07 julho, 2018

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (LXXII)

Tenho um amigo que é comerciante, proprietário de um bar em São Domingos, Niterói, RJ.
(Parêntesis para burros: "Ah, desde quando bar é comércio, pô?" Vem cá, ô toupeira, você vai num bar e come seus petiscos de graça? Bebe a cervejinha – ou cachaça, uísque, refrigerantes etc. – de graça? Claro que não. Você paga as bebidas e comidas que ele lhe oferece – ou seja, ele vende o que você bebe e come. Logo, bar também é comércio. Ponto. Agora vai comer sua alfafa e me deixe continuar.)
Claro, um dos problemas do qual este amigo reclama (junto com as torcidas do Flamengo, do Corinthians, do Fluminense, do São Paulo F.C., do Botafogo, do Atlético Mineiro, do Cruzeiro, do América Mineiro, do Bahia, do Vitória, do Náutico, do Sport, do Internacional, do Grêmio etc., etc.) são as contas que tem de pagar para manter seu negócio: aluguel, luz, gás... e os impostos federais, estaduais e, principalmente, municipais (IPTU, ISS).
Bem, quanto a isso, fiz uma singela e assaz irônica a este meu amigo comerciante: fecha o comércio e abra uma igreja.
Ou então (desta vez a sério), que aderisse a esta campanha:



Aí, você pergunta: "Ih, qual é, cara? Vai dar uma de ateu revoltadinho hoje?"
Não, amigos. Estou dando uma de contribuinte revoltadinho, e com razão.
A esta altura, você já deve saber, mas se não sabe lá vai: você sabia que instituições religiosas (leia-se igrejas e instituições a ela agregadas) são ISENTAS DE IMPOSTOS?
Pois é. Com o auxílio luxuoso do site Morte Súbita, resumiremos aos gentis leitores as vantagens de se abrir uma igreja:

1 - Vantagens diretas para a Igreja:

§  Isenção do Imposto de Renda
§  Isenção do IOF (Operações Financeiras)
§  Isenção do IPTU (Imóveis Urbanos)
§  Isenção de ITR (Imóveis Rurais)
§  Isenção de IPVA (Veículos)
§  Isenção de ISS (Serviços)

2 - Vantagens diretas para os pastores:

§     Direito a Prisão Especial
§     Dispensa do serviço Militar (Aguardamos as opiniões de bolsonaretes e viúvas da ditadura militar a respeito deste último detalhe.)

Resumindo: você, pessoa física, é obrigado por lei a pagar Imposto de Renda (IR), Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) sobre seu imóvel próprio (minto: dependendo dos contratos de aluguel, quem aluga um imóvel também paga IPTU) etc. E se você for pessoa jurídica, você ainda paga todos os impostos federais, estaduais e municipais a respeito. Já uma instituição religiosa fica isenta de tudo isso.
A esta altura, você também já deve saber deste outro grande detalhe. Mas se também não sabe, lá vai: você sabia que ABRIR UMA IGREJA É MUITO MAIS FÁCIL, MAIS BARATO E MAIS RÁPIDO DO QUE ABRIR UMA EMPRESA?
Pois é 2, a missão. Na época, segundo matéria de Hélio Schwartzman para a Folha de S. Paulo, em 2009, quem quiser abrir uma empresa no Brasil passa por 13 procedimentos burocráticos, durante 119 dias, que saíam por R$ 2.038. Já para abrir uma igreja, eram necessários apenas cinco dias (não consecutivos) e um custo de R$ 418. (Isso em 2009. Hoje, salvo engano, o custo é ainda menor: R$ 114,99)E, para mostrar como isso era fácil demais, o articulista juntou mais cinco colegas de redação e... abriu a sua própria igreja, a Igreja Heliocêntrica do Sagrado EvangÉlio (assim mesmo, sr. revisor, em auto-homenagem gozativa do próprio Hélio a ele mesmo – obrigado).


O "custo Brasil" para abrir uma igreja e para abrir uma empresa.
Infográfico do artigo de Hélio Schwartzman para a Folha de S. Paulo, 29 de novembro de 2009.

Aí, você se pergunta: por que tamanho mamão-com-açúcar para as igrejas? De acordo com este artigo do site Politize, as razões são as mais nobres possíveis:

As religiões podem ser consideradas como de interesse social e de função muito importante para a vida de grande parte dos brasileiros. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 92% da população do País segue alguma religião.
Além disso, são organizações sem fins lucrativos e que, teoricamente, não comercializam produtos ou vendem serviços, portanto a imunidade de tributações estimula a permanência e expansão de religiões no País.
Do contrário – caso fossem tributadas -, determinadas entidades religiosas sofreriam grandes dificuldades financeiras, o que poderia levar à extinção de tais instituições.
Outro ponto importante a favor do direito de imunidade tributária, é a equidade entre todas as entidades religiosas. Não há privilégios tributários para templos específicos. O direito é igual para todos.

(Mais um parêntesis. Por "equidade entre todas as entidades religiosas", entenda-se: pouco importa se é uma religião séria, verdadeira, ou uma igreja "caça-dízimos-de-fiéis-para-encher-o-pandulho-do-espertalhão-autodenominado-pastor": ambas tem a mesma proteção da lei. Fim do parêntesis.)

Mas voltando ao Morte Súbita: ainda tem as vantagens indiretas a respeito da isenção fiscal de igrejas:

3 - Vantagens Indiretas:

Autonomia jurídica
- Por motivos de consciência você poderá acionar um bom advogado para conseguir isenção de alguma lei que vá contra sua crença. A Igreja do Vegetal por exemplo, já conseguiu o direito do uso de psicotrópicos em seus rituais! O limite é apenas sua imaginação e caráter.
Isenção de Direitos trabalhistas - Não existe vínculo empregatício para os ministros que trabalharem em sua igreja e portanto não existe legislação trabalhistas para atrapalhar seu relacionamento com seus os sacerdotes de sua religião.
Poder Político - Com um pouco de empenho, logo você terá em seu comando um grande número de fiéis que poderão ser usados para preencher abaixo-assinados,  reivindicar coisas às autoridades e a imprensa ou mesmo fazer um multiarão para construção dos templos. Se você tiver talento em poucos anos poderá entrar para a política com seu próprio curral eleitoral.
Diversão garantida - Você poderá organizar seus próprios rituais públicos, como batismos, exorcismos, funerais, missas e reuniões dos mais diversos tipos. No Brasil, por exemplo, o casamento religioso tem efeito civil, conforme diz a Constituição Federal, artigo 226, parágrafo 3º. 


Entenderam o negócio do bagulho?
Por isso, não à toa, eu fiz a sugestão irônica a este meu amigo de abrir uma igreja no bar. Melhor dizendo: manter o bar funcionando, mas mudar seu registro: de microempresa para... igreja. Até porque já tem gente fazendo isso – CQD matéria de O Globo de domingo, 24 de junho de 2018:

Para a Receita Federal e a Secretaria Municipal de Fazenda, a Igreja Sanctuário fica numa rua da Tijuca. No endereço, um muro multicolorido tem um cartaz que oferece vagas, mas não no céu. O espaço é, na verdade, um estacionamento. A aproximadamente 16 quilômetros dali, um imóvel deveria abrigar a Igreja Pentecostal Ministério da Fé de Madureira. Sem identificação na fachada, a casa é um asilo para idosas. E, na Barra, pelo que consta nos registros oficiais, a Igreja Life ocupa uma sala alugada num prédio comercial. Mas o que se vê lá é o escritório de um advogado, que fundou a organização religiosa no ano passado.

Ninguém entendeu ainda? Então vamos adiante, relembrando:

As vantagens daqueles que obtém o código de templo na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae), da Receita Federal, não são poucas. A começar pela imunidade de impostos, garantida pela Constituição Federal. Com Cnae e CNPJ em mãos, o responsável por um templo de qualquer natureza pode solicitar à prefeitura a dispensa do recolhimento de IPTU e ISS. Igrejas também não precisam pagar Imposto de Renda sobre doações recebidas e aplicações financeiras, nem IPVA sobre veículos adquiridos. Estão livres ainda da contribuição patronal para o ISS de seus empregados.

Entenderam agora a malandragem da igreja-que-na-verdade-é-um-estacionamento-pago, da outra igreja-que-na-verdade-é-um-asilo, e da igreja-que-na-verdade-é-um-escritório-de-advocacia (apesar das desculpas esfarrapadas de seus pastores-proprietários, como as do dono da igreja-que-na-verdade-é-um-estacionamento-pago: "Daqui a sete ou oito meses, queremos construir uma igreja. Até lá, preciso arcar com os custos de manutenção do terreno. Tenho que pagar, inclusive, o IPTU" – potoca: o endereço oficialmente registrado da igreja não paga IPTU)? Funcionando como negócios comuns, lucram tranquilamente, com alguma mais-valia a mais. Cadastradas como igrejas, não pagam imposto nenhum sobre os lucros do negócio que funciona pra valer.
Fica aquela pergunta que não quer calar: isso é justo com quem abre uma empresa e paga as contas e os impostos devidos para continuar funcionando? Sim ou não?
(Antes que você responda: não, não estou me referindo às grandes empresas e corporações – especialmente as que se salvam com aplicações rentistas, sonegações de impostos, doações a campanhas eleitorais de políticos que poderão perdoar os impostos sonegados e reduzir os impostos de suas aplicações rentistas etc. Estou me referindo a micro, pequenas e médias empresas, que realmente abrem empregos, mas acabam – se me permitirem o termo – levando na tarraqueta...)
Fica outra pergunta que não quer calar: falta fiscalização para coibir esta (sim, eu sei que estou sendo grosso, mas não conheço outro termo melhor) putaria?
Claro que sim. E, lamento dizer, continuará faltando enquanto faltar coragem e vontade políticas dos administradores públicos em cargos executivos (prefeitos, governadores presidentes). Especialmente enquanto políticos (principalmente da direita, mas infelizmente não só eles) continuarem cortejando pastores evangelicuzinhos para conseguir os votos dos fieis do qual arrancam os dízimos. E enquanto facilitarem a vida de tais igrejas e seus líderes, uma vez eleitos. (Se tal administrador eleito for também, ele mesmo, um religioso, aí é que os vendilhões de todos os templos deitam e rolam, sem fiscalização para lhes encher o saco com coisinhas de somenos importância, como pagamento de impostos devidos – não é mesmo, bispo Marcelo Crivella, apelidado por Aldir Blanc de Crivellório?)
Fora uma das utilidades mais antigas destas igrejas de vendilhões: a lavagem de dinheiro de fontes obscuras e duvidosas, como corrupção propinas e afins – não é mesmo, Silas Mala-Sem-Alça-Faia?
Somando-se esta renda às dos dízimos arrancados dos fieis – ainda que tal pastor tenha de dar broncas a fieis que doam cartões, mas não dão as senhas (não é mesmo, Marco Feliciânus?), aí mesmo é que tais igrejas estão num verdadeiro céu na terra.
Não é à toa que a Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA) apresentou ao Senado, em março de 2015, uma Sugestão Popular, a SUG 2/2015. O argumento da ATEA para tal Sugestão é bem simples: Num Estado laico não faz sentido dar imunidade tributária a uma parcela das instituições do Brasil apenas porque são religiosas. Qualquer organização que permita o enriquecimento de seus líderes e membros deve ser tributada.

Ainda o texto do Politize:

Em 2013, uma lista divulgada pela revista Forbes enumerou os líderes evangélicos mais ricos do Brasil, tendo Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus, em primeiro lugar, com 2 bilhões de reais; Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, em segundo, com 400 milhões; e em terceiro lugar, Silas Malafaia, presidente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, com 300 milhões.
Além disso, escândalos envolvendo organizações religiosas também motivaram a ação pelo fim da imunidade tributária a templos de qualquer culto. Um exemplo disso foi o caso do Templo de Salomão, sede da Igreja Universal do Reino de Deus em São Paulo, que foi alvo de suspeitas no período em que foi construído. Todo o material utilizado na edificação – principalmente os 40m² de pedra importados – não sofreu tributação. Devido a essa quantidade, foi considerada a possibilidade de desvio de recursos da obra. Entretanto, não houve investigações sobre o caso.

Em suma: fizessem como a Assembleia de Deus Ministério Lagoinha, liderada pelo pastor Fábio Mendonça, na cidade de Araruama, Rio de Janeiro, que aplica os dízimos e ofertas arrecadados na construção de moradias para os fiéis mais pobres, que não tinham onde morar, vá lá.
Fizessem como a Segunda Igreja Batista em Tocantinópolis (TO), que – como parte de um projeto social da congregação, chamado Programa Cristo Vive em Mim reuniu recursos e fiéis voluntários para reformar a casa de um idoso, Angerico, que vive há muitos anos na cidade, vá lá. Em ambos os casos, entenderíamos a isenção tributária de uma igreja, para que seus recursos atendam os seus fiéis.
Agora, isenção tributária para comprar jatinhos de luxo ou acumular fortunas "em nome da igreja" (para usufruto de seus líderes supremos – tipo o tio de Crivellório, Edir Macedo)? Aqui, ó!


E antes que eu me esqueça:



Em tempo: a Sugestão Popular SUG 2/2015 alcançou, em 2016, 87 mil votos a favor da proposta e 23 mil contra. Com isso, a proposta foi para a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, onde aguarda parecer. Se depois do parecer a matéria tramitará suavemente, isso são outros quinhentos (milhões de reais?). Depende da presença da Frente Parlamentar Evangelicuzinha – leia-se "o primeiro B (de bíblia) da bancada BBB (os outros Bs são do boi – o agronegócio – e da bala – o pessoal financiado pela Taurus que quer acabar com o Estatuto do Desarmamento) – e do que ela vai fazer a respeito desta SUG 2/2015. Se bem que temos uma ideia do que fará...
Enquanto isso não se resolve – e enquanto micro, pequenos e médios empresários, clara e honestamente cadastrados como micro, pequenos e médios empresários (com o perdão do termo) se f... pagando todos os impostos que as igrejas não pagam enquanto arrancam dízimos seus fiéis, ou abrem negócios comerciais com registro de igrejas, para lucrar ainda mais sem pagar os impostos que nós, os otários... digo, os comuns mortais pagamos, o que meu amigo comerciante em São Domingos vai fazer para pagar as contas?
Bom, eu já sugeri a este meu amigo no começo deste texto, mas não custa nada sugerir de novo – desta vez, a sério: abra uma igreja no mesmo local de seu ilustre bar. Se eu puder sugerir um nome, lá vai a sugestão: Igreja Pagã da Sagrada Cevada. E você, meu amigo comerciante, será o Sumo Sacerdote, o Líder Supremo desta nova igreja.
Os mandamentos desta nova igreja ainda estão em elaboração, mas um já é pétreo e definitivo: amarás a cerveja (e também a cachaça, o uísque, o conhaque etc. – tua igreja não será discriminatória...) e a alegria acima de todas as coisas.
Fora as vantagens que sua nova igreja terá:

Autonomia jurídica - Lembrando: "Por motivos de consciência você poderá acionar um bom advogado para conseguir isenção de alguma lei que vá contra sua crença." Lembra da tal Igreja do Vegetal que conseguiu a liberação de psicotrópicos para seus rituais? Pois é. Você pode fazer o mesmo com a cerveja (e também a cachaça, o uísque, o conhaque etc.) e os petiscos: todos eles serão produtos sagrados e essenciais aos rituais da Igreja Pagã da Sagrada Cevada. Sendo sagradas, todas as bebidas e comidas que você comprar em nome da Igreja serão isentas de impostos. Assim poderão ser vendidas a preços ainda baratos... quer dizer... doadas aos fiéis em troca de um dízimo acessível.

Isenção de Direitos trabalhistas – Ou seja, a menos que os ilustres garçons... digo, sacerdotes se tornem cofundadores da igreja, poderão ser gentilmente convidados a se retirar dela a qualquer momento. (Ou seja: nem precisava desta "reforma" trabalhista do Vampirão, que deixa faca e o queijo na mão dos patrões – dos grandes empresários, bem entendido; os micro, pequenos e médios empresários continuam se f... do mesmo jeito de antes.)

E claro...

Diversão garantida – "Você poderá organizar seus próprios rituais públicos, como batismos, exorcismos, funerais, missas e reuniões dos mais diversos tipos." Ainda estou pensando como serão os cultos da nova igreja. Mas uma coisa já está decidida: os cultos serão diários, das 18 horas até a hora que os fiéis (e o Sumo Sacerdote) cansarem – meia noite, uma ou duas da manhã.
E todos os cultos da Igreja Pagã da Sagrada Cevada começarão da seguinte maneira:

1- O Sumo Sacerdote segurará em uma das mãos o "cálice sagrado" da Igreja (este poderá ser uma taça de cerveja bem elaborada – tipo da Stella Artois – mas se não tiver, um canecão digno da Oktoberfest serve...);
2- Dentro deste "cálice", um dos sacerdotes colocará o "liquido sagrado" (cerveja – de preferência, geladíssima: será pecado brutal para esta Igreja beber cerveja quente...) até enchê-lo;
3- Então, o Sumo Sacerdote fará o ritual inicial do culto. Nada de sinal-da-cruz nem de "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, amém": o Sumo Sacerdote girará uma das mãos em torno do "cálice sagrado" de cima para baixo, a partir da sua direita, dizendo:

Em nome do malte... (gira a mão para o alto do "cálice") ...do lúpulo... (gira a mão para a esquerda do "cálice") ...da cevada... (gira a mão para baixo, na base do "cálice") e... ah, sim... do milho também. EVOÉ!

Findo o ritual, o Sumo Sacerdote beberá o conteúdo do "cálice" (afinal, sumos sacerdotes não são de ferro...) até o fim. É o sinal para que os outros sacerdotes distribuam o "líquido sagrado" aos fiéis (em troca do devido dízimo, é bom lembrar...) até o fim do culto.

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Ah, sim: Evoé pra vocês também

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A propósito: em país sério, um governante como Crivellório – aka bispo Marcelo Crivella, da Igreja universal (Estelionatária) do Reino de Deus – estaria enfrentando um processo de impeachment por oferecer favores imorais a um grupo da cidade onde é prefeito em detrimento de todos os cidadãos. Como os favores que ofereceu a um grupo de pastores (às custas dos impostos dos cariocas) em evento secreto no Palácio da Cidade: "ajuda a pastores e líderes de igrejas que tenham problemas com IPTU em seus templos ou que queiram angariar fiéis que necessitem de cirurgias de catarata e varizes" – em evento claramente destinado a apoiar seu pré-candidato a deputado federal pelo, Rubens Teixeira (PRB)Mas estamos em Terra Papagalli, e aqui só sofre impeachment quem é relativamente honesto e se recusa a transigir com sacanagens – tipo assim, a ex-presidente Dilma Rousseff, deposta por se recusar a se render às (se me perdoarem o termo) putarias de Eduardo Cunha, Michel Temer e catervada.


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E agora, as nossas duas sugestões para esta séria série.
Duas?
Sim. Uma delas – já que falamos de religião – já está em cartaz: Desobediência (Disobedience – EUA, 2017 ), de Sebástian Lelio, baseado no livro de Naomi Alderman. E só a sugerimos porque gostaríamos imensamente que você assista este filme, antes que saia de cartaz logo.
A história é bem simples (simples?). Uma mulher, Ronit Krushka (Rachel Weisz) retorna à sua comunidade judaica ortodoxa para o enterro de seu pai, um rabino ultraconservador. A mesma comunidade a evitou décadas atrás por sua atração por uma amiga de infância, Esti (Rachel McAdams), hoje casada com um amigo em comum, Dovid Kuperman (Alessandro Nivola) e conformada com as normas rígidas desta comunidade. Uma vez de volta, a paixão das duas se reacende enquanto exploram os limites da fé e da sexualidade.
Dêem uma olhada no trailer.



Mas o objetivo das sugestões para esta séria série é indicar filmes para as distribuidoras do país, para que elas se interessem em trazer para esta Terra Papagalli. Daí, a nossa segunda sugestão: First Girl I Loved (EUA, 2016), de Kerem Sanga
.A história é relativamente simples, e poderia até passar (num mundo perfeito) na Sessão da tarde: Anne (Dylan Gelula), de dezessete anos, se apaixonou por Sasha (Brianna Hildebrand), a garota mais popular da escola pública onde estuda em Los Angeles. Mas quando Anne confessa isso a seu melhor amigo Clifton (Mateo Arias) – que sempre teve uma paixão secreta - ele faz o possível para atrapalhar essa paixão.
Deleitem-se com o trailer, e até a próxima.



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Ah, sim: mais uma vez, Evoé pra vocês também.