15 abril, 2012

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXV)

Parece provocação minha. E até é, mesmo.
Mas os fiscais de fiofó (vulgo Frente Parlamentar Evangélica) continuam com seus planos de instalar uma república teocrática evangélica no país - com a devida omissão de Dilma Pontes (ou seria Ipojuca Rousseff?), que abre as pernas para todas as suas chantagens.
Claro que tem gente reagindo contra isso.
Uma destas pessoas, aliás, mandou este vídeo, e estou colocando para vocês:


(Qualquer semelhança...)

E alguém postou isto no Facebook, e não resisti à tentação de mostrar isto para os fiscais de fiofó de todo o país (se eles lerem esta revista e o seu blog, é claro).
Lá vai:


Breve tradução para quien no habla portunhol:

"Se você não gosta do casamento gay, não se case com gays. Se você não gosta do aborto, não aborte. Se você não gosta de drogas, não use. Se você não gosta de sexo, não faça. Se você não gosta de pornografia, não olhe. Se você não gosta de álcool, não beba. Se você não gosta que tirem os seus direitos, simples, não tire os dos outros."

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Feita a breve aula de direitos aos fiscais de fiofó, vamos à nossa indicação de hoje em nossa séria série: Un mondo d'amore, de Aurelio Grimaldi (Itália, 2002)
E não é por acaso. Já que falamos em luta contra a hipocrisia, o filme trata de um episódio da vida de alguém que sempre encarou estes "utensílios" ultrapassados: Pier Paolo Pasolini (1922-1975).
Itália, 1949. Nests época, Pasolini era apenas um pacato e introvertido professor de literatura de 27 anos em um pequeno vilarejo, e sonhava em escrever seu primeiro livro.
Vamos à sinopse, contida no catálogo do 11º Festival Mix Brasil, onde foi exibido com o nome de Um mundo de amor:
"Intoxicado pela livre expressão da sexualidade que encontra na literatura dos gregos antigos e dos franceses modernos, Pasolini fica bêbado junto com três jovens rapazes em uma festa do vilarejo e acaba tendo um espontâneo, eufórico e inocente encontro sexual com eles. Isso acaba vazando e logo Pasolini se encontra sob investigação por 'corrupção de menores'."
Resultado: foi expulso pela secção de Udine do Partido Comunista e perdeu o emprego de professor que tinha obtido no ano anterior em Valvasone (o vilarejo).
A partir daí, sua vida e obra foram um combate sem tréguas contra o falso moralismo e a hipocrisia. Uma frase de Pasolini define tudo:

Eu me sinto muito bem no mundo, acho-o maravilhoso, sinto-me atrelado à vida como um gato. É a sociedade burguesa que não me agrada. É a degeneração da vida no mundo. Hitler foi o típico produto da pequena-burguesia. Também Stalin foi um produto pequeno-burguês. Eu sou pela moral contra o moralismo burguês. Qual é a diferença? O moralista diz o não aos outros, o homem moral o diz apenas a si próprio.
(Entrevista a La Stampa, 12 de julho de 1968)


Claro que os hipócritas – à direita e à esquerda, religiosos ou não – devem ter se incomodado com este pensador muito livre – livre até demais - e tomaram suas providências.
Em novembro de 1975, o corpo de Pier Paolo Pasolini foi encontrado no hidro-aeródromo de Óstia, em Roma, com o rosto desfigurado e várias lesões. Um processo judicial concluiu que, oficialmente, o cineasta foi brutalmente assassinado por um garoto de programa, Pino Pelosi, que queria roubá-lo.
Jacaré acreditou? Nem nós. Atualmente, diversos estudos, filmes e programas de TV jogam areia na versão acatada pela justiça italiana. No ano de 2005, Pino Pelosi declarou não ter sido ele o assassino de Pasolini, depois de ter cumprido pena como assassino confesso. A suspeita de crime político continua no ar. Mas os motivos de seu assassinato continuam gerando polêmica até hoje.

(Aliás, de acordo com o Relatório Anual de Assassinatos de Homossexuais de 2011 do Grupo Gay da Bahia (GGB), 266 gays, travestis e lésbicas foram assassinados no Brasil, 6 a mais que em 2010 – um aumento de 118% nos últimos seis anos: 122 em 2007. Os gays lideram os “homocídios”: 162 - 60%, seguidos de 98 travestis - 37%, e 7 lésbicas - 3%. E só por serem gays, lésbicas e travestis. Se isso não é homofobia, eu sou Bento XVI...).

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