E, é
forçoso reconhecer: a sua saída da Secretaria deve-se à sua contraditória
língua comprida. O senhor jurou de pés juntos que iria continuar o Rio Sem
Homofobia, mesmo desmontando-o acintosamente, demitindo cerca de 78 pessoas,
fechando quatro centros de atendimento e suspendendo o telefone 0800 do projeto
– tendo como pretexto a crise financeira do estado e a necessidade de cortar
custos.
—
Poxa, o senhor crê na cura? Eu creio,
plenamente. Eu não creio só na cura gay, não. Creio na cura do câncer, na cura
da Aids... Sabe por quê? Porque eu sou fruto de um milagre de Deus também.
Ora,
como acreditar que o senhor diz que vai manter um programa que combatia o ódio
ao povo LGBT, que estava desmontando, se acredita que: câncer + AIDS +
homossexualidade = tudo doença.
E
logo depois, ao responder as críticas do coordenador do Rio Sem Homofobia,
Claudio Nascimento, foi ainda mais explícito (o grifo é meu):
—
Os incomodados que se mudem. Eu estou aqui e bem. Quem é o secretário? Se está desconforme com o secretário, o que
vou fazer? Eu não o poderia ter exonerado? Eu exonerei várias pessoas...
Estou tentando caminhar (...) Fui eleito com essas convicções. Fui convidado
para estar aqui. E todos que me chamaram sabiam das minhas convicções.
Ou seja, o
senhor não foi gentilmente convidado a se retirar da Secretaria por suas
convicções, mas porque elas batiam de frente (com perda total) com suas
promessas de combater a homofobia.
Melhor
dizendo: porque o senhor não foi honesto a respeito de suas convicções: disse
uma coisa – "vou manter o Rio Sem Homofobia" – quando até quem tem
dois neurônios no cérebro sabe que o senhor pensa outra coisa – "homossexualidade
é doença, e um dia vai ter cura, mas até lá não podemos aturar". (Se bem
que é mais fácil a cura da calvície – que, aliás, bem que o senhor está
precisando... – do que a "cura" para algo que não é doença, e nem é
mais considerado como tal há anos.). Em suma: o senhor fez o que os políticos
fazem – para o bem (?) e para o mal – e o eleitor já está cansado de aturar.
Com isso,
se o senhor tivesse um mínimo de vergonha na cara, simplesmente voltaria para a
Câmara dos Deputados e para a sua insignificância.
Mas a
vaidade... ah, a sua vaidade... ela não podia ficar quieta...
Mal o
senhor volta, já solta o verbo como vingança.
Lá vai o senhor discursar na Câmara dos Deputados (ainda presidida por Eduardo
Vai-Tomar-no-Cunha... aliás: e aí, STF, quando é que vão tirar este pulha?)
para tentar se justificar. Segundo o
senhor, a culpa de sua exoneração não é de suas (com o perdão do termo) m...,
mas porque... como é que mesmo? Ah, sim: intolerância religiosa (SIC). (Estranha intolerância essa, que permite que um religioso se candidate a
um mandato parlamentar, se eleja e obtenha a imunidade parlamentar – que tem
limites – para "ser discriminado"... Faz-me rir, reverendo, faz-me
rir...)
— O que praticaram foi intolerância
religiosa, por eu manter firme minhas convicções como filho de Deus. Fui
exonerado por crer nos milagres de Deus — disse o deputado, ao finalizar o
discurso.
(Ah, tá..."por eu manter firme minhas convicções"... incluindo as homofóbicas,
não é?)
- (Eu) não iria permitir a prorrogação da
farra com dinheiro público que ocorre desde antes de 2010. Só no último ano
foram gastos R$ 228 mil em uma única festa homoafetiva. Olha a contradição.
Enquanto uma parcela da população estava sem salário, o estado financiava uma
festa. Agora pergunto: acham que a festa atende ao interesse público? -
questionou.
"O Estado
não pode bancar festa enquanto pessoas morrem na fila dos hospitais
diariamente. Prevaleceu a promiscuidade no custeio do casamento gay" (...)
"Isso sem contar com o valor de mais de R$ 1 milhão e meio destinados para
a realização de conferências e festas chamadas paradas do orgulho gay e outras
ações que consumiram mais de R$ 9 milhões, em 2015, que em nada favoreceram
para a diminuição do preconceito. Isso é apenas farra. Isso me causa indignação",
completou o deputado do PMB.
Nesse
ponto, eu tenho de lhe dar razão. É meio vergonhoso custear eventos com
dinheiro público enquanto os serviços essenciais estão em crise.
E, se
seguirmos tal lógica, então deveríamos cancelar os preparativos para as
Olimpíadas – o que é meio difícil de acontecer, já que faltam seis meses para a
sua realização e está quase tudo pronto.
Ah, sim: e
também por esta lógica, o estado do Rio de Janeiro não deveria destinar verbas
públicas para ajudar a financiar a Marcha para Jesus, que ocorre antes da
Parada LGBT justamente para, entre outras coisas, dar voz a pastores tão
homofóbicos como o senhor que, justamente, esculhambam o povo LGBT.
Até porque (e
se o senhor, membro do parlamento federal brasileiro, não sabe, vou ter de lhe
dizer) a República Federativa do Brasil É UM ESTADO LAICO – isto é, um Estado
que garante liberdade a todas as religiões, mas NÃO ADOTA NENHUMA COMO RELIGIÃO
OFICIAL, MERECEDORA DE VERBAS SAÍDA DO MEU, DO SEU, DO NOSSO DINHEIRO DE
IMPOSTOS.
Não custa
nada lembrar ao senhor o que diz a Constituição Federal (os grifos são meus):
Art. 19. É
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos
ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes
relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a
colaboração de interesse público;
Então,
seguindo a mesma lógica: se não é justo que o Estado brasileiro dê dinheiro dos
nossos impostos (que deveria custear os serviços públicos essenciais para a
população) para as Paradas LGBT, é justo que o estado LAICO brasileiro dê esse
mesmo dinheiro para eventos religiosos? Muitos dos quais (como a Marcha para
Jesus) trazendo religiosos que propagam a discriminação ao povo LGBT?
Portanto,
na boa, reverendo Ezequiel Teixeira: o senhor precisa ser mais humilde e
aprender a perder.
Sem mais
para o momento,
Atenciosamente
(SIC)...
********************
Agora,
nossa indicação para esta séria série: Parceiras
Eternas (Life partners - EUA,
2015), de Susanna Fogel. Sim, é uma comédia romântica, porque rir ainda e sempre será
o melhor remédio. Parceiras Eternas é a história de duas grandes e inseparáveis amigas, Paige (Gillian Jacobs) e Sasha (Leighton
Meester). Paige é hetero; Sasha é lésbica assumida, com o apoio declarado de
Paige, que promete se casar apenas quando a amiga tiver os mesmos direitos
legais (isto é, de se casar com outra mulher – ou seja, este filme,
possivelmente, foi realizado antes da Suprema Corte dos EUA finalmente conceder
ao povo LGBT o direito de se casar com pessoas do mesmo sexo). Só que esta
cumplicidade é posta à prova quando Paige se apaixona por um jovem e belo
médico (Adam Brody). E agora? Ora,
assistam o filme e tirem suas conclusões. Minto. Uma
conclusão já posso apresentar: ao contrário dos que os fiscais de fiofó alheio
homofóbicos querem nos fazer pensar, heteros e o povo LGBT podem perfeitamente
ser amigos. Isso é até saudável para a sociedade.
Se você estudou História antiga, deve ter ouvido falar
em Calígula, que, entre outros tantos imperadores de Roma, foi um dos mais doidos.
E, é claro,
conhece a história da nomeação de seu cavalo favorito, Incitatus, para o Senado
romano.
Pois é.
Ninguém esperava
que, séculos depois, o Congresso Nacional teria vários Incitatus. Com a
diferença que não são cavalos, mas burros mesmo. E não precisou nenhum
imperador nomeá-los: bastou o voto direito e secreto. (E, é claro, os
candidatos enganarem o eleitor, fazendo-os achar que eram normais e tinham
cérebro.)
Uma
destas bestas quadradas é Hidekazu Takayama, pastor da Assembleia de Deus e
deputado federal pelo PSC do Paraná. Para quem acha que os japoneses e seus
descendentes são de uma inteligência acima da média, tenho a grave incumbência
de lhes informar: Takayama é uma triste exceção. Entre outras opiniões a respeito do povo LGBT, saiu-se com esta "pérola": "Se continuar com esse tipo de argumento
que dois homens e duas mulheres formam uma família, daqui a pouco vai ter homem
com vaca e vai virar avacalhação." (Lembra e muito a cabra do dr. Guzzo, em seu artigo infeliz para a (In)Veja, não?)
Ah, sim: o
reverendo Takayama também disse isso (não vale rir, nem de nervoso):
“Eu desafio qualquer jornalista investigativo a descobrir, dos
quase 4 mil casos de assassinatos de homossexuais, quantos foram praticados por
católicos ou evangélicos? Nenhum. Então quem deveria ir para a cadeia são os
homossexuais. Eles é que nas briguinhas íntimas cometem os crimes”
iG: Mas o senhor não acha que deveria ser feito
algo para evitar as discriminações e agressões físicas aos gays? Silas Malafaia:Não desejo que ninguém morra, ok? Mas os homossexuais dizem que foram assassinados
260 deles no ano passado. Cinquenta mil pessoas foram assassinadas no Brasil no
ano passado. O número de homossexuais mortos representa 0,52%. Um dado que eles
não falam:grande parte das
mortes é resultado de briga de amor entre eles.Que papo é esse? No mínimo, uns 50%.
Homofobia é falácia de ativista gay para manter verbas para suas ONGs para
fazer propaganda de que o Brasil é um país homofóbico. Homofóbico uma vírgula,
amigo.
Mas
voltando ao pastor Panakayama... digo, Takayama.
Ainda que
idiota (não como o Eremildo, do Elio Gaspari...), não é tão bobo. Sabe que, mesmo
com o fato de que, até agora, pastores escaparam de ajustar contas na justiça
por propagar o ódio se escondendo atrás da Bíblia (não só contra o povo LGBT,
mas contra outras religiões – especialmente as afro-brasileiras e espíritas
kardecistas), isso pode acontecer um dia.
Por
isso, apresentou o seguinte projeto de lei(favor
manter ao seu lado um copo d'água e sal de frutas para tomar depois de ler. Os
grifos são meus):
Projeto de lei que pretende dar imunidade criminal aos
religiosos que cometerem crimes de injúria e difamação volta a tramitar na
Câmara dos Deputados e causa preocupação. Dos 23 membros titulares da comissão
que vai analisar o projeto, 17 fazem parte da frente evangélica, e dois da
frente católica. Juristas criticam a proposta
Um projeto de lei na Câmara
dos Deputados quer dar imunidade aos
crimes de injúria e difamação para as opiniões de líderes religiosos no
exercício de suas atividades.
O texto é
criticado por dar imunidade criminal a
um grupo específico e chega num momento em que líderes religiosos são
questionados na Justiça sob acusações de ofensas e incitação à violência contra
homossexuais e religiões afro-brasileiras. A proposta deve
voltar a tramitar a partir de fevereiro, com o fim do recesso parlamentar, na
comissão especial criada em novembro para dar parecer sobre o projeto. O autor do texto,
deputado Takayama (PSC-PR), justifica a proposta com o argumento de que o
objetivo é “garantir a
liberdade de expressão dos religiosos“. O texto em
tramitação hoje abre uma brecha para que qualquer pessoa que emitir uma
manifestação de teor religioso fique imune aos crimes de injúria e difamação. Diz o texto mais
atual da proposta que “não será configurada como crime de injúria ou difamação
a manifestação de crença religiosa, em qualquer modalidade, por qualquer
pessoa, acerca de qualquer assunto e a opinião de professor no exercício do
magistério”.
Bancada Evangélica
Juristas
religiosos criticam o projeto. Para o presidente da Anajure (Associação
Nacional de Juristas Evangélicos), Uziel Santana, o direito à opinião não deve
ser defendido com base em alterações nas leis penais. Santana afirma
ver contradição na crítica feita por setores religiosos ao projeto de tornar
crime opiniões que ofendam os homossexuais (homofobia) e a defesa do texto de
Takayama. “Então, quando os
próprios evangélicos criticam o PL 122/06 da homofobia justamente por que é uma
norma penal, como eu, evangélico, vou defender um projeto de natureza penal
para dar uma excludente a essas duas questões [injúria e difamação] a
professores e religiosos?”, questiona Santana. “Acho que legislação penal não
serve para direitos humanos. Essa é uma opinião fechada da Anajure”, diz. “Religiosos, professores, homossexuais,
de direita e de esquerda devem ser cidadãos. E como cidadãos
eles têm seus direitos e seus deveres”, afirma. O presidente da
Anajure, que tem acompanhado a tramitação do projeto, diz que a comissão
especial foi criada originalmente para analisar o projeto do Estatuto da
Liberdade Religiosa, mas por pressão da Frente Parlamentar Evangélica, foi
incluído o projeto que trata dos crimes de injúria e difamação. Dos 23 membros
titulares da comissão que vai analisar o projeto, 17 fazem parte da frente
evangélica, e dois da frente católica.
Injúria e difamação
O crime de
difamação é a atribuição a alguém de um fato ofensivo à sua reputação. Por
exemplo, dizer que alguém é desonesto ou que trai a mulher. Já a injúria está
relacionada ao ato da ofensa em si, e pode ser configurada por meio de
xingamentos, por exemplo. A dupla costuma estar associada ao crime de calúnia,
que é quando é atribuído a alguém a prática de um crime. Por exemplo, ao dizer
que um homem é ladrão. A calúnia, no entanto, não é alvo do projeto de lei em
tramitação na Câmara. O promotor de
Justiça e professor de direito penal da PUC-SP (Pontifícia Universidade
Católica) Christiano Jorge Santos afirma que a liberdade de expressão de religiosos e professores já é garantida por
lei. Ele explica que só é
configurado o crime quando está clara a intenção de ofender, e que a lei não
pune a discussão de ideias, mesmo que contrárias a outras crenças ou
comportamentos sociais. “Qual a
justificativa para se pretender excluir do rol dos crimes do artigo 140 [do
Código Penal] uma ofensa no contexto religioso ou praticada por quem está no
exercício de função religiosa?”, questiona Souza.
Religiosos processados
Líderes
religiosos que se destacam por sua atuação já tiveram opiniões questionadas na
Justiça sob a suspeita de discriminação. Em maio do ano passado, a TV Record,
de propriedade do bispo Edir Macedo, foi condenada a exibir quatro programas de
televisão como direito de resposta às religiões de origem africana por ofensas
contra elas, veiculadas no programa “Mistérios” e no quadro “Sessão de
Descarrego”. Outro caso
ocorreu em outubro de 2015, quando o TRF-3 (Tribunal Regional Federal da 3º
Região) determinou que seja retomado o processo contra o pastor Silas Malafaia
por supostas declarações homofóbicas durante o programa de TV “Vitória em
Cristo”. informações deFelipe Amorim, UOL
Pois é.
É como diz
um engraçadinho no Facebook sobre o motivo do projeto:
"Eu
sei o porquê desta proposta: querem evitar que Jesus, se e quando voltar à
terra, processe pastores como este ou Silas Malafaia por falsidade
ideológica..."
Sério. Já não
basta às igrejas que eles representam ter isenções fiscais (que nós, comuns
contribuintes, não temos) Agora, querem ter ainda mais liberdade de pregar o
ódio contra outras religiões e estimular as agressões.
Marco
Feliciânus poderá pregar sossegado que "africanos são uma raça
amaldiçoada" (enquanto insistirem em cultuar seus orixás, claro; se eles se
converterem às igrejas evangelicuzinhas e colocarem dízimos nos bolsos destes
"homens de Deus", estarão "abençoados"...). Silas
Mala-Sem-Alça-Faia pode incitar as pessoas, em sentido "figurado"
(SIC), a "meter o pau" no povo LGBT. E o próprio pastor Babakayama...
ops, Takayama (ô teclado ruim...) pode continuar comparando o casamento entre
pessoas do mesmo sexo a relações entre humanos e vacas...
Será.
Vamos dar
uma lidinha na parte do Código Penal que trata deste assunto (o grifo, para
variar, é meu):
PARTE ESPECIAL
TÍTULO I DOS CRIMES
CONTRA A PESSOA
CAPÍTULO V DOS CRIMES
CONTRA A HONRA
Exclusão do crime
Art. 142. Não constituem injúria
ou difamação punível:
I - a ofensa irrogada em juízo,
na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;
II - a opinião desfavorável da
crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável
emitido por funcionário público, em apreciação ou informação que preste no
cumprimento de dever do ofício.
Parágrafo único. Nos casos dos
ns. I e III, responde pela injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade.
Retratação
Art. 143. O querelado que, antes
da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de
pena.
Em
português mais ou menos claro: o projeto de lei do deputado Babakayama (vai
assim mesmo: não vou parar o texto para consertar esse teclado ruim...) só vai
dar mais trabalho aos advogados dos que forem ofendidos por evangelicuzinhos.
Voltando a
Feliciânus, só para usar um exemplo: se ele voltar a usar aquela babaquice de
que "africanos são descendentes de Caim e uma raça amaldiçoada" e
disser que isso está na Bíblia, o advogado vai ter de consultar um teólogo
sério (não estes fundamentalistas evangelicuzinhos...) para saber se isso é
sério.
Como a
história de Caim e Abel está no Antigo Testamento – por coincidência, a única
parte da Bíblia que os evangelicuzinhos consultam para pinçar seus exemplos (embora
sejam cristãos e, portanto, deveriam ser mais obedientes ao Novo Testamento) –
e quem escreveu o Antigo Testamento nem sequer conhecia a África como um todo (a
não ser o Egito dos faraós), vai ser mais ou menos fácil para o advogado e o
teólogo sério provarem que a África é "amaldiçoada" só na cabeça com
penteado de chapinha de Feliciânus, e pronto: fica configurada a ofensa, os
ministros do STF (que são os encarregados de julgar os nobres deputados
federais) o condenam, e pronto.
Isso
sem lembrarmos, claro, das manifestações "caridosas" de Feliciânus
sobre as mortes de John Lennon e dos Mamonas Assassinas (e aí, familiares dos
rapazes, já entraram com processo contra Feliciânus) e, last but not least, sobre os atentados do Estado Islâmico em Paris, que já comentei nesta séria série. Aí eu
espero que não tenha "imunidade de opinião" que livre Feliciânus e
outros evangelicuzinhos do mesmo "quilate"...
Em suma: só
vai dar mais trabalho aos advogados. Mas ainda assim, é preocupante essa tentativa canhestra de calar a boca das pessoas de bom senso.
**************************
Uma coisa é
certa: se tal lei cretina for aprovada, sei de outro evangelicuzinho que vai
agradecer muito por isso: o pastor Ezequiel Teixeira (hoje no PMB).
Seria
uma imunidade muito bem vinda para este cretino como pastor. Como parlamentar
não deu, pois não foi reeleito em 2014. Como secretário do governo (?) do
Estado, menos ainda. Custou, mas o governador (SIC) do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, demitiu o pastor da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos– cargo
para o qual, aliás, o doutor Pezão nem deveria ter nomeado. A frase já é mais
do que manjada, mas vá lá: nomear um pastor homofóbico para uma secretaria de
Direitos Humanos foi o mesmo que colocar um lobo ou raposa para cuidar de um
galinheiro. O
mais engraçado é que, segundo o próprio doutor Pezão, ele só demitiu o imbecil
porque não sabia de suas posições homofóbicas, que ele só descobriu depois de ler a entrevista dele em O Globo. Não lhe
chamou a atenção o fato de que, para supostamente atender à determinação de
cortar gastos dentro do Estado, o pastor Teixeira resolveu desmontar um projeto
subordinado à sua secretaria – justamente, o projeto Rio Sem Homofobia, um
sucesso e um exemplo desde que foi montado em 2007. Na entrevista, o pastor Teixeira
negou, jurando de pés juntos, que
o
fato de ser um dos fundadores da igreja evangélica Projeto Nova Vida e que seus
valores religiosos influenciem suas ações na pasta.
Ah,
sim, e jurou que vai continuar o Rio Sem Homofobia – isso depois de demitir
cerca de 78 pessoas, fechar quatro centros de atendimento e suspender o
telefone 0800 do projeto.
Só
que, antes de fazer tais juras, o pastor Teixeira se traiu. Ao ser questionado
pelo repórter se acredita na "cura gay", eis o que ele responde (o grifo é meu):
—
Poxa, o senhor crê na cura? Eu creio,
plenamente. Eu não creio só na cura gay, não. Creio na cura do câncer, na cura
da Aids... Sabe por quê? Porque eu sou fruto de um milagre de Deus também.
Ou
seja: para o pastor: câncer + AIDS + homossexualidade = tudo doença.
E
logo depois, ao responder sobre as críticas do coordenador do Rio Sem
Homofobia, Claudio Nascimento, foi ainda mais explícito (o grifo é meu):
—
Os incomodados que se mudem. Eu estou aqui e bem. Quem é o secretário? Se está desconforme com o secretário, o que
vou fazer? Eu não o poderia ter exonerado? Eu exonerei várias pessoas...
Estou tentando caminhar (...) Fui eleito com essas convicções. Fui convidado
para estar aqui. E todos que me chamaram sabiam das minhas convicções.
O pastor só
esqueceu de um detalhe: o doutor Pezão – segundo o próprio governador (SIC)
diz, é claro – se sentiu incomodado com o que ele diz. Ao invés de se mudar,
ele fez com que o pastor se mudasse para o olho da rua – afinal, chefes de
governo também tem o poder de nomear e exonerar seus secretários, sempre que
quiser.
Mas
voltando à vaca fria:
O senhor
REALMENTE não sabia das convicções homofóbicas de seu secretário dos Direitos
Humanos, doutor Pezão?
Mas, se não
quiser ler o troço, posso fazer um resumo. Olha só a lista de coisas das quais
Dilma e Jean Wyllys eram acusados:
1- Queriam
legalizar a eutanásia;
2- Queriam
legalizar o aborto e instalar um "mercado de fetos abortados" (SIC);
3- Queriam
legalizar a prostituição, "inclusive de menores de 12 anos de idade";
4- Queriam
legalizar a maconha;
5- Queriam
legalizar a invasão de propriedades urbanas e rurais;
6- Queriam
legalizar a adoção de crianças por casais homoafetivos, o que, para eles,
"influenciaria as crianças a se tornarem gays" (?); e
7- Queriam,
claro, criminalizar a homofobia, "numa CLARA PERSEGUIÇÃO às famílias, aos
seguimentos (SIC) religiosos, avançando sobre a área educacional, comercial e
industrial (?)".
Pior: o
material foi feito, supostamente, para a campanha presidencial de Marina Silva
(então candidata do PSB) – afinal, ela é evangélica.
Em uma atualização posterior feita em seu
artigo no site da revista Carta Capital, Jean Wyllys comenta que a coordenação
da campanha de Marina veio a público e desautorizou os dois candidatos
fluminenses; garantiu que vai processá-los pelo que fizeram e que vai exigir o
recolhimento do material.
Foi
o que o TRE fluminense fez: recolheu este e outros materiais em outras igrejas.Mas o mal já estava feito – até porque, por mais que
os eleitores evangélicos sejam em grande número, não são 200 milhões de
habitantes nesta Terra Papagalli. E nem todos os evangélicos são tão
fundamentalistas e a ponto de engolir estas monstruosidades feito robôs.
Resultado: Marina não foi pro segundo turno. Afinal, bem que os
fundamentalistas evangelicuzinhos queriam e ainda desejam, mas os evangélicos
ainda não são a maioria da população brasileira, e nem todos os eleitores votam
de acordo com religião, mas por propostas de governo – e Marina fez a sua
própria campanha ir para o brejo entre os não evangélicos ao ceder às tuitadas chantagistas de Silas Mala-Sem-Alça-Faia e mudar itens de seu programa de governo sobre o povo LGBT. Ah, sim: e Edino Fonseca não se elegeu.
Durante seu terceiro mandato, em 1999, na votação de um
projeto para tornar de utilidade pública o grupo Arco-Íris (voltado para a
causa LGBT), Melo fez piada ao falar sobre a possibilidade da existência de
ex-gays. Embora tenha votado favoravelmente ao projeto, o deputado
disse, em plenário, durante um debate em que veio à baila a questão da cura
gay, levantada por outro parlamentar, que "garrafa que levou querosene não
perde o cheiro jamais".
O trecho completo está registrado nos arquivos da Casa:
"Sr. Presidente, não gostaria de criticar. Penso que devemos acreditar na
recuperação do ser humano em todos os níveis. Em alguns casos, exigem-se provas
científicas. No interior, existe a "prova da farinha". Se não passar
pela "prova da farinha de trigo", não há justificativa. Voto
favoravelmente ao projeto, porque devemos investir em todas as propostas, mas
"garrafa que levou querosene não perde o cheiro jamais".
(Tá,
essa piadinha – SIC – era uma resposta o "colega" Wolney Trindade,
que era contra o projeto – e que aqui, em Niterói, durante sua vereança, sempre
apoiou projetos contra os LGBT. Mas mesmo assim...)
***********
A
propósito: antes da exoneração do pastor Ezequiel Teixeira (e logo depois que o
reverendo pontificou sobre a "cura gay"), um casal LGBT se manifestou
sobre isso de maneira contundente.
No caso, o
casal é formado pelo jornalista Gilberto Scofield Jr. e Rodrigo Barbosa, pais
do pequeno Paulo Henrique, de 6 anos.
Hoje eu acordei, ao lado do meu
marido, com quem vivo há 13 anos, com a notícia de que o senhor acredita na
cura gay. Eu, gay, nunca acreditei nisso. E nunca acreditei porque tenho
consciência de que não estou doente.
Desde muito pequeno "sentia que
era diferente dos outros meninos". Sinto-me obrigado a colocar essa frase
entre aspas porque é algo que foi dito muitas vezes, por muitas pessoas que,
assim como eu, não se sentem doentes.
Muitos anos antes do meu nascimento,
e acredito que do seu também, em 1948, o homossexualismo passou a existir na
Classificação Internacional de Doenças (CID) sob código 320, dentro da
categoria de Personalidade Patológica, na subcategoria de Desvio Sexual.
Acredito que o senhor saiba que no
dia 17 de maio de 1990 o homossexualismo deixou de fazer parte da CID. Eu não
lembro desse marco, tinha apenas 9 anos, mas lembro que naquele mesmo ano perdemos
Cazuza. Quem queria um Cazuza diferente daquele que tivemos? Não, não queremos
cura alguma.
Aos 14 anos comecei a me relacionar
com homens mais velhos, já que os meninos da minha idade não contavam uns aos
outros sua orientação sexual. Era 1995. E lendo o jornal de hoje já nem sei se
posso dizer que era uma época mais careta, mas certamente menos esclarecida. Eu
não tinha abertura para conversar com meus pais, amigos, escola. Por vezes, me
arriscava a entrar no carro de pessoas das quais eu nem sabia o nome em busca
de alguma aventura. Outras vezes apenas suprimia meus desejos e as lembranças
hoje são de uma infância e adolescência muito tristes, tentando esconder de
todos que eu conhecia quem eu realmente era.
Em algum momento eu consegui me
libertar do julgamento de pessoas que acham que a homossexualidade (como passou
a ser chamada, porque não se trata de uma doença, e então não precisa de cura)
seja algo errado, um desvio, uma escolha, e passei a ser feliz.
Hoje, casado, pai de um menino de 6
anos que é uma felicidade na minha vida, digo com total certeza que não há nada
a ser curado aqui. Olhe para a foto da minha família e me diga, sinceramente,
se tem algo a ser curado aqui. É uma delícia ser gay, Sr Ezequiel, acredite.
Aliás é uma delícia poder ser quem você é ou quer ser. O único momento em que
eu me sinto entristecido, é quando abro o jornal e vejo que uma pessoa que está
no cargo de Secretário de Direitos Humanos faz declarações como essas que todos
lemos na manhã de hoje.
Mas não há cura para o mau-caratismo
e a sem-vergonhice, não é mesmo? Que vergonha em ter o senhor como Secretário.
Que vergonha!
...
Alguns amigos me perguntaram se podem
compartilhar. Claro. Essa luta é de todos nós.
(Ah,
em tempo. O filho Paulo Henrique, 6 anos, é filho de um casal de
"diferentes" – um homem e uma mulher – de Capelinha, MG: a mãe
morreu, e o pai não quis ficar com ele. E foi adotado pelo casal Gilberto e
Rodrigo depois que três casais heterossexuais o rejeitaram, porque o acharam
"feio demais" ou "negro demais". O que rendeu mais uma respostaincisiva deles – desta vez, a Eduardo Vai-Tomar-no-Cunha, por conta doescrotíssimo projeto do Estatuto da Família: "Não,
deputado Eduardo Cunha. A paternidade virtuosa não é um monopólio da
heterossexualidade. E caso a sua religião não pregue a tolerância, preste
atenção num fato muito simples: toda a criança adotada por um casal de gays ou
de lésbicas foi abandonada/espancada/negligenciada por um casal heterossexual,
esse mesmo que o senhor julga serem os únicos capazes de criar filhos
'normais'."
Simples
assim.
************************
E agora,
para não dizer que implico demais com os evangélicos e com o dízimo...
(...) saiba como funciona e para onde vai, em tese, o dinheiro
arrecadado nos cultos religiosos, a intenção desta matéria não é levantar
discussão sobre o tema, é apenas para fins informativos, de acordo com
pesquisas e conversas com alguns pastores e sacerdotes.
O dízimo, na maioria das igrejas, não é "cobrado", e sim
"sugerido", tem base na Bíblia e origem no velho testamento. O dízimo
era o compromisso feito pelos judeus com Deus de darem 10% de tudo o que
produziam para manutenção dos templos e sobrevivência dos membros da tribo de
Levi, chamados de "levitas", e dos sacerdotes, que dedicavam a sua
vida para cuidar dos templos, (ou tabernáculos), homens que pela lei de Moisés
não podiam possuir bens nem propriedades e não recebiam heranças. Esses
recursos também eram usados para socorrer os pobres, viúvas e órfãos desamparados
na época.
Hoje o dízimo, em tese, tem praticamente a mesma função de
antigamente, cobrir os custos de manutenção de uma instituição religiosa nas
despesas de cunho material, como água, energia elétrica, telefone, manutenção
elétrica e hidráulica, alugueis, limpeza, etc., os recursos também são usados
em obras sociais, evangelização, escolas, associações de amparo à viciados e
socorro aos mais necessitados.
A contribuição em algumas igrejas deve ser regular e proporcional [ao]
ganho do fiel. É entendido como um meio de manifestação da sua fé numa forma
concreta, aquele que compromete como dizimista deve estar ciente de que nunca
estará "pagando" pelas bênçãos que espera receber e sim
"devolvendo" parte do que já lhe foi concedido materialmente. O dízimo
também é um compromisso do fiel para cobertura das despesas da igreja.
Alguns padres e pastores não veem dificuldades em falar
sobre este assunto, mas concordam que sua prática tem sido tema de polêmica
devido a abusos e deturpação das referencias bíblicas sobre dízimos por parte
de alguns que eles chamam de "mercadores da fé", que abusam da
interpretação das escrituras para enriquecimento pessoal em cima de pessoas
fragilizadas ou sem instrução.
Tipo assim:
ao invés de socorrer pobres, viúvas, órfãos e outros desamparados, o dízimo
financia a construção de templos de suntuoso mau gosto – como um, lá em São
Paulo, de certa igreja dona de uma rede de TV. (E que tem tanta grana que ainda
aluga 22 horas de programação em outra rede de TV – alô, Ministério das Comunicações,
onde estás que não respondes?)
Ou paga
salários de alto executivo a pastores de certas igrejas – como a de Silas
Mala-Sem-Alça-Faia, e ele próprio assume aqui naquela entrevista ao iG:
iG: Quanto ganham em média os pastores
da sua igreja? Silas Malafaia: Ninguém ganha igual. Cada um tem o
seu valor. Tenho pastores que ganham entre R$ 4 mil e R$ 22 mil. Pastores que
mando para outro estado, pago casa, água, luz, escola dos filhos, gasolina. Dou
dignidade aos caras. Não trabalho com zé bobão. Tinha dois pastores que eram
advogados e possuíam escritórios de advocacia. Cheguei e perguntei: amigo, o
que você quer ser? Pastor ou advogado? Qual é teu chamado? Pastor? Então fecha
essa porcaria e vem comigo. Não tenho gente que não ia ser nada na vida e virou
pastor.
iG: O senhor diz que é o único pastor
que fala em valores. Quanto o senhor paga pelo o seu tempo na TV? Silas Malafaia: Não posso dizer o que pago na Band
por regra contratual. Na Rede TV, pago R$ 900 mil por mês. Na CNT, pago R$ 450
mil. Eu dou número, amigo. Não tenho problemas.
Pois eis
que, para meu alívio – e alegria dos verdadeiros cristãos evangélicos (sim,
isso mesmo, os evangélicos de verdade, não os evangelicuzinhos acometidos pela
Síndrome da Melancia no Pescoço, tipo Feliciânus, Mala-Sem-Alça-Faia et caterva) – descubro alguém que lembrou
o sentido original do dízimo e preferiu aplica-lo em coisas mais úteis do que salários
gordos, templos suntuosos e redes de TV.
A Igreja Primitiva é descrita na Bíblia
como uma comunidade em que todos repartiam seus bens de forma que nenhum fiel
ficasse desamparado. Aplicar esse conceito de forma literal nos dias de hoje é
algo visto como impossível, mas adotar princípios dessa filosofia, não.
O pastor Fábio Mendonça, líder da
Assembleia de Deus Ministério Lagoinha na cidade de Araruama, Rio de Janeiro, e
sargento da Polícia Militar da 25ª CIA em Cabo Frio, aplicou princípios da
Igreja Primitiva na congregação que dirige.
Atento às necessidades materiais de alguns
membros de sua igreja, resolveu reverter a aplicação dos dízimos e ofertas
arrecadados na construção de moradias para os fiéis em situação de
vulnerabilidade social, sem custos para os beneficiados.
Mendonça afirmou, em entrevista ao jornal O
Cidadão, que a ideia surgiu do desejo de prestar assistência às pessoas em
dificuldades: “A igreja a princípio se assustou com a ideia, mas eu tinha que
ser o primeiro a mostrar que poderia acontecer. Na Polícia Militar eu trabalho
com manutenção, usei minha experiência na área no projeto. Por isso, eu mesmo
fiquei de frente, inclusive, ajudando a cavar a fundação das casas”.
A iniciativa incomum já recebeu críticas,
disse Mendonça: “Alguns pastores me perguntaram se eu não estava ‘arrumando’
muito trabalho. Se Deus pensasse no trabalho que o ser humano dá a Ele em
relação à desobediência a seus princípios, não teria feito o mundo. Tudo que
fazemos na vida pode nos gerar problemas, você não compra um carro, por
exemplo, pensando que o pneu pode furar um dia, mas no benefício que você vai
ter com o veículo”, ilustrou.
O trabalho voluntário e o aproveitamento
máximo dos materiais foram essenciais para que o desafio se tornasse realidade,
de acordo com o pastor: “O maior desafio era não desperdiçar material e
economizar com mão de obra. Foram construídas quatro casas em apenas quatro
meses, os dízimos e ofertas foram revertidos para a obra. Além de mim, mais
três pedreiros ajudaram na realização das construções trabalhando
voluntariamente aos finais de semana”.
A congregação possui 200 membros, e com a
iniciativa de construir moradias para os fiéis que não tinham onde morar houve
mobilização solidária por parte da comunidade. O pastor Fábio Mendonça ressalta
que não realizou nenhuma campanha de arrecadação: “Não sou de pedir. Acredito
que quando o trabalho é direito, o Espírito Santo se encarrega de mover o
coração das pessoas ao desejo de ofertar. E assim foi: um membro doou mil
tijolos, outro duas pias…”, disse, revelando que a iniciativa ainda não atendeu
as necessidades de todos os membros: “Agora, estamos construindo mais quatro
quitinetes, com o desafio de entregá-las até o dia 12 de outubro, pois, hoje
temos duas senhoras alojadas na igreja, uma delas está no espaço onde eu
atendia, meu gabinete pastoral e a outra na ‘salinha’ das crianças”.
Segundo o pastor, sua iniciativa não tem
motivação política: “Se eu estiver fazendo isso na intenção de ser candidato o
trabalho é em vão, não tenho interesse político nenhum”.
“As igrejas devem ficar mais atentas à
necessidade do povo. Sejam elas materiais ou espirituais. Há igrejas em que a
maioria dos membros não possui necessidades financeiras, mas sempre há os que
precisam de ajuda espiritual e aqueles que precisam de ajuda material”, alertou
o pastor Fábio Mendonça.
Gostei
muito disso. E mais ainda em saber que o pastor Fábio Mendonça não pretende entrar
na política e ser candidato a alguma coisa.
Aliás, torço
para que ele mantenha a promessa de não se candidatar a nada. Porque parece que
há algo na água do Congresso Nacional, assembleias estaduais e câmaras de
vereadores que contamina até o cristão mais humilde com a Síndrome da Melancia
no Pescoço – senão com coisas piores... (Taí a Bancada dos Fiscais de Fiofó,
vulgo Frente Parlamentar Evangelicuzinha, no Congresso Nacional, que não nos
deixa mentir.) Porque não apenas os cristãos, mas todas as pessoas, precisam de
gente que fique em terra firme, longe das "alturas" dos poderes
políticos, para fazer o bem, sem ver a quem.
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E agora, a
nossa indicação para esta séria série – aliás, uma indicação histórica.
Todo mundo – pelo menos,
todo mundo que estuda a história do mundo direitinho – está careca de saber
quem foi a rainha Cristina da Suécia. E,
possivelmente até assistiram o filme de 1933, com Greta Garbo–
onde, aliás, tinha o hábito de beijar sua favorita, Ebba, na boca, de leve,
como nesta cena.
E, é
claro, todo mundo sabe que Cristina tinha opiniões fortes e o hábito de se
vestir com roupas masculinas – cortesia, aliás, da própria educação que teve
para reinar, já que os próprios suecos a chamavam de "Menina Rei"...
Isso,
aliás, tornou Cristina um ícone não só das feministas, mas da comunidade LGBT.
Mas só recentemente começou a se escrever a respeito de sua sexualidade peculiar
– especialmente os finlandeses, vizinhos da Suécia, que demonstraram certa obsessão
pelo assunto. (Não só eles, claro.) Uma certa
Laura Ruohonen escreveu uma peça, Queen C,
onde Cristina é, claro, a protagonista – uma rainha que deixa seus
contemporâneos com suas opiniões controversas sobre a identidade e sexualidade
humana, e acaba abdicando por causa disso. Agora, o
cineasta finlandês Mika Kaurismaki – muito conhecido nosso, até porque vive no
Brasil desde 1992, casado com uma baiana e pai de dois filhos brasileiros – resolveu
dar seu pitaco na vida da rainha Cristina, com The Girl King (A Jovem Rainha
– Suécia/Finlândia/Canadá/Alemanha, 2015). (Aliás, alguém
precisa nos explicar porque os tradutores das distribuidoras brasileiras transformaram
o título original, que traz o apelido que os próprios suecos lhe deram, "Menina
Rei", em A Jovem Rainha...
Parece que Ruy Castro, em seu artigo "Assim tropeça a humanidade – E outros títulos de filmes em português", de 2006 – do
livro Um filme é para sempre, Companhia
das Letras – tinha razão ao escrever: "Antigamente, brincava-se de chamar os Marx Brothers [os Irmãos Marx:
Groucho, Chico, Harpo e Zeppo] de Irmãos Brothers — hoje, pelo visto, essa
infame piada é feita a sério, e o sujeito é pago para fazê-la." E mais ainda
ao escrever: "Se você der a um tradutor
brasileiro a chance de fazer asneira, ele a fará." Mas voltemos
à vaca devidamente congelada no frio de Estocolmo...) Baseado em
peça do canadense Michel Marc Bouchard (que também assina o roteiro), The Girl King se divide entre as
intrigas da austera corte sueca do século XVII e o amor (agora bem mais claro) da
rainha Cristina (Malin Buska, bela e excelente atriz) com sua favorita, a
condessa Ebba Sparre (Sarah Gadon, outra bela e talentosa atriz canadense). Que bicho
isso vai dar? Não sei. Só insistindo com os distribuidores brasileiros para que
lancem The Girl King em Terra Papagalli...
Tá, tá bom, pode ser com este redundante título, A Jovem Rainha. Mas não nos privem deste filme por favor... Enquanto A Jovem Rainha... ou The Girl King (fica a seu critério como
chamar este filme...) não vem, fiquem com o trailer.