Alguém já levou seus filhos para ver uma peça chamada A menina e sua sombra de menino? Não?
Parêntesis para mais informações sobre esta peça:
A montagem é baseada no livro “A
história de Júlia e sua sombra de menino”, de Christian Bruel, Anne Bozellec e
Annie Galland (1976).
Pré-estreia
dia 29/07 no Teatro Sesc Prainha às 11h. Entrada gratuita.
A menina e sua sombra de menino
Repetindo: alguém já levou seus filhos para ver uma peça chamada A menina e sua sombra de menino? Não?
Então leve. O espetáculo é, no mínimo, de uma delicadeza encantadora.
Menos em Santa Catarina.
E de preferência, deixe para fazer isso fora desta época eleitoral tão agitada e sombria.
Mas deixemos que Afonso Nilson, crítico e dramaturgo, explique com detalhes por quê, em artigo no seu blog (os grifos - e alguns vídeos - são meus).
Quem tem medo de teatro?
Atualizado: há 2 dias
Hoje um grupo de teatro foi impedido de
apresentar seu trabalho em uma escola no interior de Santa Catarina, na cidade
de Campos Novos. Alguns membros da comunidade se organizaram via mídias sociais
e ameaçaram os artistas alegando o grande “perigo” que a obra em questão
representava para as crianças. A peça A menina e sua sombra de menino,
Produzida pela Harmônica Arte e Entretenimento, com direção de Pepe Sedrez, que
tanto amedrontou alguns moradores de Campos Novos, conta a história de uma menina que além de brincar de bonecas e pular
corda, gosta também de futebol, brincar com carrinhos e jogar videogame. Não há
menções à sexualidade ou ao controverso e falacioso termo “ideologia de
gênero”.
Entretanto, alguns temerosos moradores
camponovenses questionaram em suas redes se “era normal uma menina brincar com
coisas de menino”. Outros, apoiadores de
um certo candidato misógino que não nominarei, disseram que era o caso de
“partir para cima dessa aberração”, e outros ainda, disseram que era tudo culpa
do “Addad”. Fico imaginando que grandes riscos uma menina que brinca de
carrinho e joga videogame corre. Talvez,
num futuro não muito distante, essa pobre criança aprenda a dirigir um carro,
assuma a liderança de algum empreendimento digital, queira votar na esquerda e,
pior de tudo, acabe tendo uma consciência política e estética diferente dos
seus pais e vizinhos.
O fato do cancelamento do espetáculo na
pequena cidade de Campos Novos dialoga com uma série de ocorrências que vêm ao
longo dos anos gerando polêmicas entre camadas da população menos afeitas ao
contato com manifestações artísticas, a leitura inclusive, como o cancelamento
da exposição Queermuseu - Cartografias da
Diferença na Arte Brasileira, em Porto Alegre, em 2017; ou as violentas e
contínuas investidas contra o espetáculo O Evangelho Segundo Jesus Cristo, Rainha do Céu, de autoria da britânica Jo Clifford, e protagonizada pela atriz Renata Carvalho. O envolvimento de sites e movimentos com pendores fragorosamente fascistas como o MBL, e outros com a mesma índole voltada à
ignorância metástica, movidos por fake news e alimentados por interesses escusos, é uma constante. Convém, mesmo de maneira breve, tentar entender como se manifestam e de onde surgem esses preconceitos perniciosos e a concepção de que a manifestação artística é uma ameaça aos “bons costumes” e ao “cidadão de bem”.
Reportagem sobre o assunto no SC no ar (RIC TV-SC - afiliada RecordTV)
Há um vídeo circulando na internet em que um
suposto “jornalista”, Paul Joseph Watson, expõe sua opinião perante o que ele
acha que é arte de "justiceiros sociais de esquerda" e
"marxistas culturais”, que manipulam o mercado em direção à uma “estética
mais próxima do lixo do que da arte verdadeira". Em suas digressões, o jornalista faz uma série de confusões, como não
saber diferenciar arte conceitual de moderna, comparações esdrúxulas como arte
medieval e conceitual, bem como grosserias do mais baixo nível ao descrever
obras e artistas contemporâneos.
Esse tipo de vídeo, bem como o teor
eminentemente raso de todas as argumentações, e principalmente dos comentários
da postagem com legendas em português, é
sintomático em uma época em que o Ministério da Cultura do Brasil é
sumariamente desmantelado, e onde uma parcela considerável da população com
ensino superior, acesso à internet e à revistas e jornais acredita que sim, o
Ministério da Cultura é desnecessário, ou representa um desperdício para o
desenvolvimento do país. Analisar esses equívocos, e as correlações com os
simplismos de pessoas que acreditam que a cultura e a arte são partes
dispensáveis das políticas públicas é bastante salutar quando a expansão do
pensamento fascista se espalha perigosamente entre a população, colocando em
xeque décadas de desenvolvimento social e luta por direitos humanos.
A
abrangência da postagem, mais de um milhão e meio de visualizações, pode nos
dar ideia da repercussão do tema e da inserção desse tipo de pensamento em uma
massa com cada vez mais acesso à informação e, talvez, menos reflexão sobre as
consequências de suas posições na sociedade. A difusão desse tipo de ideia limitadora e ignorante sobre o que são
estéticas contemporâneas, e o que elas representam em meio à exacerbação de um
regime onde o capitalismo assume ares de religião instituída, é marcante como
sintoma de uma época onde o turbilhão de imagens anestesia qualquer raciocínio
que tenha a sensibilidade e a reflexão individual como mote. É nesse sentido
que a análise de discursos de ódio à cultura se faz necessária e urgente em
meio a uma horda de pseudo-entendidos que, mesmo sem nunca terem ido a uma
exposição ou ao teatro, grasnam seus impropérios contra a cultura, desmerecendo
os artistas e as manifestações artísticas aos quatros ventos das mídias
sociais, fazendo um alarde tamanho que só a calúnia e a ignorância conseguem
alcançar.
Uma das falácias
contidas tanto no vídeo quanto nos comentários dos detratores da cultura, é que a arte contemporânea é elitista,
coisa de uma “grande panelinha de babacas pretensiosos que tentam parecer
sofisticados”. Para justificar este argumento, o “jornalista”, entre
associações e conclusões disparatadas, afirma que o artista australiano
hiper-realista Ron Mueck é “largamente ignorado”, enquanto Matisse é “adorado”
pela crítica especializada. Ora, não há
como comparar Matisse e Mueck, são pressupostos estéticos completamente
dissonantes. É como tentar estabelecer comparações entre Bach e Stockhausen,
Petrarca com Marllarmé, Michelangelo com Pollock; ou seja, não se pode analisar
as obras do mesmo ponto de vista estético, histórico e social. São coisas
completamente diferentes, mas que por um
sofisma potencializado pela ignorância maciça, e um pouco de má fé, levam
incautos comentadores de postagens duvidosas a compartilhar preconceitos, erros
conceituais e históricos, bem como violências provindas da total falta de
contato com qualquer coisa que não esteja de acordo como o padrão kitsch que
rege o que se considera belo em meio à avalanche de estéticas vendáveis,
facilmente deglutíveis e isentas de qualquer potencial reflexão sensível.
Talvez esse tipo de valoração monetária do mundo nos leve a um patamar aonde ao invés de uma
subjetividade construída a partir do cognitivo, do simbólico, da construção
social e representatividade histórica de uma obra, seu valor se resuma a
sua inserção no mercado, ao quanto as pessoas a compram ou possuem, ou ao
fetiche em sua posse, para usar um termo notadamente marxista. Se assim for, a razão e o raciocínio lógico
sobre determinado tema não precisará mais de argumentos, comprovações factuais
ou lógicas, mas quantidade de curtidas ou aprovações em mídias sociais,
exatamente da mesma maneira em que a legitimidade de um impeachment não se dará
mais pela observância ou não da constituição ou do regimento do congresso, e
sim pela quantidade de votos angariados pelos opositores, como bem se pode
observar no golpe legislativo de 2016.
Isso nos leva a uma
concepção bastante tendenciosa do que é ou não arte, e do que possui ou não
valor como objeto artístico. Se a qualidade na arte é apenas o que pode ser
vendido, ou o que a maioria das pessoas considera de acordo com um patamar
comum de potência estética, estamos
fadados à asfixia subjetiva, a uma condição em que o novo, o intruso, o
revoltado e o revoltante, onde o questionamento e a reflexão são tidos como aviltantes,
patéticos, feios e não estéticos, pois refletir e revoltar-se não são coisas
que agradem a maioria, recebam curtidas e compartilhamentos felizes. Pelo
contrário, o que é estranho padece do que é criminoso, duvidoso, asqueroso e
execrável.
E é por isso a performance Voice piece for soprano, de Yoko Ono, apresentada no MoMA em 2010, como parte de uma retrospectiva de arte contemporânea do museu (a peça original foi apresentada em 1961), alcançou tanta notoriedade, gerando indiscriminadamente rancor e ódio. Na peça a performer urra, grita, lamenta, arrota e vocifera aleatoriamente, selvagemente, criando sons estranhos, desconfortáveis, inusitados. A performance foi gravada e postada no Youtube, viralizando em centenas de milhares de visualizações, que ainda hoje geram enxurradas de impropérios em detrimento da arte contemporânea, da performance e da arte em geral, como se pode constatar na maneira agressiva com que Paul Joseph Watson se refere a ela em seu malfadado vídeo: “berrando feito uma cadela louca”.
O inusitado, o chocante, o
contestador são elementos que destoam e se afastam do que se considera belo ou
aceitável perante o mass media. Nesse sentido, uma performance como Macaquinhos
pode exercer o seu frisson. Em Macaquinhos, os performers interagem
tocando no ânus uns dos outros. Alguns
dos adjetivos mais utilizados para descrever a cena nas redes sociais são
“absurdo”, “retardados”, “lixo”, “execrável” e palavras do gênero. Mas também
“peça de esquerda”, “arte contemporânea”, “coisa do governo”.
Na história do teatro várias peças, autores e
artistas foram considerados execráveis. No século XIX um dos maiores escândalos das artes cênicas na
Europa foi a peça Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen (1828-1906). No texto não temos palavrões, nudez, violência
explícita. Temos sim algo muito pior para as convenções da época: a liberação
da mulher. Uma mulher que no século XIX escolhe abandonar o marido, trabalhar e
viver a sua própria vida livre das convenções da época. Um escândalo de
proporções continentais. Execrável para os padrões da época.
Nelson Rodrigues (1912-1980),
clássico da dramaturgia brasileira, era um escândalo ambulante. Peça após peça,
temas como adultério, perversão sexual, pedofilia, estupro, assassinato eram
retratados num cotidiano muito mais familiar do que poderiam aceitar seus
contemporâneos dos anos 1950 em diante. Ainda
hoje montá-lo não é a coisa mais simples, e espetáculos como Viúva Porém
Honesta, do grupo pernambucano Magiluth, encaram públicos violentos.
É sintomático, em um país cada
vez mais reacionário, preconceituoso e fascista, que uma performance como Macaquinhos
cause tanta polêmica. Pensar sobre a
liberdade e a autonomia com o próprio corpo é fundamental em um país que
anualmente assassina milhares de mulheres, travestis e homossexuais em uma
verdadeira carnificina de gênero. Talvez Macaquinhos tenha alcançado
seu objetivo levantando essas questões. Pensar
a arte como além do agradável, do belo e do recreativo não é apenas fundamental
para um público incapaz de processar discursos além do óbvio, mas uma questão
de sobrevivência em um mundo tão dado à intolerância, à violência e à barbárie.
O trabalho, que
existe desde 2011, já havia sido apresentado no Centro Cultural São Paulo e em
diversas mostras nacionais e internacionais. É interessante que a repercussão
sobre o espetáculo tenha se dado apenas a partir da apresentação do Sesc Ceará,
em 2015, que tomou as precauções para alertar sobre a indicação etária e
conteúdo da performance ao público. Atribuir
a polêmica mais a uma instituição do que a obra em si denota interesses
ocultos, muito além da mera revolta em questionar a qualidade do espetáculo, e
é algo mais ligado ao político e econômico do que ao estético, visto que são
justamente as mesmas bancadas reacionárias, repletas de fanáticos religiosos e
neo-militaristas, que querem eliminar o chamado “Sistema S”, caso eleitas.
Vale lembrar, nesse sentido, que o Sesc é o maior difusor privado da cultura do
Brasil, responsável por alguns dos maiores e mais importantes projetos de
difusão da arte no país.
Da mesma maneira, atribuir ao Ministério da
Cultura a culpa por tudo o que se produz e financia culturalmente no Brasil é
oscilar perigosamente entre a injustiça e a ignorância. Tentar
punir uma instituição ou o mercado pela qualidade do que se produz artisticamente
em um país é generalizar a parte pelo todo, julgando o todo a partir de um
objeto em particular. Novamente,
interesses políticos atuam perante uma massa de incapazes intelectuais,
facistas e fanáticos religiosos que ingenuamente acreditam que eliminar o apoio
à cultura vai melhorar as condições de vida e educação da sociedade, bem como
economizar recursos aos cofres públicos. Um pensamento assim tão simplista, digno do vídeo do pretenso
jornalista Paul Watson e seu pensamento dotado de uma acefalia medonha, denota não apenas a falta de acesso aos
bens culturais e artísticos de um povo, mas a falta de consciência e de
inteligência que só a cultura consegue suprir.
Pensar como Paul
Watson e seus admiradores, criminalizando toda a arte contemporânea que não
atenda aos seus gostos particulares, muito
se aproxima das deliberações do congresso nazista de Nuremberg, em 1933, onde o
próprio Hitler considerou a arte e os artistas modernos como uma doença, fruto
das massas influenciadas por comunistas, feita por gente inferior e retratando
gente inferior, uma arte degenerada e inacessível ao povo. Ele estava
falando de Paul Gauguin, Picasso, Kandinski e outros artistas que para o ideal nazista de estética eram
loucos ou charlatães. Corremos
assim, em meio a trogloditas versados em estética kitsch, o risco de padecer da normalidade
asfixiante de uma criatividade fadada a limites pré-estabelecidos pela
ignorância contumaz, a estupidez fascista e o medo pelo diferente.
Parêntesis.
Se "alguns temerosos moradores camponovenses questionaram em suas redes se 'era normal uma menina brincar com coisas de menino'", desconfio que, mais cedo, mais tarde, o próximo passo destes "defensores das pessoas de bem" (SIC) vai ser proibir este samba-choro de Milton Villela e (Yolanda) Marques Da Costa, que faz sucesso desde 1950, quando Ademilde Fonseca o levou para o disco. Já pensaram, "homens de bem" camponovenses, o mico que vocês vão pagar por sua ignorância?
Teco, teco, teco, teco, teco
Na bola de gude era o meu viver
Quando criança no meio da garotada
Com a sacola do lado
Só jogava p'rá valer
Não fazia roupa de boneca nem tão pouco convivia
Com as garotas do meu bairro que era natural
Subia em postes, soltava papagaio
Até meus quatorze anos era esse meu mal
Na bola de gude era o meu viver
Quando criança no meio da garotada
Com a sacola do lado
Só jogava p'rá valer
Não fazia roupa de boneca nem tão pouco convivia
Com as garotas do meu bairro que era natural
Subia em postes, soltava papagaio
Até meus quatorze anos era esse meu mal
Com a mania de garota folgazã
Em toda parte que passava
Encontrava um fã
Quando havia festa na capela do lugar
Era a primeira a ser chamada para ir cantar
Assim vivendo eu vi meu nome ser falado
Em todo canto, em todo lado
Até com quem nunca me viu
E hoje a minha grande alegria
É cantar com cortesia
Para o povo do Brasil
TECO TECO - Choro de Pereira Costa e Mílton Vilela - Ademilde Fonseca - disco Continental 16256-B, matriz 2316 - julho-agosto de 1950 - do acervo pessoal de Pedro Lecuona - Regravado por Gal Costa em 1975.
Fim do parêntesis.
Repetindo: o horror, o horror...
Da pergunta de Afonso Nilson adotou com título de seu artigo, fica uma pergunta para que vocês possam (se conseguirem) responder: por que gente medíocre tem tanto medo da arte que deseja ir e nos levar para o alto, avante e além? Quem souber, email para este que vos escreve. E para o Afonso Nilson (muito obrigado) também.
***********
Ah, e antes que eu me esqueça, um recado a Adélio Bispo, o frágil mental que esfaqueou o Coiso no último dia 6 de setembro: graças a você, corremos o risco de ver o Coiso se eleger presidente - justo o que você, Adélio, não queria.
E tudo por causa de sua... digamos... surdez. Se Deus lhe mandou fazer alguma coisa para impedir a resistível ascensão deste "Arturo Ui" tropical, parece que você não ouviu direito.
Ou então, seus advogados tem razão e você sofre das faculdades mentais mesmo.
************
E, meritíssimo juiz federal Bruno Souza Savino, eu pensaria duas vezes antes de achar que Adélio não é doente mental.
E umas três vezes antes de deixar que Adélio dê entrevistas a órgãos de imprensa. Seja quem ganhe a eleição (e espero - toc, toc, toc...) que não seja o Coiso...), os outros candidatos vão reclamar que isso influenciará decisão do eleitor a favor deste ou daquele candidato. Sabia disso, meritíssimo?
Sem mais, para o momento...
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Liberdade completa ninguém desfruta: começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer.” [Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere Círculo do Livro (sob licença da Record), 1981, p. 21]
E enquanto temos esta liberdade, indico o filme de hoje para esta séria série - aliás, ideal para essa atmosfera de horror e procura da esperança: With a Kiss I Die (EUA, 2018), de Ronnie Khalil. Dir-se-ia um filme de inspiração tripla: em Shakespeare (Romeu e Julieta), Bram Stoker (Drácula) e Sheridan Le Fanu (Carmilla - já lhes contei que essa última inspirou uma websérie com toques de humor, que por sua vez virou filme? Falarei deste último em outro texto desta séria série... se houver essa séria série depois de 7 de outubro...).
Julieta Capuleto (Ella Kweku) é arrancada da morte e transformada em vampira. Desde então, ela é forçada a viver toda a eternidade sem seu Romeu. Até que, depois de 800 anos, Julieta conhece uma mulher, Farryn (Paige Emerson) que cativa seu coração novamente e ensina que o amor e a perda fazem parte da vida, e que uma vida sem amor não é vida de forma alguma.
Fiquem com o trailer, e até lá... espero...
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