26 fevereiro, 2016

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XLV)

(Da séria subsérie “Grandes chances perdidas para o pastor Ezequiel Teixeira ficar calado”...)

Reverendo Ezequiel Teixeira:
No último dia 17 de fevereiro, o senhor foi exonerado da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos do estado do Rio de Janeiro, depois de uma gestão à frente desta que ficou marcada, especificamente, pelo desmonte do programa Rio Sem Homofobia.
E, é forçoso reconhecer: a sua saída da Secretaria deve-se à sua contraditória língua comprida. O senhor jurou de pés juntos que iria continuar o Rio Sem Homofobia, mesmo desmontando-o acintosamente, demitindo cerca de 78 pessoas, fechando quatro centros de atendimento e suspendendo o telefone 0800 do projeto – tendo como pretexto a crise financeira do estado e a necessidade de cortar custos.
Mas o senhor acabou se traindo ao ser questionado pelo repórter se acredita na"cura gay":

— Poxa, o senhor crê na cura? Eu creio, plenamente. Eu não creio só na cura gay, não. Creio na cura do câncer, na cura da Aids... Sabe por quê? Porque eu sou fruto de um milagre de Deus também.

Ora, como acreditar que o senhor diz que vai manter um programa que combatia o ódio ao povo LGBT, que estava desmontando, se acredita que: câncer + AIDS + homossexualidade = tudo doença.
E logo depois, ao responder as críticas do coordenador do Rio Sem Homofobia, Claudio Nascimento, foi ainda mais explícito (o grifo é meu):

— Os incomodados que se mudem. Eu estou aqui e bem. Quem é o secretário? Se está desconforme com o secretário, o que vou fazer? Eu não o poderia ter exonerado? Eu exonerei várias pessoas... Estou tentando caminhar (...) Fui eleito com essas convicções. Fui convidado para estar aqui. E todos que me chamaram sabiam das minhas convicções.

Ou seja, o senhor não foi gentilmente convidado a se retirar da Secretaria por suas convicções, mas porque elas batiam de frente (com perda total) com suas promessas de combater a homofobia.
Melhor dizendo: porque o senhor não foi honesto a respeito de suas convicções: disse uma coisa – "vou manter o Rio Sem Homofobia" – quando até quem tem dois neurônios no cérebro sabe que o senhor pensa outra coisa – "homossexualidade é doença, e um dia vai ter cura, mas até lá não podemos aturar". (Se bem que é mais fácil a cura da calvície – que, aliás, bem que o senhor está precisando... – do que a "cura" para algo que não é doença, e nem é mais considerado como tal há anos.). Em suma: o senhor fez o que os políticos fazem – para o bem (?) e para o mal – e o eleitor já está cansado de aturar.
Com isso, se o senhor tivesse um mínimo de vergonha na cara, simplesmente voltaria para a Câmara dos Deputados e para a sua insignificância.
Mas a vaidade... ah, a sua vaidade... ela não podia ficar quieta...
Mal o senhor volta, já solta o verbo como vingança.
Lá vai o senhor discursar na Câmara dos Deputados (ainda presidida por Eduardo Vai-Tomar-no-Cunha... aliás: e aí, STF, quando é que vão tirar este pulha?) para tentar se justificar. Segundo o senhor, a culpa de sua exoneração não é de suas (com o perdão do termo) m..., mas porque... como é que mesmo? Ah, sim: intolerância religiosa (SIC). (Estranha intolerância essa, que permite que um religioso se candidate a um mandato parlamentar, se eleja e obtenha a imunidade parlamentar – que tem limites – para "ser discriminado"... Faz-me rir, reverendo, faz-me rir...)

— O que praticaram foi intolerância religiosa, por eu manter firme minhas convicções como filho de Deus. Fui exonerado por crer nos milagres de Deus — disse o deputado, ao finalizar o discurso.

(Ah, tá..."por eu manter firme minhas convicções"... incluindo as homofóbicas, não é?)

- (Eu) não iria permitir a prorrogação da farra com dinheiro público que ocorre desde antes de 2010. Só no último ano foram gastos R$ 228 mil em uma única festa homoafetiva. Olha a contradição. Enquanto uma parcela da população estava sem salário, o estado financiava uma festa. Agora pergunto: acham que a festa atende ao interesse público? - questionou.

E prosseguindo na sua metralhadora de m... verbal:

"O Estado não pode bancar festa enquanto pessoas morrem na fila dos hospitais diariamente. Prevaleceu a promiscuidade no custeio do casamento gay" (...) "Isso sem contar com o valor de mais de R$ 1 milhão e meio destinados para a realização de conferências e festas chamadas paradas do orgulho gay e outras ações que consumiram mais de R$ 9 milhões, em 2015, que em nada favoreceram para a diminuição do preconceito. Isso é apenas farra. Isso me causa indignação", completou o deputado do PMB.

Nesse ponto, eu tenho de lhe dar razão. É meio vergonhoso custear eventos com dinheiro público enquanto os serviços essenciais estão em crise.
Mas, salvo engano, quem custeia casamentos coletivos – incluindo os casamentos entre pessoas do mesmo sexo – não é o poder executivo (o governo do Estado), mas o poder judiciário – o Tribunal de Justiça do estado (onde, talvez, o senhor nem sequer possa passar pela porta... mas sobre isso explicar-lhe-ei – © Jânio Quadros – mais adiante).
E, se seguirmos tal lógica, então deveríamos cancelar os preparativos para as Olimpíadas – o que é meio difícil de acontecer, já que faltam seis meses para a sua realização e está quase tudo pronto.
Ah, sim: e também por esta lógica, o estado do Rio de Janeiro não deveria destinar verbas públicas para ajudar a financiar a Marcha para Jesus, que ocorre antes da Parada LGBT justamente para, entre outras coisas, dar voz a pastores tão homofóbicos como o senhor que, justamente, esculhambam o povo LGBT.
Até porque (e se o senhor, membro do parlamento federal brasileiro, não sabe, vou ter de lhe dizer) a República Federativa do Brasil É UM ESTADO LAICO – isto é, um Estado que garante liberdade a todas as religiões, mas NÃO ADOTA NENHUMA COMO RELIGIÃO OFICIAL, MERECEDORA DE VERBAS SAÍDA DO MEU, DO SEU, DO NOSSO DINHEIRO DE IMPOSTOS.
Não custa nada lembrar ao senhor o que diz a Constituição Federal (os grifos são meus):

Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;

Do mesmo modo, a Igreja Católica deveria ter devolvido a ajuda financeira para a Jornada Mundial da Juventude de 2013 – graças à musa "inspiradora" desta séria série desde seu início, a então deputada estadual Myriam Rios, que apresentou emenda ao orçamento para alocar R$ 5 milhões para ajudar a custear o eventonão é mesmo?
Então, seguindo a mesma lógica: se não é justo que o Estado brasileiro dê dinheiro dos nossos impostos (que deveria custear os serviços públicos essenciais para a população) para as Paradas LGBT, é justo que o estado LAICO brasileiro dê esse mesmo dinheiro para eventos religiosos? Muitos dos quais (como a Marcha para Jesus) trazendo religiosos que propagam a discriminação ao povo LGBT?
E convenhamos, reverendo: depois que um casal de fieis, Daniel e Zelia, soltou o verbo denunciando o senhor como vigarista, convencendo-os a penhorar o único bem que eles tinham, a sua casa, para avalizar um empréstimo para a sua igreja, a Nova Vida, comprar mais um cinema e transformá-lo em templo – empréstimo que a sua igreja, até hoje, não pagou, deixando este casal em grandes dificuldades) – desconfio que o senhor não pode se arvorar em campeão da moralidade, não é?
Portanto, na boa, reverendo Ezequiel Teixeira: o senhor precisa ser mais humilde e aprender a perder.
Sem mais para o momento,
Atenciosamente (SIC)...

********************

Agora, nossa indicação para esta séria série: Parceiras Eternas (Life partners - EUA, 2015), de Susanna Fogel.
Sim, é uma comédia romântica, porque rir ainda e sempre será o melhor remédio.
Parceiras Eternas é a história de duas grandes e inseparáveis amigas, Paige (Gillian Jacobs) e Sasha (Leighton Meester). Paige é hetero; Sasha é lésbica assumida, com o apoio declarado de Paige, que promete se casar apenas quando a amiga tiver os mesmos direitos legais (isto é, de se casar com outra mulher – ou seja, este filme, possivelmente, foi realizado antes da Suprema Corte dos EUA finalmente conceder ao povo LGBT o direito de se casar com pessoas do mesmo sexo). Só que esta cumplicidade é posta à prova quando Paige se apaixona por um jovem e belo médico (Adam Brody).
E agora?
Ora, assistam o filme e tirem suas conclusões.
Minto. Uma conclusão já posso apresentar: ao contrário dos que os fiscais de fiofó alheio homofóbicos querem nos fazer pensar, heteros e o povo LGBT podem perfeitamente ser amigos. Isso é até saudável para a sociedade.
De resto, vejam o trailer.


23 fevereiro, 2016

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XLIV)

Se você estudou História antiga, deve ter ouvido falar em Calígulaque, entre outros tantos imperadores de Roma, foi um dos mais doidos.
E, é claro, conhece a história da nomeação de seu cavalo favorito, Incitatus, para o Senado romano.
Pois é.
Ninguém esperava que, séculos depois, o Congresso Nacional teria vários Incitatus. Com a diferença que não são cavalos, mas burros mesmo. E não precisou nenhum imperador nomeá-los: bastou o voto direito e secreto. (E, é claro, os candidatos enganarem o eleitor, fazendo-os achar que eram normais e tinham cérebro.)
Uma destas bestas quadradas é Hidekazu Takayama, pastor da Assembleia de Deus e deputado federal pelo PSC do Paraná. Para quem acha que os japoneses e seus descendentes são de uma inteligência acima da média, tenho a grave incumbência de lhes informar: Takayama é uma triste exceção. Entre outras opiniões a respeito do povo LGBT, saiu-se com esta "pérola":

"Se continuar com esse tipo de argumento que dois homens e duas mulheres formam uma família, daqui a pouco vai ter homem com vaca e vai virar avacalhação."

(Lembra e muito a cabra do dr. Guzzo, em seu artigo infeliz para a (In)Veja, não?)
Ah, sim: o reverendo Takayama também disse isso (não vale rir, nem de nervoso):

“Eu desafio qualquer jornalista investigativo a descobrir, dos quase 4 mil casos de assassinatos de homossexuais, quantos foram praticados por católicos ou evangélicos? Nenhum. Então quem deveria ir para a cadeia são os homossexuais. Eles é que nas briguinhas íntimas cometem os crimes”


Isso não lembra alguém?
Lembra, sim: Silas Mala-Sem-Alça-Faia, que pensa a mesma coisa. Mas isso eu já disse várias vezes aqui nesta séria série. Mas só para refrescar sua memória:

iG: Mas o senhor não acha que deveria ser feito algo para evitar as discriminações e agressões físicas aos gays? 
Silas Malafaia: Não desejo que ninguém morra, ok? Mas os homossexuais dizem que foram assassinados 260 deles no ano passado. Cinquenta mil pessoas foram assassinadas no Brasil no ano passado. O número de homossexuais mortos representa 0,52%. Um dado que eles não falam: grande parte das mortes é resultado de briga de amor entre eles. Que papo é esse? No mínimo, uns 50%. Homofobia é falácia de ativista gay para manter verbas para suas ONGs para fazer propaganda de que o Brasil é um país homofóbico. Homofóbico uma vírgula, amigo.

Mas voltando ao pastor Panakayama... digo, Takayama.
Ainda que idiota (não como o Eremildo, do Elio Gaspari...), não é tão bobo. Sabe que, mesmo com o fato de que, até agora, pastores escaparam de ajustar contas na justiça por propagar o ódio se escondendo atrás da Bíblia (não só contra o povo LGBT, mas contra outras religiões – especialmente as afro-brasileiras e espíritas kardecistas), isso pode acontecer um dia.
Por isso, apresentou o seguinte projeto de lei (favor manter ao seu lado um copo d'água e sal de frutas para tomar depois de ler. Os grifos são meus):

RELIGIÃO 28/JAN/2016 ÀS 15:56

Proposta que transforma religiosos em seres “intocáveis” volta a tramitar

Projeto de lei que pretende dar imunidade criminal aos religiosos que cometerem crimes de injúria e difamação volta a tramitar na Câmara dos Deputados e causa preocupação. Dos 23 membros titulares da comissão que vai analisar o projeto, 17 fazem parte da frente evangélica, e dois da frente católica. Juristas criticam a proposta

Um projeto de lei na Câmara dos Deputados quer dar imunidade aos crimes de injúria e difamação para as opiniões de líderes religiosos no exercício de suas atividades.
O texto é criticado por dar imunidade criminal a um grupo específico e chega num momento em que líderes religiosos são questionados na Justiça sob acusações de ofensas e incitação à violência contra homossexuais e religiões afro-brasileiras.
A proposta deve voltar a tramitar a partir de fevereiro, com o fim do recesso parlamentar, na comissão especial criada em novembro para dar parecer sobre o projeto.
O autor do texto, deputado Takayama (PSC-PR), justifica a proposta com o argumento de que o objetivo é “garantir a liberdade de expressão dos religiosos“.
O texto em tramitação hoje abre uma brecha para que qualquer pessoa que emitir uma manifestação de teor religioso fique imune aos crimes de injúria e difamação.
Diz o texto mais atual da proposta que “não será configurada como crime de injúria ou difamação a manifestação de crença religiosa, em qualquer modalidade, por qualquer pessoa, acerca de qualquer assunto e a opinião de professor no exercício do magistério”.

Bancada Evangélica
Juristas religiosos criticam o projeto. Para o presidente da Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos), Uziel Santana, o direito à opinião não deve ser defendido com base em alterações nas leis penais.
Santana afirma ver contradição na crítica feita por setores religiosos ao projeto de tornar crime opiniões que ofendam os homossexuais (homofobia) e a defesa do texto de Takayama.
“Então, quando os próprios evangélicos criticam o PL 122/06 da homofobia justamente por que é uma norma penal, como eu, evangélico, vou defender um projeto de natureza penal para dar uma excludente a essas duas questões [injúria e difamação] a professores e religiosos?”, questiona Santana. “Acho que legislação penal não serve para direitos humanos. Essa é uma opinião fechada da Anajure”, diz.
Religiosos, professores, homossexuais, de direita e de esquerda devem ser cidadãos. E como cidadãos eles têm seus direitos e seus deveres”, afirma.
O presidente da Anajure, que tem acompanhado a tramitação do projeto, diz que a comissão especial foi criada originalmente para analisar o projeto do Estatuto da Liberdade Religiosa, mas por pressão da Frente Parlamentar Evangélica, foi incluído o projeto que trata dos crimes de injúria e difamação.
Dos 23 membros titulares da comissão que vai analisar o projeto, 17 fazem parte da frente evangélica, e dois da frente católica.

Injúria e difamação
O crime de difamação é a atribuição a alguém de um fato ofensivo à sua reputação. Por exemplo, dizer que alguém é desonesto ou que trai a mulher. Já a injúria está relacionada ao ato da ofensa em si, e pode ser configurada por meio de xingamentos, por exemplo. A dupla costuma estar associada ao crime de calúnia, que é quando é atribuído a alguém a prática de um crime. Por exemplo, ao dizer que um homem é ladrão. A calúnia, no entanto, não é alvo do projeto de lei em tramitação na Câmara.
O promotor de Justiça e professor de direito penal da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica) Christiano Jorge Santos afirma que a liberdade de expressão de religiosos e professores já é garantida por lei. Ele explica que só é configurado o crime quando está clara a intenção de ofender, e que a lei não pune a discussão de ideias, mesmo que contrárias a outras crenças ou comportamentos sociais.
“Qual a justificativa para se pretender excluir do rol dos crimes do artigo 140 [do Código Penal] uma ofensa no contexto religioso ou praticada por quem está no exercício de função religiosa?”, questiona Souza.

Religiosos processados
Líderes religiosos que se destacam por sua atuação já tiveram opiniões questionadas na Justiça sob a suspeita de discriminação. Em maio do ano passado, a TV Record, de propriedade do bispo Edir Macedo, foi condenada a exibir quatro programas de televisão como direito de resposta às religiões de origem africana por ofensas contra elas, veiculadas no programa “Mistérios” e no quadro “Sessão de Descarrego”.
Outro caso ocorreu em outubro de 2015, quando o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3º Região) determinou que seja retomado o processo contra o pastor Silas Malafaia por supostas declarações homofóbicas durante o programa de TV “Vitória em Cristo”.
informações de Felipe Amorim, UOL

Pois é.
É como diz um engraçadinho no Facebook sobre o motivo do projeto:

"Eu sei o porquê desta proposta: querem evitar que Jesus, se e quando voltar à terra, processe pastores como este ou Silas Malafaia por falsidade ideológica..."

Some-se a eles os projetos de um grupo de deputados, apoiados por Eduardo Vai-Tomar-no-Cunha (óbvio ululante...) para proibir os internautas de falar mal dos políticos na internet (mesmo que sejam críticas à incompetência deste ou daquele) – entre eles, o procurador parlamentar,deputado Cláudio Cajado (DEM-BA) e Hildo Rocha (PMDB-MA)ao qual juntaram outro projeto sobre o assunto, dadeputada Soraya Santos (PMDB-RJ) – e pronto: está de volta a censura política no Brasil.
Sabe a rola que o Boechat mandou o Mala-Sem-Alça-Faia procurarPois os evangelicuzinhos acharam, e agora eles querem introduzi-la em nossos subilatórios.
Sério. Já não basta às igrejas que eles representam ter isenções fiscais (que nós, comuns contribuintes, não temos) Agora, querem ter ainda mais liberdade de pregar o ódio contra outras religiões e estimular as agressões.
Marco Feliciânus poderá pregar sossegado que "africanos são uma raça amaldiçoada" (enquanto insistirem em cultuar seus orixás, claro; se eles se converterem às igrejas evangelicuzinhas e colocarem dízimos nos bolsos destes "homens de Deus", estarão "abençoados"...). Silas Mala-Sem-Alça-Faia pode incitar as pessoas, em sentido "figurado" (SIC), a "meter o pau" no povo LGBT. E o próprio pastor Babakayama... ops, Takayama (ô teclado ruim...) pode continuar comparando o casamento entre pessoas do mesmo sexo a relações entre humanos e vacas...
Será.
Vamos dar uma lidinha na parte do Código Penal que trata deste assunto (o grifo, para variar, é meu):

PARTE ESPECIAL

TÍTULO I DOS CRIMES CONTRA A PESSOA

CAPÍTULO V DOS CRIMES CONTRA A HONRA

Exclusão do crime
Art. 142. Não constituem injúria ou difamação punível:

I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;

II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;

III - o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no cumprimento de dever do ofício.

Parágrafo único. Nos casos dos ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.

Retratação
Art. 143. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena.

Em português mais ou menos claro: o projeto de lei do deputado Babakayama (vai assim mesmo: não vou parar o texto para consertar esse teclado ruim...) só vai dar mais trabalho aos advogados dos que forem ofendidos por evangelicuzinhos.
Voltando a Feliciânus, só para usar um exemplo: se ele voltar a usar aquela babaquice de que "africanos são descendentes de Caim e uma raça amaldiçoada" e disser que isso está na Bíblia, o advogado vai ter de consultar um teólogo sério (não estes fundamentalistas evangelicuzinhos...) para saber se isso é sério.
Como a história de Caim e Abel está no Antigo Testamento – por coincidência, a única parte da Bíblia que os evangelicuzinhos consultam para pinçar seus exemplos (embora sejam cristãos e, portanto, deveriam ser mais obedientes ao Novo Testamento) – e quem escreveu o Antigo Testamento nem sequer conhecia a África como um todo (a não ser o Egito dos faraós), vai ser mais ou menos fácil para o advogado e o teólogo sério provarem que a África é "amaldiçoada" só na cabeça com penteado de chapinha de Feliciânus, e pronto: fica configurada a ofensa, os ministros do STF (que são os encarregados de julgar os nobres deputados federais) o condenam, e pronto.
Isso sem lembrarmos, claro, das manifestações "caridosas" de Feliciânus sobre as mortes de John Lennon e dos Mamonas Assassinas (e aí, familiares dos rapazes, já entraram com processo contra Feliciânus) e, last but not least, sobre os atentados do Estado Islâmico em Paris, que já comentei nesta séria série. Aí eu espero que não tenha "imunidade de opinião" que livre Feliciânus e outros evangelicuzinhos do mesmo "quilate"...
Em suma: só vai dar mais trabalho aos advogados. Mas ainda assim, é preocupante essa tentativa canhestra de calar a boca das pessoas de bom senso.

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Uma coisa é certa: se tal lei cretina for aprovada, sei de outro evangelicuzinho que vai agradecer muito por isso: o pastor Ezequiel Teixeira (hoje no PMB).
Seria uma imunidade muito bem vinda para este cretino como pastor. Como parlamentar não deu, pois não foi reeleito em 2014. Como secretário do governo (?) do Estado, menos ainda. Custou, mas o governador (SIC) do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, demitiu o pastor da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos – cargo para o qual, aliás, o doutor Pezão nem deveria ter nomeado. A frase já é mais do que manjada, mas vá lá: nomear um pastor homofóbico para uma secretaria de Direitos Humanos foi o mesmo que colocar um lobo ou raposa para cuidar de um galinheiro.
O mais engraçado é que, segundo o próprio doutor Pezão, ele só demitiu o imbecil porque não sabia de suas posições homofóbicas, que ele só descobriu depois de ler a entrevista dele em O GloboNão lhe chamou a atenção o fato de que, para supostamente atender à determinação de cortar gastos dentro do Estado, o pastor Teixeira resolveu desmontar um projeto subordinado à sua secretaria – justamente, o projeto Rio Sem Homofobia, um sucesso e um exemplo desde que foi montado em 2007. Na entrevista, o pastor Teixeira negou, jurando de pés juntos, que

o fato de ser um dos fundadores da igreja evangélica Projeto Nova Vida e que seus valores religiosos influenciem suas ações na pasta.

Ah, sim, e jurou que vai continuar o Rio Sem Homofobia – isso depois de demitir cerca de 78 pessoas, fechar quatro centros de atendimento e suspender o telefone 0800 do projeto.
(Fundo musical: Hipocrita / sencillamente hipócrita...)
Só que, antes de fazer tais juras, o pastor Teixeira se traiu. Ao ser questionado pelo repórter se acredita na "cura gay", eis o que ele responde (o grifo é meu):

— Poxa, o senhor crê na cura? Eu creio, plenamente. Eu não creio só na cura gay, não. Creio na cura do câncer, na cura da Aids... Sabe por quê? Porque eu sou fruto de um milagre de Deus também.

Ou seja: para o pastor: câncer + AIDS + homossexualidade = tudo doença.
E logo depois, ao responder sobre as críticas do coordenador do Rio Sem Homofobia, Claudio Nascimento, foi ainda mais explícito (o grifo é meu):

— Os incomodados que se mudem. Eu estou aqui e bem. Quem é o secretário? Se está desconforme com o secretário, o que vou fazer? Eu não o poderia ter exonerado? Eu exonerei várias pessoas... Estou tentando caminhar (...) Fui eleito com essas convicções. Fui convidado para estar aqui. E todos que me chamaram sabiam das minhas convicções.

O pastor só esqueceu de um detalhe: o doutor Pezão – segundo o próprio governador (SIC) diz, é claro – se sentiu incomodado com o que ele diz. Ao invés de se mudar, ele fez com que o pastor se mudasse para o olho da rua – afinal, chefes de governo também tem o poder de nomear e exonerar seus secretários, sempre que quiser.
Mas voltando à vaca fria:
O senhor REALMENTE não sabia das convicções homofóbicas de seu secretário dos Direitos Humanos, doutor Pezão?
Ora, se o senhor tivesse nos consultado a respeito do pastor Ezequiel Teixeira, poderíamos ter lhe lembrado uma das gracinhas que ele e outro pastor-político, Édino Fonseca (Solidariedade) – que, aliás, faziam parte da sua coligação no estado - fizeram na última eleição: um panfleto em forma de revista, em nomeda campanha presidencial de Marina Silva, chamando a candidata à reeleição Dilma Rousseff e Jean Wyllys (PSol) de "anticristos"(Aliás, uma revista muito bem impressa. Quantos dízimos dos fiéis deve ter custado a edição deste troço, hein?). Se o senhor quiser, doutor Pezão, pode até ler o febeapá (festival de besteira que assola o país – © Stanislaw Ponte Preta) fundamentalista completo dentro deste material, pois Jean Wyllys, que o denunciou, publicou-o em sua coluna no site da revista Carta Capital. E o nobre pastor nem poderá negar, já que o seu nome e o de Edino Fonseca estão impressos neste troço.
Mas, se não quiser ler o troço, posso fazer um resumo. Olha só a lista de coisas das quais Dilma e Jean Wyllys eram acusados:

1- Queriam legalizar a eutanásia;
2- Queriam legalizar o aborto e instalar um "mercado de fetos abortados" (SIC);
3- Queriam legalizar a prostituição, "inclusive de menores de 12 anos de idade";
4- Queriam legalizar a maconha;
5- Queriam legalizar a invasão de propriedades urbanas e rurais;
6- Queriam legalizar a adoção de crianças por casais homoafetivos, o que, para eles, "influenciaria as crianças a se tornarem gays" (?); e
7- Queriam, claro, criminalizar a homofobia, "numa CLARA PERSEGUIÇÃO às famílias, aos seguimentos (SIC) religiosos, avançando sobre a área educacional, comercial e industrial (?)".

Pior: o material foi feito, supostamente, para a campanha presidencial de Marina Silva (então candidata do PSB) – afinal, ela é evangélica.

Em uma atualização posterior feita em seu artigo no site da revista Carta Capital, Jean Wyllys comenta que a coordenação da campanha de Marina veio a público e desautorizou os dois candidatos fluminenses; garantiu que vai processá-los pelo que fizeram e que vai exigir o recolhimento do material.

Foi o que o TRE fluminense fez: recolheu este e outros materiais em outras igrejas. Mas o mal já estava feito – até porque, por mais que os eleitores evangélicos sejam em grande número, não são 200 milhões de habitantes nesta Terra Papagalli. E nem todos os evangélicos são tão fundamentalistas e a ponto de engolir estas monstruosidades feito robôs. Resultado: Marina não foi pro segundo turno. Afinal, bem que os fundamentalistas evangelicuzinhos queriam e ainda desejam, mas os evangélicos ainda não são a maioria da população brasileira, e nem todos os eleitores votam de acordo com religião, mas por propostas de governo – e Marina fez a sua própria campanha ir para o brejo entre os não evangélicos ao ceder às tuitadas chantagistas de Silas Mala-Sem-Alça-Faia e mudar itens de seu programa de governo sobre o povo LGBTAh, sim: e Edino Fonseca não se elegeu.
Então, de duas uma: ou o doutor Pezão realmente não sabia das convicções homofóbicas do pastor Teixeira – e neste caso, foi uma falha brutal dos aspones (= ASsessores de POrra NEnhuma – © Roniquito de Chevalier) do sr. governador, que deveriam ter verificado e lhe informado; ou o doutor Pezão sabia, mas não estava nem aí, já que o importante eram as "conjuminâncias" políticas: nomeia-se qualquer um, desde que seja de um partido que faz parte da base governista, para qualquer coisa, e assim mantém o partido na base. O substituto do pastor Ezequiel Teixeira na Secretaria – o deputado estadual Paulo Melo (PMDB), que estava na chefia da Casa Civil – que o diga. Não que o doutor Paulo Melo seja um fundamentalista evangelicuzinho. Mas também não é bem assim um paladino das causas e reivindicações LGBT. Haja vista esta reportagem n'O Globo de 20 de fevereiro último:

Durante seu terceiro mandato, em 1999, na votação de um projeto para tornar de utilidade pública o grupo Arco-Íris (voltado para a causa LGBT), Melo fez piada ao falar sobre a possibilidade da existência de ex-gays.
Embora tenha votado favoravelmente ao projeto, o deputado disse, em plenário, durante um debate em que veio à baila a questão da cura gay, levantada por outro parlamentar, que "garrafa que levou querosene não perde o cheiro jamais".
O trecho completo está registrado nos arquivos da Casa: "Sr. Presidente, não gostaria de criticar. Penso que devemos acreditar na recuperação do ser humano em todos os níveis. Em alguns casos, exigem-se provas científicas. No interior, existe a "prova da farinha". Se não passar pela "prova da farinha de trigo", não há justificativa. Voto favoravelmente ao projeto, porque devemos investir em todas as propostas, mas "garrafa que levou querosene não perde o cheiro jamais".

(Tá, essa piadinha – SIC – era uma resposta o "colega" Wolney Trindade, que era contra o projeto – e que aqui, em Niterói, durante sua vereança, sempre apoiou projetos contra os LGBT. Mas mesmo assim...)

***********

A propósito: antes da exoneração do pastor Ezequiel Teixeira (e logo depois que o reverendo pontificou sobre a "cura gay"), um casal LGBT se manifestou sobre isso de maneira contundente.
No caso, o casal é formado pelo jornalista Gilberto Scofield Jr. e Rodrigo Barbosa, pais do pequeno Paulo Henrique, de 6 anos.
Vale ler o que escreveram, na íntegra:

Sr Ezequiel Teixeira,
Hoje eu acordei, ao lado do meu marido, com quem vivo há 13 anos, com a notícia de que o senhor acredita na cura gay. Eu, gay, nunca acreditei nisso. E nunca acreditei porque tenho consciência de que não estou doente.
Desde muito pequeno "sentia que era diferente dos outros meninos". Sinto-me obrigado a colocar essa frase entre aspas porque é algo que foi dito muitas vezes, por muitas pessoas que, assim como eu, não se sentem doentes.
Muitos anos antes do meu nascimento, e acredito que do seu também, em 1948, o homossexualismo passou a existir na Classificação Internacional de Doenças (CID) sob código 320, dentro da categoria de Personalidade Patológica, na subcategoria de Desvio Sexual.
Acredito que o senhor saiba que no dia 17 de maio de 1990 o homossexualismo deixou de fazer parte da CID. Eu não lembro desse marco, tinha apenas 9 anos, mas lembro que naquele mesmo ano perdemos Cazuza. Quem queria um Cazuza diferente daquele que tivemos? Não, não queremos cura alguma.
Aos 14 anos comecei a me relacionar com homens mais velhos, já que os meninos da minha idade não contavam uns aos outros sua orientação sexual. Era 1995. E lendo o jornal de hoje já nem sei se posso dizer que era uma época mais careta, mas certamente menos esclarecida. Eu não tinha abertura para conversar com meus pais, amigos, escola. Por vezes, me arriscava a entrar no carro de pessoas das quais eu nem sabia o nome em busca de alguma aventura. Outras vezes apenas suprimia meus desejos e as lembranças hoje são de uma infância e adolescência muito tristes, tentando esconder de todos que eu conhecia quem eu realmente era.
Em algum momento eu consegui me libertar do julgamento de pessoas que acham que a homossexualidade (como passou a ser chamada, porque não se trata de uma doença, e então não precisa de cura) seja algo errado, um desvio, uma escolha, e passei a ser feliz.
Hoje, casado, pai de um menino de 6 anos que é uma felicidade na minha vida, digo com total certeza que não há nada a ser curado aqui. Olhe para a foto da minha família e me diga, sinceramente, se tem algo a ser curado aqui. É uma delícia ser gay, Sr Ezequiel, acredite. Aliás é uma delícia poder ser quem você é ou quer ser. O único momento em que eu me sinto entristecido, é quando abro o jornal e vejo que uma pessoa que está no cargo de Secretário de Direitos Humanos faz declarações como essas que todos lemos na manhã de hoje.
Mas não há cura para o mau-caratismo e a sem-vergonhice, não é mesmo? Que vergonha em ter o senhor como Secretário. Que vergonha!
...
Alguns amigos me perguntaram se podem compartilhar. Claro. Essa luta é de todos nós.

(Ah, em tempo. O filho Paulo Henrique, 6 anos, é filho de um casal de "diferentes" – um homem e uma mulher – de Capelinha, MG: a mãe morreu, e o pai não quis ficar com ele. E foi adotado pelo casal Gilberto e Rodrigo depois que três casais heterossexuais o rejeitaram, porque o acharam "feio demais" ou "negro demais". O que rendeu mais uma respostaincisiva deles – desta vez, a Eduardo Vai-Tomar-no-Cunha, por conta doescrotíssimo projeto do Estatuto da Família"Não, deputado Eduardo Cunha. A paternidade virtuosa não é um monopólio da heterossexualidade. E caso a sua religião não pregue a tolerância, preste atenção num fato muito simples: toda a criança adotada por um casal de gays ou de lésbicas foi abandonada/espancada/negligenciada por um casal heterossexual, esse mesmo que o senhor julga serem os únicos capazes de criar filhos 'normais'."
Simples assim.

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E agora, para não dizer que implico demais com os evangélicos e com o dízimo...
Permitam-me citar alguns trechos de um artigo sobre o assunto a seguir, lá no Blasting News), com informações muito esclarecedoras para os não religiosos a respeito do dízimo:

(...) saiba como funciona e para onde vai, em tese, o dinheiro arrecadado nos cultos religiosos, a intenção desta matéria não é levantar discussão sobre o tema, é apenas para fins informativos, de acordo com pesquisas e conversas com alguns pastores e sacerdotes.
O dízimo, na maioria das igrejas, não é "cobrado", e sim "sugerido", tem base na Bíblia e origem no velho testamento. O dízimo era o compromisso feito pelos judeus com Deus de darem 10% de tudo o que produziam para manutenção dos templos e sobrevivência dos membros da tribo de Levi, chamados de "levitas", e dos sacerdotes, que dedicavam a sua vida para cuidar dos templos, (ou tabernáculos), homens que pela lei de Moisés não podiam possuir bens nem propriedades e não recebiam heranças. Esses recursos também eram usados para socorrer os pobres, viúvas e órfãos desamparados na época.
Hoje o dízimo, em tese, tem praticamente a mesma função de antigamente, cobrir os custos de manutenção de uma instituição religiosa nas despesas de cunho material, como água, energia elétrica, telefone, manutenção elétrica e hidráulica, alugueis, limpeza, etc., os recursos também são usados em obras sociais, evangelização, escolas, associações de amparo à viciados e socorro aos mais necessitados.
A contribuição em algumas igrejas deve ser regular e proporcional [ao] ganho do fiel. É entendido como um meio de manifestação da sua fé numa forma concreta, aquele que compromete como dizimista deve estar ciente de que nunca estará "pagando" pelas bênçãos que espera receber e sim "devolvendo" parte do que já lhe foi concedido materialmente. O dízimo também é um compromisso do fiel para cobertura das despesas da igreja.
Alguns padres e pastores não veem dificuldades em falar sobre este assunto, mas concordam que sua prática tem sido tema de polêmica devido a abusos e deturpação das referencias bíblicas sobre dízimos por parte de alguns que eles chamam de "mercadores da fé", que abusam da interpretação das escrituras para enriquecimento pessoal em cima de pessoas fragilizadas ou sem instrução.

Tipo assim: ao invés de socorrer pobres, viúvas, órfãos e outros desamparados, o dízimo financia a construção de templos de suntuoso mau gosto – como um, lá em São Paulo, de certa igreja dona de uma rede de TV. (E que tem tanta grana que ainda aluga 22 horas de programação em outra rede de TV – alô, Ministério das Comunicações, onde estás que não respondes?)
Ou paga salários de alto executivo a pastores de certas igrejas – como a de Silas Mala-Sem-Alça-Faia, e ele próprio assume aqui naquela entrevista ao iG:

iG: Quanto ganham em média os pastores da sua igreja? 
Silas Malafaia: Ninguém ganha igual. Cada um tem o seu valor. Tenho pastores que ganham entre R$ 4 mil e R$ 22 mil. Pastores que mando para outro estado, pago casa, água, luz, escola dos filhos, gasolina. Dou dignidade aos caras. Não trabalho com zé bobão. Tinha dois pastores que eram advogados e possuíam escritórios de advocacia. Cheguei e perguntei: amigo, o que você quer ser? Pastor ou advogado? Qual é teu chamado? Pastor? Então fecha essa porcaria e vem comigo. Não tenho gente que não ia ser nada na vida e virou pastor.
iG: O senhor diz que é o único pastor que fala em valores. Quanto o senhor paga pelo o seu tempo na TV? 
Silas Malafaia: Não posso dizer o que pago na Band por regra contratual. Na Rede TV, pago R$ 900 mil por mês. Na CNT, pago R$ 450 mil. Eu dou número, amigo. Não tenho problemas.

Pois eis que, para meu alívio – e alegria dos verdadeiros cristãos evangélicos (sim, isso mesmo, os evangélicos de verdade, não os evangelicuzinhos acometidos pela Síndrome da Melancia no Pescoço, tipo Feliciânus, Mala-Sem-Alça-Faia et caterva) – descubro alguém que lembrou o sentido original do dízimo e preferiu aplica-lo em coisas mais úteis do que salários gordos, templos suntuosos e redes de TV.
A seguir, notícia do site Gospel Mais sobre o assunto:

Igreja aplica dízimos e ofertas na construção de casas para fiéis que não têm onde morar

A Igreja Primitiva é descrita na Bíblia como uma comunidade em que todos repartiam seus bens de forma que nenhum fiel ficasse desamparado. Aplicar esse conceito de forma literal nos dias de hoje é algo visto como impossível, mas adotar princípios dessa filosofia, não.
O pastor Fábio Mendonça, líder da Assembleia de Deus Ministério Lagoinha na cidade de Araruama, Rio de Janeiro, e sargento da Polícia Militar da 25ª CIA em Cabo Frio, aplicou princípios da Igreja Primitiva na congregação que dirige.
Atento às necessidades materiais de alguns membros de sua igreja, resolveu reverter a aplicação dos dízimos e ofertas arrecadados na construção de moradias para os fiéis em situação de vulnerabilidade social, sem custos para os beneficiados.
Mendonça afirmou, em entrevista ao jornal O Cidadão, que a ideia surgiu do desejo de prestar assistência às pessoas em dificuldades: “A igreja a princípio se assustou com a ideia, mas eu tinha que ser o primeiro a mostrar que poderia acontecer. Na Polícia Militar eu trabalho com manutenção, usei minha experiência na área no projeto. Por isso, eu mesmo fiquei de frente, inclusive, ajudando a cavar a fundação das casas”.
A iniciativa incomum já recebeu críticas, disse Mendonça: “Alguns pastores me perguntaram se eu não estava ‘arrumando’ muito trabalho. Se Deus pensasse no trabalho que o ser humano dá a Ele em relação à desobediência a seus princípios, não teria feito o mundo. Tudo que fazemos na vida pode nos gerar problemas, você não compra um carro, por exemplo, pensando que o pneu pode furar um dia, mas no benefício que você vai ter com o veículo”, ilustrou.
O trabalho voluntário e o aproveitamento máximo dos materiais foram essenciais para que o desafio se tornasse realidade, de acordo com o pastor: “O maior desafio era não desperdiçar material e economizar com mão de obra. Foram construídas quatro casas em apenas quatro meses, os dízimos e ofertas foram revertidos para a obra. Além de mim, mais três pedreiros ajudaram na realização das construções trabalhando voluntariamente aos finais de semana”.
A congregação possui 200 membros, e com a iniciativa de construir moradias para os fiéis que não tinham onde morar houve mobilização solidária por parte da comunidade. O pastor Fábio Mendonça ressalta que não realizou nenhuma campanha de arrecadação: “Não sou de pedir. Acredito que quando o trabalho é direito, o Espírito Santo se encarrega de mover o coração das pessoas ao desejo de ofertar. E assim foi: um membro doou mil tijolos, outro duas pias…”, disse, revelando que a iniciativa ainda não atendeu as necessidades de todos os membros: “Agora, estamos construindo mais quatro quitinetes, com o desafio de entregá-las até o dia 12 de outubro, pois, hoje temos duas senhoras alojadas na igreja, uma delas está no espaço onde eu atendia, meu gabinete pastoral e a outra na ‘salinha’ das crianças”.
Segundo o pastor, sua iniciativa não tem motivação política: “Se eu estiver fazendo isso na intenção de ser candidato o trabalho é em vão, não tenho interesse político nenhum”.
“As igrejas devem ficar mais atentas à necessidade do povo. Sejam elas materiais ou espirituais. Há igrejas em que a maioria dos membros não possui necessidades financeiras, mas sempre há os que precisam de ajuda espiritual e aqueles que precisam de ajuda material”, alertou o pastor Fábio Mendonça.
Por Tiago Chagas, para o Gospel+

Gostei muito disso. E mais ainda em saber que o pastor Fábio Mendonça não pretende entrar na política e ser candidato a alguma coisa.
Aliás, torço para que ele mantenha a promessa de não se candidatar a nada. Porque parece que há algo na água do Congresso Nacional, assembleias estaduais e câmaras de vereadores que contamina até o cristão mais humilde com a Síndrome da Melancia no Pescoço – senão com coisas piores... (Taí a Bancada dos Fiscais de Fiofó, vulgo Frente Parlamentar Evangelicuzinha, no Congresso Nacional, que não nos deixa mentir.) Porque não apenas os cristãos, mas todas as pessoas, precisam de gente que fique em terra firme, longe das "alturas" dos poderes políticos, para fazer o bem, sem ver a quem.

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E agora, a nossa indicação para esta séria série – aliás, uma indicação histórica.
Todo mundo – pelo menos, todo mundo que estuda a história do mundo direitinho – está careca de saber quem foi a rainha Cristina da SuéciaE, possivelmente até assistiram o filme de 1933, com Greta Garbo – onde, aliás, tinha o hábito de beijar sua favorita, Ebba, na boca, de leve, como nesta cena.


E, é claro, todo mundo sabe que Cristina tinha opiniões fortes e o hábito de se vestir com roupas masculinas – cortesia, aliás, da própria educação que teve para reinar, já que os próprios suecos a chamavam de "Menina Rei"...
Isso, aliás, tornou Cristina um ícone não só das feministas, mas da comunidade LGBT. Mas só recentemente começou a se escrever a respeito de sua sexualidade peculiar – especialmente os finlandeses, vizinhos da Suécia, que demonstraram certa obsessão pelo assunto. (Não só eles, claro.)
Uma certa Laura Ruohonen escreveu uma peça, Queen C, onde Cristina é, claro, a protagonista – uma rainha que deixa seus contemporâneos com suas opiniões controversas sobre a identidade e sexualidade humana, e acaba abdicando por causa disso.
Agora, o cineasta finlandês Mika Kaurismaki – muito conhecido nosso, até porque vive no Brasil desde 1992, casado com uma baiana e pai de dois filhos brasileiros – resolveu dar seu pitaco na vida da rainha Cristina, com The Girl King (A Jovem Rainha – Suécia/Finlândia/Canadá/Alemanha, 2015).
(Aliás, alguém precisa nos explicar porque os tradutores das distribuidoras brasileiras transformaram o título original, que traz o apelido que os próprios suecos lhe deram, "Menina Rei", em A Jovem Rainha... Parece que Ruy Castro, em seu artigo "Assim tropeça a humanidade – E outros títulos de filmes em português", de 2006 – do livro Um filme é para sempre, Companhia das Letras – tinha razão ao escrever: "Antigamente, brincava-se de chamar os Marx Brothers [os Irmãos Marx: Groucho, Chico, Harpo e Zeppo] de Irmãos Brothers — hoje, pelo visto, essa infame piada é feita a sério, e o sujeito é pago para fazê-la." E mais ainda ao escrever: "Se você der a um tradutor brasileiro a chance de fazer asneira, ele a fará." Mas voltemos à vaca devidamente congelada no frio de Estocolmo...)
Baseado em peça do canadense Michel Marc Bouchard (que também assina o roteiro), The Girl King se divide entre as intrigas da austera corte sueca do século XVII e o amor (agora bem mais claro) da rainha Cristina (Malin Buska, bela e excelente atriz) com sua favorita, a condessa Ebba Sparre (Sarah Gadon, outra bela e talentosa atriz canadense).
Que bicho isso vai dar? Não sei. Só insistindo com os distribuidores brasileiros para que lancem The Girl King em Terra Papagalli... Tá, tá bom, pode ser com este redundante título, A Jovem Rainha. Mas não nos privem deste filme por favor...
Enquanto A Jovem Rainha... ou The Girl King (fica a seu critério como chamar este filme...) não vem, fiquem com o trailer.