Eu
amo todos vocês, mas terão de me desculpar. Eu perdi minha voz em gritos e
lamentações nesse fim de semana. E... eu... perdi a cabeça em algum momento no
ano passado, então eu tenho que ler.
Obrigada,
Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood. E só para citar o que
o Hugh Laurie disse: Você e todos nós aqui pertencemos aos gruposmais desprezados da sociedade
norte-americana atualmente. Pensem nisso:Hollywood, estrangeiros e a
imprensa.
Mas, quem somos nós? O que é Hollywood? Ela é feita de um monte de gente, de
vários lugares. Eu nasci e cresci nas escolas públicas de Nova Jersey, Viola
veio da Carolina do Sul, surgiu em Central Falls, Rhode Island... Sarah Paulson
nasceu na Flórida e foi criada pela mãe solteira no Brooklyn, Sarah Jessica
Parker é uma das sete ou oito crianças de Ohio, Amy Adams nasceu em Vicenza, na
Itália, e Natalie Portman nasceu em Jerusalém. Onde estão suas certidões de nascimento? E a
bela Ruth Negga nasceu em Adis Abeba, na Etiópia, criada na Irlanda e está aqui
indicada pelo papel de uma jovem da Virginia.Ryan Gosling, como todas as pessoas boas, é
canadense.E
Dev Patel nasceu no Quênia, cresceu em Londres e está aqui indicado pelo papel
de um indiano criado na Tasmânia.Hollywood
está lotada de forasteiros e estrangeiros e, se os deportássemos, vocês não
teriam nada para ver além de futebol e MMA, que não tem nada a ver com arte.
Eles
me deram três segundos para dizer isso, então... O único trabalho de um ator é
entrar na vida outras pessoas, diferentes de nós, e fazer com que elas sintam
como isso é. E houve muitas, muitas performances poderosas este ano que fizeram
exatamente isso, trabalhos de tirar o fôlego. Mas há uma performance este ano
que me chocou...
afundou seus ganchos em meu coração...
Não porque era boa, não havia nada de bom
nisso. Mas foi eficaz e fez o seu trabalho. Fez
o público ao qual se destinava rir e mostrar os dentes. Foi naquele momento que
a pessoa que pediu para sentar na cadeira mais respeitada do país imitou um
jornalista deficiente... alguém que ele superou em privilégio, poder e
capacidade de lutar. Aquilo partiu meu coração e eu ainda não consigo tirar
isso da cabeça porque não aconteceu num filme, e sim na vida real.E esse instinto de
humilhar, quando feito por alguém numa plataforma pública por alguém poderoso,
afeta a vida de todo mundo,
porque dá a impressão de que há uma permissão para que outros façam o mesmo. Desrespeito
convida desrespeito. Violência incita violência. E quando poderosos usam sua
posição para intimidar os outros, todos nós perdemos.
O.k., vamos em frente
com isso... O.K., isso me leva até a imprensa. Precisamos de uma imprensa de princípios para manter a ordem, para
chama-lo a responder por cada ultraje. É por isso que nossos fundadores
consagraram a imprensa e suas liberdades na Constituição. Por isso eu só peço à
imprensa estrangeira de Hollywood, e a todos nós de nossa comunidade, que se juntem
a mim para apoiar o Comitê para a Proteção aos Jornalistas, porque vamos
precisar deles no futuro e eles precisarão de nós para salvaguardar a verdade
Precisamos que a imprensa mostre todos esses atos. Peço que a nossa comunidade
ajude a proteger os jornalistas, porque precisamos deles mais do que nunca.
Mais
uma coisa... Uma vez, quando eu estava de pé num set, um dia, lamentando algo
do tipo que "nós íamos trabalhar durante a ceia ou as longas horas, ou
qualquer outra coisa, Tommy Lee Jones me disse: "Não é um privilégio,
Meryl? Apenas ser um ator?" Sim, é, e temos de nos lembrar do privilégio e
da responsabilidade do ato da empatia. Todos deveríamos nos orgulhar do
trabalho que Hollywood honra aqui esta noite.
É como minha... como
minha amiga, a querida princesa Leia, disse para mim uma vez: "Pegue
seu coração partido, transforme-o em arte". Obrigado.
Discurso
de Meryl Streep, ao receber o prêmio Cecil B. de Mille, durante a entrega do Globo
de Ouro, 8 de janeiro de 2017 – discurso, aliás, que deu urticárias no escriba
neomainardiano Guilherme Fiuza, que resolveu tomar as dores de mr. Donald Trump
– sacaneando gratuitamente o discurso de Meryl Streep, os artistas de Hollywood
e o próprio governo de Barack Obama – em artigo n' O Globo. Ainda não
se entende por que motivo o doutor (SIC)
Fiuza resolveu tomar as dores de mr. Trump. O fato é
que ficou a impressão:
a)
De que o doutor (SIC) Fiuza odeia
artistas. Putz, nem parece que escreveu tantos livros, sendo o mais famoso Meu nome não é Johnny (Rio de Janeiro, Record, 2004), e sendo que alguns de seus livros
são biografias destes artistas que ele tanto parece odiar (Bussunda: a Vida
do Casseta- Rio de Janeiro Objetiva, 2010; Giane
- Vida, arte e luta-
Rio de Janeiro, Editora GMT, 2012, sobre o ator
Reynaldo Gianecchini). Nem parece também que levou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de Melhor Roteiro Adaptado em 2009,
pela adaptação para o cinema do seu Meu
nome não é Johnny. Muito menos que escreveu, junto com Euclydes Marinho,Denise
BandeiraeNelson Motta, a minissérieO Brado Retumbante (Rede Globo,
2009). Ou não se sente integrado aos artistas o suficiente, ou é
bipolaridade...
b) Que o doutor (SIC) Fiuza leu e não entendeu
direito o discurso de Meryl Streep.
Noves fora o
inconformismo dos artistas de Hollywood com a vitória de Donald Trump – um candidato com uma
volatilidade emocional e uma mentalidade um tanto quando misógina, anti
imigração (coisa que sempre ocorreu na história norteamericana; não custa nada lembrar
da discriminação dos White Anglo-Saxon-Persons, os WASPs, contra judeus e
imigrantes, especialmente irlandeses, russos, poloneses e alemães – incluindo
herr Friedrich Trump, tataravô de mr.
Trump, Kallstadt, no Palatinado, que imigrou para os EUA em 1886, aos dezesseis anos)– e racista – isso mesmo, doutor (SIC) Fiuza: se você acha que aceitar (e não recusar) o apoio do Partido Nazista norte americano e da Klu-Klux-Klan (aliás,
esta última ficou tãããão feliz com a vitória de Trump que, em novembro, convocou uma marcha em comemoração à sua vitória na Carolina do Norte) –
e nomear o responsável por um site claramente racista como estrategista chefe da Casa Branca)
não é apoio ao racismo, então você não sabe o que é discriminação racial... Enfim, noves fora
tudo isso, o mote do discurso foi algo tão repulsivo como tudo isso. Meryl Streep não
precisa ser parente do jornalista Serge Kovaleski, do The
New York Times, que tem dificuldades motoras por uma doença congênita em
suas articulações (artrogripose) para se indignar e achar nojento o modo como
mr. Trump o ridicularizou num comício na Carolina do Sul, em novembro de 2015.
Mas, e se fosse com um parente ou amigo seu que fosse deficiente, doutor (SIC) Fiuza? Você também ia achar que não tinha
nada de mais, como mr. Trump? Bem que seu novo ídolo tentou se justificar no caso Serge Kovaleski: "Pela 100ª vez, nunca 'parodiei' um
jornalista deficiente (nunca faria isso). Simplesmente o mostrei como 'rasteiro'
quando ele mudou totalmente uma matéria que tinha escrito havia 16 anos para me
fazer ficar mal. Isto é apenas mais imprensa desonesta!". A emenda saiu
pior do que o soneto, porque, para rebater Kovaleski, mr. Trump apelou para o tal de ad hominem: não rebateu o tal artigo,
mas ridicularizou pessoalmente o jornalista. Acha isso bonito também? Então
preste atenção doutor (SIC)
Fiuza: uma coisa é sacanear os exageros
do politicamente correto; outra é ser ofensivo demais (especialmente com
deficientes físicos) ao ponto de ser repulsivo.
Mas
repetindo: ainda não se entende por que motivo o doutor (SIC) Fiuza resolveu tomar as dores de mr. Trump. Se o doutor (SIC) Fiuza fez isso de graça,
convenhamos: é Síndrome de Estocolmo na veia. Neste caso, fica a frase do
mestre Millôr Fernandes: "Quem se curva demais aos opressores, acaba
mostrando o rabo para os oprimidos"... Agora, se
foi pago pela Trump Corporation (é esse o nome das empresas de Trump?) para
defendê-lo e aplaudi-lo, tudo bem, tá serto
(assim mesmo, sr revisor, obrigado): todos os escribas de aluguel precisam
ganhar o seu pão (ou o seu caviar, ou a gasolina premium do seu carro de luxo,
dependendo de quanto lucraram se vendendo...). Mas se for assim, o doutor (SIC) Fiuza justifica a frase do
Barão de Itararé: "O homem que se vende recebe sempre mais do que
vale".
****************
E
agora, a nossa indicação de filme para esta séria série: Tão de repente (Tan de repente - Argentina, 2002), de Diego Lerman (11º Mix Brasil, 2002), baseado em romance de
Cesar Aira, se passa no mundo LGBT de Buenos Aires. Márcia (Tatiana Saphir), solitária e
sonhadora, ocupa seu tempo entre o cotidiano de Buenos Aires e a preocupação em
perder os quilos a mais. Sua vida será completamente modificada a partir do
momento em que conhecerá Mao (Carla Crespo) e Lenin (Veronica Hassan), um casal
de namoradas punk. As três desenvolvem uma curiosa relação de amizade, que será
posta em jogo quando Mao se mostrar apaixonada por Márcia. Juntas as três pegam
o rumo da estrada numa estranha viagem, ritmada pelo acaso, as paisagens e
situações fantasiosas. Fiquem com
um trailer.
Numa família nuclear
comum, uma mãe mata o filho com três facadas no pescoço e, com a ajuda do
marido, enrola o corpo num edredom, leva a um canavial e ateia fogo. Na
delegacia, confessa o crime e diz que o filho era homossexual e usuário de
drogas.
“Eu não o aguentava
mais.”
Tatiana Ferreira, gerente
de supermercado, e Alex Canteli, taxista, suspeitos no crime que vitimou
Itaberli Lozano, de 17 anos, homossexual, eram cidadãos comuns. Passariam até
como “cidadãos de bem”: Emprego, residência fixa, impostos pagos e foto de
natal da família.
Fazem parte do clã que
defende a “moral da família brasileira.” São guardiões desta moral
a ponto de não aceitarem a homossexualidade do filho (estamos no século
XXI orientação sexual ainda está associada à moral).
Cresceram, provavelmente,
ouvindo (e absorvendo, por todos os poros), que homossexuais e usuários de
drogas são a escória da honrada sociedade brasileira e que, portanto, não
merecem ser amados, tampouco respeitados, tampouco mantidos vivos – nem
mesmo segundo esta moral que diz, com o peito estufado de orgulho, defender a
“família brasileira.”
Defendem a família
brasileira, desde que não haja nela um LGBT, desde que um dos filhos não vire
comunista, desde que nenhum membro tenha contato com drogas ilícitas (quanto às
lícitas, tudo bem), desde que ninguém discuta nada e absolutamente todos –
ignorando as próprias convicções e, se possível (spoiler: não é possível) a própria
orientação sexual- obedeçam ao digníssimo e hipócrita modelo de Família
Brasileira, que acoberta violência com a mais requintada hipocrisia.
Resumindo: A moral cristã
– que é a mesma moral da “grande” mídia, que é a mesma moral da Direita
Brasileira, que é a mesmíssima moral dos Bolsominions – não defende a família
brasileira. O que ela faz é, na verdade, justamente o contrário: Destrói-a por
todos os lados, de todas as maneiras, e cada vez mais violentamente.
De qualquer modo, não
deve ser muito saudável dar ouvidos a uma moralidade que faz com que mães matem
filhos – se uma mãe que esfaqueia um filho e queima o corpo não é capaz de te
convencer, eu tampouco o serei.
O fato é que, na
verdadeira “família brasileira” – desconhecida para os mais conservadores –
há pessoas de todas as cores, de todas as orientações sexuais e
políticas, com todo tipo de ideologia – qualquer moral que se proponha a
defendê-la deve, portanto, ter como primeiro preceito a tolerância à
diversidade – mas, sabemos, conservadorismo e tolerância não se dão muito bem.
Onde há conservadorismo,
há violência – Itaberli Lozano certamente soube disso quando sua mãe – que
confessou o crime sem nenhuma comoção – fincou-lhe uma faca no pescoço. Graças
à moral conservadora e sedenta por violência, talvez agora lhe caia sobre os
ombros uma estranha sensação de dever cumprido.
******************************
Para
compensar, duas indicações de filmes para esta séria série. A primeira indicação estreou nesta quinta feira (14 de janeiro):A criada (Ah-ga-ssi / The Handmaiden - Coreia do Sul, 2016), de Park Chan-Wook – livremente inspirado no romanceFingersmith, de Sarah Waters (edição brasileira: Na ponta dos dedos – Rio de Janeiro,
Record, 2005) transferida da Londres vitoriana do século XIX para a Coreia sob
ocupação japonesa, nos anos 1930. Só para lembrar: Sarah Waters é a mesma
autora de Tipping the velvet (edição
brasileira: Toque de veludo – Rio de
Janeiro, Record, 2011) (Aliás, tanto Fingersmith como Tipping the velvet foram séries da BBC – aliás, Tipping the velvet foi indicada por mim em um dos posts desta séria sérieMinha
sugestão? Assistam a versão de Park Chan-Wook (realizador de Oldboy, 2003, Lady vingança, 2005, Sede de
sangue, 2009 e Segredos de sangue,
2013) e depois a série da BBC (se quiserem
inverter a ordem dos tratores, que não altera o viaduto, tudo bem.), para
decidir qual delas é... como é que se diz mesmo?... instigante. A sinopse:
durante a ocupação japonesa na Coreia, nos anos 1930, a jovem Soo-kee (Kim
Tae-ri) é contratada para trabalhar para uma herdeira nipônica, Hideko (Kim
Min-Hee), que leva uma vida isolada ao lado do tio autoritário, Kouzuki (Jin-woong Jo).
Só que Soo-kee guarda um segredo: tudo faz parte do plano de um vigarista, o
conde Fujiwara (Jung-woo Ha). Soo-kee deve ajudar Fujiwara a desposar a
herdeira, roubar sua fortuna e trancafiá-la em um sanatório. Tudo corre bem com
o plano... até que Soo-kee aos poucos começa a compreender as motivações de
Hideko.
This is the trailer.
A minha segunda indicação é Mango kiss (EUA, 2003), de Sascha Rice, exibido
no Panorama Internacional do 13º Mix Brasil (2005). É uma comédia romântica, baseada em Triângulo das Bermudas: uma Experiência Não-Monogâmica, de Sarah Brown, que
leva às telas a cena lésbica de São Francisco, onde casais de mulheres vivem
papéis bem definidos e a monogamia é uma exceção. A vida de Lou (Michelle Wolff)
vira ao avesso quando ela se apaixona por sua melhor amiga, Sassafras (Danièle Ferraro),
e as duas se mudam, justamente, para a cidade mais gay dos EUA. Fiquem também
com um trailer do filme.
Tenho de
ser mais do que sincero com os leitores: ultimamente estou fugindo de assuntos
pesados, e quero me voltar (et pour cause)
para o meu tema favorito: a cultura. Por isso, lá estou eu no meu espaço
favorito: o Centro Cultural Banco do Brasil, do Rio de Janeiro. (Não, não estou
recebendo verba para fazer merchandising sobre o CCBB – até porque o assunto a
falar não o promove muito. Mesmo assim, caso o CCBB se interesse, fica a
dica...) Pra quem
voltou de Marte ontem etc.:
OCentro Cultural Banco do Brasil(CCBB) é uma rede deespaços culturaisgeridas e mantidas peloBanco do Brasil, com o objetivo de
disseminar aculturapela população. Atualmente,
encontra-se instalado em quatro capitaisbrasileiras:Rio de Janeiro,São Paulo,Belo HorizonteeBrasília.
(Obrigado,
Wikipedia.)
O primeiro
CCBB foi inaugurado no Rio de Janeiro, em 1989. E eu o frequento desde então. Sabe
criança em loja de brinquedos ou de doces? Pois é, foi como me senti dentro do
CCBB do Rio desde que foi inaugurado. No mínimo, me contento em ir à sua
biblioteca; no máximo, vou às suas exposições, peças de teatro, filmes, e com o
maior prazer. O mesmo prazer das pessoas que falam nos comentários abaixo.
"É um
ótimo lugar para família prestigiar a arte, teatro, shows e cinema."
"Exposições
excelentes, estacionamento gratuito, lanchonete e restaurante bons!"
"Variedade de opções culturais
no mesmo lugar abrangendo todas as idades."
"Um espaço democrático onde se vê crianças, idosos,
jovens, participando das variadas atividades e exposições oferecidas. No foyer
é comum ver jovens sentados no chão, aguardando o início de alguma apresentação
de teatro ou dança. O Centro Cultural Banco do Brasil é o espaço da
Cultura no Rio de Janeiro."
"Amo muito. Belas exposições! Sempre trazendo arte de
qualidade para nossa cidade, além de atividades gratuitas para as
crianças."
" CCBB respira cultura. Num mesmo local você encontra,
teatro, cinema e exposições incríveis. Muitas delas gratuitas ou com preços
simbólicos. Curta a livraria e não deixe de tomar um expresso, ambos no piso
térreo."
E este
comentário, que tirou as palavras de minha boca:
"Um dos melhores lugares do Centro da Cidade. E do
mundo! ❤ passei
minha infância frequentando, a adolescência, agora na vida adulta, e espero que
até a velhice ❤"
Homem escreve
'Fora, lésbica' em quadro destinado a crianças no CCBB do Rio
POR ANCELMO GOIS
02/01/2017 07:30
Preconceito mata
Uma mulher foi ao CCBB do Rio, sexta,
acompanhada da namorada. Ao se sentarem numa das salas da exposição sobre Piet
Mondrian (1872-1944), viram um homem escrever, num quadro destinado a crianças,
“Meu pau”. Quando ele saiu, desfizeram a grosseria.
(Repetindo
o detalhe: numa área da exposição Mondrian destinada a atividades culturais e
recreativas... para crianças. Até aí, parece mera ideia de jerico de alguém com
a chamada "cabeça de camarão" – isto é, com m... na cabeça. Mas é
pior, como vocês verão mais adiante. Fecha parêntesis.)
Segue...
Só que o homem voltou e, quando elas
foram ao banheiro, escreveu “Fora, lésbica” no quadro. As duas descobriram que
o sujeito era namorado de uma funcionária. Pelo Facebook, o CCBB Rio respondeu
a ela que lamenta e que, hoje, “medidas serão tomadas”.
Ontem
por volta das 20:00 da noite fui ao CCBB Rio acompanhada da minha namorada. O
espaço da criança criado por conta da exposição Mondrian estava vazio, sentamos
lá para assistir o vídeo. No local tinha um quadro imantado para brincadeiras.
Pouco tempo depois, uma funcionária do local acompanhada de um homem chegaram.
Ele escreveu “MEU PAU” enquanto ela ria (ok, não foi ela que escreveu mas a
atitude foi bem inadequada pra alguém que está trabalhando). Quando eles saíram
removemos a frase e continuamos lá. Ficamos sem acreditar que funcionários
fariam isso (nessa hora estávamos achando q ele também trabalhava lá). O cara
que escreveu voltou outras vezes pra nos olhar. Resolvemos sair da sala. Fui ao
banheiro e já ia embora. Passamos em frente a sala das crianças e ele estava
saindo de lá. Agora o recado era “FORA LÉSBICA”. Dois funcionários foram
atenciosos e disseram que podíamos registrar uma reclamação. Depois disso
descobrimos que quem escreveu era namorado da funcionária que fica no balcão de
informações. Ele tentou me impedir de colocar o papel na caixa tampando o
buraco e depois tentando arrancar o papel da minha mão. O tempo inteiro que
escrevia a reclamação ele ficou a menos de um metro de mim rasgando os papéis
da caixa. Todos presenciaram a cena e nada fizeram mesmo quando pedimos alguma
intervenção (ao menos tirar o cara de perto da caixa). O CCBB fechou e o cara
continuou lá dentro esperando a namorada largar do trabalho. Enfim, várias
coisas me incomodaram. 1. Todo mundo conhecia o cara. 2. Sou hostilizada em
vários lugares mas no CCBB acreditava ser um espaço seguro 3. Não teve agressão
física mas a tentativa de intimidar e humilhar são claras 4. Falamos com os
dois (o cara e a namorada) ele só com cara de “e daí?” e ela falando “o que eu
tenho a ver com isso?” 4. Todo dia LGBT é morto e algumas pessoas simplesmente
se sentem a vontade pra nos agredir.
Sim, era sério. Tão
sério que o pau comeu na fanpage do CCBB, com muita (mas muita) gente mesmo
baixando o cacete (tanto que não dá para colocar tudo aqui), evento de repúdio na quarta feira, 4 de janeiro, no próprio CCBB. E, last but not least, o CCBB se
desculpando e informando que vai tomar as providências cabíveis. (A primeira
delas: demitiu a namorada idiota do idiota)
Identificado
o rapaz que insultou lésbicas no CCBB
PORADALBERTO NETO
03/01/2017 12:26
Agentes da 1ª DP, que funciona
provisoriamente na Central, identificaram o namorado da funcionária do CCBB
Aline Costa de Almeida, que escreveu insultos a um casal de lésbicas no centro
cultural na última sexta-feira. O rapaz, que se apresenta como Safe Sattam
Junior, será reconhecido daqui a pouco pelas vítimas. Neste momento, elas estão
a caminho da delegacia para fazer o reconhecimento do acusado, acompanhadas
pelo coordenador do Rio Sem Homofobia, Claudio Nascimento.
A página de Facebook de Sattam é cheia de publicações
homofóbicas e tem como foto de abertura a imagem de Jair Bolsonaro e de um de
seus filhos, com a mão sobre o peito, fazendo um juramento à bandeira do
Brasil, rodeado por outras pessoas. Há um meme com sucessão de quatro fotos de
Thammy Miranda, filho da cantora Gretchen, começando por uma de quando o rapaz
ainda era mulher até a sua fase atual, com a inscrição "quando chega a
conta do restaurante". Há também várias fotos de Sattam sem camisa e se
exercitando, além de piadas machistas e misóginas.
Nesta segunda, Aline Costa de Almeida, que foi conivente à
atitude de Sattam, contra o casal de lésbicas, foi afastada do CCBB.
*********************
Na
verdade, eu ia dedicar o próximo post desta séria série a um monte de assuntos.
Um deles: o que o mundo pode esperar de um presidente como Donald Trump? Mas
quase todo mundo já deu uma de Mãe Diná e fez suas previsões. Além do mais,
sendo ele imprevisível (além de misógino, rancoroso, escroto etc., etc.)
qualquer previsão de suas políticas – especialmente em relação aos LGBT – seria
bem difícil de ser feita. (Aliás, se
eu fosse bom em prever o futuro, acertaria todos os números da Mega Sena
acumulada e ficaria rico...) Outro assunto seria ain(Por que não me surpreendo?)
Sinceramente, eu não acho que uma pessoa que tenha o número exato de neurônios no cérebro e o mais completo equilíbrio emocional possa realmente ser fã de um sujeito com Jair Besteiraro, de sua misoginia e sua apologia à ditadura militar e à tortura (neste último caso, só pode ser um desejo doentio de ser que gira a manivela do choque elétrico, ao invés de se colocar no lugar de quem leva os choques nos genitais...). Mas essa é a minha opinião, e cada um é livre para ser o que quiser – até mesmo para ser uma bolsonarete imbecil. Desde, é claro, que se lembre de dois pequenos detalhes. Primeiro: se não aprendeu na escola, permita-me que eu lhe explique que o direito de um termina onde começa o direito do outro. Se o tal de Safe Sattam Júnior queria mostrar o quanto era "macho" (assim mesmo, entre aspas, sr. revisor, obrigado), que o faça em outro lugar – especialmente entre os seus, em lugares para adultos. Aí, vem você e fala: "Ah, qual é? Tá puxando o saco das feminazi só porque ele escreveu 'Fora lésbica', cara? Agora o cara não tem mais o direito de não gostar de bichas e de sapatões?" Claro que tem. Assim como eu tenho direito de não gostar de jiló. Lembra desse legume amargo pracarái, véio? Pois é. Tem gente que gosta e tem gente como eu que ODEIA jiló. Nem por isso vou escrever em todas as paredes da cidade "Fora jiló" ou "Fora quem come de jiló" ou "Fora quem planta de jiló". Menos ainda vou defender: "Morra quem come de jiló" ou "Morra quem planta de jiló". E, no entanto, muita gente boa (eu disse "boa"? Ato falho...) que "não gosta de bichas e de sapatões" defende publicamente que eles apanhem ou mesmo morram. Relatório do Grupo Gay da Bahia informa que o número de gays, lésbicas e trans assassinados por gente que "quer ter o direito de não gostar de bichas e de sapatões" aumentou em 2016 - aproximadamente umas 340 mortes, contra 318 assassinatos em 2015.
Bem que todos os que querem ter o direito de não gostar de bichas e de sapatões podiam ler e ENTENDER isso, não?
E, de qualquer forma, a confusão não começou por causa de direitos LGBT, mas por obscenidade grosseira alheia. Isto é, porque o tal Safe Sattam Júnior ESCREVEU UM TERMO OBSCENO NUMA ÁREA DESTINADA A CRIANÇAS (será que em caixa alta você entende o problema?). Porque duas pessoas se ofenderam e acharam isso o cúmulo da grosseria NUMA ÁREA DESTINADA A CRIANÇAS e apagaram o termo – atitude que qualquer pessoa que tenha o número exato de neurônios no cérebro faria (seja LGBT, seja hetero, seja assexual, padre, freira ou seja quem for), mas que ofendeu os brios (eu disse "brios"? Ato falho de novo... Eu quis dizer "falta de noção"...) do "machão" bolsonarete.
Fala a verdade: você gostaria que alguém escrevesse "meu pau" ou qualquer outra obscenidade gratuita em uma área onde uma criança de sua família (seu filho, neto ou sobrinho) estivesse brincando ou estudando?
Aliás, um breve flash-back: lembram quando Jair Besteiraro deu um piti histórico por causa de um livro destinado a crianças de 11 anos, chamado Aparelho Sexual eCia.- Um guia inusitado para crianças descoladas, deZep e Hélène Bruller (Cia. das Letras, 2007), sendo devidamente desmentido pela equipe da revista Nova Escola – que, aliás, já comentei aqui nesta séria série)? Pois é. Para Besteiraro, mostrar informações corretas sobre sexo na escola para crianças e adolescentes – que acabará protegendo-os de coisas como gravidez na adolescência, doenças venéreas ainda jovens, ou mesmo pedofilia – justamente porque, uma vez que estão corretamente bem informados, não caem em esparrelas como estas – é "uma pouca vergonha". Agora, crianças e adolescentes "aprenderem" coisas sobre o sexo (muitas delas, errôneas) fora da escola – na base da menina que conversa com a amiguinha mais velha e mais experiente, ou menino que ouve os conselhos do irmão ou amigo mais velho e mais "vivido", que sabe mais das "coisas da vida" (que, na maioria destes conselhos, é tudo errado), junto com machismo, misoginia, homofobia e outros utensílios com validade mais do que vencida – ah, isso pode, não é?
Segundo detalhe. Já vimos que Jair Besteiraro tem um número apreciável de fãs... ou melhor, de fieis de sua "seita". Estão aí os 500 mil votos para deputado foderal... ops, federal nas eleições de 2014 que não me deixam mentir. O problema é que, se compararmos 500 mil votos com os 200 milhões de habitantes – ou 144.088.912 eleitores aptos a votar em 2016, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral– ainda é pouco para se eleger presidente – o atual objetivo declarado de Besteiraro. Afinal, faltam 143.588.912 votos. E se Besteiraro quiser se eleger presidente, terá de ir além da turba de bolsonaretes escandalosas e conquistar os chamados eleitores de centro – uma turma supostamente bem mais sensata e equilibrada, que também supostamente vota em candidatos pouquinha coisa mais equilibrados e com programas eleitorais exequíveis.
O problema é: como Besteiraro vai conseguir conquistar estes eleitores de centro, se cada m... que fala ou cada cagada de bolsonaretes como esse Safe Sattam Júnior afugenta todos eles – ou grande parte deles – ao invés de aproximá-los? Ou por outra: por que Jair Besteiraro não consegue controlar a truculência de seus fanáticos seguidores (isto quando não a estimula com sua própria truculência)? Não consegue, por incomopetência? Ou não quer, aplicando uma estratégia nazista de conquista de votos (e do poder) pelo medo? Só se espera que, lá pelo segundo turno, a elite brasileira aplique a chamada "estratégia Hugenberg". Dois pontos abre aspas: QUE P... É ESSA? Pai dos burros, vulgo Wikipedia:
Alfred Wilhelm Franz Maria Hugenberg(19 de Junho,1865- 12 de Março,1951) foi um importante homem de negócios e políticoalemão. Após ter ocupado várias posições na administração, no setor bancário e na indústria de aço, até1916, Hugenberg começou a construir o Hugenberg-Konzern, um conglomerado de imprensa, editoras e cinema.
(Nota: por cinema, entenda-se a Universum Film AG – UFA, o maior estúdio cinematográfico alemão.)
No começo dos anos 1920, Hugenberg exerceu influência substancial na imprensa de direita na Alemanha com sua editoraScherl Verlag.
Em1918, Hugenberg juntou-se aoDeutschnationale Volkspartei (DNVP), que representou na Assembleia Nacional (que produziria o constituição de1919daRepública de Weimar) e mais tarde noReichstag, o parlamento da república. Transformou-se presidente do DNVP após uma derrota desastrosa nas eleições gerais de1928.
Hugenberg moveu o partido em um sentido muito mais radical do que sob seu líder anterior, o condeKuno von Westarp. Esperou usar o nacionalismo radical para restaurar as fortunas do partido, e eventualmente, substituir a constituição de Weimar e instalar uma nova e autoritária forma de governo. Sob a liderança de Hugenberg o DNVP mudou de estilo, abandonando o monarquismo que tinha caracterizado o partido dos seus primeiros anos. O radicalismo de Hugenberg conduziu a muitos dos deputados mais conservadores do partido a saírem e criarem o Partido Popular Conservador (KVP).
Após diversas trocas de governo, Hindenburg pretendia, na ocasião, instalar um governo estável chefiado pelos conservadores nacionalistas de direita. A princípio, ele era cético quanto à nomeação de Adolf Hitler para chefe de governo. Durante muito tempo, Hindenburg ironizou Hitler, chamando-o de "soldado raso da Boêmia" – uma alusão ao fato de que ele, Hindenburg, era um condecorado marechal de campo da Primeira Guerra Mundial, e Hitler, apenas um soldado comum.
Mas Hindenburg mudou de opinião. Pessoas próximas a ele lhe asseguraram que manteriam Hitler sob controle. Alfred Hugenberg, líder do Partido Popular Nacional Alemão, declarou: "Nós iremos enquadrar Hitler." Tinha-se um grande senso de segurança, também porque somente dois ministérios foram oferecidos aos nazistas no novo gabinete de governo. Por outro lado, Hitler e seus seguidores passaram a se apresentar propositalmente de forma moderada e a evitar alaridos.
(Perguntinha inocente: essa estratégia funcionou? Continue lendo.)
O dia 30 de janeiro de 1933 entrou para a história como o dia da "tomada de poder", conceito na verdade inventado pela propaganda nazista, pois a nomeação de Hitler – e essa é a verdadeira ironia da história – aconteceu de forma constitucional. Após a tomada de posse, Hindenburg falou as seguintes palavras: "E agora, meus senhores, para frente com a ajuda de Deus!"
Hindenburg não teve de presenciar que o caminho de Hitler levaria na verdade ao Holocausto e à Segunda Guerra Mundial. Ele morreu em 1934. E logo Hitler mostrava quão ingênua foi a crença de que ele poderia ser controlado e neutralizado. Pouco depois de ser empossado como chefe de governo, começou em todo o país o terror das tropas de assalto da SA.
Comunistas, social-democratas e sindicalistas foram perseguidos. Em pouco tempo os primeiros campos de concentração foram instalados. Ali, os membros da SA torturavam suas vítimas, que iriam incluir, pouco tempo depois, judeus e outras pessoas consideradas indesejáveis pelos nazistas. Hitler precisou somente de poucos meses para embaralhar a República de Weimar e instalar sua ditadura.
Continue lendo.
EmJunho, entretanto, foi forçado a renunciar aos seus cargos ministeriais; nos anos de1933a1944, foi forçado a vender as suas companhias aos nazistas. Permaneceu como membro do parlamento até1945, mesmo depois do DNVP ser dissolvido junto com todos partidos restantes em1933, como um “convidado” doNSDAP.
Após a guerra, Hugenberg foi detido pelosingleses. Morreu a12 de Marçode1951, perto de Rinteln.
Isso não lhe parece familiar? Sim, isso mesmo: a mesma jogada da eleição de 1990, com aquelle caçador de maracujás. Não foi uma m... tão grande como a da Alemanha dos anos 1930, porque o caçador de maracujás foi gentilmente convidado a se retirar. Ainda assim, foi uma m... e tanto. Estará Jair Besteiraro esperando que a elite brasileira repita esta jogada de 1933 e 1990, que deu errado em ambas as épocas?
O que nos leva, finalmente, ao CCBB do Rio de Janeiro e à firma terceirizada que fornece os seus funcionários e seguranças. Não custa nada lembrar que o caso rendeu o vulto que rendeu porque, diante do "valente" (assim mesmo, sr. revisor, entre aspas, obrigado) Safe Sattam Júnior tentando atemorizar a Éri e sua namorada e rasgando os papeis da caixa de reclamações, os seguranças e outros funcionários fizeram a mesma coisa que o peixe faz no mar: nada. Isso sem falar da tal Aline, a tal namorada deste tal de Safe Sattam Júnior, que não só não impediu o namorado como ainda ficou achando graça das "gracinhas" dele. (E, por favor, não me perguntem por que a tal Aline se apaixonou por esse beócio. Primeiro, porque eu não sei se a moça seria ou não... como é que se diz mesmo... empoderada – situação que, de minha parte, eu torço muito para que todas as mulheres cheguem um dia – ou sofre, diante dele, uma versão light da síndrome de Estocolmo, que eu já citei em outro texto desta séria série a respeito de outro assunto. Segundo, porque certos estudiosos – tanto os sérios quanto os de botequim pé sujo – costumam dizer que amor não é uma questão de intelecto, mas de emoção. Há controvérsias sobre isso, mas enfim...)
O problema aqui pode ser resumido em duas perguntas. A primeira pergunta vai para a terceirizada. Vem cá, nenhum dos senhores donos e diretores entende que prestar serviços terceirizados para um lugar dedicado á cultura é diferente que prestar serviços, por exemplo, para um posto do Poupatempo. Porque cultura é uma coisa bem mais ampla, que inclui diversidade, liberdade, beleza... etc. e etc. (Há outros elementos que fazem parte da cultura, que você mesmo pode colocar. A cultura é uma coisa múltipla.) Qualquer um que ache normal um cretino intimidar duas mulheres não só por ser lésbicas, mas porque desfizeram uma "brincadeira" de escrever um termo chulo num lugar para crianças (aliás, quem acha graça em tudo isso) como esta Aline não deveria estar num lugar como o CCBB. Quanto aos outros funcionários que assistiram a tudo e não mexeram nem um dedo para impedir... bem, nada que um treinamento complementar, para evitar cenas deste tipo, e pronto. A segunda pergunta, para o próprio CCBB. A reação do centro foi rápida e foi legal, assim como não interferir no protesto Lesbianizar o CCBB. Mas vem cá, não seria melhor que tudo isso tivesse sido evitado com um treinamento extra aos terceirizados que recebe para trabalhar lá? Outra coisa. A assessoria jurídica do Banco do Brasil, quando necessário, também serve ao CCBB, certo? Então que tal pedir a ela para que indique um ou dois advogados para processar civilmente o tal de Safe Sattam Júnior por danos morais? Fica a dica. *********************
Na
verdade, eu ia dedicar o próximo post desta séria série a um monte de assuntos.
Um deles: o que o mundo pode esperar de um presidente como Donald Trump? Mas
quase todo mundo já deu uma de Mãe Diná e fez suas previsões. Além do mais,
sendo ele imprevisível (além de misógino, rancoroso, escroto etc., etc.)
qualquer previsão de suas políticas – especialmente em relação aos LGBT – seria
bem difícil de ser feita. (Aliás, se
eu fosse bom em prever o futuro, acertaria todos os números da Mega Sena
acumulada e ficaria rico...) Outro
assunto seria a invasão de babacas de extrema direita à Câmarae/ou a manifestante imbecil que achou que a
bandeira do Japão – num painel em homenagem ao centenário da imigração japonesa
para o Brasil – era "a bandeira de um Brasil comunista (SIC)...
Manifestante
confunde bandeira do Japão com comunista
Mulher
da bandeira "JapaComunista" diz que foi tomada por um
"sentimento"
Mas tudo
isso – mais a explicação (SIC) da doida - aconteceu em 16 de novembro de 2016 –
logo, já é notícia velha.
Finalmente,
estes opíparos assuntos: afinal, o mundo está descambando para a extrema
direita de novo? Quais seriam as chances da extrema direita chegar ao poder no
Brasil? E quem seria o candidato a presidente da extrema direita brasileira?
Marco Feliciânus? Jair Besteiraro? E se for Besteiraro?
Para que partido ele se vai, depois de deixar o PSC, como nos informa o site Congresso em Foco?
Eleições
2018»Bolsonaro deixará o PSC e negocia candidatura ao Planalto por
outro partido
Bolsonaro
deixará o PSC e negocia candidatura ao Planalto por outro partido
Deputado
rompe com o presidente da legenda, Pastor Everaldo, após aliança com o PCdoB no
Maranhão e pedido de doações para seu filho no Rio, e conversa com o PR, o PRB
e até o DEM em busca de espaço para disputar a eleição presidencial de 2018
O deputadoJair Bolsonaro(PSC-RJ) está mesmo empenhado em
concorrer à Presidência da República em 2018. Já faz campanha aberta, quase
dois anos antes do prazo permitido por lei, e tem até slogan provisório: “Vamos
endireitar o Brasil”, um trocadilho para reafirmar sua posição política. Mas
sua candidatura não será mais pelo Partido Social Cristão. Ele rompeu com o
presidente do PSC, pastor Everaldo Pereira, que foi candidato ao Planalto em
2014, assustou dirigentes da sigla com seu radicalismo político e já negocia
sua filiação a outras legendas.
O parlamentar já conversou com dirigentes e parlamentares
de várias siglas. Entre elas, oPR, o PRB do
prefeito eleito do Rio de Janeiro,Marcelo Crivella, e até o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ). Os partidos estão
de olho no potencial de votos do deputado para cumprir a cláusula de desempenho
que um partido deve ter para poder existir, projeto que deve ser aprovado no
Congresso para valer já na próxima eleição.
Há várias semanas Bolsonaro não conversa com a direção do
PSC. Há um constrangimento no partido com o estilo agressivo do parlamentar e
com o processo que ele responde no Supremo Tribunal Federal (STF) por apologia
ao estupro. O próprio Everaldo reconhece que o deputado é difícil no trato
pessoal e político, mas alega que Bolsonaro defende as mesmas ideias de gestão
pública pregadas pelo PSC e por isso era bom para o partido e seu eleitorado
conservador e religioso.
Majoritariamente evangélico, conservador quanto ao
comportamento e liberal nas teses econômicas, o PSC apostava todas as suas
fichas no potencial do polêmico parlamentar para melhorar seu desempenho
eleitoral. Em uma jogada de marketing, o pastor Everaldo chegou a levar o
deputado, que é católico, para ser batizado no Rio Jordão, em Israel. Mas nem
mesmo o batismo no local histórico impediu o racha.
Treinamento
Para tentar domesticar o seu comportamento, o PSC pagou
um curso demedia trainingpara
Bolsonaro com a consultora de imagem Olga Curado. A mesma que cuidou da imagem
eleitoral dos ex-presidentes Lula e Dilma, e de personalidades como o
apresentador de TV Gugu Liberato. O deputado aprendeu várias técnicas para
conceder entrevistas, fazer discursos mais compreensíveis e amenizar seu estilo
excessivamente agressivo. Parecia tudo bem.
A gota d’água do rompimento de Bolsonaro com o PSC foi a
aliança que o partido fechou com o PCdoB no Maranhão nas eleições municipais de
outubro. Bolsonaro não pode nem sonhar com a palavra comunismo. Muito menos
admite que seu partido apoie legendas deste segmento ideológico ou de esquerda.
A aliança comuno-cristã em São Luiz possibilitou a eleição de três vereadores
comunistas e um evangélico.
Quando soube do acordo eleitoral, Bolsonaro foi à sede da
sigla no Rio de Janeiro e, aos gritos, disse que não admitia esse tipo de
aliança. O deputado considera que o programa político do PCdoB, que defende
bandeiras como a descriminalização do aborto e do consumo de maconha e apoia o
casamento gay, são incompatíveis com o que ele prega.
A campanha do filho Flávio, deputado estadual e candidato
à prefeitura do Rio de Janeiro, também afastou o deputado do PSC. Bolsonaro foi
repreendido pelo pastor Everaldo porque recusou, aos gritos, a ajuda da
deputada Jandira Feghalli (PCdoB), que é médica, quando Flávio desmaiou durante
um debate na TV e a concorrente foi ajudá-lo. A repreensão de Everaldo irritou
Bolsonaro.
Outro desentendimento entre o deputado e o PSC ocorreu
quando Bolsonaro gravou um vídeo recusando as doações em dinheiro para a
campanha do filho no Rio de Janeiro, pedida pelo partido. A direção da legenda
se queixa que o parlamentar não aceita
orientação partidária, não gosta de trabalhar em conjunto e é considerado
personalista. Bolsonaro avisou que pretende criar um sistema pessoal de
arrecadação para a campanha, o que é proibido por lei, mas o PSC é contra.
Doações
O deputado também é o sonho da bancada evangélica na
Câmara para ser o puxador de votos nas eleições de 2018. Aliados do deputado no
Congresso garantem que, se ele deixar o PSC, levará consigo vários outros
colegas da legenda, entre eles o pastor Marco Feliciano (SP), líder da bancada
de oito deputados na Câmara, e o líder do governo na Casa, André Moura (SE).
Militar da reserva, o deputado já foi vereador no Rio de
Janeiro. Na década de 1980, quando era capitão, foi expulso do Exército por
incitar os colegas a fazer uma rebelião por aumento do soldo. Ele está no
sétimo mandato, atua como uma espécie de sindicalista da caserna e defensor da
ditadura militar (1964-1985).
Bolsonaro deverá deixar o PSC ainda este ano e levará
consigo os filhos Eduardo, deputado federal eleito por São Paulo, Carlos,
vereador mais votado no Rio, e Flávio, deputado estadual fluminense derrotado
na eleição municipal no Rio.
Com o fim das coligações proporcionais, proposta
discutida pelo Congresso, e sem um puxador de votos, o PSC corre o risco de não
cumprir a cláusula de desempenho a ser implantada e voltar a ser um partido
nanico.
Só que é
assunto demais, e assuntos pesados demais para um fígado só – o meu. Mas tem um
assunto dos antigos (de 2016) que eu preciso falar antes que eu me esqueça.
Trata-se da morte (aliás, como morreu gente boa em 2016, hein? A bruxa se fartou
este ano...) de Fidel Castro e a questão LGBT em Cuba Sim,
senhor, Fidel Castro foi um ditador, como bem gostam de lembrar os conservas. E como bom ditador, perseguiu
os LGBTs. Sim,
senhor, Fidel Castro mudou a vida dos cubanos, como bem gosta de lembrar uma
boa parcela da esquerda. E teve a hombridade de mudar de ideia a respeito dos
LGBTs cubanos, parar de persegui-los e deixa-los viver em paz na ilha. O chato é
que quando os primeiros falam sobre os LGBTs em Cuba, os segundos replicam. O que
estará certo a respeito? Sobre isso, pegueium post no Facebook a respeito). Talvez isso ajude a entender o assunto. Os grifos
(e as notas) são meus. SOBRE FIDEL, CUBA E LGBTs Via Bruno Matos Antes que comecem a falar besteiras do quanto
Cuba e Fidel são homofóbicos, vamos enviadar algumas informações prá acabar com
senso comum em injustiças históricas: - Cuba perseguia a população LGBT nas primeiras
décadas de sua Revolução, anos 50, 60 e 70, com um recrudescimento também na
década de 80 durante a descoberta de epidemia de AIDS, o que levou a
estigmatização, criminalização e perseguição de LGBTs no mundo inteiro naquela
época.
(Nota
deste escriba: ditaduras de teor stalinista faziam o mersmo, porque para eles,
a homossexualidade era "um desvio burguês" ou coisa parecida. Mas as
ditaduras de direita – Pinochet, a junta militar argentina pós-1976, o regime
militar brasileiro, as ditaduras de Franco, na Espanha, e Salazar, em Portugal –
também perseguiam os LGBTs por motivação bem parecida: "iam contra os maus
costumes" ou coisa parecida. Adiante.)
(UPDATE: Cuba
perseguia as LGBTs antes da revolução comunista, bem como todas as nações
capitalistas do mundo. Antes da Revolução, inclusive, Cuba, por sua
localização estratégica e ser regime corrupto e venal, era um paraíso da
prostituição, inclusive infantil, do contrabando internacional, da lavagem de
dinheiro, do tráfico transnacional de drogas e pessoas, da degradação
ambiental. Cuba não se tornou homofóbica
com o advento da revolução).
(Nota 2:
por "antes da revolução comunista", leia-se: antes e durante a
ditadura de Fulgencio Batista.)
- Nessa mesma época
era crime ser LGBT na Grã-Bretanha. por exemplo, Alan Turing, pai da
computação e herói da II Guerra ao desvendar o sistema de codificação de
comunicações nazista foi castrado quimicamente em 1952, bem como milhares de
LGBTs o foram no Reino Unido. Somente em
2009 (!!!) a coroa britânica pediu perdão. - LGBTs
foram perseguidos nas mesma décadas, desde Nixon até Reagan - anos 80 -bem como os hippies e os comunistas nos
EUA. Stonewall aconteceu na cidade mais LGBT do mundo, Nova Iorque, em 1969,
e embora tenha sido o caso mais emblemático, por décadas permaneceu a perseguição da polícia contra LGBTs que
permanece até hoje nos Estados e condados mais conservadores americanos. - Em
2009, Fidel reconheceu a perseguição cubana aos LGBTs durante as primeiras
décadas da revolução cubana e se declarou arrependido, declarou que as pessoas
não podem ser diferenciadas por orientação sexual, lamentou não ter tido uma
postura diferente. Desde os anos 90, Cuba passou a tolerar e aceitar a
diversidade sexual, coisa que no Brasil
até hoje não acontece e somente nos anos 2000, em especial na década em que
vivemos, observamos uma maior emancipação das LGBTs. - Na
Rússia capitalista, membro nato do Conselho de segurança da ONU, bem como
em inúmeros países ocidentais, em países africanos, asiáticos e do Oriente
Médio é crime até hoje ser LGBT.
Todos são aliados das potências capitalistas e da OTAN, que não se manifestam
criminalizando a perseguição lgbtfóbica nesses países. - LGBTs
foram perseguidos sistematicamente nos anos 60, 70, 80 nas ditaduras latino
americanas, mas também na Espanha [de Franco] e na Itália [de Mussolini], só que em vez de
trabalhos forçados ou deportação, como no caso cubano, as LGBTs eram mortas mesmo nesses países.
(Não
falei?)
Ninguém chama Reagan, Nixon, Churchill, a rainha Elizabeth e
tantos outros chefes de Estado e de Governo de homofóbicos. A pecha de
homofóbico, que não é inverídica, mas teve seu recorte histórico, numa época em
que o mundo todo era equivocado e bizarro nesse tema, faz parte de mais um item
da agenda difamatória e recalcada contra Cuba. Um pouco de estudo histórico
comparado da evolução das lutas LGBTs e dos direitos no mundo demonstra
tratar-se de uma imbecilidade geral e irrestrita que nada tem a ver com a opção
comunista. Fidel, com todos os seus erros e problemas,
presente! (...) UPDATE 2: Esqueci de falar uma coisa muito
importante: Em Cuba, a redesignação sexual para pessoas
transgêneras é direito universal, política pública de saúde, realizada pelos
hospitais públicos. Em que outro lugar do mundo isso acontece, talvez só na
Suécia? E desde 2007, existe o dia Nacional de Combate à
Homofobia em Cuba. Existe verba pública e política pública para o combate à
LGBTfobia na ilha comunista, coisa que não existe no Brasil, por exemplo.
O que nos
leva à frase de Aparício Torelli, o Barão de Itararé: "Não é triste mudar
de ideias. Triste é não ter ideias para mudar."
*********************
Por fim, só para
descontrair, uma nota que parece texto do Sensacionalista, mas é outra nota do Ancelmo Gois
SÃO PAULO
Janaína
Paschoal, advogada do impeachment, vira... fiscal de banheiro
PORANCELMO GOIS
03/01/2017 08:50
Reprodução do Twitter |
Reprodução
Lembra-se da Janaína Paschoal, a advogada coautora da denúncia que abriu o
processo de impeachment de Dilma? Pois bem, virou... fiscal de banheiro
público. No domingo, ela contou, em seu perfil no Twitter, que irá, sem cobrar
nada de Dória, inspecionar os banheiros do Parque Ibirapuera.
Diz ela que "desde o pleito eleitoral, parece que a limpeza
dos banheiros do Parque Ibirapuera foi abandonada. Hoje, já inspecionei, não
foi retomada".
E agora, a
nossa indicação de filme para esta séria série: Não se preocupe, é só uma fase (Du ska nog se att det går över / Don't You Worry,
It Will Probably Pass - Suécia, 2002), de Cecilia Neant-Falk (11º Mix Brasil,
2002). O ponto de
partida deste filme veio da vida pessoal da diretora. Quando Cecilia Neant-Falk
tinha 14 anos, ela colocou um anúncio no jornalOkej, em 1986,onde ela explicou que ela erabissexuale que ela queria
entrar em contato com outras pessoas que eram da mesma orientação. Em 1999, ela
gravou o mesmo anúncio, desta vez procurando outras meninas bissexuais ou
homossexuais, para conversar. Selecionou três adolescentes de 14 anos, e passou
a acompanha-las durante quatro anos, deixando que elas expressassem seus
pensamentos e reflexões sobre bissexualidade ehomossexualidade.