Pronto,
deu-se a melódia com uma decisão do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo
Crivella – é, aquele bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.
Informa-nos
o blog de Paulo Lopes:
O prefeito Marcelo Crivella (PRB), na foto,
anunciou corte de 50% da verba prevista para o desfile do Carnaval de 2018.
Ele deu a desculpa de que as creches precisam de dinheiro.
Como pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus,
Crivella acha que o Carnaval é uma festa do Satanás, de luxúria e de
homossexuais.
Ele não enxerga o Carnaval como o negócio que beneficia a
indústria do turismo e o comércio, garantindo, inclusive, o emprego de muita
gente. E gera pagamento de impostos, ou seja, recursos para criação e
manutenção de creches.
Bem feito para a maioria dos eleitores do Rio, os quais
deveriam ao menos desconfiar sobre os malefícios de se eleger um fanático
religioso.
Como
tudo, a burrice tem consequências.
Dois
pontos, abre aspas: que p... é essa?
Saiu n' O Globo de 12 de junho de 2017 (os grifos são meus):
RIO - O prefeito Marcelo Crivella disse,
nesta segunda-feira, que planeja cortar pela metade a subvenção concedida às
escolas de samba do Grupo Especial a partir do carnaval de 2018. Os recursos
das escolas seriam remanejados para
dobrar as diárias pagas por criança às creches privadas conveniadas com a
prefeitura. A decisão foi comunicada ao presidente da Liga Independente das
Escolas de Samba (Liesa), Jorge Luiz Castanheira, na semana passada. Castanheira
discorda da decisão e pediu uma reunião do prefeito com os presidentes das
escolas. A reunião estava inicialmente marcada para esta tarde, mas foi
cancelada por problemas de agenda de Crivella.
Nos dois últimos
anos (2016-2017), cada escola do Grupo Especial recebeu R$ 2 milhões da
prefeitura. Com o corte, esse valor passaria para R$ 1 milhão por agremiação,
que corresponde ao que cada escola recebeu há dez anos, em 2008. O prefeito
argumentou que precisa dos recursos, e que o corte não iria interferir tanto no
evento se os sambistas forem valorizados. Castanheira, por sua vez, diz que o
investimento da prefeitura no carnaval gera receitas para a cidade que
compensam o gasto:
— Eu propus à
Liesa um corte de 50%. A beleza do carnaval carioca está mais no samba no pé
mostrado pelos componentes. Juntas, as pessoas formam uma grande geografia
humana. Carnaval é muito mais que carros alegóricos. Estamos com restrições
orçamentárias, quero usar esses recursos a partir de agosto para pagar uma
diária de R$ 20 para atender 3 mil crianças. Hoje, essas creches recebem R$ 10.
É pouco, até mesmo para comprar um iogurte. É uma questão de refletir. Se vamos
usar esses recursos para uma festa de três dias (o carnaval) ou ao longo de 365
dias do ano — alegou o prefeito.
Jorge Luiz
Castanheira rebateu Crivella. Ele argumentou que durante a campanha eleitoral o
prefeito prometeu exatamente o oposto. Investir para valorizar o carnaval da
cidade:
— O espetáculo
chegou a um alto nível de qualidade. Isso seria um retrocesso. Aumentar verbas
para a creche, de fato, é importante. Mas é tratar da questão do carnaval do
Rio de uma maneira muito simplista. O evento movimenta R$ 3 bilhões para a
cidade, conforme a própria Riotur já divulgou. É toda uma economia que gira em
volta disso. Movimenta hotéis, restaurantes, entre outras atividades econômicas
que geram impostos para a própria prefeitura — argumentou Castanheira.
Os cortes
atingiriam também as subvenções dos grupos de acesso, mas em percentagem menor.
Para Crivella, se por um lado as escolas perderiam recursos, por outro,
investimentos seriam feitos na Sapucaí para melhorar as condições de
infraestrutura oferecida para às escolas. Os recursos viriam do Fundo de
Turismo. A ideia seria usar as verbas para modernizar o sistema de som da
Sapucaí, bem como instalar telões já para 2018, apesar de o edital de licitação
ainda não ter sido lançado.
Segundo
ele, o Conselho de Turismo poderia também ser usado para complementar os
subsídios das escolas. A indefinição do carnaval do Rio, no entanto, já causou
baixas no conselho. Como a coluna "Gente Boa" informou no sábado, o empresário José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, deixou o conselhohttp://blogs.oglobo.globo.com/gente-boa/post/boni-deixa-conselho-de-turismo-da-prefeitura-nao-volto-atras.html, insatisfeito
com indefinições na prefeitura.
Sobre a saída de
Boni, Crivella disse que vai conversar com ele para tentar convencê-lo a ficar:
— Eu estou
pedindo a ele que não saia. Gostaria muito que ele estivesse conosco. A saída
do Boni se deu devido aos recursos para o carnaval. Precisamos entender que
estamos em crise. Para vocês terem uma
ideia, hoje às 7h eu estava reunido com as creches conveniadas da prefeitura.
São 12 mil crianças que hoje estão em
creches conveniadas. O Rio de Janeiro paga per capita R$ 10 para cada
criança. Pergunte à população do Rio. Não é pouco? Então é preciso aumentar
pelo menos para R$ 20. Agora façam as contas. Isso tudo exige de nós
austeridade e sacrifício. Todos precisam contribuir. Nós cortamos secretarias,
nós cortamos mais de mil cargos políticos. O carnaval precisa contribuir
conosco, nos ajudar nesse esforço. Nós não podemos deixar essas pessoas com R$
10 per capita por dia.
Pelo menos
cinco das 13 escolas de samba do Grupo Especial do Rio — União da
Ilha, Mocidade, São Clemente, Mangueira e Unidos da Tijuca — ameaçam ficar longe da Marquês de Sapucaí
em 2018 caso o prefeito Marcelo Crivella de fato corte à metade a subvenção
distribuída às agremiações. Crivella disse ontem que vai tirar o dinheiro
do carnaval para dobrar (de R$ 10 para R$ 20) o valor diário gasto com cada uma
das 12 mil crianças matriculadas em 158
creches conveniadas com o município.
Claro, o
debate ferveu. Quem ficou a favor da decisão do prefeito apoia a redistribuição
de verbas para a área social. Quem é contra (inclusive a LIESA e o setor do
turismo) lembram que o investimento
da prefeitura no carnaval incrementa a economia do Rio. Segundo cálculos da própria
Riotur (órgão da própria prefeitura), o carnaval movimenta R$ 3 bilhões no
período, aumentando a arrecadação de impostos, fora os empregos.
Tudo
bem, que continuem debatendo. Se bem que, ao nosso ver, a posição da LIESA (que
apoiou Crivella no segundo turno em 2016, com medo do "radical" Marcelo Freixo) esteja enfraquecida, pelo contraste entre o
luxo de um desfile de escolas de samba e os problemas sociais da cidade; pela
opção recente de diversas escolas em enredos patrocinados que bajulam seus
patrocinadores – tipo assim, um enredo de certa escola, em 2015, que homenageou uma ditadura-cleptocracia africana e, sobretudo, a verdadeira caixa preta que são
as contas da própria LIESA.
E, além do
mais... bem, carnaval não é só no Sambódromo. Também se brinca na rua, com os
blocos de carnaval, certo? E o carnaval de rua é até melhor e mais animado que
o do Sambódromo, correto?
Bem, em
condições normais de temperatura e pressão, não haveria a menor dúvida. Já na
prefeitura Crivella, não acho que se possa dizer o mesmo.
Porque,
enquanto todos prestam atenção no pau que está comendo entre Crivella e a
LIESA, o povo ignora outra decisão do prefeito – e essa sim, ameaça mais o
carnaval (o carnaval de rua, que é carnaval de verdade) do que qualquer corte
de verbas: um decreto que subordina a autorização de festas e eventos de rua no
Rio de Janeiro ao gabinete do Executivo. (Quem quiser mais informações, ouça esta entrevista de um dos vereadores que tenta barrar este absurdo, TarcísioMotta, do PSOL (isso mesmo, um dos radicalóides de quem você, eleitor, fugiu ao votar em Crivella...) para a CBN.)
Simples,
caro leitor. Não é o prefeito Marcelo Crivella que tem alergia ao carnaval. É o bispo da Igreja Universal Marcelo Crivella
(sobrinho do seu líder máximo, o bispo Edir Macedo) seguindo os ditames desta
igreja no que se refere ao carnaval enquanto prefeito do Rio de Janeiro.
Porque a
Igreja Universal do Reino de Deus ABOMINA o carnaval, que considera como
"coisa do demônio" – CQD dois textos do site da Igreja, que
transcrevo abaixo. (Se concordar com eles, pode sair deste blog.)
Primeiro,
este aqui:
Estamos vivendo a maior festa popular do nosso País. Os
olhos do mundo inteiro se voltam para o brilho intenso da grande folia promovida
nas cidades brasileiras: o Carnaval. Nesse período, sites, jornais, revistas e
noticiários estão repletos de exemplos de pessoas que fazem de tudo para estar
impecável para a festa. São homens e mulheres capazes de privar-se por longos
dias de uma alimentação adequada, se entregando às famosas dietas, às vezes,
malucas. Sem falar daquelas pessoas que fazem cirurgias plásticas para colocar
e tirar o que não lhes agrada. Todo sacrifício é feito para que o corpo esteja
perfeito para ser exibido.
Outros não podem investir tanto na aparência física, mas
usam todo o salário e toda economia de um ano inteiro para garantir a fantasia
ou o abadá – o passaporte para a suposta folia. Há até quem chegue a ponto de
se endividar, pois não quer ficar de fora de um evento mostrado pela mídia como
um dos mais importantes do ano.
Enfim, existem muitos outros sacrifícios feitos em busca de
um prazer que dura poucos dias. Porém, o que pouco se comenta são os excessos e
as extravagâncias cometidas durante a festa. A verdadeira face do Carnaval.
Começa com um peso enorme na saúde pública, pois é
necessária a intervenção do governo na conscientização e distribuição de
preservativos em massa. Todos sabem que as pessoas deixarão que seus desejos
aflorem de tal maneira que farão sexo sem nenhum critério.
Muitos homens e mulheres serão contaminados por doenças
sexualmente transmissíveis. Jovens perderão a virgindade sem ao menos conhecer
o parceiro. Na tentativa de ajudar, o governo disponibiliza também a chamada
“pílula do dia seguinte”, como forma de prevenção a gravidez indesejada.
Mesmo assim, não são poucos os casos de mulheres que, após o
Carnaval, sujeitam-se às clínicas de aborto clandestinas e arriscam suas vidas.
Resta aos que nascem como consequência dessa orgia sem
planejamento e amor terem seus destinos marcados por traumas e rejeição. A
verdade é que o mundo da marginalidade e os presídios são povoados pelos filhos
do Carnaval.
Soma-se a tudo isso os que terão seu primeiro contato com as
drogas, como lança-perfume, maconha, anfetaminas, etc. Eles associam as drogas
ao álcool para conseguir pular freneticamente dia e noite, sem parar. A partir
daí, será dado um mergulho inevitável na escuridão dos vícios, que vai trazer
sofrimento tanto para a própria pessoa como também para os seus familiares.
Enfim, diante das situações acima – cujas consequências
talvez você já tenha sentido na pele –, acredito que você não irá mais
“comprar” a ideia da mídia, a qual diz que o Carnaval é uma festa inocente,
realizada apenas para que as pessoas se divirtam. Porque, certamente, quando a
folia acaba, os danos físicos, psicológicos e espirituais permanecem por muito
tempo e, em alguns casos, são irreversíveis. Cuidado, nem tudo que reluz é
ouro.
E agora, este outro,
mais alarmista:
A palavra “Carnaval” tem a sua origem no latim, uma língua
antiga. É a junção das palavras “carne" e "vale”, que significa
“adeus à carne”, em tradução livre. Essa expressão surgiu porque as pessoas, no
passado, aproveitavam ao máximo os prazeres da carne antes
que chegasse a quarta-feira de cinzas.
Portanto, pense por 1 minuto: uma festa que surgiu da ideia
de se entregar aos prazeres da carne, antes que o tempo termine, pode agradar a
Deus?
Por isso é muito comum nesse período do ano acontecerem
muitos acidentes de carro, provocados por motoristas embriagados. Além disso,
há uma grande valorização da sexualidade e das traições amorosas.
Muitas pessoas se perdem em vícios e consomem grandes
quantidades de drogas. Também ocorrem discussões e brigas das quais nem sempre
os envolvidos sabem, sequer, o motivo pelo qual começaram.
As pessoas estão entregues ao presente, dizem que “o amanhã
pertence a Deus” e querem “viver o momento” de maneira intensa. É o período em
que “tudo é permitido”. Vivem pelas emoções e se envolvem em sentimentos.
Contudo, como o desejo do espírito é oposto ao desejo da
carne, consequentemente esses prazeres não agradam ao Espírito de
Deus.
Como está escrito na Bíblia: “Porque a carne
milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos
entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer.” Gálatas
5.17
Essas pessoas desconhecem o perigo que estão desafiando.
Elas fazem coisas que agradam aos espíritos malignos e negam a vontade de Deus
– ou seja, estão expondo a própria alma ao inferno.
E se o “amanhã” não existir?
E se a sua vida terminar no momento em que você estiver com
as pessoas na rua aproveitando “os valores da carne”? Qual será o destino da
sua alma? Será que você será salvo pelo Senhor Jesus?
Portanto, cuidado com o caminho que você escolhe para a sua
vida: “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em
derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar.” 1 Pedro
5.8
Durante o período do Carnaval, participe das reuniões na
Universal. Não dê oportunidade para que os espíritos malignos lhe “devorem”.
Busque a presença de Deus. Veja o
endereço mais próximo e convide os seus familiares e
amigos para participarem com você.
E, de
preferência, contribua com o dízimo, para "ajudar" a IURD, não é
mesmo?
(A propósito:
um amigo meu, que é a franqueza em pessoa, até hoje se pergunta por que Edir
Macedo tem ojeriza ao carnaval. "Será que ele brincou o carnaval alguma
vez e foi estuprado por um bando de clóvis?",
pergunta este meu amigo, na base do deboche... Quem souber...)
Mas...
esperem um pouco: enquanto candidato, Crivella jurou de pés juntos que iria
governar a cidade para todos, sem obedecer a ditames religiosos? Está aqui nesta entrevista a O Globo:
A Igreja Universal participa da
campanha?
Não. A Igreja Universal não participa
da campanha. E não vai participar do meu governo. Há uma dúvida entre os meus
eleitores. Isso já fez minha rejeição ser estratosférica. Não participa da
minha campanha e não participará do meu governo.
(...)
O senhor manteria a coordenadoria de
Diversidade Sexual?
Claro, sabe o que eu mais quero? É
mostrar que eu sou candidato a prefeito. E não candidato a preconceito.
(Para registro: a Coordenadoria de Diversidade Sexual foi realocada sob as asas do gabinete do prefeito... com menos recursos.)
a
O senhor acredita que um casal de
homossexual possa constituir uma família e adotar um filho?
Isso aí já está consagrado na lei. Não
há o que se discutir. Se morrer um deles, vai ter direito a pensão, tudo de
acordo com a lei.
Há uma bancada no Congresso que
trabalha por recuos de direitos de minorias...
Veja bem, se até Deus respeitou o livre
arbítrio, imagine se eu não vou respeitar. As bancadas católica e evangélica
são, de uma maneira geral, em defesa da vida. São incondicionais, também,
contrárias à legalização das drogas e em defesa da família.
Sim,
Marcelo Crivella disse isso: que governaria a cidade do Rio de Janeiro para
todos, independente de religião ou falta dela, e que respeitaria o Estado
laico.
E daí?
Muito "político" (assim mesmo, sr. revisor, entre aspas, obrigado) em
campanha eleitoral, costuma prometer que, se for eleito, colocará "chope
no chafariz" – isto é, promete coisas que sabe que nunca irá cumprir para
se eleger.
É mais ou
menos o que acontece no texto "crássico" (assim mesmo, sr. revisor,
obrigado) de Juó Bananére, Non fui ista a
inrevoluço que io sugné – com a diferença que é o próprio Bananére que
queria isso:
Banquetos popularo cô leitó azado, pirú
co´a farofa, tutú di feijó co´a linguicia i macarone co´a pomarola in goffa
in tudas praça prú Zé Povo amangiare inté aribentá, tutto di mezza cara.
Nas bomba di gasiolina, inveise di gasiolina tenia un chopps duplo i un vigno griolino prá genti abibê, ventis litro cada veise pur conta dú governo
(Banquetes populares com leitão assado, peru com farofa, tutu de feijão com lingüiça, e macarrão com tomate em caldo em todas praças para o Zé Povo comer até arrebentar, tudo de graça.
in tudas praça prú Zé Povo amangiare inté aribentá, tutto di mezza cara.
Nas bomba di gasiolina, inveise di gasiolina tenia un chopps duplo i un vigno griolino prá genti abibê, ventis litro cada veise pur conta dú governo
(Banquetes populares com leitão assado, peru com farofa, tutu de feijão com lingüiça, e macarrão com tomate em caldo em todas praças para o Zé Povo comer até arrebentar, tudo de graça.
Nas bombas de
gasolina, em vez de gasolina, teria uns chopes duplos e um vinho “greolino”
para a gente beber; vinte litros de cada vez por conta do governo.)
E, é claro,
não consegue o que sonha:
Cual u quê!
nada dissu, aganó a inrevoluó i a genti continua barbieri du messimo jeitigno,
araspano as gara dus outro a duzentô a raspada sê toaglia i co sabó de chinza,
i a trezentô co´a toaglia i o sabonete du Guatin.
u gambio, tá no buraco ...
dignêro, a genti nó vê maise una nota ... nê di tchinco
comidas ... nô tê... leitô ... nô tê... pirú ... nô tê... no tê nada ... é sopa só i maise nada
chope ... io nó si alembro maise si é sólido, si é líquido
non fui ista a inrevoluçó qui io sugné...
qui inrevoluçó maise vagabonda !
u gambio, tá no buraco ...
dignêro, a genti nó vê maise una nota ... nê di tchinco
comidas ... nô tê... leitô ... nô tê... pirú ... nô tê... no tê nada ... é sopa só i maise nada
chope ... io nó si alembro maise si é sólido, si é líquido
non fui ista a inrevoluçó qui io sugné...
qui inrevoluçó maise vagabonda !
(Qual o quê!
Nada disso. Ganhou a revolução e a gente continua barbeiro do mesmo jeitinho,
raspando as caras dos outros a duzentos a raspada sem toalha e com sabão cinza,
e a trezentos com a toalha e o sabonete do Guatin.
O Câmbio está no
buraco.
Dinheiro a gente
não vê mais uma nota nem de cinco.
Comidas? Não
tem. Leitão? Não tem. Peru? Não tem, não tem nada. É sopa só, e mais nada.
Chope, eu nem
lembro mais se é sólido ou líquido.
Não foi esta a
revolução com que eu sonhei.
Que revolução
mais vagabunda.)
Non
fui ista a inrevoluçó que io sugné (juó Bananére)
Com o próprio Juó Bananere (Disco Columbia 22033-B,
matriz 381029 - 1931)
Canal Luciano Hortencio (YouTube)
No horário eleitoral,
nos debates e nas entrevistas, Marcelo Crivella (PRB-RJ)
diz que a ninguém interessa qual é a religião do prefeito — e eu
concordo. No PSOL (partido em que sou filiado) há católicos, evangélicos,
candomblecistas, macumbeiros, judeus, espíritas e pessoas com as mais variadas
crenças, além de ateus e agnósticos.
O problema não é “a
religião do prefeito”, que é uma questão do foro íntimo — mas o perigo de
eleger um prefeito que queira fazer do Estado uma extensão de sua igreja, para
beneficiá-la por meio da máquina pública e impor seus dogmas ao conjunto da
população.
Então,
a pergunta que a população do Rio de Janeiro deveria se fazer é a seguinte: a
relação de Crivella com a Igreja Universal do Reino de
Deus é uma questão privada ou pode se tornar um problema público?
(...)
As bancadas do partido
de Crivella, do seu aliado Anthony Garotinho e de outras denominações ligadas
às igrejas neopentecostais atuam, tanto no Congresso Federal quanto nos estados
e nos municípios, como representantes de uma agenda contrária aos direitos das mulheres, da população LGBT e de
outras minorias.
Defendem o fim de toda
política de prevenção do bullying homofóbico nas escolas, são contra todos os
projetos que garantam direitos e combatam a discriminação e expõem, em seus
discursos públicos, muito ódio e muita intolerância.
Crivella agora diz que
ele não tem preconceito nenhum, que defende o Estado laico e que não permitirá
influência de sua igreja no governo. Contudo, sua trajetória pública mostra
exatamente o contrário.
Ele gosta de falar da
época em que foi “missionário” na África, mas esquece de contar o que ele fazia
naquele continente: combatia o catolicismo e as religiões de matriz africana
para implantar a igreja de Edir Macedo.
(...)
Crivella tenta esconder quem é,
convenientemente assessorado pelo marqueteiro, mas a verdade está em todos os
discursos dele nos últimos anos, filmados e disponíveis na internet.
Ele disse que os gays somos
produto de um “aborto mal feito” (como é possível alguém falar isso e ser
candidato a prefeito da segunda maior metrópole do país?), que as mulheres
devem “obedecer” aos homens, que a única família que deve ser reconhecida é a
família “tradicional cristã” e outras barbaridades do tipo.
Ele confessou publicamente que
entrou na política por decisão da Igreja Universal (aliás, ele disse que,
quando a igreja ordena que ele faça algo, ele não discute) e que o objetivo
deles é eleger um presidente evangélico que “trabalhe pelas igrejas” e
“evangelize todo o mundo”. O plano político da Universal está escrito, aliás,
num livro de Edir Macedo intitulado “Plano de poder”.
3) Quando Ministro da Pesca no primeiro mandato
do governo Dilma (PT) fez parceria entre a Confederação Nacional da Pesca
(dirigida pela Força Sindical da qual o presidente se filiou ao PRB) e o
Ministério da Pesca, e houve denúncias que o Ministério privilegiava o
cadastramento de seus eleitores.
4) Crivella denuncia o governo Paes e o PMDB de não priorizarem os serviços públicos da população em detrimento do gasto exorbitante com obras para os megaeventos. Mas até ano passado estava em parceria com o prefeito Eduardo Paes com seu Projeto Cimento Social, que se tornou uma política de urbanização das favelas do governo de Paes e que também recebia verbas do governo Federal de Lula. Este projeto tem diversas denúncias pela péssima qualidade das reformas feitas nas casas, que já apresentam novos problemas. Há denúncias de que as lista de famílias beneficiadas, eram feitas pela Igreja Universal, da qual Crivella é bispo e por setores de seu eleitorado. Claramente um projeto voltado não para resolver o problema de moradia da cidade, mas sim para fazer demagogia com projetos sociais que tem como finalidade angariar votos e para enriquecimento do próprio Crivella.
5) Em 2008, como senador, mandou o Exército para o Morro da Providência no Rio de Janeiro para supervisionar obras do seu Projeto Cimento Social. Militares comandados por um tenente capturaram três moradores e entregaram para serem torturados e mortos por uma facção de traficantes rivais. Este caso gerou grande repercussão e questionamento sobre a permanência das tropas no morro. Além disso, a Justiça Eleitoral julgou o Projeto Cimento Social, afirmando que tinha um conteúdo eleitoral que beneficiava Crivella nas eleições à prefeitura do Rio de Janeiro no mesmo ano.
4) Crivella denuncia o governo Paes e o PMDB de não priorizarem os serviços públicos da população em detrimento do gasto exorbitante com obras para os megaeventos. Mas até ano passado estava em parceria com o prefeito Eduardo Paes com seu Projeto Cimento Social, que se tornou uma política de urbanização das favelas do governo de Paes e que também recebia verbas do governo Federal de Lula. Este projeto tem diversas denúncias pela péssima qualidade das reformas feitas nas casas, que já apresentam novos problemas. Há denúncias de que as lista de famílias beneficiadas, eram feitas pela Igreja Universal, da qual Crivella é bispo e por setores de seu eleitorado. Claramente um projeto voltado não para resolver o problema de moradia da cidade, mas sim para fazer demagogia com projetos sociais que tem como finalidade angariar votos e para enriquecimento do próprio Crivella.
5) Em 2008, como senador, mandou o Exército para o Morro da Providência no Rio de Janeiro para supervisionar obras do seu Projeto Cimento Social. Militares comandados por um tenente capturaram três moradores e entregaram para serem torturados e mortos por uma facção de traficantes rivais. Este caso gerou grande repercussão e questionamento sobre a permanência das tropas no morro. Além disso, a Justiça Eleitoral julgou o Projeto Cimento Social, afirmando que tinha um conteúdo eleitoral que beneficiava Crivella nas eleições à prefeitura do Rio de Janeiro no mesmo ano.
(...)
8) No seu programa destas eleições, promete 40
mil vagas nas creches a partir da parceria público privada (PPP), ou seja,
defende a privatização da educação que enriquece o bolso dos grandes
empresários que lucram ao invés de investir dinheiro público em educação
pública de qualidade.
O que nos
leva à justificativa do bispo-prefeito para o corte da verba para as escolas de
samba, devidamente grifada: dobrar as diárias
pagas por criança às creches privadas
conveniadas com a prefeitura. (Isso mesmo: nem é nem mesmo para investir na
rede própria de creches da prefeitura, mas nas privadas que são conveniadas.)
Ora, uma das obrigações de entidades
privadas que fazem convênio com o poder público para prestar serviços (ONGs e
creches, inclusive) é prestar contas do uso dos recursos públicos que recebeu.
Acontece que um dos problemas finais da gestão de Eduardo Paespalho foi
detectado, justamente, neste aspecto pelo Tribunal de Contas do Município (TCM):
muitas entidades privadas não prestaram contas, e as que prestaram apresentaram
irregularidades (erros de contabilidade, desvios da verba para outros fins que
não os destinados etc.). E, por mais que Crivella jure que tenha mudado algumas
coisas, duvido e faço pouco que tenha feito alguma auditoria nas contas de
muitas destas entidades ou lido os relatórios do TCM (coisa que, aliás, Eduardo
Paespalho também não fez).
E pela mesma razão: muitas destas entidades
privadas (inclusive creches) pertencem a dois entes que apoiaram Dudu Paespalho
e, hoje apoiam Crivella: políticos da base aliada (qualquer base aliada de
qualquer governo, inclusive o atual) e, last
but not least, igrejas evangelicuzinhas.
Ganha um exemplar do livro Evangelizando
a África, de
Crivella (o que você vai fazer com ele – a não ser lê-lo – é problema seu...),
quem adivinhar o que ganham em troca?
Isso mesmo:
influência e dinheiro para retroalimentar esta influência – especialmente para
caixa 2 para as próximas eleições.
Isso em
termos de "política" (assim mesmo, sr. revisor, entre aspas,
obrigado) miúda, do dia a dia.
Porque em
termos de estado (é, o estado brasileiro que é laico – ou deveria ser...),
significa: a quebra da promessa de respeitar o estado laico e as crenças (ou
falta delas) dos outros; e a imposição de ditames e idiossincrasias de uma
religião para todos – inclusive sobre os que não são dela.
No caso em
questão, significa: atrapalhar ao máximo, impedir ou (talvez) acabar com o
carnaval.
Conseguirá
o bispo-prefeito tal objetivo?
Bem, se
depender de muito carioca, vai ser complicado. Diretamente transcrito da página
Jacarepaguá Online, do Facebook,
alguém deu o chamado "papo reto" (o milagre... digo, o texto está
aqui; o nome do santo não) no assunto corte de verbas para as escolas de samba:
Você é prefeito de todos os
cidadãos do Rio e não só da sua religião! Se toca Sr Marcelo Crivela (SIC), o
Carnaval é uma festa do calendário mundial que da lucro, gera empregos e traz
turistas do mundo todo para nossa cidade.
Deixa de usar as verbas das
creches como desculpa, isso é imoral e sem ética pois com o lucro do carnaval o
Rio teria muito mais condições de ajudar as creches, as escolas e etc...
Volte atrás enquanto há tempo
para não passar mais vexame!
Em suma: para
investir em saúde, educação e empregos diretos, não precisa acabar com o
carnaval. Basta demitir os comissionados com supersalários que o bispo-prefeito
nomeou.
Uma coisa é
cortar a subvenção das escolas de samba pela metade. Outra, muito diferente, é
impedir o carnaval de rua, dos blocos de rua, que quase não precisam de
subvenção pública (e tem blocos que saem mesmo sem subvenção pública) por
preceitos (e preconceitos) de sua religião (relembrando: SUA religião, não a
dos seis milhões de habitantes desta Mui Leal e Heroica cidade).
Quem não
gosta de carnaval, não brinque o carnaval. O que não pode é impedir quem quer
brincar o carnaval – ainda mais por preceito religioso (se a Universal diz que
"carnaval é coisa do diabo", ela que se dane: Crivella foi eleito
prefeito de TODA A CIDADE do Rio de Janeiro, de todos os cariocas - não só dos
cariocas fiéis da Universal) e grande possibilidade de maracutaia (beneficiar
creches das igrejas evangélicas e de políticos que apoiam o prefeito.)
Até porque,
com permissão ou sem permissão das "otoridades", com pandeiro ou sem
pandeiro, o carioca sempre brinca o carnaval – CQD o magnífico desfile
inaugural do bloco Não muda Nem Sai de Cima, descrito com brilhantismo na
crônica Se mudar, estraga, de Aldir
Blanc (do livro Um cara bacana na 19ª
– Rio de Janeiro, Record, 1996), de onde selecionamos trechos importantes ao
qual o bispo-prefeito deveria prestar muita atenção, se não quiser se
machucar... (o grifo, maus uma vez, é meu.)
Sábado, 3 de
fevereiro de 96, desfilou pela primeira vez o Não Muda nem Sai de Cima, um
bloco organizado pelas incríveis mulheres da Garibaldi, rua onde moro. Os
maridos andavam ocupadíssimos bebendo todas, e elas, por distração, fundaram um
bloco carnavalesco. E que bloco!
Desde o primeiro
desfile do Simpatia-É-Quase-Amor, nome tirado de um humilde personagem meu, a
emoção não batia tão forte. O abre-alas era de matar. As moças foram na Praça
Xavier de Brito e acertaram uma graninha com o pessoal das charretes. A
simplicidade gerou uma abertura deslumbrante: várias charretes e um
forde-bigode apinhados de crianças no meio do maior toró, a bateria em luta
corporal com a chuva, uma euforia inacreditável, Sergio Touro dando decisão em patrulhinha e sugerindo inúmeros locais
onde os agentes da lei e da ordem deveriam enfiar escopetas, dragas, algemas,
cassetetes, espetacular repertório de orifícios e reentrâncias capaz de abrigar
um arsenal.
(...)
Nota 10. Um dia
depois da morte de Gene Kelly, o Não Muda nem Sai de Cima passou cantando na
chuva – e meu coração se deixou levar...
Para bom
entendedor, bispo Crivella: passarinho que come pedra...
Até porque,
bispo Crivella, se o carnaval para a sua igreja é algo abominável, para o
carioca é "o acontecimento religioso da raça" (© Manifesto da Poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade) – e acontecimentos
religiosos deste naipe devem ser respeitados tanto quanto às "Marchas para
Jesus".
E, se a sua
promessa, bispo Crivella, é cuidar das pessoas, lembre-se que o dom festeiro do
carioca faz tanto bem quanto orações e medicamentos. Afinal (Oswald de Andrade,
de novo...), "a alegria é a prova dos nove".
******************************
Agora, só
uma pergunta: o que será que botam (de bom) na água potável da Lituânia? Porque
a nossa indicação para esta
séria série é o segundo filme produzido lá com temática de meninas que amam
meninas (o primeiro foi Sangailė ou The Summer Of Sangaile, de Alanté Kavaïté): Filme: Anarchy Girls (Anarchija Zirmunuose - 2010), roteiro e direção de Saulius Drunga.
A história
é simples: Vile (Toma Vaskeviciute), estudante de medicina vinda do interior, conhece
Sandra (Severija Janusauskaite), uma anarquista lésbica, numa reunião de um
grupo anarquista nos subúrbios de Vilnius (a capital lituana). As duas se
sentem inexplicavelmente atraídas uma pela outra e...
Bem, peça
ao distribuidor que traga o filme para Terra Papagalli para saber o resto da
história.
Por ora,
fiquem com o trailer.