vão responder por homicídio
qualificado (motivo torpe e fútil) e formação de quadrilha. O crime aconteceu
no dia 25 de outubro do ano passado, após as eleições. O MP-RJ também pediu a
prisão preventiva dos denunciados.
De acordo com a denúncia da 6ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal, da 2ª Central de Inquéritos (Niterói-São Gonçalo), Carlos Alberto, Mariana, Damião e Jair cometiam crimes contra a administração pública, em especial os de corrupção, peculato e falsidade ideológica. “Os crimes praticados pela quadrilha motivaram a morte de Lúcio do Nevada. Deixando de assumir a cadeira de vereador, Macedo teria todo o esquema de corrupção descoberto, e deixaria de se beneficiar, e aos demais quadrilheiros, das vantagens ilícitas”, narra um trecho da denúncia.
De acordo com a denúncia da 6ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal, da 2ª Central de Inquéritos (Niterói-São Gonçalo), Carlos Alberto, Mariana, Damião e Jair cometiam crimes contra a administração pública, em especial os de corrupção, peculato e falsidade ideológica. “Os crimes praticados pela quadrilha motivaram a morte de Lúcio do Nevada. Deixando de assumir a cadeira de vereador, Macedo teria todo o esquema de corrupção descoberto, e deixaria de se beneficiar, e aos demais quadrilheiros, das vantagens ilícitas”, narra um trecho da denúncia.
Segundo o documento, Carlos Macedo foi o mandante do crime, “autor
intelectual e, desde logo, principal suspeito apontado pela população
niteroiense”. Mariana Soares, braço-direito de Macedo, contratou os PMs, que
encomendaram a morte do vereador a dois executores, Titoneli e outro ainda não
identificado, do município de Magé.
Marco Antônio Titonelli, de 38 anos, foi preso na semana passada
na casa da tia em Leopoldina, na Zona da Mata mineira. De acordo com a polícia,
ele foi encontrado com um revólver calibre 38, dois celulares e um documento
falso, e não reagiu à prisão. Ele e José Alves de Azevedo fariam parte de um
grupo de extermínio que atua em Magé, na Baixada Fluminense.
No dia 6 de fevereiro, o vereador de Niterói Carlos Macedo (PRP)
foi preso, em sua casa, em Pendotiba, por policiais da 78ª DP (Fonseca). A
prisão preventiva foi decretada pela Justiça, a pedido do delegado do Fonseca,
porque o Macedo é suspeito de ser o mandante do assassinato do vereador Lúcio
Diniz de Araújo. Macedo era suplente de Nevada.
Antes disto, no dia 29 de janeiro, foi presa Mariana Soares
Queiroz da Silva, chefe de gabinete do vereador Macedo, acusada de envolvimento
no assassinato de Lúcio do Nevada. No mesmo dia, foram presas outras três
pessoas, entre as quais o sargento do 12º BPM (Niterói), Jair Martins de Souza,
acusado de ser um dos executores do parlamentar.
O assassinato do vereador, de 44 anos, pode ter o envolvimento de
uma milícia identificada em 2008 no relatório final da CPI das Milícias da
Assembleia Legislativa (Alerj). O policial militar Damião Washington da Silva
Ferreira — preso com o vereador Carlos Macedo (PRP), acusado de ser o mandante
do crime — é citado no documento que indiciou 226 pessoas e levou à prisão dois
deputados estaduais, três vereadores e Álvaro Lins, deputado cassado e ex-chefe
de Polícia Civil.
Damião -
acusado no inquérito que investiga a execução de Nevada de ser agenciador e
contratante do crime - aparece no relatório da CPI como chefe de um grupo que
explora um esquema de TV a cabo e segurança particular no Centro e na Ponta
D’Areia.
Macedo era suplente de Nevada, morto 20 dias após a divulgação do
resultado primeiro do turno das eleições municipais. O delegado titular do 78ª
DP (Fonseca), Paulo Guimarães, afirma que a motivação para o crime foi
política.
O crime ocorreu no dia 25 de outubro do ano passado. Lúcio foi
executado a tiros na porta de casa no bairro de Santa Bárbara. Ele chegou a ser
levado em estado grave para o Hospital Azevedo Lima, no Fonseca, mas não
resistiu aos ferimentos.
Sentiram como o nobre edil é gente muito fina, de reputação muito ilibada: de acordo com o Ministério Público, o dr. Carlos Macedo, como vereador, tinha um esquema de corrupção, que dependia de sua vereança – fora suas possíveis ligações com uma milícia ligada a um ex-chefe da Polícia Civil; e dois dos pistoleiros contratados faziam parte de um grupo de extermínio da Baixada. Tudo gente fina.
Já ficamos felizes quando o dr. Carlos Macedo não foi eleito. Quando a polícia e Ministério Público o pegaram e o prenderam, em 6 de fevereiro de 2013, pensamos: menos um semicoflauta falso moralista.
Infelizmente, o diabo sempre mora nos detalhes. Por exemplo, nos detalhes da lei que os advogados do dr. Carlos Macedo usaram para soltá-lo da cadeia, em maio de 2013. Ou num detalhezinho chato da política mais miudinha, chamado esprit de corps (espírito de corpo) – que, no caso, se funde ao desprezo de suas Excelências pela opinião pública e pelo eleitor, que chama isso, com justa razão, de esprit de cochon (espírito de porco): quando o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) propôs a criação de uma comissão processante, para cassar o mandato do dr. Carlos Macedo, não conseguiu o apoio dos colegas.
Claro, não vai escapar do julgamento por júri popular. Mas enquanto esse julgamento não vem (sabe como é a justiça, rápida como fêmea de hipopótamo grávida...), o dr. Carlos Macedo fica aí, com seu misto de falso moralismo com homofobia e oportunismo político. Hipocrisia, para ser mais exato.
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E por falar em hipocrisia...
Ah, hipocrisia, teu nome, cada vez mais, é Silas Mala-Sem-Alça-Faia...
Saiu na coluna de Ancelmo Gois em O Globo de21 de agosto último (para ler ao som de hipócrita, sencillamente hipócrita...):
Deus castiga
Em fevereiro, quando Eduardo Cunha foi eleito
presidente da Câmara, o telepastor Silas Malafaia tuitou: "Vitória
espetacular, humilhou governo e PT. Vão ter que nos aturar."
Já...
Ontem, após o deputado ser denunciado por
corrupção, Silas escreveu na rede: "Nunca apoiei Cunha para deputado, o
deputado que apoio no Rio é Sóstenes Cavalcante." Ah, bom!
Viram como ínclito pastor é corajosamente solidário?
Agora, procurar uma rola, como aconselhou um nobre jornalista, ele não procura...
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E por falar em intolerância:
No blogda mesma coluna de Ancelmo Gois:
POLÍTICA
Após criticar Bolsonaro, diretor da Anistia sofre ataques no Facebook
21/08/2015 16:10
Após
publicar e criticar foto em que Jair Bolsonaro e Alberto Fraga comemoram a
redução da maioridade penal "atirando" para a câmera, o diretor da
Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, teve sua página no Facebook
invadida ontem por simpatizantes da bancada da bala.
Sobraram ataques, ofensas e até ameaças.
Sobraram ataques, ofensas e até ameaças.
Francamente, não entendi o que os foliões coxinhas do Baile das Bonecas de 1964 (© Aldir Blanc, em crônica de seu livro Porta de tinturaria) estão tirando as calças pela cabeça, de tanta raiva. Só porque ele falou o óbvio ululante a respeito destes ilustres cavalheiros , membros da "bancada da bala"?
Ora, cambada de coxinhas, #vaiprocurarumarola, vai!
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Diante desta situação – em que cada vez mais se desanimam os que sempre militaram por uma sociedade e uma política melhor – minha indicação para esta séria série só poderia ser uma que, por increça que parível, possa servir como exemplo de não desanimar.
O
filme se chama Pride (em português, Orgulho e Esperança – Reino Unido, 2014),
de Matthew Warchus. E já se pode encontra-lo no Brasil – em DVD:
a distribuidora não se interessou (ou não teve coragem?) em lança-lo nos
cinemas aqui de Terra Papagalli. Eis a sinopse: "Em 1984, Margaret
Thatcher (que Deus a persiga, e o diabo a carregue...) está no poder e os
mineiros estão em greve. Depois do orgulho gay chegar em Londres, um grupo de
ativistas gays e lésbicas decide arrecadar dinheiro para enviar às famílias dos
mineiros. Mas a União Nacional dos Mineiros parece um pouco constrangida em
receber esta ajuda. Os ativistas não perdem o ânimo, decidem entregar a doação
pessoalmente e partem em direção ao País de Gales. Assim começa a história improvável
de dois grupos que não tinham nenhuma relação, mas se uniram em prol de uma
causa."
Puxa, será
que este filme vale a pena?Bem, vejam o trailer e tirem suas conclusões.