Dr. Dallagnol:
1- A colonização europeia na América Latina (e mais tarde na África, na Ásia e na Oceania) teve duas formas de colônias: as colônias de exploração e as colônias de povoamento.
As colônias de exploração foram colônias onde prevaleceram os interesses mercantis, ou seja, a terra é utilizada somente para dar lucros à metrópole. Esse tipo de colonização ocorreu principalmente nas colônias espanholas e portuguesas do continente americano, cuja economia se fundamentava na extração de metais ou na produção de gêneros agrários, para suprimir a falta de matérias-primas nos mercados europeus. Nessas colônias, o povoamento acontecia de maneira espontânea. Conforme o surgimento de uma atividade econômica, as populações vinham da Europa com a ideia de explorá-la. Quando essa atividade terminava, muitos deles mudavam para outras regiões, caracterizando um povoamento temporário. (Quem ficava, de três uma: ou não conseguia juntar o dinheiro suficiente para voltar; ou não podia voltar por querelas – inclusive legais – na metrópole; ou, incrível, gostava e ficava...)
O interesse principal da metrópole nestas colônias de exploração, que mais obedeceram ao chamado Pacto Colonial – um sistema de leis e normas impostas pelas metrópoles às suas colônias de exploração, que limitavam as atividades econômicas de sua elite colonial – era a lucratividade. Uma destas normas, bem safadinha e (óbvio ululante...) monopolista: os colonos só podiam vender sua produção a comerciantes legalizados pelas metrópoles – quase sempre por preços que não eram lá muito bons para os colonos: da mesma forma, em troca, todos os produtos dos quais os colonos necessitavam (roupas, ferramentas etc., etc.) eram obrigatoriamente vendidos somente pela metrópole – o que justificava outra medida muito "progressista" da metrópole: a proibição de instalação de manufaturas (fábricas) nas colônias na América, o que impedia a elite colonial de investir em outro setor de produção que não fosse o setor agrário.
OK até aí, dr. Dallagnol? Continuemos.
Como o interesse principal da metrópole em suas colônias de exploração era a lucratividade para as suas metrópoles na área agrária, foram impostas técnicas hoje conhecidas como "plantation" – que, grosso modo, continuam até hoje: latifúndio (extensa propriedade agrícola), monocultura (especialização em um único produto; no Brasil foi o caso da cana-de-açúcar e, mais tarde, já independente, o café) e a força de trabalho escrava – que mais tarde seria livre, como hoje, porém mal paga e, em muitos casos em condições análogas à escravidão (tipo contrair uma dívida por alimentação e trabalhar para pagá-la... coisa que nunca ele vai conseguir, porque a dívida aumenta com juros equivalentes aos de agiota. Mas isso eu creio que o sr. dr. Dallagnol, como procurador da República, deve saber – inclusive das ações de colegas seus contra isso e da ''Lista de Transparência sobre Trabalho Escravo Contemporâneo", que traz 349 empresas e empresários que lidam com isso.
Já as colônias de povoamento – como as Treze Colônias Britânicas na América do Norte (New Hampshire, Massachusetts, Nova Iorque, Rhode Island, Connecticut, Nova Jersey, Pensilvânia, Maryland e Delaware, e no distrito de Maine), o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia – são territórios onde os colonizadores povoavam e desenvolviam a terra.
Claro, para variar só um pouquinho, há controvérsias: vários historiadores concordam com a ideia de que "não se pode povoar uma terra sem explorá-la e não se pode explorar uma terra sem povoá-la". Nisso eles se referem à oposição entre estas e as colônias de exploração, na América Latina. (Mas se levarmos em conta que, em ambos os casos, índios e africanos levaram no lombo – pra não dizer no subilatório... – neste aspecto há algumas semelhanças entre elas.)
Talvez – especialmente no caso das Treze Colônias e do Canadá – elas só foram possíveis graças a um fato conhecido como negligência salutar – tipo assim: tais colônias britânicas não eram propícias ao plantio de Culturas Tropicais e não dispunham de recursos minerais valiosos, como ouro e prata. Por isso, a Inglaterra não conseguiu criar nessas colônias uma sociedade que servisse aos objetivos do Mercantilismo (colônia de exploração) e deixaram essas colônias quase abandonadas – o que deu muita liberdade a seus colonos. (Tanta que, quando a Inglaterra tentou impor o monopólio colonial típico das colônias de exploração às Treze Colônias, o resultado foi a Guerra de Independência – 1776 a 1781 – e o surgimento dos Estados Unidos.)
Tais colônias tinham algumas características particulares:
1. As propriedades
principais eram pequenas e médias fazendas. - Elas foram se formando quando os colonos dividiam a terra entre eles,
graças a negligência salutar. Isso criou uma prosperidade econômica muito
grande para os colonos, pois eles trabalhavam nessas fazendas para eles mesmos
e prosperavam rapidamente.
2. O trabalho era livre - Os colonos não eram servos, nem escravos e trabalhavam por conta
própria. Essa situação marcou tanto a história norte-americana que, até hoje,
muitos acreditam que um indivíduo só é livre quando é proprietário do seu
negócio.
3. Os objetivos
econômicos estavam voltados para o mercado interno - Os próprios colonos compravam a produção das colônias. A economia era
regida pela policultura. Houve o aparecimento de manufaturas.
4. As colônias de
povoamento tinham grande autonomia e liberdade de comércio - Quase não havia monopólio comercial e a liberdade que as colônias de
povoamento tinham era muito grande. Por isso, costuma-se dizer que essas
colônias nunca foram colônias de verdade.
5. As colônias de
povoamento tinham bastante autonomia política - Os colonos
podiam eleger assembleias que trabalhavam. Era o chamado self-government (auto-governo). Essa liberdade atraiu
muitas pessoas.
2- Ainda sobre colônias de povoamento: a maioria das "pessoas religiosas, cristãs, que buscavam realizar seus sonhos" nas então treze colônias inglesas na América do Norte eram refugiados por questões religiosas na Inglaterra – em sua quase totalidade, protestantes puritanos, que não se entendiam muito bem com os reis católicos da dinastia Stuart (Jaime I, Carlos I, Carlos II e Jaime II). Por isso, é que eles foram para as Treze Colônias: para ficar de vez.
3- Voltando a estas "pessoas religiosas, cristãs, que buscavam realizar seus sonhos": além delas, também foram para as Treze Colônias degredados e criminosos.
Não só lá: Austrália e Nova Zelândia também receberam, em sua maioria, "degredados, criminosos" da Inglaterra – e nem assim eles deixaram de ser os países desenvolvidos de hoje.
Já no Brasil, por increça que parível, os degredados foram bem poucos – e
ainda assim, apenas no início da colonização.
Ainda assim, foi um possível degredado, João Ramalho – que se casou com
a índia Bartira, depois Isabel Dias, pelas mãos do jesuíta Manoel da Nóbrega – que
ajudou a fundar o colégio e a vila que se tornariam a cidade de São Paulo.
E ainda que fossem todos degredados e criminosos? Sabia que eles – degredados e criminosos –foram o ponto de
partida da colonização da Austrália – aliás, quase três séculos depois dos
nossos poucos "ancestrais criminosos".Já ouviu falar da First Fleet (Primeira Frota)? Pois é. É o nome pela qual é conhecida a frota britânica – onze embarcações sob o comando do Almirante Arthur Phillip, tripuladas por duzentos e trinta marinheiros e oficiais (vinte e sete dos quais acompanhados por suas famílias, inclusive trinta e sete crianças) – que deixou a Grã-Bretanha em 13 de maio de 1787 para fundar o primeiro assentamento europeu na Austrália: uma colônia penal. Para habitá-la: os seguintes degredados e mulheres de reputação duvidosa (na tabela abaixo), foram conduzidos "de livre e espontânea pressão" nos porões, a ferros. Tudo gente fina.
Homens
|
Mulheres
|
Crianças
|
Total
|
|
Condenados e seus filhos
|
548
|
188
|
17
|
753
|
Outras
|
219
|
34
|
24
|
277
|
Total
|
767
|
222
|
41
|
1.030
|
A First Fleet até passou pela baía de Guanabara em agosto de 1787, onde realizou um levantamento hidrográfico. Mas não deixou
nenhum dos degredados que levava para a Austrália. E só parou em Botany Bay a 18
de janeiro de 1788.
Daí em diante – até a criação da Confederação
Australiana (pais independente sob a forma de dominion), sua Majestade Britânica mandou para lá cerca de 168 mil prisioneiros das cadeias britânicas.
(Isso
me lembra um debate que ocorreu às vésperas da Copa do Mundo de 1970, entre
dois técnicos de seleções de futebol. De um lado, Alf Ramsey, que fez a
Inglaterra ganhar a Copa do Mundo de 1966. Do outro, ninguém mais, ninguém
menos do que João Saldanha. Neste debate, Ramsey disse algo que talvez o senhor
concordasse, dr. Dallagnol: disse que os
"latino-americanos" – e, por tabela, os brasileiros – eram pessoas de
caráter duvidoso. Ao que João Saldanha respondeu na bucha: "Claro... certamente
a Scotland Yard criou fama internacional prendendo somente pessoas de bom
caráter". Não se sabe se o mediador deste debate chamou os comerciais
enquanto o futuro sir Ramsey enfiava mui britanicamente sua língua no rabo...)
Conclusão, dr. Dallagnol: assim como diploma não encurta as
orelhas de ninguém (copyright Barão
de Itararé...), "berço" e religião não dão ética e caráter a todos.
Está aí Eduardo Cunha – evangelicuzinho convicto – que não nos deixa mentir...
4- O que nos leva a falar de outra ideia que o senhor perfilha: a de
que, se fossemos colonizados por ingleses, franceses ou holandeses, estaríamos
melhor. Se a "qualidade" do povo colonizador fosse fator determinante
(e só para pegar exemplos das Américas), Jamaica, Suriname e Haiti estariam
atualmente no G-7... que, aliás, nem seria G-, mas G-8, ou G-9, ou G-10, ou
G-11... Isso porque (se o senhor voltar ao item 1 desta aula – colônias de
exploração X colônias de povoamento) vai perceber que Jamaica foi colônia de
exploração da Grã-Bretanha; Suriname foi colônia de exploração da Holanda; e o
Haiti, colônia de exploração da França. As únicas coisas fortes que a Jamaica
tem são o atletismo (d'après Usain
Bolt...), o rum (que concorre com o cubano e o dominicano sem fazer feio) e o
reggae. O Suriname, colonizado pelos holandeses, nem por isso pode ser chamado
de um país desenvolvido e democrático (o ditador Desi Bouterse que o diga...).
Quanto ao Haiti, depois das ditaduras dos Doc (Papa Doc e Baby Doc) e das
desgraças que lhe ocorreram... Pas de
commentaire, s'il vous plaît...5- O que nos leva a transcrever trecho de artigo do jornal Valor sobre a sua afirmação "historicista": "O espírito cristão dos colonizadores americanos não os impediu de dizimar a população nativa, colecionar genocídios em sua política externa e conviver com o pesadelo de uma Casa Branca ocupada por Donald Trump. Mas o ex-estudante de Harvard só trouxe admiração pelas instituições americanas. O mesmo fascínio alimenta em muitos de seus compatriotas a ilusão de que o Brasil seria uma grande Amsterdã se os holandeses não tivessem sido expulsos. Não cogitam o Brasil como uma versão ampliada da África do Sul." (Lembrando: a África do Sul foi colonizada primeiro pelos holandeses, ao qual se juntaram os ingleses no século XIX, depois da chamada Guerra dos Bôeres – 1899 a 1902. O resultado, entre 1948 e 1990, foi o regime racista do apartheid.)
6- E sim, noto que o senhor tem um orgulho de seus valores religiosos. Mantenha seus valores sem pestanejar ou vacilar. Mas de preferência, gostaria que o senhor:
a) Não ofenda outras religiões ou mesmo outras confissões religiosas cristãs (até porque a colonização brasileira se deu sob a proteção da Igreja Católica – e, ao afirmar que faltam "pessoas religiosas, cristãs", o senhor ofende católicos e outros cristãos de confissões diferentes da sua);
b) Não esqueça que, pela Constituição Federal (que o senhor jurou defender), o Brasil é um estado LAICO – isto é, um estado que garante a liberdade de culto para todas as religiões e confissões religiosas, mas não tem religião oficial nem segue ditames religiosos (ou seja, não é um estado teocrático, como a República Islâmica do Irã); ainda que cristão, o senhor, como procurador da República e advogado, é UM SERVO DA LEI e UM GUARDIÃO DA LEI – a começar pela Constituição. Nunca se esqueça disso em seu trabalho, por favor.
Ah, em tempo: duvido que o curso de Direito da UFPR tenha ensinado que é legal, justo e dentro da lei acusar suspeitos sem provas cabais que embasem a acusação... só com convicções...
Por enquanto, classe, é só.
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SELEÇÃO DE FILMES BASEADOS NA HISTÓRIA DO BRASIL, ESPECIALMENTE PARA O DR. DELTAN DALLAGNOL
COLÔNIA
Descobrimento do Brasil / Século 16
- DESCOBRIMENTO DO BRASIL (1937)
Direção - Humberto Mauro
Realizado
com o apoio do Instituto Nacional de Cinema (INCE), vinculado ao MEC, o filme
se enquadra na política nacionalista de Getúlio Vargas. Contou com a
colaboração de Afonso de Taunay, diretor do Museu Paulista, e de Edgar Roquette
Pinto, dois intelectuais reconhecidos em seu período. Buscando dar fidelidade
ao fato histórico, o filme cita trechos extraídos da Carta de Pero Vaz de
Caminha. Para a cena da primeira missa no Brasil, o diretor reproduziu o famoso
quadro de Victor Meirelles. A trilha sonora foi composta por Heitor Villa-Lobos
mas, na versão em vídeo, lançada em 1997 pela Funarte, foi completamente
adulterada.
- COMO ERA GOSTOSO O MEU FRANCÊS (1971)
Direção e roteiro - Nelson Pereira dos Santos
Brasil, 1594. Um aventureiro francês com conhecimentos de artilharia é feito prisioneiro dos Tupinambás, inimigos dos portugueses,
que acham que ele é peró (português).
Segundo a cultura índigena, era preciso devorar o inimigo para adquirir todos
os seus poderes: saber utilizar a pólvora e os canhões.
- HANS STADEN (Brasil-Portugal, 1999)
Direção e Roteiro - Luiz Alberto Pereira
A história de Hans Staden, soldado e marinheiro alemão a serviço dos portugueses, que, no
início do século XVI, foi capturado
pelos Tupinambás, inimigos dos colonizadores portugueses.
- DESMUNDO (2003)
Direção - Alain Fresnot
Roteiro - Alain Fresnot, Sabina Anzuategui, Anna Muylaert, baseado no
romance de Ana Miranda.
1570. Para minimizar o nascimento dos filhos com as
índias e que os portugueses tivessem casamentos brancos e cristãos, os portugueses passaram a enviar órfãs ao Brasil para que
casassem com os colonizadores. Essas
órfãs viviam em conventos e muitas delas desejavam ser religiosas. Uma dessas
jovens, Oribela (Simone Spoladore), é obrigada a casar com Francisco de
Albuquerque (Osmar Prado).- ANCHIETA, JOSÉ DO BRASIL. (1977)
Direção de Paulo Cezar Sarraceni.
A vida de José de Anchieta (Ney Latorraca) desde criança, passando pela fundação do Colégio de São Paulo, sua convivência com o padre Manuel da Nóbrega até sua morte no Espírito Santo, destacando sua luta em favor dos indígenas.
- VERMELHO BRASIL (Brasil, França, Canadá, Portugal, 2014)
Direção - Sylvain Archambault.
A história da expedição de Villegagnon ao Brasil por volta de 1555 e sua luta para criar uma colônia, a chamada França Antártica, nas terras conquistadas pelos portugueses. Filmado em Paraty, no Rio de Janeiro, o filme comete deslizes entre eles, ser falado em inglês (e não em francês, a língua dos invasores). A brasileira Giselle Motta vive a índia Paraguaçu e Pietro Mário, brasileiro de origem italiana, aparece em dois papéis: o de um marinheiro e o de um francês que vive entre os índios. O ator português Joaquim de Almeida interpreta João da Silva, um lusitano já perfeitamente integrado com os indígenas e que representa o seu país colonizador.
Invasões Holandesas
- BATALHA DOS GUARARAPES, O PRÍNCIPE DE
NASSAU (1978)
Direção - Paulo Thiago
Roteiro Miguel
Borges, Armando Costa
Início do século XVII. Os holandeses
ocupam o arraial do Bom Jesus, último reduto dos nativistas na capitania de
Pernambuco. O aventureiro João Fernandes Vieira (José Wilker) decide aderir aos
dominadores, opondo-se à resistência de André Vidal de Negreiros. Ligando-se ao
conselheiro, representante máximo dos interesses da Companhia das Índias
Ocidentais na capitania, Vieira torna-se cobrador de impostos, enriquece e tem
um romance rumoroso com a viúva Ana Paes (Renée de Vielmond), que lutara ao
lado dos nativistas. Favorece-lhe a ascensão sua amizade com Maurício de Nassau
(Jardel Filho). Este, no governo, revela-se um estadista de larga visão
política e cultural mas suas idéias chocam-se com os interesses da Companhia
criando sucessivas crises econômicas e políticas. Sentindo a gradativa diluição
do poderio de Nassau, Vieira une-se à luta para a expulsão dos holandeses, com
o auxílio de frei Salvador. Em posição delicada, Nassau tenta um último ato de
participação com a festa do Boi Voador, medida de abertura econômica aos
brasileiros e política, permitindo que Vidal de Negreiros - que entrara
clandestinamente no Recife - entregue-lhe uma carta do rei de Portugal. Nassau
é destituído e Vieira parte para o interior. Deixa Ana mais uma vez só,
levando-a a aceitar uma ligação com o conselheiro. A guerra se avizinha. Chega
afinal o esperado apoio de Portugal e os holandeses são derrotados em
Guararapes pelas tropas nativistas, com o auxílio dos escravos revoltosos de
Henrique Dias e os índios de Felipe Camarão. Ana e Vieira reencontram-se,
reconhecendo estarem definitivamente separados.
Bandeiras
- O CAÇADOR DE ESMERALDAS (1979)
Direção - Oswaldo de Oliveira
Roteiro - Oswaldo de Oliveira, Hernâni Donato,
Anselmo Duarte
No
século XVII, o bandeirante Fernão Dias Paes Leme (Jofre Soares), montou uma
bandeira e saiu à procura do legendário Eldorado. Durante sete anos percorreu
os sertões, enfrentando ataques de índios, doenças, animais selvagens,
deserções. Dos 800 homens que levara consigo, apenas quinze retornaram a São
Paulo, trazendo turmalinas que julgavam ser esmeraldas. O filme peca pelos
figurinos, mobiliário e construções – exuberantes e limpos demais considerando
a pobreza e miséria da capitania de São Paulo.
Direção - Denise Saraceni.
Roteiro - Maria Adelaide Amaral.
Elenco - Tarcisio Meira, Alessandra Negrini, Mauro Mendonça, Vera Holtz, Leandra Leal, Leonardo Brício, Mateus Nachtergaele, Stênio Garcia e Letícia Sabatella.
Minissérie de 50 capítulos da Rede Globo, de janeiro a março de 2000, baseada no romance homônimo de Dinah Silveira de Queiróz. (Aliás, esta foi a terceira adaptação do romance para a TV: a primeira foi em 1961, em uma adaptação simples e sem muitos recursos de Benjamin Cattan para a TV Tupi; a segunda adaptação foi de Ivani Ribeiro, em 1968, para uma superprodução da TV Excelsior.) Ambientada no século XVII, conta a saga dos bandeirantes e suas mulheres nas cercanias da vila de São Paulo.
Século
XVIII
- DIÁRIO DE UM NOVO MUNDO (2005)
Direção - Paulo Nascimento
Roteiro - Pedro Zimmermann
Em 1752 um navio cruza o oceano
Atlântico, com a fome e a doença afetando a embarcação. Um dos passageiros é
o médico e escritor Gaspar de Fróes (Edson Celulari), que narra
em seu diário os percalços da viagem e a chegada ao Brasil. Após chegar, Gaspar
se apaixona por Maria (Daniela Escobar), a esposa de um militar português influente, o que lhe causa problemas na
nova terra.
- REPÚBLICA GUARANI (1981)
Direção e roteiro – Silvio Back
Pesquisa – Silvio Back, Deonísio
da Silva, Antonio Carlos de Moraes, Antonio
Carlos Souza Lima, Cláudia Menezes, Carlos Alberto Kolecza
Entre 1610 e 1767, ano da expulsão de jesuítas das
Américas, desenvolveu-se – em uma vasta área dominada por índios guaranis e
banhada pelos rios Paraná, Uruguai e Paraguai – um discutido projeto
sócio-político, religioso e também arquitetônico, único na história de
relacionamento conquistador-índio: uma sociedade criada por jesuítas com
sucessivas gerações de guaranis que chegou a abranger 500 mil pessoas.
Direção - Lúcia Murat.
Diogo de Castro e Albuquerque, cartógrafo português a serviço da Coroa, viaja pela região do Pantanal, MS, no ano de 1778. No caminho do Forte Coimbra, os soldados que o acompanham estupram e matam um grupo de índias Kadiwéus. O português também participa mas, com remorso, salva a mulher que violentou e a leva até o forte, que está em guerra com os índios. Os dois iniciam um romance e ela engravida. A pintura de corpo dos Kadiwéus, que tanto impressionou Lévi-Strauss, com sua complexidade e simetria, é bem destacada no filme, quando o personagem Diogo, iluminista influenciado por Rousseau, escreve um livro, ilustrado com as pinturas.
Ciclo do Ouro
- XICA DA SILVA (1976)
Direção - Carlos Diegues
Roteiro - Carlos Diegues, Antonio Callado, baseado no
livro Memórias do Distrito Diamantino,
de João Felício dos Santos.
Francisca da Silva de
Oliveira, ou simplesmente
Chica da Silva (ca. 1732 - 15 de fevereiro de 1796),
foi uma escrava, posteriormente alforriada, que viveu no Arraial do Tijuco, atual Diamantina, Minas Gerais, durante a segunda metade do século XVIII. Manteve durante mais de
quinze anos uma união consensual estável com o rico contratador dos diamantes João
Fernandes de Oliveira, tendo com ele treze filhos. O fato
de uma escrava alforriada ter atingido posição de destaque na sociedade local
durante o apogeu da exploração de diamantes deu origem a diversos mitos.
O filme de Carlos Diegues trabalha o mito de Xica da Silva (Zezé Motta).
- CHICO REI (1985)
Direção - Walter Lima Jr.Roteiro - Mário Prata
Galanga
(Severino d'Acelino), rei do Congo que é trazido ao Brasil como escravo,
encontra ouro em Vila Rica, na província de Minas Gerais. Após comprar sua
libertação, ele compra uma fazenda, tornando-se assim Chico Rei, o primeiro
homem negro proprietário de terras no Brasil, e compra a liberdade de seu povo,
reconstruindo no Brasil o seu reinado. Baseado em poesias de Cecília Meireles,
na tradição oral mineira e na memória do negro brasileiro
Revoltas Coloniais
- GANGA ZUMBA (1964)
Direção - Carlos Diegues
Roteiro - Carlos Diegues, João Felício dos
Santos, Rubem
Rocha Filho, Leopoldo Serran,
Paulo
Gil Soares.
Num engenho de cana-de-açúcar na Capitania de Pernambuco, no século XVII, Antão (Antonio Pitanga) é um jovem escravo concebido nos porões do navio
negreiro que trouxe sua mãe cativa para a colônia portuguesa do Brasil. Quando cresce, é lhe contado que sua mãe (já
falecida) era rainha e que ele está destinado a ser Ganga Zumba, rei africano.
O escravo veterano e sábio Sororoba (Eliezer Gomes) lhe conta também sobre Palmares, um reino livre escondido na serra e protegido pela orixá Oxóssi, formado por escravos fugitivos. O rei daquele lugar,
Zambi, que está em guerra constante contra os brancos, acabara de perder o
filho e agora quer que Ganga Zumba venha para ocupar o lugar de novo líder.
Sororoba e Terêncio preparam a fuga com a ajuda de um guia enviado por Zambi, e
Antão vai com eles levando a amante Cipriana (Léa Garcia), que o ajudara a
matar um malvado feitor. No caminho, são vistos pelos senhores brancos da
vizinha fazenda Pieró, que são mortos quando atiram em Terêncio. Apenas a mucama da senhora, a mulata Dandara (Luiza Maranhão), é
poupada por atrair Antão. Mas quando chegam ao rio, o grupo não encontra o
barco dos guerreiros de Zambi que serviria para a travessia. Agora eles devem
construir uma jangada para continuar enquanto os perseguidores, comandados pelo
capitão-do-mato Tolentino da Rosa, se aproximam para o confronto.
- QUILOMBO (Brasil-França, 1984)
Direção e roteiro - Carlos Diegues
Num engenho de Pernambuco, por volta de 1650, um grupo de escravos se rebela e ruma ao Quilombo dos Palmares, onde existe uma nação de ex-escravos fugidos que
resiste ao cerco colonial, entre eles Ganga
Zumba (Tony Tornado),
um príncipe africano. Tempos depois, seu herdeiro e afilhado, Zumbi (Antônio Pompeo), contesta as ideias conciliatórias de Ganga Zumba
(Príncipe)e enfrenta o maior exército jamais visto na história
colonial brasileira.
- OS INCONFIDENTES (1972)
Direção - Joaquim Pedro de Andrade
Roteiro - Eduardo Escorel, Joaquim Pedro de
Andrade, baseado nos Autos da devassa (1791) e no romanceiro da Inconfidência
(1953), de Cecília Meireles.
Elenco - José Wilker (Tiradentes), Luiz
Linhares (Tomás Antônio Gonzaga), Paulo César Peréio (Alvarenga
Peixoto),
Fernando Torres (Cláudio
Manuel da Costa),
Carlos Kroeber (ten.-cel. Francisco de Paula Freire de Andrade), Nelson
Dantas (côn. Luís
Vieira da Silva),
Margarida Rey (Marília
de Dirceu),
Susana Gonçalves
(Maria I, rainha de Portugal), Carlos Gregório (José Álvares
Maciel),
Wilson Grey (Joaquim
Silvério dos Reis), Fábio Sabag (Visconde de Barbacena).
A Inconfidência Mineira, de seu início até o degredo dos
inconfidentes e a execução de Tiradentes (José Wilker), na visão de
Joaquim Pedro de Andrade.
-
TIRADENTES (1998)
Direção
- Oswaldo Caldeira.
Uma
nova versão da Inconfidência Mineira, segundo a qual Joaquim José da Silva
Xavier, o Tiradentes (Humberto Martins), foi condenado à morte por ser o único
dos revoltosos que não tinha grandes posses. Por outro lado, grande parte da
elite de Ouro Preto estava envolvida no levante, inclusive o próprio visconde
de Barbacena, mas a maioria não foi processada e nem sequer presa. (Qualquer
semelhança com os nossos dias é mera coincidência, não é mesmo?)
Período Joanino
- CARLOTA JOAQUINA, PRINCESA DO BRAZIL
(1999)
Direção - Carla Camurati
Roteiro -
Carla Camurati, Melanie Dimantas, Angus Mitchell.
Em terras
da Escócia, possivelmente, Yaolanda (Ludmilla Dayer) ouve de seu preceptor a
história de Carlota Joaquina (Marieta Severo) e da presença da corte portuguesa
no Brasil. A morte do rei de
Portugal D. José I de Bragança,
em 1777, e a declaração de insanidade da rainha Dona Maria I
(Maria Fernanda), em 1792, levam seu filho, o
então príncipe D. João de
Bragança (Marco Nanini) e sua esposa, a infanta espanhola Carlota
Joaquina de Bourbon, ao trono real português. Em 1807,
para escapar das tropas napoleônicas que
invadiam Portugal, o casal e a corte transferem-se às pressas para o Rio de Janeiro,
onde a família real e
grande parte da nobreza portuguesa vive
exilada por 13 anos. Na colônia aumentam os desentendimentos entre a
arrogante Carlota
Joaquina e o intelectualmente limitadíssimo D. João VI,
que após a morte da mãe, deixa de ser príncipe-regente e
torna-se rei de
Portugal e, posteriormente, rei do reino
unido de Portugal, Brasil e Algarves.
-
1808, A CORTE NO BRASIL (2009)
Tudo
bem, se você prefere ouvir a Globo, que tal esta série de 12 documentários
realizada pelas jornalistas Sandra Moreyra e Mônica Sanches para a Globo News?
A série abrange o período joanino desde a vinda da Corte até o seu retorno. Os
episódios, com cerca de 20 minutos cada, são:
1-A fuga dos reis; 2-Nobreza e política; 3-Um
reino sem rei; 4-A travessia; 5-A chegada à Bahia; 6-O desembarque no Rio de Janeiro; 7-A economia no tempo de D. João; 8-A política no tempo de D. João; 9-A corrupção no tempo de D. João; 10-Arte e ciência, o reino do Saber; 11-O
templo dos livros e da música; 12-O
retorno da corte.
IMPÉRIO
Independencia e Primeiro Reinado
- INDEPENDÊNCIA OU MORTE (1972)
Direção - Carlos Coimbra
Roteiro - Carlos Coimbra, Abílio Pereira de Almeida, Dionísio
Azevedo, Anselmo Duarte, Lauro César Muniz
O ponto de partida da história é o dia da abdicação de
D. Pedro I (Tarcísio Meira). A partir daí, é traçado um perfil do monarca desde
quando ainda menino veio da Europa, enquanto sua família fugia das tropas
napoleônicas, até sua ascensão à Príncipe Regente, quando D. João VI (Manoel da
Nóbrega) retorna para Portugal. Em pouco tempo a situação política torna-se
insustentável e o regente proclama a independência, mas seu envolvimento
extraconjugal com a futura Marquesa de Santos (Glória Menezes) provoca oposição
em diversos setores, gerando um inevitável desgaste político.
- CAMINHOS DA INDEPENDÊNCIA, O GRITO
NAS RUAS (2012)
Direção -
Bianca Vasconcellos.
Documentário
produzido pela TV Brasil. Traz entrevistas com os professores José Murilo de
Carvalho, Lúcia Bastos e Marcello Basille que, durante quinze anos, pesquisaram
documentos em bibliotecas do Brasil, Portugal e Estados Unidos.
- BATALHA DO JENIPAPO. Direção de
Diego Lopes e Tamar Fortes. Fundação Antares, Piauí. Documentário produzido
pela Fundação e TV Antares, afiliada TV Brasil no estado do Piauí. Conta a
história desse episódio da guerra de independência por meio de versos de cordel
de Pedro Costa e de depoimentos de historiadores e especialistas, assim como de
descendentes dos combatentes. Usa desenhos e animação gráfica de José Quaresma
e Davi Scooby que também assinam a trilha musical.
Regencia
- O CÔNEGO. SENDEROS DA CABANAGEM
(2007)
Direção -
Paulo Miranda
Longa-metragem
de ficção inspirada em fatos históricos. A partir da experiência vivida pelo
Cônego Batista Campos (1782-1834), a trama chega a Lavor Papagaio, Manoel
Vinagre e diversos homens e mulheres chamados pela alcunha coletiva de "cabanos".
A história ambienta-se no período preparatório à eclosão da Cabanagem que teve
seu desfecho em 7 de janeiro de 1835 com a tomada de Belém.
- ANAHÍ DE LAS MISIONES (1997)
Direção - Sergio Silva
Em 1839, a andarilha Anahy (Araci Esteves) viaja pelos
campos de batalha do Rio Grande
do Sul (chamado por ela de República de São Pedro do Rio Grande),
durante a Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha, saqueando os
mortos e negociando os achados com os soldados sobreviventes. Com ela vão os
filhos Solano (Marcos Palmeira), o mais velho que manca de uma perna, Teobaldo
(Cláudio Gabriel), simpatizante dos revoltosos (os "Farrapos", que
lutam contra as forças do Império, apelidadas de "Caramurus"), Luna
(Dira Paes), que esconde sua beleza com bandagens, e Leonardo (Fernando Alves
Pinto), o impetuoso caçula. À família se juntam ainda o revoltoso Manoel
(Matheus Nachtergaele) e a prostituta Picumã (Giovanna Gold).
- PAIXÃO DE GAÚCHO (1957)
Direção - Walter George Durst
Baseado no romance O gaúcho, de autoria de
José de Alencar. A Guerra dos Farrapos mal tem início e já começa a formar
alianças poderosas. Uma delas é feita entre dois homens, de países diferentes:
o gaúcho Jango (Alberto Ruschel) e o chileno Solano (Victor Merinow), salvo da
morte pelo vaqueiro gaúcho. No entanto, essa união de honra pode ser abalada
pela chegada da noiva de Solano, Catita (Carmen Morales).
- GARIBALDI IN AMÉRICA (2008)
Direção - Alberto Rondalli
Giuseppe Garibaldi (Gabriel Braga Nunes), 32 anos, italiano, marinheiro,
comandante dos rebeldes republicanos que invadiram Laguna, em Santa Catarina,
durante a Guerra dos Farrapos (1835-1845), encontra sua alma gêmea em Anita
(Ana Paula Arósio), 18 anos, casada com um sapateiro. Entre a paixão e a
guerra, eles escolhem o caminho de suas vidas e da revolução.
2º Reinado
- A MORENINHA (1970)
Direção - Glauco Mirko Laurelli
Adaptação musical do romance de Joaquim
Manuel de Macedo.
Toda a história se passa na paradisíaca Ilha de Paquetá
centrada em Carolina (Sonia Braga) e Augusto (David Cardoso). Amigos da família
reúnem-se para um sarau na casa de Carolina. Lá, ele vai reencontrar aquele
amor dos tempos de criança, com quem trocou juras de amor e um camafeu, peça
fundamental para que eles se reconheçam.
-
MAUÁ, O IMPERADOR E O REI (1999)
Direção
- Sérgio Resende.
A
infância, o enriquecimento e a falência de Mauá (1813-1889) interpretado por
Paulo Betti. Suas iniciativas modernizadoras foram vistas com apreensão pelos
conservadores e pelo próprio imperador, que não lhe deu o devido apoio. Sua
postura liberal, em defesa da abolição da escravidão e sua atitude contrária à
Guerra do Paraguai acabaram isolando-o ainda mais, contribuindo para a falência
ou venda de suas empresas a preços irrisórios.
Direção - Francisco Ramalho Jr.
Existem dois filmes baseados no romance de Aluísio Azevedo. O
primeiro foi realizado em 1945 por Luiz de Barros para a Cinédia. A segunda, um
pouco mais recente, é esta, de Francisco Ramalho Jr. (Filhos e Amantes, 1981). Assim como o romance, o filme narra a vida miserável dos moradores
de uma habitação coletiva (cortiço), de propriedade de João Romão (Armando
Bógus). Uma das moradoras é Rita Baiana (Betty Faria), uma mulher expansiva e
liberada. Ao se apaixonar por Jerônimo (Mario Gomes), jovem lusitano
recém-chegado ao Brasil, ela deflagra um jogo de paixões que acaba em tragédia.
Outra situação é a de Pombinha (Sílvia Salgado), filha de Isabel (Beatriz
Segall), uma moça que já era noiva, mas esperava menstruar para poder se casar.
Pombinha também é afilhada de uma cocotte,
Léonie (Carmen Monegal).
Guerra do Paraguai
- GUERRA
DO BRASIL (1987)
Direção -
Sylvio Back.
Documentário
sobre a Guerra do Paraguai com base no trabalho de pesquisadores brasileiros,
argentinos, uruguaios e paraguaios. Reconstituição de alguns episódios,
entrevistas e grande material iconográfico sobre a guerra dão margem a muita
discussão sobre o maior conflito da América do Sul.
– NETTO
PERDE SUA ALMA (2001)
Direção -
Tabajara Ruas e Beto Souza.
Baseado no
livro homônimo de Tabajara Ruas, recria a complexa personalidade do general Antônio de Sousa Netto (Werner
Schünemann), protagonista central de dois episódios-chaves da história
brasileira – a Revolução Farroupilha (1835-1845) e a Guerra do Paraguai
(1861-1866) – comandando a sua cavalaria de gaúchos e lanceiros negros. As
locações foram feitas no Rio Grande do Sul e no Uruguai. Ferido em combate na Guerra do Paraguai, Netto se
recupera no Hospital Militar de Corrientes, na Argentina. Lá ele percebe acontecimentos
estranhos, como o capitão de Los Santos (João França) acusar o cirurgião argentino
de ter amputado suas pernas sem necessidade e reencontrar um antigo camarada, o
sargento Caldeira (Sirmar Antunes), ex-escravo com quem lutou na Guerra dos Farrapos, ocorrida algumas
décadas antes. Juntamente com Caldeira, Netto rememora suas participações na
guerra e ainda o encontro com Milonga (Anderson Simões), jovem escravo que se
alistara no Corpo de Lanceiros Negros, além do período em que viveu no exílio
no Uruguai.
Abolição da escravatura
- SINHÁ
MOÇA (1953)
Direção
Tom Payne
Certo,
esta é uma visão água-com-açucar da luta pela abolição da escravatura, no final
do século XIX – até porque é baseado em um romance idem de Maria Dezonne Pacheco
Fernandes (1910 - 1998). Mas vale
a pena ver assim mesmo, para ver como a história pode ser contada desta ou
daquela maneira. Se preferirem, podem ver as duas adaptações que a Rede Globo
realizou – uma em 1986, com Lucélia
Santos, Marcos Paulo e Rubens
de Falco,
e outra em 2006 com Débora Falabella, Danton Mello e Osmar
Prado
Na pequena cidade de Araruna, no fim do século XIX, as contínuas fugas de escravos alarmavam os grandes fazendeiros, em
especial o coronel Ferreira (José Policena). É nessa ocasião que sua filha
Sinhá Moça (Eliane Lage) regressa de São
Paulo, dominada pelos ideais abolicionistas.
Em sua viagem de volta, ela conhece Rodolfo Fontes (Anselmo Duarte), filho de
um renomado médico de Araruna e advogado recém-formado.
No primeiro instante os dois jovens sentem-se mutuamente atraídos, porém,
Rodolfo a decepciona ao se mostrar um defensor dos escravocratas. Um dos
escravos, o jovem Fulgêncio, se revolta contra os maus tratos do coronel
Ferreira e de seu cruel capataz Benedito e é severamente punido. Esse fato
causa uma grande rebelião liderada pelo irmão de Fulgêncio, Justino, que leva
ao incêndio da senzala e fuga em massa dos escravos. Justino
vai a julgamento por assassinato e, para surpresa de todos, Rodolfo serve-lhe
de advogado de defesa. Os abolicionistas, entre
eles Sinhá Moça, assistem ao julgamento com grande expectativa. É quando chega
um mensageiro dando a notícia de que a escravidão acabara de ser abolida no Brasil.
- ABOLIÇÃO
(1988)
Direção -
Zózimo Bulbul.
Documentário
que aborda a condição do negro no Brasil, 100 anos após a proclamação da Lei
Áurea, enfocando temas como o padrão de vida dos negros, sua luta e sua
realidade. Traz entrevistas com personagens importantes para a preservação da
cultura negra, como Abdias do Nascimento, Lélia Gonzalés, Beatriz do
Nascimento, Grande Otelo, Joel Ruffino, Dom Elder Câmera em contraposição com
D. João de Orleans e Bragança e Gilberto Freire. O documentário traz também
fotos históricas em preto-e-branco – as imagens descrevem as muitas situações
enfrentadas pelos escravos negros, traçando um paralelo de seus descendentes
nos dias atuais. O cineasta Zózimo Bulbul é considerado o inventor do cinema
negro brasileiro.
Primeira República (1889 a 1930)
- POLICARPO QUARESMA, HERÓI DO BRASIL
(1988)
Direção -
Paulo Thiago
Adaptado
do romance “O triste fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, conta a
história do major Policarpo Quaresma (Paulo José), um visionário que ama o seu
país e deseja que o tupi-guarani seja adotado como idioma nacional. Ele tem o
apoio de sua afilhada Olga (Giulia Gam) por quem nutre um afeto especial e
Ricardo (Ilya São Paulo), trovador e compositor de modinhas. Policarpo consegue
advogar em temas tão atuais como a reforma agrária, a moralização da política
nacional, a valorização da cultura indígena, o direito de manifestação e a
honestidade de princípios. Acaba se envolvendo em fatos históricos ocorridos do
governo de Floriano Peixoto (Othon Bastos).
- PAIXÃO E GUERRA NO SERTÃO DE CANUDOS
(1993)
Direção -
Antônio Olavo
Documentário
com narração de José Wilker, sobre a epopeia sertaneja e seu líder no percurso
de dezenas de cidades e povoados do Ceará, Pernambuco, Sergipe e Bahia. Reúne
raros depoimentos de parentes de Conselheiro, contemporâneos da guerra, filhos
de líderes guerrilheiros, historiadores, religiosos e militares. Premiado como
melhor vídeo do X Rio Cine Festival Internacional de Cinema e Vídeo em 1994.
-
A MATADEIRA (1994)
Direção
- Jorge Furtado
Documentário
de 14 minutos sobre o massacre de Canudos a partir de um canhão inglês,
apelidado pelos sertanejos de "matadeira" e que foi transportado por
20 juntas de bois através do sertão para disparar um único tiro. O ator Pedro
Cardoso apresenta o argumento principal com um texto carregado de humor e
ironia, e ilustrado por uma animação gráfica. Em paralelo, uma reconstituição,
em estúdio, surge a imagem hiper-realista da "matadeira" causando
forte impacto nos soldados.
-
GUERRA DE CANUDOS (1997)
Direção
- Sérgio Rezende
A
trajetória de uma família envolvida com o movimento de Canudos. Os pais, Zé
Lucena (Paulo Betti) e Penha (Marieta Severo) entusiasmam-se com as palavras de
Antônio Conselheiro (José Wilker) e resolvem acompanhá-lo. Luzia, a filha mais
velha (Cláudia Abreu) rebela-se e foge de casa. Anos depois, em plena guerra,
casada com um soldado (Tuca Andrada), mas atraída por um jovem oficial (Selton
Mello), Luiza vai tentar salvar sua família quando o exército decide acabar de
vez com Canudos. O filme destaca as opiniões conflitantes sobre o líder
messiânico.
-
O ARRAIAL (1997)
Direção
- Otto Guerra e Adalgiza Luz (13 min)
Desenho
animado com imagens que lembram a literatura de cordel. No sertão da Bahia, no
final do século XIX, centenas de famílias seguem para o arraial de Belo Monte
de Canudos, atraídas pelas promessas de Antônio Conselheiro
- A GUERRA
DOS PELADOS (1971)
Direção -
Sylvio Back. Brasil, 1971. Uma produção grandiosa, filmado na cidade de
Caçador, Santa Catarina e com elenco de grandes atores como Jofre Soares,
Stênio Garcia, Otávio Augusto e Zózimo Bulbul. O roteiro chegou a
detalhes na guerra corpo a corpo e na estratégia militar.
- ABRIL
DESPEDAÇADO (2001)
Direção de
Walter Salles
Baseado no
romance Prilli i Thyer do escritor albanês Ismail Kadare, foi ambientado
por Karim
Aïnouz
para o Nordeste, em 1910, para discutir aspectos do coronelismo. Tonho (Rodrigo
Santoro), filho do meio da família Breves, é impelido pelo pai (José Dumont) a
vingar a morte de seu irmão mais velho, vítima de uma luta ancestral entre
famílias pela posse da terra. Tonho sabe que se cumprir a missão, será
perseguido pela família rival, como dita o código de vingança da região. Tonho
começa a questionar a lógica da violência e da tradição. É quando dois artistas
de um pequeno circo itinerante cruzam o seu caminho.
- O TRONCO (1999)
Direção de
João Batista de Andrade.
No início
do século XX, a disputa pelo poder entre grandes fazendeiros e coronéis de
Goiás leva à chamada "guerra dos Lemos". O coletor de impostos
Vicente Lemos (Ângelo Antônio) é enviado da capital para combater o domínio
absoluto do patriarca Pedro Melo (Rolando Boldrin), seu parente. Este manda
incendiar o prédio da coletoria onde Vicente guarda os documentos. O governo
reage enviando soldados o que vai desencadear a guerra com violências de ambos
os lados. Envia também o juiz Celso Carvalho (Antonio Fagundes) com ordem de
prisão aos membros da família Melo. O exército trata os prisioneiros como
escravos prendendo todos os homens da família no antigo tronco da propriedade
Melo.
- CORONEL DELMIRO GOUVEIA (1978)
Direção - Geraldo Sarno
Roteiro - Geraldo Sarno e Orlando Senna
Produção - Geraldo Sarno e Thomaz Farkas
Baseado em história real, conta a saga de Delmiro Gouveia (Rubens de Falco), pioneiro
da industrialização no Nordeste, perseguido e assassinado por
se recusar a vender suas empresas a companhias inglesas no
início do século XX. No filme, Delmiro Gouveia (1863-1917) é mostrado como um
ousado e humanista empreendedor que enfrenta o poder dos coronéis e dos trustes
internacionais.
-
GAIJIN: OS CAMINHOS DA LIBERDADE (1980)
Direção – Tizuka Yamazaki
Japão, 1908. Em virtude de haver muita miséria no país e poucas
perspectivas de trabalho, muitos japoneses emigravam em busca de oportunidades.
Como a companhia de emigração só aceitava grupos familiares que tivesse pelo
menos um casal, assim Yamada (Jiro Kawarazaki) e Kobayashi (Keniti Kaneko), que
eram irmãos, vêem como solução que Yamada se casasse com Titoe (Kyoko
Tsukamoto), que tinha apenas 16 anos. Yamada e Titoe tinham acabado de se
conhecer e, juntamente com um primo, partem para o Brasil. Após 52 dias de
viagem chegam ao Brasil e vão trabalhar na Fazenda Santa Rosa, em São Paulo,
pois a expansão cafeeira era intensa. Porém eles se deparam com um capataz que
trata os colonos hostilmente, exigindo sempre que trabalhem até a exaustão.
Além disso são roubados pelos donos da fazenda, apenas sendo tratados com
respeito por outros colonos e por Tonho (Antônio Fagundes), o contador da
fazenda.
- LIBERTÁRIOS
(1976)
Direção
- Lauro Escorel Filho
Documentário
de 28 minutos que narra parte da história do movimento operário brasileiro no
final do século XIX e primeiras décadas do XX. Utilizando fotos, músicas e
filmes da época, o filme descreve a influência dos anarquistas espanhóis,
italianos e portugueses na conscientização do nascente operariado brasileiro.
Com destaque para a greve geral de 1917 e a morte de um jovem anarquista
espanhol, José Martinez, que pararam São Paulo. Realizado em plena ditadura
militar, o documentário foi filmado pouco antes da greve dos metalúrgicos do
ABC paulista e acabou se tornando material de trabalho de militantes ligados à
causa social. Tem narração de Othon Bastos que chega a entrar em cena vestido
como operário do começo do século XX para interpretar um texto. A música
de Carlos Vergueiro foi composta para um poema retirado de um jornal operário,
de autor desconhecido: “Quem de três tira noventa, adivinha quanto fica/essa
conta é que atormenta/que enferma e mortifica/os pobres dos proletários/nesse
jogo de entre mês/ ganham 6 mil reis diários/gastam 300 por mês/ganham 6 mil
reis diários/gastam 300 por mês/custa casa cento e tantos/o sapato custa
trinta/roupa nem se sabe quanto/o vendeiro não se finta/médico, farmácia,
pouca/ou bastante, mas é ali,/só mesmo ficando louco/com pensão no Juqueri/a
feira só para os ricos/o armazém para os ricaços/ se houvesse ao menos um bico/
tivéssemos quatro braços/ trabalhava-se o dia inteiro/ à noite caísse no chão/
essa vida sem dinheiro/ não é de homem é de cão/ essa vida sem dinheiro/não é
de homem é de cão”.
-
CHAPELEIROS (1983)
Direção
- Adrian Cooper
Documentário
de 24 minutos sobre trabalhadores da fábrica de chapéus Vicente Cury, em
Campinas, SP. A fábrica, fundada em 1920 e que teve o auge de sua produção nas
décadas de 1940 a 1960, ainda utilizava maquinário do final do século XIX. O
documentário (feito em 1978, mas só editado quatro anos depois) mostra o ritmo
das máquinas, a moldagem do feltro, o trabalho repetitivo e sufocante junto das
caldeiras onde os homens trabalham só de calção e encharcados de suor, a
entrada da fábrica com os operários batendo o cartão de ponto (observe mulheres
e menores). O prédio da fábrica foi desativado em 2012 e hoje resta somente a
chaminé de tijolos, tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Artístico e
Cultural de Campinas (Condepacc). A empresa, contudo, não desapareceu: foi
transferida para Jaguariúna, uma cidade vizinha e continua fabricando chapéus.
Uma curiosidade: a Cury ficou mundialmente famosa por ter criado o chapéu que o
ator Harrison Ford imortalizou nos filmes da série “Indiana Jones”. Obs.: Os
documentários “Chapeleiros” e “Libertários” foram reunidos em DVD pelo
Instituto Moreira Salles. Acompanha livreto ilustrado com textos de Carlos
Augusto Calil, da USP, e Michael M. Hall, da Unicamp. Tem, ainda, dois
documentários extras – “Reminiscências de um projeto” e “Filmando Chapeleiros”
que contextualizam essa ousada experiência de cinema proletário.
(Um
complemento interessante é O CHAPÉU DO MEU AVÔ (ECA-USP / Gato do Parque, 2004)
de Julia Zákia (Rio cigano) – ela
própria neta de um dos proprietários da fábrica de chapéus Cury, que mostra o
funcionamento da fábrica e entrevista ex-trabalhadores.)
-
COLÔNIA CECÍLIA: UMA HISTÓRIA DE AMOR E UTOPIA (2011)
Direção
- Guto Pasko
Ficção
baseada na história da Colônia Cecília (1890 a 1894), a primeira tentativa
efetiva de implantação do ideário anarquista no Brasil. Fundada no município de
Palmeira, no estado do Paraná, por um grupo de libertários mobilizados pelo
jornalista e agrônomo italiano Giovanni Rossi(1859-1943) que foi instigado pelo
músico brasileiro Carlos Gomes a procurar D. Pedro II com o propósito de
instaurar uma comunidade capaz de propulsionar um "novo tempo", uma utopia
baseada no trabalho, na vida e no amor libertário. A história da colônia é
narrada a partir da jornada do casal italiano Fabrizio (Daniel Siwek) e Giulia
(Carol Damião), que chega ao Paraná, em 1892, a convite de um tio, Casimiro
(Roberto Innocente), sem saber ao certo o que iria encontrar.
-
LA CECILIA, UNE COMMUNE ANARCHISTE AU BRÈSIL (França/Itália, 1977)
Direção
- Jean-Louis Comolli
A
história da Colônia Cecília sob o olhar de um importante cineasta francês
engajado no cinema político da década de 1970. A breve duração da colônia
anarquista (1890-1894) está relacionada, entre outros fatores à mudança do
regime político do Brasil. Criada em uma área doada por D. Pedro II, com o
advento da República perdem a proteção da monarquia. As novas autoridades
exigem que os colonos paguem impostos. Por outro lado, os companheiros que
ficaram na Itália acusam os que imigraram de terem abandonado a luta no momento
em que os sindicatos estão se organizando na península. Filme falado em
italiano e português.
-
MENINO DE ENGENHO (1965)
Direção
- Walter Lima Jr.
Baseado
no romance homônimo de José Lins do Rego e filmado na Várzea do Paraíba, PB. A
história se passa em 1920 e é narrada por Carlinhos que, aos quatro anos de
idade, ficou órfão. Seu tio Juca vai buscá-lo para ir morar com seu avô em seu
engenho Santa Rosa. A rotina do engenho com seus costumes e tradições encanta o
menino: a chegada de um cangaceiro, as histórias contadas pelas negras, lendas
de lobisomem etc.
-
FOGO MORTO (1976)
Direção
- Marcos Faria
Baseado
no romance homônimo de José Lins do Rego o filme é ambientado na Paraíba, por
volta de 1910. Lula de Holanda (Othon Bastos), senhor do engenho decadente
Santa Fé, onde vive com a mulher Marta (Mary Nebauer) e a filha Amélia (Ângela
Leal), discute com o seleiro Zé Amaro (Jofre Soares) e o expulsa de suas
terras. O seleiro é vingado pelo cangaceiro Antônio Silvino (Fernando Peixoto)
que com seu bando invade o engenho.
-
DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL (1964)
Direção
- Glauber Rocha
Filmado
em Monte Santo e Cocoribó (Bahia). Tendo como referência a literatura de
cordel, o filme conta a trajetória de fuga dos personagens Manuel (Geraldo del
Rey) e Rosa (Yoná Magalhães), em uma realidade marcada pela seca, miséria,
opressão, fanatismo religioso, cangaço e violência.
- DIÁRIO DE PROVÍNCIA (1978)
Direção e roteiro - Roberto Palmari)
Acácio Figueira (José Lewgoy) possui grande ambição. Em sua escalada
para atingir a prefeitura da cidade, ele vai passando por todos os partidos que
dominam a situação da época: Republicano, Libertador, Democrático,
Constitucionalista, Integralista, etc. Sua grande oportunidade chega com a
Revolução de 30, quando Getúlio Vargas assume o poder. Não existem eleições e
os prefeitos são interventores nomeados. Para atingir seus intentos, Figueira
manipula os grupos de expressão da comunidade. Paralelamente, uma família
aristocrática do café se debate na decadência, enquanto uma família de
imigrantes busca sua ascensão econômica. Através de seu pequeno jornal, um
jornalista liberal (Gianfrancesco Guarnieri) denuncia as falcatruas, desmandos
e sujeiras praticadas por Acácio Figueira.
- ETERNAMENTE
PAGU (1988)
Direção -
Norma Bengell
A história
da escritora e ativista política Patrícia Galvão / Pagu (Carla Camurati), que
na década de 1920 escandalizou a burguesia conservadora brasileira. Tornou-se
musa da poesia modernista, conviveu com Tarsila do Amaral (Esther Góes) e
Oswald de Andrade (Antônio Fagundes) com quem teve um romance. Filiou-se ao
Partido Comunista e quase foi deportada para a Alemanha nazista. Depois de
uma viagem ao exterior, voltou ao Brasil e foi presa. Libertada, rompeu
com o partido e se dedicou ao teatro de vanguarda.
- O HOMEM DO PAU BRASIL (1982)
Direção - Joaquim Pedro de Andrade
Já que citamos Eternamente Pagu, não custa nada indicar também este filme – o
último filme de Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988) (contra a sua vontade,
claro...) A história de Oswald de Andrade
(1890-1954) sob a forma de comédia fantástica – tão fantástica que Oswald
aparece dividido em dois Oswalds - um Oswald-macho
(Flávio Galvão) e uma Oswald-fêmea (Ítala
Nandi). Os dois Oswalds partilham as mesmas camas – com Lalá (Regina Duarte), Doroteia (Cristina Aché), Branca Clara (Dina Sfat)
e Rosa Lituana (Dora Pellegrino) - e ideias (Semana de Arte Moderna, de
1922, Pau-Brasil, Antropofagia, socialismo, naturismo) com as demais
personagens até que estas (as ideias) os separem.
Com a devoração de Oswald-macho
pelo Oswald-fêmea, dá-se a criação da mulher do pau-brasil, líder da revolução
que instalará o matriarcado antropófago como regime político do país.
- O
PAÍS DOS TENENTES (1987)
Direção -
João Batista de Andrade.
Gui (Paulo
Autran), um velho general da reserva, entra em uma crise pessoal no dia em que
é homenageado, e começa a rememorar sua participação em diversos movimentos
políticos do Brasil: a revolta dos "18 do Forte", a Revolução de 1930,
o governo de Getúlio Vargas, o período militar dos anos 1960 e 1970. Filmado à
época da abertura política, o filme contou com a pesquisa e assessoria dos
historiadores Hélio Silva e Edgard Carone, e pretende fazer uma reflexão
crítica da história brasileira mostrando o fim de um ciclo revolucionário
iniciado em 1922 e culminado com a ditadura que teria corrompido o sonho
tenentista.
Era Vargas (1930 a 1954)
- REVOLUÇÃO DE 30 (1980)
Direção -
Sylvio Back.
Documentário
de montagem, com trechos de documentários e filmes de ficção, fotografias e
registros sonoros dos anos 1920, mostrando os momentos que antecederam o
conflito, seu desenrolar e consequências. Seu fio condutor é o documentário Pátria Redimida, realizado na época por
João Batista Groff com cenas filmadas em zonas de combate: Itararé, Ribeira e
Catinguá. Inclui comentários críticos de Boris Fausto, Edgar Carone e Paulo
Sérgio Pinheiro. A trilha sonora traz antigas gravações de discursos e músicas
do período, algumas compostas especialmente para celebrar a revolução: hinos a
João Pessoa, a Miguel Costa e Juarez Távora.
- ADÁGIO
AO SOL (2000)
Direção -
Xavier de Oliveira
No início
dos anos 1930, numa fazenda de café no interior de São Paulo, Júlio (Cláudio
Marzo), Angélica (Rossana Ghessa) e Álvaro (Marcelo Moraes) vivem um intenso
triângulo amoroso, tendo como pano de fundo a crise do café, a tomada do poder
por Getúlio Vargas e a revolução constitucionalista de 1932 na qual Álvaro se
alista. Uma curiosidade: para as cenas de multidão, nos momentos
pré-revolucionários, o diretor teve o apoio da população da cidade de Casa
Branca, SP que foi devidamente caracterizada conforme a moda da época.
-
O MUNDO EM QUE GETÚLIO VIVEU (1963)
Direção
- Jorge Ileli
Documentário
sobre a vida e a época de Getúlio Vargas com narração de Armando Bogus.
Rememora o início do século XX, a belle époque, os voos experimentais de Santos
Dumont, a I Guerra Mundial, a ascensão do fascismo e nazismo, a II Guerra
Mundial, a revolução espanhola, o peronismo na Argentina em paralelo à
trajetória e carreira de Vargas até o suicídio.
-
GETÚLIO VARGAS (1974)
Direção
- Ana Carolina Teixeira Soares
Documentário
que mostra os fatos que marcaram a vida e carreira de Vargas, o cotidiano da
época e o suicídio que gerou controvérsias e uma gigantesca comoção social. Com
narração de Paulo César Pereio, o documentário utiliza cinejornais produzidos
pelo DIP e pela Agência Nacional, fotos de época, discos, discursos de Vargas e
textos de literatura de cordel.
- GETÚLIO
(2014)
Direção -
João Jardim
Drama
biográfico que percorre a intimidade de Getúlio Vargas (Tony Ramos), então
presidente do Brasil, em seus 19 últimos dias de vida, em agosto de 1954.
Isolado no Palácio do Catete com a mulher Darcy Vargas (Clarice Abujamra) e a
filha Alzira Vargas (Drica Moraes), ele sofre as pressões políticas decorrentes
da acusação de que teria ordenado Gregório Fortunato (Thiago Justino) assassinar
o jornalista Carlos Lacerda (Alexandre Borges). O filme foi inteiramente
rodado no interior do Palácio do Catete, RJ, sede da Presidência na época,
atual Museu da República.
- VIDAS SECAS (1963)
Direção -
Nelson Pereira dos Santos
Baseado no
livro homônimo de Graciliano Ramos, conta a história de uma família de
retirantes composta por Fabiano (Átila Iório), Sinhá Vitória (Maria Ribeiro),
os dois filhos e a cachorra Baleia. Em 1941, pressionados pela seca, eles
atravessam o sertão nordestino em busca de meios para sobreviver. Chegam a um
casebre abandonado nas terras do fazendeiro Miguel (Jofre Soares). A chuva
volta a cair e recupera os pastos. Fabiano trabalha de vaqueiro para o
fazendeiro e a família sonha em melhorar de vida. Mas, ao final do primeiro ano
de muito trabalho e dificuldades, a miséria da família persista e nova seca se
aproxima para assolar o sertão. Com locações feitas em Minador do Negrão e
Palmeira dos Índios, no sertão de Alagoas, Vidas Secas é um filme
representativo do movimento chamado de Cinema Novo, que abordava problemas
sociais do Brasil.
- O VELHO:
A HISTÓRIA DE LUIZ CARLOS PRESTES (1997)
Direção -
Toni Venturi
Documentário
sobre a vida e a militância do líder comunista brasileiro desde a sua educação
militar, passando pelo tenentismo, formação da Coluna, governo Vargas, ditadura
militar, exílio, abertura política e seu retorno com a anistia chegando à
participação, já idoso, nas manifestações operárias dos anos 1980. Dois vídeos
históricos abrem o documentário: um de 1989 sobre a queda do Muro de Berlim e
outro de 1917 sobre a Revolução Russa. A trajetória de Prestes é feita por meio
de fotos e filmes de época, depoimentos dos filhos, descendentes de líderes
tenentistas, políticos e do próprio Prestes (tomado em novembro de 1985). A
narração de Paulo José faz a conexão do rico acervo documental apresentado pelo
documentário.
- OLGA (2004)
Direção - Jayme Monjardim
Inspirado na biografia
de Olga Benário Prestes (1908-1942) – alemã, judia e
militante comunista – escrita por Fernando
Morais. O filme acompanha a trajetória de Olga Benário (Camila Morgado)
e Luís Carlos Prestes (Caco Ciocler) na época da ditadura de Getúlio Vargas
(Osmar Prado) até a prisão de ambos ordenada por Filinto Müller (Floriano
Peixoto), acusados de organizar a Intentona Comunista de 1935. Por sua origem
alemã e judia, Olga é deportada para a Alemanha, onde morre na câmara de gás no
campo de concentração de Ravensbrück, deixando sua filha recém-nascida Anita
Leocádia.
- MEMÓRIAS
DO CÁRCERE (1984)
Direção -
Nelson Pereira dos Santos
Reconstitui
os dez meses, entre 1936 e 1937, em que o escritor Graciliano Ramos (Carlos
Vereza) ficou preso na Ilha Grande, RJ, acusado de participação na Intentona
Comunista. Inicialmente, a prisão lhe parece um intervalo para se libertar da
vida enfadonha com a mulher, o emprego público e o provincianismo de sua
cidade, Maceió, onde era diretor da Instrução Pública de Alagoas. A crueldade
do que vê na prisão é suportada pela dedicação à literatura, enquanto sua
esposa (Glória Pires) e um advogado procuram meios para libertá-lo. Os
prisioneiros o tratam com carinho pois querem "sair no livro" que, no
entanto, só será publicado em 1953, após sua morte, com o nome "Memórias
do Cárcere". Consagrado no Festival de Cannes de 1984, o filme foi
realizado com um elenco de 120 atores e 2.000 figurantes
- SOLDADOS
DE DEUS (2004)
Direção -
Sérgio Sanz
Documentário
sobre o Integralismo – o fascismo brasileiro – e seu principal mentor, Plínio
Salgado que mobilizou cerca de 1 milhão de pessoas e teve 500 mil filiados, constituindo
o primeiro partido de massas do Brasil. Traz o testemunho daqueles que ajudaram
a sua formação e, ocasionalmente, deixaram de defender seus princípios e
práticas bem como daqueles que sempre o criticaram, além de pesquisadores (Anita
Prestes, Gerardo Melo Mourão, Antônio Carlos Vilaça, Leandro Konder, Muniz
Sodré etc.). Narração de Nelson Xavier.
- ALELUIA,
GRETCHEN (1977)
Direção -
Sylvio Back
Ficção que
conta a história de uma família de imigrantes alemães que, em 1937, por
perseguição ao pai, o professor Ross (Sérgio Hingst) foge do nazismo e vem
radicar-se numa cidade no interior do Paraná onde compram um hotel. Quando
começa a guerra, a mãe, Frau Kranz (Míriam Pires), que continua admiradora do
nazismo, permite que o filho volte à Alemanha para lutar na guerra.
Membros da família envolvem-se com o integralismo e com os espiões da 5ª
coluna. Na década de 1950 são visitados por ex-oficiais da SS nazista em
trânsito para a Argentina e a intromissão faz reviver episódios aparentemente
sepultados com o fim da guerra.
- BAILE PERFUMADO (1996)
Direção -
Paulo Caldas e Lírio Ferreira
Um filme
inovador tanto na estética quanto na maneira de abordar o cangaço. Conforme
Lírio Ferreira, um dos diretores, o filme revela um Lampião "já
aburguesado, quase um gangster, que jogava baralhos com os coronéis e vivia de
agiotagem e do comando de sequestros". A reconstituição histórica foi
enriquecida com a inclusão do pequeno documentário de 11 minutos realizado pelo
libanês Benjamin Abrahão, nos anos de 1930, sobre o bando de Lampião e seu
cotidiano. O filme de Abrahão foi proibido pela ditadura de Getúlio Vargas.
- MADAME SATÃ (2004)
Direção - Karim Aïnouz)
O filme retrata a vida de um personagem que é
referência na cultura marginal urbana do século XX, o malandro, artista,
presidiário, pai adotivo de sete filhos, negro, pobre e homossexual João
Francisco dos Santos- conhecido como "Madame Satã" (Lázaro
Ramos) e frequentador do bairro boêmio da Lapa,
no Rio de Janeiro.Mostra
seu círculo de amigos, antes de se transformar no mito Madame Satã, lendário
personagem da boêmia carioca.
-
LOST ZWEIG (2003)
Direção - Sylvio Back
Baseado na
obra “Morte no paraíso, a tragédia de Stefan Zweig”, de Alberto Dines. Revive a
vida, em Petrópolis, RJ, do escritor austríaco Stefan Zweig (Rüdiger Vogler)
autor do célebre livro “Brasil, país do futuro”, e de sua jovem esposa Lotte
(Ruth Rieser) que, num pacto até hoje cercado de mistério, decidem suicidar-se
na semana seguinte ao carnaval de 1942. Inteiramente falado em inglês.
-
SENTA A PUA (1999)
Direção
- Erik de Castro
Documentário
que reúne entrevistas, fotos e ilustrações para contar a história do Primeiro
Grupo de Aviação de Caça do Brasil, que no dia 6 de outubro de 1944 desembarcou
no porto de Livorno, na Itália para participar da Segunda Guerra Mundial. Fazia
parte do grupo 466 pessoas sendo 49 pilotos e 417 homens de apoio. A saga é
relatada pelos próprios pilotos reunindo 23 depoimentos, imagens de arquivo e
ilustrações digitais. “For All”, Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz,
1997.
-
FOR ALL, O TRAMPOLIM DA VITÓRIA (1997)
Direção
- Luiz Carlos Lacerda e Buza Ferraz
Romance
cômico, ambientado na cidade de Natal, RN, em 1943, onde os Estados Unidos
construíram a base militar de Parnamirim Field. A presença de soldados
americanos altera a estabilidade das famílias locais trazendo não somente
dólares e eletrodomésticos, mas também o glamour de uma cultura de Hollywood, a
música das grandes bandas. Neste contexto, a história se desenrola em torno de
uma família de classe média, os Sandrini, que são abalados pelas novas
circunstâncias: amores inesperados, reflexos de intrigas políticas, desafios
aos preconceitos e testes para a coragem. Foi feita uma reconstituição
primorosa da cidade de Natal e usaram-se resquícios da base de Parnamirim Field
para a locação de diversas cenas, como a sessão de cinema que abre o filme e as
aulas do professor João Marreco.
-
A ESTRADA 47 (2013)
Direção
- Vicente Ferraz
Baseado
em fatos reais e com uma produção primorosa, o filme mostra o drama dos
soldados brasileiros, em sua maioria despreparados para o combate tendo que
aprender na prática a lutar pela sobrevivência na guerra. Depois de sofrerem um
ataque de pânico coletivo, no sopé do Monte Castelo, os soldados Guimarães
(Daniel de Oliveira), Tenente (Júlio Andrade), Piauí (Francisco Gaspar) e
Laurindo (Thogum) tentam descer a montanha, mas acabam se perdendo uns do
outros. Quando eles se reuniram, tiveram que decidir entre voltar para o
batalhão e correrem o risco de enfrentar a corte marcial por deserção, ou
retornar para a posição na noite anterior e correr o risco de enfrentar um
ataque surpresa do inimigo. Quando o jornalista Rui (Ivo Canelas), fala sobre um campo minado ativo, eles acham que
esta é uma oportunidade para se redimir do erro que cometeram, mas ainda há
muito o que acontecer, a guerra está longe de terminar.
(E
que conste dos autos: poderia lhe indicar RÁDIO AURIVERDE - 1991, de Sylvio
Back. Mas não o farei: me recuso a indicar esta bosta - o ponto mais baixo da carreira de Sylvio Back. Uma coisa é a intenção de questionar a versão
me-ufanista oficial da ação da FEB na Itália. Outra, muito diferente, foi o
resultado: um deboche completo, que poupa os poderosos da época – Getúlio
Vargas, Franklin Roosevelt, o general Mark Clark etc. – mas avacalha de modo
massacrante justamente a parte mais fraca desta equação, os próprios pracinhas,
quase todos de origem humilde, que lutaram debaixo de um frio de rachar e de
outras condições duras. Um deboche de tom mainardiano, do tipo "Esse pais
não presta, este povo não presta" etc.)
Brasil de 1955
a 1964
-
OS ANOS JK: UMA TRAJETÓRIA POLÍTICA (1980)
Direção
- Silvio Tendler
Documentário
com narração de Othon Bastos, traça um panorama do Brasil de 1945 a 1964 tendo
como personagem central Juscelino Kubitschek. Fazendo uso de cinejornais,
filmes de pequenos produtores, fotografias e material pesquisado em estações de
TV, entrevista nomes expressivos da política nacional como Tancredo Neves,
marechal Henrique Lott, Magalhães Pinto, Juracy Magalhães, Dante Pellacani e um
ex-dirigente da UNE, Marcos Heuzi. Aborda fatos marcantes da história como o
suicídio de Getúlio, a construção de Brasília, os governos Jânio Quadros e João
Goulart, o golpe de 1964.
-
O HOMEM DA CAPA PRETA (1986)
Direção
- Sérgio Rezende
A
controvertida carreira do político Tenório Cavalcanti (José Wilker) nos anos
1940 a 1960. Tenório teve sua infância marcada pela violência ao presenciar o
assassinato do pai. Vingado, foge para o Rio de Janeiro. Adulto, vestia a
famosa capa preta que escondia uma metralhadora apelidada de "Lurdinha".
Conquistou poder e fortuna na Baixada Fluminense. Homem do povo, político
popular, tinha seu eleitorado entre o povo humilde e miserável que via nele um
defensor e justiceiro. Seus comícios arrebatavam o povo e chocavam a classe
média e a elite política. Cassado em 1964, manteve sua aura como um dos heróis
do populismo.
- JÂNIO A 24 QUADROS (1981)
Direção- Luís Alberto Pereira
Balanço
político e bem-humorado da década de 50 aos dias atuais tendo como grande
personagem o ex-presidente Jânio Quadros. Dentro dessa proposta surgem outros
elementos da vida política nacional. Adhemar de Barros, a UNE (União Nacional
dos Estudantes), João Goulart, Juscelino Kubitschek, Figueiredo, Médici, Lula,
guerrilheiros, meditadores transcendentais e imagens antológicas, como a visita
de Juscelino à linha de montagem da Volkswagen, o comício de Jango na Central e
o levante dos marinheiros em 64, entremeados com a ascensão e queda do polêmico
ex-presidente. A carreira como governador de São Paulo, a campanha como candidato
à presidência da República pela UDN, a esperança e a promessa de varrer o país
- os slogans e as marchinhas, a eleição de 6 milhões de votos, a posse em uma
Brasília recém-inaugurada, a meteórica e desastrada estada na presidência, o
exílio e a volta são narrados por filmes de arquivo, músicas de época e por
bem-humoradas cenas de ficção, como a condecoração de Che Guevara e o sequestro
de Tio Sam.
-
OS FUZIS (1963)
Direção
- Ruy Guerra
Nordeste,
1963. Soldados chegam à cidade para evitar que a população miserável e faminta
invada e saqueie um depósito de alimentos. O dono do armazém tem grande
prejuízo, pois vende fiado e não recebe, situação agravada com a inadimplência
do governo que não paga o bônus que deve. Os miseráveis são liderados por um
beato místico que prega a adoração de um boi santo que fará chover. Ao final o
boi é morto e toda população avança para pegar um pedaço de carne. Locações
feitas nas cidades baianas de Milagres, Tartaruga e Nova Itarana.
-
JANGO (1984)
Direção
- Silvio Tendler
Documentário
com narração de José Wilker sobre a carreira de João Goulart desde sua eleição
a deputado estadual em 1947 até seu sepultamento em 1976, na sua cidade natal
de São Borja, RS. Realizado na época da campanha da Diretas-Já, o filme levanta
a bandeira da democratização trazendo imagens da época da ditadura como a
repressão às passeatas e o período de terror que marcaram o governo Médici.
Entrevistas com Afonso Arinos de Melo Franco, Antônio Carlos Muricy, Francisco
Julião, Gregório Bezerra, Celso Furtado, Magalhães Pinto, Frei Beto, Jânio
Quadros entre outros contemporâneos.
-
DOSSIÊ JANGO (2013)
Direção
- Paulo Henrique Fontenelle.
Documentário
sobre as circunstâncias da morte de João Goulart, em 1976, levantando a
suspeita de que o ex-presidente teria sido assassinado bem como Juscelino
Kubitschek e Carlos Lacerda, falecidos na mesma época. Reúne documentos e
depoimentos incluindo documentos da polícia uruguaia nunca revelados no Brasil.
Traz ainda gravações em áudio do embaixador Lincoln Gordon e dos ex-presidentes
americanos John F. Kennedy e Lyndon Johnson mostrando a preocupação do governo
dos Estados Unidos com o momento político do país e a possibilidade de intervir
no Brasil da mesma forma como foi feito no Panamá.
-
CABRA MARCADO PARA MORRER (1964-1984)
Direção
- Eduardo Coutinho
Documentário
sobre João Pedro Teixeira, líder da liga camponesa de Sapé, Paraíba,
assassinado em 1962. Um filme sobre sua vida começa a ser rodado em 1964, com a
reconstituição ficcional da ação política que levou ao assassinato. As
filmagens com a participação de camponeses do Engenho Galileia, em Pernambuco,
foram interrompidas pelo golpe militar. Dezessete anos depois, em 1981, o
diretor Eduardo Coutinho retoma o projeto, volta à região e reencontra a viúva
do líder assassinado, Elisabeth Teixeira, até então vivendo na clandestinidade,
e outros camponeses que haviam atuado no filme antes dele ser interrompido.
Brasil de 1964
a 1985 (ditadura militar)
-
GOLPE DE 64: A PROCISSÃO ESTÁ NAS RUAS (2000)
Direção
- Guilherme Fontes
Documentário
com argumento e roteiro de Fernando Moraes, contextualiza os anos 1960 no
panorama internacional e nacional utilizando fotos, filmes e áudios da época.
Traz também os depoimentos de personalidades que viveram o fato: Leonel Brizola,
Miguel Arraes, Armando Falcão, Paulo de Tarso Santos, Celso Furtado, general
Antônio Carlos Muricy, Marcos Sá Correa, Almino Afonso, José Serra, João
Pinheiro Neto, Gustavo Borges e Valdir Pires.
-
O DIA QUE DUROU 21 ANOS (2012)
Direção
- Camilo Tavares
Documentário
sobre a participação do governo dos Estados Unidos no golpe de 1964, desde sua
preparação dois anos antes. Apresenta entrevista de Lincoln Gordon, embaixador
norte-americano no Brasil na época, e Peter Kornbluh, coordenador dos Arquivos
de Segurança Nacional dos Estados Unidos, e gravação do presidente John Kennedy
revelando sua preocupação com opção esquerdista de Goulart. Na parte final,
várias pessoas que apoiaram o golpe mostram desencanto com os sucessivos "Atos
Institucionais" e o historiador Carlos Fico, da UFRJ, afirma que a "Linha
Dura" militar assumiu o governo em 1964. Não obstante, os Estados Unidos
continuaram a apoiar o novo regime, o que resultou em um sentimento crescente
de antiamericanismo.
-
REIS E RATOS (2011)
Direção
de Mauro Lima
Comédia
policial que conta, por meio de uma narrativa quebrada em flashbacks, uma
espécie de fábula suja da Guerra Fria. Em 1963, em uma pequena cidade no Rio de
Janeiro, Amélia Castanho (Rafaela Mandelli), uma cantora de boate, é escolhida
para a abertura da gincana de primavera. De repente, uma misteriosa bomba é
lançada, mas Amélia, salva-se pois não estava no local. Dias depois, Amélia
descobre que o locutor Hervé Gianini (Cauã Reymond) foi o responsável por sua
salvação. Neste meio tempo, arma-se a conspiração para desestabilizar o regime
planejada por Troy Sommerset (Selton Mello), agente da CIA no Brasil possui uma
loja de sapatos em Copacabana como atividade de fachada, e o Major Esdras
(Otávio Müller), auxiliados pelo vigarista Ronny Rato (Rodrigo Santoro).
-
BARRA 68. SEM PERDER A TERNURA (2001)
Direção
- Vladimir Carvalho
Documentário
narrado por Othon Bastos narra a criação da Universidade de Brasília, a luta de
Darcy Ribeiro para implantar as inovações que propunha e a perseguição sofrida
com o golpe militar de 1964. Culmina com a invasão do compus pelo Exército, em
1968 quando cerca de 500 estudantes foram detidos em uma quadra de esportes.
Traz depoimentos de Oscar Niemeyer, Roberto Salmeron, Jean-Claude Bernardet,
Darcy Ribeiro, Ana Miranda, Marcos Santilli, Cacá Diegues, José Carlos de
Almeida Azevedo entre outros
-
O QUE É ISSO COMPANHEIRO? (1997)
Direção
- Bruno Barreto
Com
a decretação do AI-5, em dezembro de 1968, a ditadura chega ao auge. Amplia-se
a censura à imprensa, a perda de mandatos e direitos civis, a prisão de
militantes da esquerda e a tortura. Em meados de 1969, um grupo de jovens da
classe média carioca opta pela clandestinidade e pela luta armada contra a
ditadura integrando o MR-8 e Ação Libertadora Nacional. Tramam o sequestro do
embaixador americano Charles Burke Elbrik (Alan Arkin). Para libertá-lo, os
sequestradores exigem a leitura de um manifesto em cadeia de televisão e a
libertação de 15 companheiros presos. Com um grande elenco composto por Pedro
Cardoso, Fernanda Torres, Matheus Nachtergaele, Luis Fernando Guimarães,
Cláudia Abreu, Nélson Dantas, Caio Junqueira, Marco Ricca, Selton Mello,
Fernanda Montenegro entre outros. O filme foi lançado nos Estados Unidos em
1997 com o título Four Days in September e concorreu ao Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro.
-
PRA FRENTE, BRASIL (1982)
Direção
- Roberto Farias
Junho
de 1970, primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo e o país em euforia pelo "milagre
econômico". Paralelamente, ocorrem movimentos contra a ditadura: assaltos
a bancos, sequestro de embaixadores e luta armada. Jofre Godói da Fonseca
(Reginaldo Farias), um pacato cidadão de classe média casado com Marta (Natália
do Valle), é confundido com um ativista político, sendo então preso e
torturado. Marta e Miguel (Antônio Fagundes), seu irmão, tentam encontrá-lo. O
título do filme é uma referência à canção de mesmo nome, escolhida pelo regime
para representar o país no Mundial de 1970. O filme foi inicialmente censurado
pelo regime apesar do país estar à época em plena redemocratização. O
presidente da Embrafilme, Celso Amorim, em abril de 1982 foi obrigado a se
demitir da presidência por ter aprovado o financiamento do filme. Liberado pela
Justiça, o filme estreou sem cortes em 14 de fevereiro de 1983.
-
O BOM BURGUÊS (1983)
Direção
de Oswaldo Caldeira
Inspirado
livremente em personagem real, Jorge Medeiros do Vale, funcionário do Banco do
Brasil preso em 1969 sob acusação de ter desviado cerca de 2 milhões de dólares
com os quais, entre outras coisas, financiara grupos de esquerda que lutavam
contra a ditadura militar no Brasil. Na época, Jorge Medeiros Vale ficou
conhecido na imprensa, nos órgãos de repressão e entre os guerrilheiros como “o
bom burguês”. O filme conta a história do bancário Lucas (José Wilker) que
desvia dinheiro do banco para financiar dois grupos revolucionários. A mulher
de Lucas, Neuza (Betty Faria), a princípio desconhece a atividade secreta do
marido, assim como sua irmã, Joana (Christiane Torloni), guerrilheira que o
considera um conformista. A situação se complica quando é sequestrado o
embaixador suíço.
-
O ANO EM QUE MEUS PAIS SAÍRAM DE FÉRIAS (2006)
Direção
- Cao Hamburguer e Cláudio Galperin
Em
1970, durante o rigor da ditadura e da euforia do milagre econômico, Mauro
(Michel Joelsas), um garoto mineiro de classe média, de 12 anos, apaixonado por
futebol e jogo de botão, se vê separado dos pais que "saem de férias".
Mauro vai morar com o avô (Paulo Autran) que pouco conhece e é obrigado a se
adaptar a uma estranha e divertida comunidade no bairro Bom Retiro, em São
Paulo, que abriga judeus e italianos, entre outras culturas.
-
MARIGUELLA: RETRATO FALADO DO GUERRILHEIRO (2001)
Direção
- Sílvio Tendler
Documentário
com narração de Othon Bastos sobre Carlos Marighella, parlamentar, líder
comunista e autor do "Manual do Guerrilheiro Urbano", obra traduzida
em diversos idiomas. Nascido em Salvador, Bahia, em 1911, Marighella atuou nos
principais acontecimentos políticos do Brasil, desde sua adesão ao Partido
Comunista em 1932, participação na Intentona de 1935 chegando à luta armada
contra a ditadura. Em 1968, rompeu com o PCB e fundou o grupo armado Ação
Libertadora Nacional. Participou, com o MR-8, do sequestro do embaixador
americano, em 1969. No final desse ano, foi morto a tiros em uma emboscada
coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. O filme destaca, também, as
conexões internacionais de Mariguella nas lutas de independência na Ásia,
África e América Latina nos anos 1950 e 1960. A importância de Mariguella na
luta contra a ditadura (que o considerou inimigo número 1) pode ser inferida
pelas numerosas citações de seu nome como personagem oculto, sempre
clandestino, em outros filmes como O que
é isso, companheiro? (Bruno Barreto, 1997), Batismo de Sangue (de Helvécio Ratton, 2006) e Lamarca (Sérgio Rezende, 1994),
-
CARLOS MARIGHELLA: QUEM SAMBA FICA, QUEM NÃO SAMBA VAI EMBORA (2011)
Direção
- Carlos Pronzato
Documentário
realizado em homenagem ao centenário de nascimento de Carlos Mariguella. O
diretor argentino, radicado em Salvador, é conhecido por sua produção que
aborda manifestações populares, sindicais e estudantis. Neste documentário, ele
apresenta um outro olhar sobre a luta armada contra a ditadura valorizando-a
como ação de resistência que tornou possível o retorno da democracia. A tese do
filme é mostrar Marighella como um herói nacional cuja importância para
democracia brasileira precisa ser reconhecida
-
MARIGHELLA (2011)
Direção
- Isa Grinspum Ferraz
Documentário
com narração de Lázaro Ramos que, feito em primeira pessoa, como sendo
Marighela contando sua trajetória, dá um tom pessoal, intimista e subjetivo à
obra. O retrato de Mariguella transita entre o familiar e o histórico, o que
pode ser explicado pelo fato da diretora ser sobrinha do protagonista. Traz o
depoimento de cerca de 30 pessoas, como o antropólogo Antônio Risério, o filho
Carlos Augusto Marighella, o escritor Antônio Candido, ex-companheiros de luta
armada e, sobretudo, a viúva de Marighella, Clara Charf.
-
LAMARCA (1994)
Direção
- Sergio Rezende
Baseado
na vida do capitão do exército Carlos Lamarca, um dos mais importantes e
perseguidos líderes da luta armada no Brasil, morto em 1971, aos 33 anos, pelos
órgãos de segurança do regime militar. A história começa em dezembro de 1970,
quando Lamarca (Paulo Betti) e seu grupo político rebelde negociam com a
ditadura militar a soltura de presos políticos em troca da vida do sequestrado
embaixador da Suiça mantido por eles em cativeiro. Alguns nomes de personagens
reais foram trocados; assim, o delegado Sérgio Paranhos Fleury se transformou
em delegado “Flores” (Ernani Moraes), e Iara Iavelberg, amante de Lamarca, em
“Clara” (Carla Camurati).
-
EM BUSCA DE IARA (2013)
Direção
- Flávio Frederico
Documentário
sobre a psicóloga e guerrilheira Iara Iavelberg, companheira de Lamarca e, como
ele, integrante da luta armada contra a ditadura militar. Traçando a trajetória
de Iara, destaca sua militância estudantil na USP e participação em diversa
organizações de esquerda, sua estada no Vale da Ribeira, quando conhece Carlos
Lamarca e, por fim, em Salvador onde é vítima de uma cilada dos militares. A
nota oficial diz que ela se suicidou com um tiro no peito para não ser presa.
Entrevistando vizinhos à época do fato e um perito, o filme procura demonstrar
que foi, na verdade, um assassinato. Veja o site do filme aqui.
http://embuscadeiara.com.br/filme.html
-
MANHÃ CINZENTA (1969)
Direção
- Olney Alberto São Paulo
Em
plena vigência do AI-5, o cineasta-militante Olney São Paulo dirigiu esse filme
que conta um golpe de estado num país imaginário da América Latina, onde um
casal que participa de uma passeata é preso, torturado e interrogado por um
robô. O enredo antecipa o aconteceria com o próprio diretor que acabou preso e
torturado, morrendo das sequelas da tortura em 1978. A ditadura tirou o filme
de circulação, mas uma cópia sobreviveu. Foi a primeira produção brasileira a
ganhar o prêmio Obernhausen, na Alemanha Oriental.
-
HÉRCULES 56 (2006)
Direção
- Silvio Da-Rin
A
história do sequestro do embaixador americano no Brasil, Charles Burke Elbrick,
em 1969 e sua posterior troca por 15 presos políticos, que são enviados ao
México a bordo do avião da FAB, o Hércules 56. Inspirado na obra de Fernando
Gabeira, traz o depoimento dos sobreviventes do grupo: Agonalto Pacheco, Flávio
Tavares, José Dirceu, José Ibrahim, Maria Augusta Carneiro, Mário Zanconato,
Ricardo Vilas Boas, Ricardo Zarattini e Vladimir Palmeira. Em entrevistas
individuais, eles falam da situação da época, de sua atuação política, prisão,
libertação e exílio. Os já falecidos aparecem em material de arquivo.
-
CABRA CEGA (2003)
Direção
- Toni Ventura
A
história de Tiago (Leonardo Medeiros), Rosa (Débora Duboc) e Pedro (Michel
Bercovitch), jovens engajados na luta armada e política contra a ditadura
militar e que sonham com uma revolução social no Brasil. Tiago é o comandante
de um "grupo de ação" de uma organização de esquerda que, no momento,
está debilitada. Rosa é o contato de Tiago com o mundo. Ferido por um tiro, em
uma emboscada feita pela polícia, Tiago se esconde na casa de Pedro, um
arquiteto simpatizante da causa. Com o passar do tempo, Tiago passa a ficar preocupado
com sua segurança e de Rosa, colocando dúvidas em Pedro se ele não seria um
traidor.
-
BATISMO DE SANGUE (2006)
Direção
- Helvécio Ratton
Baseado
na obra homônima de Frei Betto conta a resistência dos frades dominicanos Tito
(Caio Blat), Betto (Daniel de Oliveira), Oswaldo (Ângelo Antônio), Fernando
(Léo Quintão) e Ivo (Odilon Esteves) contra a ditadura militar e seu
envolvimento com o grupo guerrilheiro Ação Libertadora Nacional comandada por
Carlos Marighella (Marku Ribas). Sem encostar em armas, os freis organizavam
encontros, levavam e traziam recados mas acabam presos e torturados por
oficiais que os acusam de traidores da pátria e da igreja.
- NUNCA FOMOS TÃO FELIZES (1984)
Direção - Murilo Salles
Baseado no conto Alguma coisa urgentemente, de João
Gilberto Noll. Um rapaz, Gabriel (Roberto Batalin) é retirado de um colégio
interno por seu pai, Beto (Cláudio Marzo) e é acomodado num grande apartamento temporariamente. Ele pouco sabe sobre
a vida do pai - militante político perseguido pela polícia do regime
militar -, e começa a investigar
o mistério que o cerca.
-
EM TEU NOME (2009)
Direção
- Paulo Nascimento
No
início dos anos 1970, a América Latina vivia um período dominado pela ditadura
militar contestada pela ação armada de grupos políticos de esquerda. No Brasil,
Boni (Leonardo Machado), um estudante de engenharia de origem humilde, adere à
luta armada. Contudo, carrega dúvidas e medos sobre se este seria realmente o
melhor caminho, pois teme pela família, pela namorada e pelo futuro que parece
incerto a cada dia. Acaba preso, torturado e banido do país. No exílio no
Chile, ao lado da companheira Cecília (Fernanda Moro), passa a compreender a
sociedade de outra maneira. Começa a trabalhar e a conviver com o povo chileno,
percebendo que para mudar a realidade é preciso primeiro entende-la. Com a
queda de Allende, a vida de Boni muda novamente. Veja site do filme aqui.
-
ZUZU ANGEL (2006)
Direção
- Sérgio Rezende
A
história de Zuzu Angel (Patrícia Pillar), uma estilista de sucesso que divulgou
a moda brasileira por todo mundo. Em abril de 1971, seu filho Stuart Jones
(Daniel de Oliveira), estudante de economia e ativista filiado ao MR-8 foi
preso, torturado e assassinado pelos agentes do Centro de Informações da
Aeronáutica (CISA). Zuzu não aceita a resposta das autoridades que consideram
Stuart como "desaparecido" político. Move uma guerra pela recuperação
do corpo do filho envolvendo os Estados Unidos, país de seu ex-marido e pai de
Stuart. Em abril de 1976, ela também foi morta em um acidente de carro forjado
pelos militares. Atores do filme “Lamarca” participaram das filmagens fazendo
os mesmos personagens: Paulo Betti, como Lamarca, aparece num assalto a banco
junto com Stuart. Em outra cena, Nelson Dantas, como pai de Lamarca, é
procurado por Zuzu.
- AÇÃO ENTRE AMIGOS (1998)
Direção - Beto Brant
Lutando contra o regime militar brasileiro, os amigos Miguel (Zécarlos
Machado), Paulo (Carlos Meceni), Elói (Cacá Amaral) e Osvaldo (Genésio de
Barros) são presos pelas forças de repressão da ditadura em 1971 e
torturados durante meses por Correia (Leonardo Vilar), responsável pela morte
de Lúcia (Melina Anthis), namorada de Miguel.
Vinte e cinco anos depois, os quatro amigos se
reúnem ao tomar conhecimento de que o torturador, ao contrário da versão
oficial, está vivo. Decidem então sequestrá-lo e matá-lo. Todavia, ao ser
capturado, Correia faz uma revelação surpreendente que muda toda a história.
- QUE BOM TE VER VIVA (1989)
Direção - Lúcia Murat
Ex-presas políticas da ditadura militar brasileira
analisam como puderam enfrentar as torturas e prisões, relatando as situações e
como sobreviveram à esse período, onde delírios e fantasias são recorrentes. O
filme intercala cenas documentais com um monólogo ficcional (interpretado por
Irene Ravache), que é um amálgama dos relatos e das memórias dessas corajosas
mulheres (inclusive a própria Lúcia Murat, presa e torturada durante este
período).
-
ARAGUAYA: CONSPIRAÇÃO
DO SILENCIO (2004)
Direção - Ronaldo
Duque
O exército brasileiro no auge da
ideologia da segurança nacional, um partido de esquerda dissidente, militantes
aguerridos (a maioria deles ainda jovens e inexperientes), inocentes camponeses
e uma região onde a ambição e a miséria disputavam lugar palmo a palmo. É neste
cenário que está o Padre Chico (Stephane Brodt), um religioso francês que
chegou à região do Araguaia no início dos anos 60. A profunda identidade de
Padre Chico com as pessoas da região, associada ao seu sentimento religioso e
dúvidas existenciais, fazem com que o religioso presencie os eventos ligados à
formação da Guerrilha do Araguaia.
-
TATUAGEM (2013)
Direção
- Hilton Lacerda
Nordeste,
1978, em plena ditadura militar, um grupo de artistas conhecido como Chão de
Estrelas, dirigido por Clécio Wanderley (Irandhiur Santos) apresenta seus
espetáculos com muita irreverência, deboche e anarquia. Clécio conhece Fininha,
o soldado Arlindo Araújo (Jesuíta Barbosa), um garoto de 18 anos que vive no
quartel. Clécio se apaixona pelo recruta e este fica encantado pelo modo de
vida dos artistas. A partir daí, dois mundos se chocam: o militar com sua
rigidez e atrocidades com o cabaré com sua alegria e homossexualidade. Com
locações em Olinda, Recife e Cabo de Santo Agostinho, o filme ganhou vários
prêmios em Gramado e Rio de Janeiro.
-
O SOL: CAMINHANDO CONTRA O VENTO (2006)
Direção
- Tetê Moraes e Martha Alencar
Documentário
sobre a geração-68 contado por meio da história do jornal O Sol, um dos primeiros veículos da imprensa alternativa
brasileira, produzido diariamente durante seis meses, na década de 1960. O
jornal falava de cultura, política e educação por meio de sátiras e por ele
passaram figuras de destaque no cenário cultural da época. Cenas de arquivo e
músicas da época procuram reconstituir o espírito da geração-68. O filme conta
a participação de personalidades como Ziraldo, Zuenir Ventura, Arnaldo Jabor,
Chico Buarque, Caetano Veloso, Carlos Heitor Cony, Fernando Gabeira, Betty
Faria, Hugo Carvana entre outros.
- BEYOND
CITIZEN KANE (MUITO ALÉM DO
CIDADÃO KANE) (1993)
Direção
- Simon Hartog
Documentário exibido pelo Channel 4 (emissora pública do Reino Unido)
sobre as relações entre a mídia e o poder do Brasil, focando na análise da
figura de Roberto Marinho. O título é
inspirado no personagem Charles Foster
Kane, do clássico Cidadão Kane (Citizen
Kane, 1941) de Orson Welles. Segundo o documentário, a Globo empregaria
a mesma manipulação grosseira de notícias para influenciar a opinião pública, como fazia Kane no
filme. É mostrado também que a
emissora detinha um grande Market
Share da propaganda no início dos
anos 90, 75% da verba total no país. Embora o
documentário tenha sido censurado pela Justiça (a pedido – justamente – de Roberto
Marinho e das Organizações Globo), Muito
Além do Cidadão Kane pode ser encontrado na internet – fora o fato de
que a Rede Record comprou os direitos de transmissão
exclusiva (quando a justiça liberar, claro...) por 20 mil dólares do
produtor John Ellis.
-
VLADO: TRINTA ANOS DEPOIS (2005)
Direção
de João Batista de Andrade
Documentário
sobre a trajetória do jornalista Vladimir Herzog morto nas dependências do
DOI-CODI (órgão da repressão política do regime militar) em 1975. Revela a
história do jornalista desde sua infância na Iugoslávia com sua família de origem
judaica fugindo da perseguição nazista, sua militância política até os horrores
dos porões da ditadura. Traz depoimentos de amigos e colegas: Mino Carta, João
Bosco, Fernando Morais, Aldir Blanc e da viúva Clarice Herzog.
Redemocratização E Atualidade
- AMARELO MANGA (2003)
Direção - Claudio Assis
Lígia (Leona Cavalli) é uma mulher desencantada que
trabalha num bar, num subúrbio de Recife e, quando o dia termina, só lhe resta
voltar ao seu quarto, em um anexo do bar. Ao mesmo tempo, Kika (Dira Paes), que
é muito religiosa, está frequentando um culto enquanto seu marido Wellington (Chico Diaz),
que é um açougueiro, elogia as
virtudes da sua mulher enquanto usa uma machadinha para fazer seu serviço.
Apesar de elogiar a mulher, Wellington tem uma amante (Milena de Queiroz Santos),
que quer que ele tome uma decisão.
No Hotel Texas, que também fica na periferia da cidade, trabalha Dunga (Matheus
Nachtergaele), um gay que é apaixonado por Wellington. Um
hóspede do Hotel Texas, Isaac (Jonas Bloch), sente um grande prazer em atirar
em cadáveres, que lhe são
fornecidos por Rabecão (Everaldo Pontes), um funcionário do IML. Isaac conhece Lígia no bar e se
interessa por ela.
- BICHO DE SETE CABEÇAS (2000)
Direção - Laís Bodanzky)
Uma viagem
ao inferno manicomial. Esta é a odisséia vivida por Neto (Rodrigo Santoro), um adolescente de classe média, que vive em
busca de emoções e liberdade, que tem suas pequenas rebeldias incompreendidas
pelo pai (Othon Bastos). A
falta de entendimento entre os dois leva ao emudecimento na relação dentro de
casa e o medo de perder o controle do filho vira o amor do avesso. Um dia, o
pai encontra um baseado no bolso de seu casaco. O cigarro de maconha é apenas a
gota d’água que deflagra a tragédia da família: o pai interna Neto em um
manicômio. Uma vez internado, Neto conhece uma realidade completamente
absurda, desumana, em que as pessoas são devoradas por um sistema manicomial
corrupto e cruel, e é forçado a amadurecer. As transformações por que ele passa
transformam sua relação com o pai. A linguagem de documentário utilizada pela
diretora empresta ao filme uma forte sensação de realidade, que aumenta ainda
mais o impacto das emoções vividas por Neto.
- CARANDIRU (2000)
Direção - Hector Babenco
Baseado no livro Estação Carandiru, de Dráusio Varela, onde
ele narra suas experiências com a dura realidade dos presídios brasileiros em
um trabalho de prevenção à AIDS realizado na extinta Casa de Detenção de São Paulo, (mais
conhecida por Carandiru por se localizar no bairro de mesmo nome na cidade de
São Paulo). O cotidiano da Casa de Detenção, sob o olhar de um médico (Luis
Carlos Vasconcellos), antes e durante o massacre ocorrido em 2 de outubro de
1992, em que 111 presos foram mortos pela polícia.
(Uma sugestão, dr. Dallagnol: quando for assistir o
filme, convide o ilustre desembargador do Tribunal de Justiça de SP, que anulou
a condenação de 74 policiais militares que massacraram 111 presos do Carandiru,
dizendo que foi "legitima defesa"... Sei... os pobres policiais, mal
armados com fuzis, escopetas e metralhadoras, acuados pelos presos fortemente
armados de pedras e facões...)
- CENTRAL DO BRASIL (Brasil-França, 1998)
Direção - Walter Salles
Dora (Fernanda Montenegro) é uma mulher que
trabalha na estação Central
do Brasil escrevendo cartas para
pessoas analfabetas; uma de suas clientes, Ana aparece com o filho Josué (Vinícius
de Oliveira) pedindo que escrevesse uma carta para o seu marido dizendo que
Josué quer visitá-lo um dia. Saindo da estação, Ana morre atropelada por um
ônibus e Josué, de apenas 9 anos e sem ter para onde ir, se vê forçado a morar
na estação. Com pena do garoto, Dora decide ajudá-lo e levá-lo até seu pai que
mora no sertão nordestino. No meio desta viagem pelo Brasil eles encontram
obstáculos e descobertas enquanto o filme revela como é a vida de pessoas que
migram pelo país na tentativa de conseguir melhor qualidade de vida ou poder
reaver seus parentes deixados para trás. (Indicado
para o Oscar de 1999: melhor filme estrangeiro e melhor atriz – Fernanda Montenegro)
- CIDADE BAIXA (2005)
Direção - Sérgio Machado
Deco (Lázaro Ramos) e Naldinho (Wagner Moura) se
conhecem desde garotos, sendo difícil até mesmo falar em um sem se lembrar do
outro. Eles ganham a vida fazendo fretes e aplicando pequenos golpes a bordo do
Dany Boy, um barco a vapor que compraram em parceria. Um dia surge Karinna
(Alice Braga), uma stripper que deseja arranjar um gringo endinheirado no
carnaval de Salvador a quem a dupla dá uma carona. Após descarregarem em
Cachoeira, Deco e Naldinho vão até uma rinha de galos. Naldinho aposta o
dinheiro ganho com o frete, mas se envolve em confusão e termina recebendo uma
facada. Deco defende o amigo e ataca o agressor, mas os dois são obrigados a
fugir no barco, pois Naldinho está ferido. Na fuga, Karinne ajuda a dupla e vai
com eles rumo a Salvador. Enquanto Naldinho se recupera, Deco tenta conseguir
dinheiro para ajudar o amigo. Aos poucos a atração entre eles cresce, criando a
possibilidade de que levem uma vida a três.
- CRONICAMENTE INVIÁVEL (2000)
Direção - Sérgio Bianchi
O filme narra
trechos das histórias de vida de seis personagens (Alfredo, Amanda, Adam,
Carlos, Luis e Maria Alice), mostrando a dificuldade de sobrevivência mental e
física em meio ao caos da sociedade brasileira, que atinge a todos
independentemente da posição social ou da postura assumida. Estas situações têm
como fio condutor um restaurante num bairro rico de São Paulo, que é de
propriedade de Luis (Cecil Thiré). Ele é um homem de meia idade, refinado,
acostumado com as boas maneiras, mas ao mesmo tempo irônico e pungente. Alfredo
(Umberto Magnani) é um escritor que está realizando um estranho passeio pelo
país, buscando compreender, a partir de uma visão ácida da realidade, os
problemas de dominação e opressão social. Adam (Dan Stulbach), recém chegado do
Paraná, é o mais novo garçom do restaurante de Luis, e se destaca dos demais
empregados por sua descendência européia, tanto por seu aspecto físico, quanto
por sua boa instrução e insubordinação. Maria Alice (Betty Gofman) é uma
carioca classe média-alta que está sempre preocupada em manter o mínimo de
humanidade na relação com as pessoas de classe mais baixa. É casada com Carlos
(Daniel Dantas), um homem com uma visão pragmática da vida, que acredita na
racionalidade como forma de tirar proveito da bagunça típica do Brasil. Amanda
(Dira Paes), gerente do restaurante de Luis, é uma pessoa cativante, com um
passado incerto, encoberto pelas várias histórias que costuma contar para os
amigos e os refinados clientes do restaurante.
- PRO DIA NASCER FELIZ (2006
Direção - João Jardim
Filmado em
três estados brasileiros, abordando classes sociais distintas, o documentário
de longa-metragem de João Jardim é um diário de observação do adolescente
brasileiro, com suas angústias e inquietações, e, em especial, a maneira como
ele se relaciona com um ambiente fundamental em sua formação (a escola) e onde
os professores também expõem seu cotidiano profissional, ajudando a pintar um
quadro complexo das desigualdades e da violência no país a partir da realidade
escolar.
- QUANTO VALE OU É POR QUILO? (2006)
Direção - Sérgio Bianchi
No século
XVII, um capitão do mato captura uma escrava fugitiva, que está
grávida e, Após entregá-la ao seu dono, a escrava aborta o filho que espera.
Nos dias atuais, uma ONG implanta
o projeto Informática na Periferia
em uma comunidade carente. Arminda (Ana Carbatti), que trabalha no projeto,
descobre que os computadores comprados foram superfaturados e, por causa disto,
precisa agora ser eliminada e Candinho, um jovem desempregado cuja esposa está
grávida, torna-se matador de aluguel e um dos mais competentes, para conseguir
dinheiro para sobreviver.
Direção - Marcos Prado
Estamira Gomes de Sousa (Estamira), conhecida por
protagonizar documentário homônimo, foi uma senhora que apresentava distúrbios
mentais, vivia e trabalhava (à época da produção do filme) no aterro sanitário de Jardim
Gramacho, local que recebe os resíduos produzidos
na cidade do Rio de
Janeiro. Tornou-se famosa pelo seu discurso filosófico, uma mistura de extrema
lucidez e loucura, que abrangia temas como: a vida, Deus, o trabalho e
reflexões existenciais acerca de si mesma e da sociedade dos homens. "Ela
acreditava ter a missão de trazer os princípios éticos básicos para as pessoas
que viviam fora do lixo onde ela viveu por 22 anos. Para ela, o verdadeiro lixo
são os valores falidos em que vive a sociedade", comentou Marcos Prado,
diretor do filme.
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