Excelentíssimo
sr. ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da
República;
Ilustríssimo
sr. Diretor-Presidente da Empresa Brasil de Comunicação, Nelson Breve;
Ilustríssimo sr. Diretor
de Produção, Rogério Brandão
Ilustríssimo sr. Diretor
de Conteúdo e Programação, Ricardo Soares
Ilustríssimos
srs. membros dos Conselhos Administrativo, Fiscal e Curador da Empresa Brasil
de Comunicação:
Nesta
quinta feira, 10 de julho (presumo...), o sr. Alexandre Toledo, em nome da Gerência de
Licenciamentos Nacionais da EBC, enviou o seguinte email para dona Alice
Gonzaga Assaf, diretora presidente da Cinédia:
Foi
o que a Cinédia fez: divulgou para todo o mundo, pela internet e todas as redes
sociais, que um filme da Cinédia, 24
horas de sonho, seria exibido em uma TV pública brasileira, que sempre
exibiu cinema brasileiro.
É
muito raro a televisão aberta exibir filmes anteriores a 1950.
Nesta sexta dia 11 as 22:30h vai passar 24 HORAS DE SONHO na TV Brasil. É uma oportunidade para conhecer a única aparição de Dulcina de Moraes em longas metragens e a segura direção do português Chianca de Garcia, um dos diretores artísticos do Cassino da Urca e primeiro diretor artístico da TV Tupi.
Não percam!
Nesta sexta dia 11 as 22:30h vai passar 24 HORAS DE SONHO na TV Brasil. É uma oportunidade para conhecer a única aparição de Dulcina de Moraes em longas metragens e a segura direção do português Chianca de Garcia, um dos diretores artísticos do Cassino da Urca e primeiro diretor artístico da TV Tupi.
Não percam!
24
HORAS DE SONHO
(Brasil/Rio
de Janeiro – 1941)
Direção:
Chianca de Garcia
Argumento:
Joracy Camargo
Elenco:
Dulcina de Moraes, Odilon Azevedo, Conchita de Moraes, Sadi Cabral, Silvino
Netto, Paulo Gracindo, Oscarito (como Oscarito Brennier).
Razões
(para mim e para outros que se interessam por cinema brasileiro e sua história)
para ver este filme:
1-
Português de Lisboa, Eduardo
Chianca de Garcia (1898 -
1983) não foi apenas cineasta, mas também dramaturgo e jornalista. Já
era conhecido em Portugal por filmes como A
Aldeia da Roupa Branca (1938).
Radicou-se no Brasil a partir de 1940, e estreou no cinema brasileiro dirigindo
dois filmes na Cinédia: Pureza (1940) – baseado em romance de José Lins do Rego
– e este filme sobre o qual estamos falando.
Também foi roteirista do filme Appassionata (1952), dirigido pelo
compatriota Fernando de Barros para a Cia. Vera Cruz. Fora do cinema, dirigiu diversos
espetáculos no Casino da
Urca do Rio de Janeiro.
2-
O filme marcou a única aparição nas telas de Dulcina de Moraes (1908
- 1996), uma das maiores atrizes do teatro
brasileiro. Se isso interessa aos bur(r)ocratas de Brasília: em seus últimos
anos radicou-se na capital federal, onde criou a Fundação Brasileira de Teatro
(FBT), que depois se transformou na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes.
No
entanto, ninguém viu 24 Horas de Sonho na TV Brasil.
Não,
não houve nenhum apagão ou outra desgraça técnica que impedisse a exibição do
filme.
Simplesmente
ocorreu o que Gustavo Lopes, membro da equipe da Cinédia, nos informa soltando
justo fogo pelas ventas:
"Estou
frustrado com a TV Brasil. A própria empresa informou diretamente Alice Gonzaga
de que o filme "24 Horas de Sonho", o filme mais luxuoso da Cinédia,
seria exibido hoje no "Cine Nacional" 22:30. No lugar estão exibindo
uma produção de 2010.
Segue
reprodução do e-mail enviado por representante da TV Brasil informando,
equivocadamente, a exibição da obra na data de hoje. Tal e-mail apenas reitera
que a responsabilidade do ocorrido é exclusiva da emissora, e que nós
espectadores, e da mesma forma a equipe da Cinédia, fomos todos pegos de
surpresa em vista do acontecimento."
Bem,
eu conheço bem o Desassossego (Filme das Maravilhas). Diria até que
foi um prazer ter revisto este poético filme.
Não
fosse um pequeno detalhe, prezados senhores.
Esse
detalhe chama-se desrespeito.
Desrespeito
à mais antiga produtora de cinema de cinema do Brasil, com 84 anos de vida e um
currículo de mais de 50 filmes – entre eles, um dos primeiros (e, ainda hoje,
mais encantadores) filmes musicais brasileiro, Alô, alô, Carnaval (1936); uma das maiores bilheterias (até Dona Flor e seus dois maridos, 1976), O Ébrio (1946); e uma obra prima do
cinema brasileiro, Ganga Bruta
(1933), de Humberto Mauro.
E
desrespeito ao público de uma emissora pública, que pode não atingir os 30 ou
40 pontos da Globo, mas que merece respeito.
E,
desde já, esclareço que os realizadores de Desassossego
(Filme das Maravilhas) não tem nada a
ver com isso, com esse desrespeito.
O
principal responsável por esse desrespeito, caros senhores, é a emissora de TV
que gerenciam – a TV Brasil.
Está
bem, está bem, eu sei das dificuldades pelo qual a EBC passa: falta dos
recursos da Contribuição para o Fomento da
Radiodifusão Pública, que as empresas de telecomunicação ainda depositam
em juízo, enquanto tentam contestar a contribuição na justiça; o possível
contingenciamento dos recursos do orçamento federal para a EBC; a falta de
recursos para a modernização de equipamentos - e eu falo de cadeira, como
espectador: não sei como é a qualidade da transmissão da TV Brasil em outros
lugares do Brasil; aqui, o principal problema é o som – muito baixo durante os
programas – o que me obriga a aumentar o som para ouvir. (Não, não fui ao
otorrinolaringologista ainda, pois minha audição vai muito bem, obrigado; entretanto,
serei obrigado a consultar um se o som continuar a aumentar abruptamente nos
intervalos...)
Mas,
sem querer ser chato e já sendo, hão de convir, caros senhores, que falta de
recursos financeiros não pode e nem deve ser sinônimo de administração
desorganizada. Ou, para ser mais franco: pouco dinheiro não justifica gerir uma
TV pública, se me permitem o português claro, na base do bundalelê.
(Aliás,
nem pouco dinheiro nem "boa vizinhança" com as redes de TV privadas –
isto é, com a grande velha mídia, que, como é público e notório, não vai muito
com os cornos do governo da nossa atual presidente.)
Especialmente
com estes feios hábitos de mudar a programação na última hora SEM AVISAR A
NINGUÉM, e SEM JUSTIFICATIVAS.
Isso
só faz com que uma emissora se desmoralize. Isso faz com que a TV Brasil pareça
cada vez menos uma emissora pública, e cada vez mais um canal de TV dos anos
1950/1960, gerido na base do improviso.
Em todo o caso, gostaria de
sugerir aos senhores que enviem – mesmo que seja em seu site –
uma nota, solicitando desculpas à Cinédia (e aos telespectadores) pela falha.
Posso
até sugerir algumas justificativas aceitáveis para tal desrespeito. Aí vão:
1-
"Infelizmente, houve um problema técnico com a cópia do filme fornecida
pela Cinédia" – (Hummm... pensando bem, não é uma boa ideia: se interessa
à Cinédia a exibição de seu filme, não mandaria uma cópia incompatível. Aliás,
a primeira coisa que a Cinédia faria é consultar a própria TV Brasil para saber
quais as condições técnicas da cópia do filme, certo?)
2-
"Houve um engano: divulgamos a data de exibição errada." – (Bem
plausível – afinal, enganos acontecem – embora deixe no ar a impressão de que a
TV Brasil está sendo gerida como a casa da mãe Joana.)
3-
"Por problemas técnicos, não pudemos exibir o filme." – (Embora seja
bem parecida com a desculpa 1, na verdade há uma diferença: responsabiliza mais
diretamente a TV Brasil, não a Cinédia. Até tem uma vantagem: chama a atenção
do governo para a necessidade de modernizar os equipamentos, não só da TV
Brasil, mas das emissoras da EBC – afinal, a partir de 2016, a TV analógica
começa a ser desligada. Já pensou se a TV Brasil continua analógica até lá?
Acaba saindo do ar, não é?)
Essas
são algumas sugestões de desculpas à Cinédia e ao público da TV Brasil.
Sintam-se no direito de descobrir outras.
O
que não podem é fazer de conta que não ouviram.
Daí,
talvez sejam os senhores que devam consultar um otorrinolaringologista...
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