23 setembro, 2015

CARLOS MANGA (1928-2015)

Tinha muita coisa a escrever sobre Carlos Manga. Mas é melhor eu ficar com a memória do único encontro que este escriba teve com ele, na Caixa Cultural (ou foi no CCBB? Minha memória é fogo...), no Rio de Janeiro. Ele participou de um debate após a exibição de um filme (também não me lembro qual...).
Na saída, perguntei a ele por que ele não voltava a dirigir um filme. Ele me explicou as dificuldades, com estas leis de incentivo, burocracia etc. Mas o tom de voz com que ele falava realmente era de alguém que amava o cinema, triste como uma criança de quem haviam tomado o brinquedo.
Há alguns dias, ouvi falar que Manga, finalmente, se preparava para voltar a realizar um filme. A morte pantera o impediu. Uma pena.

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Por que não falo mais nada sobre Carlos Manga?
Porque eu prefiro que vocês o ouçam. Aqui, temos um programa da série Sala de Cinema (SescTV), em que Carlos Manga era o entrevistado.
Bom programa.


OBRA SELECIONADA DE CARLOS MANGA

a) Cinema (filmes como diretor):

- A Dupla do Barulho (1953 - roteiro, direção e montagem)

As aventuras e desventuras da dupla de comediantes Tonico (Oscarito) e Tião) (Grande Othelo) – ou uma semibiografia da relação entre Oscarito e Grande Othelo, a principal dupla de comediantes dos filmes da Atlântida na época.

- Nem Sansão nem Dalila (1954 - direção e montagem)

Roteiro - Victor Lima
Elenco - Oscarito (Horácio/Sansão), Fada Santoro (Miriam), Cyll Farney (Hélio), Eliana Macedo (Dalila), Roberto Faissal (Professor Incognitus), Wilson Grey (Rei Anateques/médico), Carlos Cotrim (Artur/Chefe da guarda do rei), Wilson Viana (Chico Sansão/Sansão), Ricardo Luna (Lebor/chofer), Anthony Zamborsky (Elestal, o sacerdote), Sérgio de Oliveira (Tubal), Gene de Marco (Zoriva).

Aparentemente, é uma paródia do clássico bíblico "Sansão e Dalila" (1949), de Cecil B. de Mille. Na verdade, é uma sátira a Getúlio Vargas (1882-1954) – na época, presidente constitucional do Brasil (1951-1954), depois de chefiar o governo por quinze anos (1930-1945), como chefe do Governo Provisório após a Revolução de 1930 (1930-1934), presidente constitucional (1934-1937) e ditador (1937-1945) – implícita no célebre discurso de Horácio/Sansão (Oscarito):

Trabalhadores de Gaza! A situação política nacional... tá uma pouca vergonha! As mamatas andam soltas por aí! E todos querem se defender! Por isso eu exijo nos camelos... tacômetros!

(A paródia a Getúlio Vargas acabou se transformando numa homenagem involuntário ao presidente, depois de seu suicídio, a 24 de agosto de 1954.)

- Matar ou Correr (1954 - direção e montagem)

Roteiro - Amleto Daissé e Victor Lima
Elenco - Oscarito (Xerife Kid Bolha), Grande Otelo (Cisco Cada), José Lewgoy (Jesse Gordon), Julie Bardot (Vedete do Saloon), Renato Restier (Bob/Dono do Saloon), John Herbert (Bill), Inalda de Carvalho (Helen), Wilson Grey (Ed), Wilson Viana.

Dois vigaristas atrapalhados chegam a uma cidade do Velho Oeste, City Down, dominada por malfeitores. Um dos recém-chegados se sai bem numa briga de bar com o famigerado bandoleiro Jesse Gordon e acaba por ser nomeado xerife, sem qualquer aptidão real para o cargo. Jesse Gordon escapa da prisão e volta para duelar com o xerife no trem das duas horas. Depois de uma crise de choro, o xerife vai para o confronto.
Paródia de High Noon (Matar ou Morrer - 1952), de Fred Zinnemann, com Gary Cooper.

- Colégio de Brotos (1955 - diretor e montador)

Roteiro - Alinor Azevedo e José Cajado Filho, sobre argumento de Dermival Costa Lima.

Elenco - Oscarito (Agapito), Cyll Farney (Guilherme), Inalda de Carvalho (Susana), Francisco Carlos (Flávio), Miriam Teresa (Lenita), Avany Maura (Marlene), Grijó Sobrinho (Trigueiro), Margot Louro (Florinda), Afonso Stuart (Herculano, diretor do colégio), Renato Restier (Tiago, chefe de disciplina), Augusto César Vanucci (César), Edair Badaró (Polípio), Elizabeth Gasper, Moacir Deriquén, Daniel Filho, César de Alencar.

Nada original sem dúvida era a história (...). Seu modelo fora exibido entre nós havia pouco mais de dez anos: Escola de sereias (Bathing beauties), a mesma comédia da qual Watson Macedo juá havia afanado uma cena para Oscarito em E o mundo se diverte. Num colégio interno misto, com todos os estereótipos das comédias universitárias de Hollywood – o bom aluno (Badaró), o mau aluno (Augusto Cesar), a boa aluna (Miriam Teresa), as alunas boas (Inalda de Carvalho, Avany Maura), o professor sedutor, Cyll farney), o aluno com vocação para cantor (Francisco Carlos), o chefe de disciplina durão (Renato Restier), o diretor inflexível (Afonso Stuart) e sua secretária repressora (Margot Louro) – um roubo era cometido e quem pagava o pato era o seu estereótipo mais esculachado: Agapito (Oscarito), um factótum com veleidades a novelista de rádio. Nenhuma surpresa, no final: o verdadeiro gatuno [NOTA DESTE ESCRIBA – COMO NÃO SOU DADO A SPOILERS, VOCÊ VAI TER DE ASSISTIR O FILME QUANDO FOR EXIBIDO EM ALGUM LUGAR. MAS FICA UMA PISTA: LEMBRE-SE DE QUAIS ATORES FORAM OS VILÕES TÍPICOS DAS CHANCHADAS DA ATLÂNTIDA, DÊ UMA OLHADA NO ELENCO... E TALVEZ VOCÊ DESCUBRA QUEM FOI...]. Surpreendente mesmo, só o objeto roubado: um punhado de moedas incaicas, guardadas no museu do colégio.
(AUGUSTO, Sérgio. Este mundo é um pandeiro - São Paulo, Companhia das Letras, 1989, pág. 138.) 

O filme foi um dos maiores sucessos da Atlântida, com 250.00 espectadores na primeira semana de exibição, e marcou a primeira aparição do cantor Francisco Carlos (El Broto) nas telas.

- Garotas e Samba (1957 - roteiro e direção)
Roteiro - Carlos Manga e José Cajado Filho
Elenco - Francisco Carlos (Sérgio Carlos), Sônia Mamede (Zizi), Adelaide Chiozzo (Didi), Renata Fronzi (Nana), Isaurinha Garcia, Zé Trindade, Jece Valadão (Belmiro Cheiroso), Zezé Macedo (Dona Inocência), Pituca, Ivon Cury (Charlô), Berta Loran (Ninon Ervilha), Cyl Farney (participação especial).

A pensão da Dona Inocência (Zezé Macedo) é agitada com a chegada de três novas inquilinas que vão dividir o mesmo quarto e se tornarem amigas: Zizi (Sônia Mamede, em sua estreia no cinema, substituindo Consuelo Leandro), que fugiu de um casamento arranjado; Didi (Adelaide Chiozzo), que sonha em cantar no rádio; e Naná (Renata Fronzi), que deseja se casar com um velho milionário. Enquanto Zizi consegue um contrato de vedete na boate do cantor Charlô (Ivon Cury), Didi é enganada pelo vigarista Belmiro (Jece Valadão) e Naná seduz um empresário baiano milionário (Zé Trindade), pai do cantor Sérgio Carlos (Francisco Carlos).

- De Vento em Popa (1957 - direção)

Roteiro: José Cajado Filho
Elenco - Oscarito (Chico), Cyll Farney (Sérgio), Sônia Mamede (Mara), Doris Monteiro (Lucy), Zezé Macedo (Madame Frou-Frou), Margot Louro (Luisa), Nelson Vaz (Tancredo), Eloína (Empregada), Abel Pera (Médico), Carlos Imperial, Francisco Carlos, Vicente Marchelli, Luiz Carlos Braga.

Num transatlântico, um falso taifeiro, Chico, e Mara, sua parceira numa dupla sertaneja, querem participar de um show a bordo.
O show é promovido por Sérgio, que volta dos Estados Unidos, onde fora estudar energia nuclear a mando do pai, mas acabou se interessando em aprender bateria e música popular.  Seu sonho: montar uma boate, o que pretende fazer com o dinheiro que recebera do pai para desenvolver sua carreira de pesquisador e cientista.
Tentando iludir o pai e realizar seu sonho, Sérgio convence Chíco a se passar por um famoso professor de energia nuclear, tendo Mara como sua assistente.
Lucy, candidata a esposa de Sérgio, que fora adestrada para se transformar numa perfeita dona-de-casa, ao descobrir que não é dessa forma que conquistará seu coração, decide mudar de tática e canta uma modinha jazzística que ele próprio, sem saber, acompanha ao piano.
Na noite de estréia da boate, por ocasião da ausência do astro Melvis Prestes, Chico se veste de rei do rock'n'roll e, com uma guitarra desajeitada, dança enlouquecidamente e canta a canção "Calypso Rock'n'roll". 

Mesmo depois de Paulo Emílio Salles Gomes, a idéia de que a chanchada é um gênero de cinema americanizado, não "autenticamente" brasileiro, ainda persiste (como se "autenticamente" ainda tivesse algum significado verdadeiro, longe da mistificação). Ao contrário, seja por uma incapacidade em copiar (uma má desculpa do mesmo Paulo Emílio) ou por uma enorme criatividade em roubar o estilo dos outros para achincalhá-lo, o cinema brasileiro mais dinâmico é e sempre foi o parodístico, o de mais acidez, o de maior poder antropofágico. Quando da saída de Miramar, Júlio Bressane reclamou para si um certo espírito oswaldiano que não teria sido transposto às telas nem por Joaquim Pedro em O Homem do Pau Brasil nem por Zelito Vianna em Os Condenados: entretanto o filme de Bressane é pouco ou nada oswaldiano, e o filme de Joaquim Pedro permanece a melhor adaptação de Oswald de Andrade. Mas nem O Homem do Pau Brasil poderia ser mais oswaldiano do que os paródicos O Império do Desejo, de Carlos Reichenbach; Carnaval Atlântida, de José Carlos Burle; ou De Vento em Popa, de Carlos Manga, de que falaremos aqui. Esses sim, verdadeiros filmes "de exportação" na acepção oswaldiana, ruminando linguagem estrangeira e traduzindo em "coisas nossas, muito nossas".
De Vento em Popa se constrói desde o primeiro momento através do embate entre cultura clássica, afetadamente européia, e a cultura popular.
(...)
(...) De Vento em Popa é um veículo privilegiado para Oscarito desempenhar sua arte: entrado no filme como garçom desastrado, ele deve transformar-se no americano expert em energia atômica, barbudo e culto. É mais uma forma que a chanchada tem de se rir da "arte culta", da dita sapiência dos aristocratas.
Essa resposta é sintomática do momento em que se vivia. Nos circuitos "cultos" do Brasil dos anos 50, cinema era coisa de vagabundos; muito mais o cinema brasileiro, então, mera escória mal-acabada dos filmes estrangeiros. Nada mais normal, então, do que um cinema popular reagir a isso: mostrá-la apenas em sua pose, em sua forma de ser fingidamente educada e elegante, infeliz e sem jogo de cintura. (...)
Mas um momento de De Vento em Popa é particularmente hilário e destruidor. Na noite de estréia da boate, por ocasião da ausência do astro Melvis Prestes, Oscarito se veste de rei do rock'n'roll e, com uma guitarra desajeitada, que ocupa toda o dobro da extensão de seu tronco, dança enlouquecidamente e canta a canção "Calypso Rock'n'roll" (a canção não tem nome, mas como só essa expressão é repetida ao longo da música, tratamos de assim nomeá-la), resposta imediata brasileira à entrada do rock no cinema americano. A acidez da interpretação de Oscarito alcança o riso profundo, o achincalhe da alta cultura que o Brasil, por síndrome de analfabeto, sempre aprendeu a conservar como a maior porque não a detém. O riso de De Vento em Popa consegue um engajamento estético que jamais um filme do cinema novo – à exceção de Glauber Rocha e de Nelson Pereira dos Santos – conseguiu: a adequação perfeita com seu público e a confirmação de que nós podíamos fruir verdadeiramente nossa cultura porque nós a criamos, e ela é bela. De Vento em Popa também é belo.

- O Homem do Sputnik (1959 - direção)
Roteiro - José Cajado Filho
Elenco - Oscarito  (Anastácio), Zezé Macedo (Cleci), Cyll Farney (Nelson/Jacinto Pouchard),
Norma Benguell (B.B.), Jô Soares, Tutuca (Espiões americanos), Alberto Perez (repórter), Neide Aparecida (namorada de Nelson), Hamilton Ferreira (espião da União Soviética), Fregolente (diretor do jornal), Heloísa Helena (grã-fina), Grijó Sobrinho, Abel Pêra, Labanca, César Viola, Riva Blanche, Nestor de Montemar, Abdias do Nascimento.

Paródia dos filmes de espionagem, em torno das peripécias de um homem simples, depois que, supostamente, o satélite russo Sputnik 1 caiu no telhado de sua casa. Ele é perseguido por espiões de todos os tipos até que a verdade vem à tona.

A despeito de também satirizar o autoritarismo soviético, O Homem do Sputnik concentra sua verve mais em cima dos espiões americanos, que, liderados por Jô Soares, são tratados como um bando de cretinos, movidos a chicletes e coca-cola, mas cínicos o suficiente para admitir que a Casa Branca só cumpre os acordos da política da boa vizinhança "quando há interesse nisso".
(AUGUSTO, Sérgio. Este mundo é um pandeiro - São Paulo, Companhia das Letras, 1989, pág. 144.) 

Além de ser a primeira aparição de Jô Soares (nos créditos como Joe Soares) no cinema, o filme ficou famoso pela paródia de Brigitte Bardot (B.B.), feita por Norma Bengell.

- Esse Milhão É Meu (1959 - direção)
Roteiro - José Cajado Filho
Elenco – Oscarito (Felismino Tinoco), Sônia Mamede (Arlete), Miriam Teresa (Sueli, a sobrinha), Francisco Carlos (Sílvio), Margot Louro (Gertrudes), Zezé Macedo (Augusta, a sogra), Afonso Stuart  (Janjão, o sogro), Augusto Cesar Vanucci (Juscelino), Agildo Ribeiro, Ribeiro Fortes, Armando Nascimento, Derek Wheatley, Altamiro Carrilho (como ele mesmo).

Felismino Tinoco (Oscarito) é um servidor público dedicado, casado com uma mulher megera, Gertrudes (Margot Louro, esposa de Oscarito na vida real). Vivem com ele na mesma casa também a sogra faladeira, Augusta (Zezé Macedo), janjão, o sogro dissimulado (Afonso Stuart) e Sueli, a sobrinha estudante (Miriam Teresa). Ao chegar para mais um dia de trabalho, Felismino é surpreendido com a notícia de que ganhara um prêmio de um milhão por te conseguido ir ao trabalho uma semana sem faltar. Os amigos o convencem a ir comemorar o prêmio numa casa noturna, o Sevilla Club. No meio da bebedeira, ele conhece a artista Arlete (Sônia Mamede), que entra em um golpe com seu amante trapaceiro Juscelino (Augusto Cesar Vanucci) para chantagear Felismino e ficar com o dinheiro. A sobrinha fica sabendo da chantagem e tenta ajudar Felismino, mas se coloca em perigo.

- O Cupim (1960 - direção)
Roteiro - José Cajado Filho, baseado em peça teatral de Mário Lago e José Wanderley
Elenco -
Oscarito (Tristão dos Prazeres), Sônia Mamede (Geni), Margot Louro (Valéria), Renato Restier (Leopoldo), Augusto Cesar Vanucci (Geraldo), Marilu Bueno (consulente), César Viola (Modesto, o mordomo), Rosa Sandrini (consulente).

Tristão é um famoso consultor sentimental da televisão, muito popular entre as mulheres casadas (com quem muitas das quais ele mantém aventuras amorosas). Em seu programa e suas palestras, teoriza ser o ciúme um sentimento menor, um "cupim" que acaba com os relacionamentos dos casais. Tristão mantém um relacionamento de 12 anos com Valéria e o casal possui uma filha adolescente adotada, Geni, que briga constantemente com o namorado Geraldo por causa de ciúmes. Com o falecimento da ex-mulher, Tristão está livre para se casar com Valéria e os dois o fazem, partindo para uma viagem de três meses para a Europa como lua de mel. Mas, quando retornam, Valéria recebe telefonemas de um homem e não conta a verdade para Tristão, que fica neurótico com os ciúmes e contrata o mordomo Modesto para seguir a esposa, o qual para isso usa vários disfarces.

- Os Dois Ladrões (1960 - direção)
Roteiro - José Cajado Filho
Elenco - Oscarito (Jonjoca), Cyll Farney (Mão Leve), Eva Todor (Madame Gaby), Jayme Costa (Panariço), Irma Alvarez (Leninha), Sergio Roberto (Roberto), Atila Iorio (Delegado), Waldir Maia

Jonjoca (Oscarito) e Mão Leve (Cyll Farney) são dois ladrões diferenciados. Jonjoca é especialista em disfarces e Mão Leve tem o hábito de doar para os mais necessitados o que consegue com os crimes. Tudo vai bem até que Mão Leve descobre que uma de suas últimas vítimas é tia da noiva de seu irmão, Roberto (Sergio Roberto). Arrependido, Mão Leve decide devolver as joias roubadas, mas elas agora estão em poder de um perigoso receptador.
O filme ficou famoso pela sequência em que Madame Gaby (Eva Todor) e Jonjoca (Oscarito), disfarçado justamente como Madame Gaby, se encontram no corredor de um hotel, e os dois se comportam como se ele fosse o espelho dela.

- Entre Mulheres e Espiões (1961 - direção)
Roteiro - José Cajado Filho e Marcos Rey
Elenco - Oscarito (Henrico), Marly Bueno (Kátia), Vagareza (Totonho), Rose Rondelli (Helena), Paulo Celestino (Dimitri), Modesto De Souza, Milton Louzano, Silveirinha, João Damasceno, Matinhos, Cyll Farney (participação como ele mesmo).

Sátira dos filmes de espionagem, assim como O homem do Sputnik. Henrico é um figurante teatral que gosta de se passar por um grande ator, mas na verdade sua "atuação" consiste em carregar nos ombros o barítono italiano da peça Carmen, no final de um ato. Ao flertar com uma mulher na rua, ele é atraído por ela para uma trama de espionagem. Aceitando trabalhar como agente secreto na Operação "Galo Vermelho", Henrico deverá seguir um espião estrangeiro que quer roubar uma fórmula secreta de combustíveis para foguetes, extraído da banana. Para tanto, ele se vale de seus "talentos" de ator e se disfarçará de mensageiro, vendedor judeu e até um ser espacial.

- O Marginal (1974 - roteiro, produção e direção)
Roteiro - Dias Gomes, Carlos Manga e Lauro César Muniz
Elenco - Tarcísio Meira (Valdo), Darlene Glória (Leina), Vera Gimenez, Carlos Kroeber, Ednei Giovenazzi, Anselmo Duarte, Francisco Di Franco, Ruthinéa de Moraes, Claudia Wonder (Karina), Maurício do Valle, Júlio César.

Thriller policial. A história de um criminoso, Valdo (Tarcísio Meira), da ascensão até a queda.

Curiosidade: como um dos co-roteiristas de O Marginal foi Lauro César Muniz, alguns críticos apontam uma certa semelhança no andamento da história com uma telenovela de Muniz, Escalada (1975). Como não há a menor chance para comparar a novela (uma das últimas em preto e branco da Rede Globo) com o filme, não dá para comprovar tal teoria.

- Assim Era a Atlântida (1974 - roteiro e direção)
Documentário sobre a Atlântida, com cenas de filmes de seu arquivo e depoimentos de atores, inspirado em Era uma vez em Hollywood (1974).

- Os Trapalhões e o Rei do Futebol (1986 - direção)
Roteiro - Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares
Elenco - Renato Aragão (Cardeal), Pelé (Nascimento), Dedé Santana (Elvis), Mussum (Fumê), Zacarias (Tremoço), Luiza Brunet (Aninha), José Lewgoy (Dr. Velhaccio), Milton Moraes (Dr. Barros Barreto), Maurício do Valle (Edésio), Marcelo Ibrahim (Sansão), Older Cazarré (Seu Mané, o pipoqueiro).

Na acirrada disputa pelo poder no Independência Futebol Clube, o roupeiro Cardeal (Renato Aragão) acaba sendo escolhido ao acaso para treinar a equipe de futebol. Com a ajuda do jornalista esportivo Nascimento (Pelé) e seus métodos revolucionários de treinamento, Cardeal leva o time a encontrar de novo o caminho das vitórias. Mas os bons resultados acabam atrapalhado os planos escusos de alguns dirigentes, como o dr. Velhaccio (José Lewgoy) e o dr. Barros Barreto (Milton Moraes).
(Qualquer semelhança entre o futebol brasileiro de 1986 e o de 2015... deixa pra lá...)
Último filme de Carlos Manga (contra a vontade dele... e nossa...), realizado como parte das comemorações dos 20 anos do quarteto Os Trapalhões.

b) Televisão

- Quem tem medo da verdade? (TV Record - 1968 - direção e apresentação)
- Chico Anysio Show (TV Rio - 1969 - direção) - Famoso pelo uso criativo do videotape, que fazia, por artes da edição (como um exemplo), um personagem de Chico Anysio contracenar com outro.
- Chico City (Rede Globo - 1975 - direção)
- A, E, I, O… Urca (Rede Globo - 1990 - minissérie de Antonio Calmon e Doc Comparato, com concepção de Carlos Manga e Doc Comparato - roteiro)
- Vamp (Rede Globo - 1990 - novela de Antônio Calmon - produção)
- Agosto (Rede Globo - 1993 - minissérie de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil, baseada no romance homônimo de Rubem Fonseca - produção)
- Decadência (Rede Globo - 1995 - minissérie de Dias Gomes, baseada em seu romance homônimo - direção)
- Anjo Mau (Rede Globo - 1997 - novela de Cassiano Gabus Mendes e Maria Adelaide Amaral - produção)
- Torre de Babel (Rede Globo - 1998 - novela de Sílvio de Abreu, Alcides Nogueira e Bosco Brasil - produção)
- Um Só Coração (Rede Globo - 2004 - minissérie de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira - direção e montagem)
- Sítio do Pica-Pau Amarelo (Rede Globo - 2006 - direção de 185 episódios)
- Eterna Magia (Rede Globo - 2007 - novela de Elisabeth Jhin - produção e direção)
- Afinal, o Que Querem as Mulheres? (Rede Globo - 2010 - minissérie de João Paulo Cuenca, Cecília Giannetti e Michel Melamed - ator (Don Carlo).

06 setembro, 2015

O GRANDE PRÊMIO DO CINEMA BRASILEIRO EM SETE ROUNDS

1º Round

Já disse isso em um post antigomas não custa nada falar de novo: para um prêmio que se molda no tal prêmio da Academia de Hollywood, o fato do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro ser entregue em setembro, quase no final do ano (e na véspera das indicações para o Festival do Rio). É como disse Celso Sabadin em seu site:

Todo ano é a mesma coisa: perdendo completamente o “timming” das premiações cinematográficas nacionais e internacionais, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro deixa para revelar os melhores filmes de 2014 somente agora, no último quadrimestre de 2015. Desta forma, fica difícil para este nosso “Oscar brasileiro” (com Academia e tudo) conseguir alguma visibilidade e alguma credibilidade para o nosso cinema.

Certo, pode se dizer – como disseram na época em que falei sobre o GPCB (estou usando esta sigla porque o nome é longo pra cacildis...)– que tudo dependia de captação de recursos, que este era o problema. Mas um projeto de captação de recursos também é questão de planejamento: formular o projeto de captação de recursos e produção para que o GPCB seja realizado em um mês do primeiro trimestre do ano (janeiro, março ou abril – em fevereiro tem carnaval) não custa nada. Produzir o GPCB quase no fim do ano custa uma coisa: a visibilidade e a repercussão.

2º Round

Voltando ao parágrafo anterior: estou usando a sigla GPCB porque o nome do prêmio – Grande Prêmio do cinema Brasileiro – é longo pra chuchu. Fora o fato de que Inácio Araújo lembrou bem na época: Quem inventou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro merecia uma medalha: não é todo dia que alguém dá a um prêmio de cinema o nome de corrida de cavalo...
(Lembra muito as corridas de cavalo "narradas" pela PRK-30, não é?)

A cobertura do GPCB pela PRK-30, através de seus afamados locutores Otelo Trigueiro (Lauro Borges) e Megatério Nababo de Alicerce (Castro Barbosa).

E lembro o que a nobre colega Maria do Rosário Caetano (Rô, para os íntimos) sugeriu na mesma época: "Por que não arrumar um nome SINTÉTICO, PARÓDICO (e não paródico ao mesmo tempo!!!!!!) E GENIAL (...)???"

Já tivemos prêmios com nomes marcantes: o Medalhão de Bronze, concedido pela revista Cinearte (apenas uma vez, em 1927, para Tesouro Perdido, de Humberto Mauro); o Saci, concedido pelo jornal O Estado de S. Paulo até 1968 (que, a rigor, era um prêmio multiartístico, concedido ao cinema e ao teatro); e a Coruja de Ouro, do antigo Instituto Nacional do Cinema (INC). Ainda temos prêmios com nomes marcantes: o Kikito (o deus do bom humor do Festival de Gramado) que, aliás, foi o que mais tivemos de parecido no Brasil, em termos de prestígio, com o prêmio da Academia de Hollywood, por muito tempo, – isso porque o Festival de Gramado era o mais importante – e o Candango, do Festival de Brasília.
O cinema mundial tem prêmios com nomes marcantes calcados no prêmio da Academia de Hollywood: o Cesar (França), o Goya (Espanha), o Davi di Donatello (Itália).
Uma sugestão: já que o troféu do GPCB se chama Grande Otello, por que não chamar o evento de Grande Otello? Ou melhor: de Otello, mais sintético?
Porque, vamos e venhamos: PRA QUE UM PRÊMIO COM NOME DE PÁREO DE CORRIDA DE CAVALO?

3º Round

Por falar no Troféu Grande Otello, ponto para a mudança em seu design. Cortesia de Ziraldo, O Que Nunca Brochou (aqui, ó!...), que apesar da sua cabeça homofóbica do século retrasado, do qual eu já tive a chance de falar a respeito em post recentecontinua com seu talento intacto. Só de dar ao troféu a cara de seu patrono, Grande Otello, já foi ótimo.
Só um pequeno senão: o desenho é de um Grande Otello de pé, segurando um bastão (que presumo que seja o famosos "bastão de Molière"), que lembra muito uma imitação da imitação do troféu da Academia de Hollywood, que um amigo muito chegado á franqueza chamou certa vez de "bonequinho viado"... como ele se chama mesmo? Ah, sim, esse tal de Oscar.

4º Round

Certo, entende-se que uma ocasião desta é importante. Mas exigir "traje passeio completo" (pra quem não entende esse troço de etiqueta: paletó e gravata) em um evento num país tropical, abençoado por Deus  e bonito por natureza – e nesse inverno "viúva Porcina", que foi sem nunca ter sido (cortesia do El Niño e do aquecimento global enchendo o saco...) – é sadomasoquismo.
E quase todo mundo foi - haviam umas raríssimas exceções sem paletó. Eu mesmo tive de pedir emprestado um blazer claro, tipo o-defunto-era-maior.
E eis que a coleguinha Rô Caetano chama a atenção para uma coisa

Problemas graves na concepção da festa. O maior de todos: a iluminação.
Tudo era azul-TV ou preto. Para nós, telespectadores, é um sofrimento. NINGUÉM via ninguém na plateia. Só os vultos fantasmagóricos de Barretão, Lucy, Daniel Filho, Carla Camurati… Gente, se as Academias se inspiram no OSCAR, têm que aprender a iluminar como os norte-americanos. O público quer ver quem está na plateia, se ela for mostrada.
Para agravar, as atrizes resolveram ir todas de… PRETO: Leandra Leal, Deborah Secco (grávida de seis meses), Bianca Comparato… Somadas aos ternos dos homens, pareciam estar todos num velório. E com fundo azul-TV, aquele fantasmagórico. Até a trinca do Canal Brasil entrou em clima de velório: Roger Lerina e Luiz Fernando Zanin Oricchio (meu marido) estavam de ternos escuros. Simone Zucollotto estava com um vestido preto, lindíssimo, mas o trio inteiro de preto foi demais!!! Por que Simone não vestiu rosa, salmão, laranja ou vermelho, para quebrar a monotonia do preto em fundo escuro??? Me expliquem!!!!

Com a palavra, as boas casas funerárias do ramo. E, claro, o Ivan Sugahara, diretor conceituado de teatro, encarregado da cerimônia.

5º Round

Para compensar o calor dos infernos: o ar condicionado do Odeon funcionava, e o champanhe (antes e depois da cerimônia) estava bem gelado.

6º Round

Por falar em Ivan Sugahara: é a segunda vez que ele é chamado pela Academia Brasileira de Cinema para dirigir o evento. E foi ótima a ideia de esquetes em torno do homenageado do ano, Roberto Farias - mais especificamente, a partir de Roberto Carlos em ritmo de aventura (1968).
Claro, Marcelo Faria, recém-desencarnado de Lobão, - não confundir com Lo(bo)bão (o roqueiro que atualmente anda com um cérebro de camarão...): é o vilão da última (e ótima - parabéns pelo ótimo texto, Paulo Halm e Rosane Svartman) temporada de Malhação - fazia o tio, e Paulo Tiefenthaler, uma versão bem humorada de José Lewgoy (1920-2003), o vilão favorito (mas nem sempre) de nosso cinema (versão que Rô Caetano não gostou - lamento discordar de ti, Rô...). Mesmo com a luz fantasmagórica e sepulcral, foi bem melhor do que a quermesse cheia de empáfia daquela cerimônia daquele prêmio... qual mesmo? Ah, sim, o "bonequinho viado"...

7º Round

O que nos leva ao mais importante: quem levou o Otello (vou chamar o troféu assim, tipo #ficaadica: Troféu Grande Otello é grande, e GPCB - como já disse antes - além de maior ainda, parece nome de páreo...).
Bom ver que o cariococentrismo e o "globofilmismo" - isto é, a ênfase no cinema dito "comercial" de 2012 - ficou lá em 2012. Cortesia das indicações dos membros da Academia Brasileira de Cinema, que preferiram uma certa qualidade técnica e artística, além da comercial, claro. Claro, ficou meio incômodo ver a Gullane levar os principais Otellos, com O lobo atrás da porta (ficção) e Brincante (documentário). Mas fazer o quê, se os filmes tinham qualidade técnica? Além disso, ver a Gullane levar os principais Otellos para casa é bem menos incômodo do que ter a possibilidade de ver a Gullane influenciando as políticas futuras da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Pelo menos, foi sobre isso que o Intervozes botou a boca no trombone, ao nos informar que uma das sócias da produtora, Débora Ivanov, é candidata a uma das cadeiras da sua diretoria colegiada.
Mas voltemos ao Otello.
O "globofilmismo" esteve presente com Getúlio, de João Jardim, e Os homens são de Marte… é pra lá que eu vou, a versão cinematográfica de Marcus Baldini para o monólogo... digamos... casadoiro de Mônica Martelli. Mas, ao contrário de 2012, tais filmes não levaram sacos de troféus para casa. Quando muito, possibilitou o quase inesperado empate para melhor ator, entre um inesperadamente tímido Babu Santana (quando foi receber o seu Otello, claro...), por Tim Maia, e um Tony Ramos extremamente generoso com seus colegas atores, por Getúlio.
Desta vez, não nos arriscamos a fazer previsões a respeito de vencedores. Só nos limitamos a torcer por Praia do futuro , de Karim Ainöuz – que só levou um mísero troféu de Ator Coadjuvante – e Hoje eu quero voltar sozinho. Bom saber que o respeitável público também ficou tocado pelo filme de Daniel Ribeiro, pois ficou com um dos prêmios do júri popular, o de Melhor Filme de Ficção. O outro – o de Melhor Filme Documentário pelo voto popular, para Dominguinhos – também foi merecido. Assim como o Prêmio do júri da Academia para Brincante – o doc de Walter Carvalho sobre o trabalho de Antônio Nóbrega.
Mas a noite foi mesmo de O lobo atrás da porta: melhor longa de ficção, direção, atriz, atriz coadjuvante, fotografia, roteiro original, montagem... Nada mal para o primeiro longa de Fernando Coimbra, que evoca, ainda que mui distante, a tragédia asfixiante de Porto das caixas (1962), de Paulo Cesar Saraceni.

Análise da luta


Otello, aka GPCB, se saiu bem nos três últimos rounds, mas perdeu pontos preciosos nos quatro primeiros e foi derrotado. Melhor sorte no próximo ano. E, claro, na próxima peleja pelo reconhecimento que tanto quer.

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VENCEDORES DO OTELLO (Grande Prêmio do Cinema Brasileiro é o cacete!) 2015

MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO - O lobo atras da porta de Fernando Coimbra. Produção: Caio Gullane, Fabiano Gullane, Debora Ivanov e Gabriel Lacerda por Gullane e Rodrigo Castellar e Pablo Torrecillas por TC Filmes.

MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO – Brincante de Walter Carvalho. Produção: Caio Gullane, Fabiano Gullane e Debora Ivanov por Gullane.

MELHOR DIREÇÃO - Fernando Coimbra por O lobo atrás da porta.

MELHOR ATRIZ - Leandra Leal (Rosa) por O lobo atrás da porta.

MELHOR ATOR – empate: Babu Santana (Tim Maia - 2º fase), por Tim Maia; e Tony Ramos (Getúlio Vargas) por Getúlio.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE - Thalita Carauta (Betty) por O lobo atrás da porta.

MELHOR ATOR COADJUVANTE - Jesuíta Barbosa (Ayrton) por Praia do futuro.

MELHOR DIREÇÃO DE FOTOGRAFIA - Lula Carvalho por O lobo atrás da porta.

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE - Tiago Marques por Getúlio.

MELHOR FIGURINO - Kika Lopes, por Trinta.

MELHOR MAQUIAGEM - Martín Macias Trujillo por Getúlio.

MELHOR EFEITO VISUAL - Adam Rowland por Trash – a esperança vem do lixo.

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL - Fernando Coimbra por O lobo atrás da porta.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO - Jorge Furtado e Pedro Furtado por Boa sorte (adaptado do conto "Frontal com Fanta" de Jorge Furtado).

MELHOR MONTAGEM FICÇÃO - Karen Akerman por O lobo atrás da porta.

MELHOR MONTAGEM DOCUMENTÁRIO - Pedro Bronz por A Farra do Circo.

MELHOR SOM - George Saldanha, François Wolf e Armando Torres Jr, por Tim Maia.

MELHOR TRILHA SONORA - Berna Ceppas e Mauro Lima, por Tim Maia.

MELHOR TRILHA SONORA ORIGINAL - ANDRÉ ABUJAMRA, por Trinta.

MELHOR LONGA-METRAGEM COMÉDIA - Os homens são de Marte… é pra lá que eu vou, de Marcus Baldini - Produção: Bianca Villar, Fernando Fraiha e Karen Castanho por Biônica Filmes.

MELHOR LONGA METRAGEM ANIMAÇÃO e MELHOR LONGA METRAGEM INFANTIL - O menino e o mundo, de Alê Abreu. Produção: Fernanda Carvalho e Tita Tessler por Filme de Papel.

MELHOR CURTA-METRAGEM FICÇÃO - O caminhão do meu pai, de Maurício Osaki.

MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO - Efeito Casimiro, de Clarice Saliby.

MELHOR CURTA-METRAGEM ANIMAÇÃO - A pequena vendedora de fósforo, de Kyoko Yamashita.

MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO - Relatos selvagens (Relatos selvajes - ficção - Argentina), de Damián Szifron. Distribuição: Warner Bros.

VOTO POPULAR:

MELHOR LONGA-METRAGEM DE FICÇÃO - Hoje eu quero voltar sozinho, de Daniel Ribeiro. Produção: Daniel Ribeiro e Diana Almeida por Lacuna Filmes.

MELHOR LONGA-METRAGEM DOCUMENTÁRIO - Dominguinhos, de Eduardo Nazarian, Joaquim Castro e Mariana Aydar.

MELHOR LONGA-METRAGEM ESTRANGEIRO - Boyhood – Da infância a juventude.