- Que dívida histórica é essa que temos com os
negros? – ora, a dívida que o Estado brasileiro tem com os afrodescendentes
desde 1888, quando foram libertados – como questão de justiça, mas também como
um "que-se-dane", sem mecanismos para educação, para formação
profissional, para trabalho decente etc.
-
seu racismo: Não fui maldoso quando disse
que um quilombola que pesava 7 arrobas não serve nem para procriar – nãããão,imagine se fosse... Tanto que foi condenado pela justiça.
- sua homofobia:
Não pode o pai chegar em casa, encontrar
o Joãozinho de 6 anos de idade, brincando de boneca por influência da escola
- e os garotos que brincavam de bonecos do Falcon, nos anos 1980, podiam?
Besteiraro insiste em pensar que, se a escola explicar o que é sexualidade e
homossexualidade, os meninos vão se deixar influenciar e virar gays... Vem cá,
alguém influenciou algum menino de olhos pretos a ficar com olhos azuis
naturalmente, sem lentes de contato? Ou algum menino a ficar careca
naturalmente, sem raspá-lo com máquina zero?
- sobre
políticas para a combater a mortalidade infantil (Tem a ver com a questão da alimentação da mãe, muitas gestantes não
fazem sua higiene bucal também – como se a miséria e a falta de saneamento
básico não existissem e causassem isso...)
- sobre sua
ignorância em economia e sua política (ou falta de política) econômica: Paulo Guedes é o meu posto Ipiranga! –
Paulo Guedes, colunista d'O Globo, é o orientador da política econômica de Jair
Besteiraro, e talvez seja o seu ministro da Fazenda caso (aaaarrrrgggghhhh!!!!)
o Coiso seja eleito presidente. Digo talvez porque, em sendo economista
neoliberal roxo, Guedes defende a privatização geral de todas as estatais, do
Banco do Brasil à Petrobras – ideia que (pelo menos há algum tempo atrás)
Besteiraro era radicalmente contra.
Para o bem
de nossos estômagos, já tá de bom tamanho, não é?
Então,
vamos falar de um ser que é tão ou mais preocupante quanto Jair Besteiraro: o
seu eleitor. Melhor dizendo: uma das categorias de seu eleitor.
Não
me refiro às bolsonaretes fanáticas – as que defendem a ditadura e a tortura,
que são tão misóginos e racistas como o próprio Besteiraro. Essas precisam de
mais alfafa. Ou, pelo menos, de tratamento – seja psiquiátrico (para curar essa
síndrome de Estocolmo), seja educativo-cultural (mais estudo de História). Até
porque eles não são a maioria, e só querem briga, polêmica e barulho.
Eu
me refiro a outro tipo de eleitor do Coiso-Ruim. É o eleitor totalmente
desiludido com a política (não sem razão) e bastante assustado com um mundo que
ele não entende, mas que só chega até ele na forma da violência.
A análise lúcida e pertinente é de Gustavo Gindre, via Facebook, que ainda lança o alerta: tratar este eleitor
desiludido com os outros bolsonaretes fanáticos (isto é, como um fascista ou um
debilóide) só vai empurrá-lo cada vez mais para o colo de Besteiraro. Pior: não
há um discurso para contrapor a desilusão com o establishment político, porque
este mesmo establishment, em grande parte, contrinuiu para esta mesma
desilusão. Os últimos pregos neste possível caixão (me dói dizer isso, mas é
verdade) foram do bom (bom?) e velho Centrão (é, aquele grupo de lobistas de
interesses prá lá de escusos disfarçado de "políticos") e a esquerda
– que não conseguiu desalojar esse mesmo Centrão e se uniu a ele em nome da
"governabilidade" (de subilatório é ROLA! É ROLA!!!!).
Então,
qual a saída para esta ameaça de Jair Besteiraro presidente?
O
portão de embarque do aeroporto mais próximo?
Bem
tentadora.
Mas
não, ainda não.
Nos
estreitos limites a que nos coagem as tenebrosas transações do Centrão, as saudades de viúvas da ditadura e o desencanto, ainda podemos nos mexer.
No mesmo Facebook, um publicitário de Brasília chamado Lucio Caramori nos sugere uma espécie de guia para desmontar o (Vô)Mito Jair Besteiraro. Esperemos que ele nos seja útil. (Os grifos são
meus.)
UM GUIA ANTI-BOLSONARO — Lucio Caramori (publicitário)
Resolvi usar minha experiência como redator publicitário e
de campanhas eleitorais pra escrever um pequeno guia aqui: COMO DERROTAR JAIR
BOLSONARO NAS ELEIÇÕES 2018. Veja bem: é a forma como EU vou abordar o assunto.
Sinta-se à vontade para fazer ou não.
Primeiro e MAIS IMPORTANTE ponto: a luta não é para mudar a opinião dos Bolsonaristas. É PARA GANHAR OS
INDECISOS. Desista de mudar o voto de quem age por ódio, e não razão.
Melhor mostrar a quem não decidiu ainda o quanto a opção Bolsonaro é um
retrocesso perigoso.
Por mais absurdo que seja, os comportamentos RACISTA, HOMOFÓBICO, VIOLENTO do candidato não me
parecem os melhores argumentos contra ele. Infelizmente, existe uma
tendência mundial em relevar essas atitudes. O que interessa é SEGURANÇA, EMPREGO, SAÚDE.
O argumento que ele
não fez NADA pela segurança do Rio de Janeiro em 30 anos de mandato vai ser
mais eficaz do que comentar que ele espancaria o próprio filho se fosse
gay. Porque ele sempre se vendeu como
pulso firme contra a violência e não como defensor de minorias.
Um tema que acho que pode ser uma exceção é o comportamento MISÓGINO dele. Mas, mesmo
assim, me refiro à gravação onde ele diz que mulheres merecem ganhar menos no
trabalho. Em uma época de crise dessas, nenhuma mulher escuta isso e acha
bonito.
Esqueça essa bobagem
de “Não fale do bicho papão que ele desaparece”. Os eleitores deles vão
continuar berrando, espalhando ódio e convencendo os indecisos no grito.
Precisamos ser uma voz CONTRÁRIA, DETERMINADA, LÚCIDA e INFORMATIVA. O
silêncio, nesse caso, será nossa derrota.
Não saia do grupo de WhatsApp da Família, do Trabalho, do
Prédio, do Clube por causa de radicais Bolsonaristas. Seja o contraponto. Seja a pessoa que combate as fake news com
informação, que aponta o radicalismo, a hipocrisia, as promessas sem planos.
E uma sugestão valiosa:
Esqueça a IRONIA, o
SARCASMO. As pessoas entendem isso como prepotência. O que está acontecendo
é muito sério e os indecisos precisam entender isso. Deixe para os Bolsonaristas a pecha de “zueiros” e aponte o dedo para
eles para falar como essa “zueira” pode acabar com o país.
Esse último ponto tem muito a ver com minha lembrança de um
debate entre o Cristovam Buarque e o Joaquim Roriz na minha cidade natal,
Brasília. Cristovam ironizou o jeito tosco de Roriz falar. E isso pegou muito
mal com o eleitorado mais simples.
Outra sugestão: não
aponte outro candidato. Mostre como a
preocupação maior é não permitir a eleição de Bolsonaro. Se ele cair no 1º
turno, o segundo será entre duas visões de Brasil. Aí sim, cabe discussão. Bolsonaro não tem visão nenhuma.
Bolsonaro é uma ameaça SIM e não acredite em quem diz o
contrário. Trump se elegeu por descuido
de formadores de opinião que achavam sua candidatura um espetáculo para a
mídia. 30% nas intenções de voto não é pouca coisa e brasileiro adora
prestar atenção em quem está na frente.
Bolsonaro PRECISA ser
derrotado no primeiro turno. E precisa cair MUITO para ter pouca influência no
segundo. Acho que ele é a maior ameaça que a nossa democracia já enfrentou
nesses 30 anos. E deve ser encarado como tal.
*
30 de julho de 2018
30 de julho de 2018
#FicaADica.
Ou
então tire seu passaporte e seu camarote de proa.
Pensilvânia, 1993. Uma adolescente – a personagem-título (Chloë
Grace Moretz) – é flagrada
namorando outra menina por seus guardiões conservadores. Daí, é forçada a
entrar em um acampamento, onde funciona um centro de terapia de conversão (em
português claro: "cura gay" – ou seja, aquela terapia semelhante às
que convertem pessoas de olhos castanhos em pessoas de olhos azuis... sem
lentes de contato coloridas, bem entendido...). No local, apesar da terrível
realidade, ela conhece jovens como ela – especialmente Jane Fonda (Sasha Lane) –
formando assim uma comunidade, e finalmente se encontra.
Fiquem com
o trailer (e insistam com sua distribuidora favorita para trazer o filme para o
Brasil) e até a próxima.
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