Não devia fazer isso, mestre João Batista de Andrade. Não devia transcrever um texto seu de sua página no Facebook. Mas isto é uma coisa que precisava ser dita para todos - especialmente os não facebookianos.
Escreve João Batista de Andrade (os grifos são responsabilidade minha, não dele):
Quero aqui saudar o cinema brasileiro tanto por seus filmes, seus talentos, quanto perla luta de todos pela nossa existência como cineastas. Devo minha carreira a esse cinema, fiz e faço parte dele. Peço que não leiam meu desabafo nem como "jogar a toalha" nem como negação do atual cinema brasileiro. Desabafos como o meu muitos e muitos cineastas, de todas as idades, poderiam fazer. Não quero também diminuir o que já disse achando que o texto está direcionado a pessoas ou a instituições. Há um vazio na política cultural brasileira. E também um messianismo militante de alguns dirigentes que pensam saber mais do cinema brasileiro do que os próprios cineastas. Dirigentes que decidiram que a partir de agora o cinema deve ser medido apenas pela bilheteria, sem riscos, sem propostas: quem deu certo leva tudo. É de um primarismo absurdo. Ainda mais entre nós, onde todos os recursos, seja para filmes absolutamente e só comerciais, seja para os absolutamente experimentais. QUE SE CULTIVE TUDO, COMERCIAIS, MEIO COMERCIAIS, AUTORAIS, EXPERIMENTAIS! cada um na sua esteira, sem eutanásia e sem esse darwinismo cultural! Sobre jogar toalha: nada disso. Há decisões esperadas (certamente já tomadas mas não divulgadas) e devo esperar. E há muita luta pela frente, tenho recebido muitos apoios e promessas, buscando recursos para meu novo projeto, o "Vila dos Confins", adaptação do maravilhoso romance de Mário Palmério. E eu mesmo preciso pensar que por todo lado, mesmo nas instituições, federais e aqui mesmo em SP, há pensamentos discordantes e idéias de mudanças. E há também a esperança enorme de que a lei que abriu as TVs para a produção independente entre mesmo em vigor, que isso abra bastante o mercado de trabalho e a possibilidade de um grande diálogo de nosso cinema com o povo brasileiro através das telinhas. É preciso lutar.
Como eu disse, os grifos são meus e tem destino certo.
O primeiro vai para os dirigentes das Riofilmes e Globo Filmes da vida, que fecham a porta para todos os outros tipos de cinema. Cinema é múltiplo, não pode nem deve ser um só. Senão dá um sono...
O segundo poderia ser lido pelo DEMO, do psicopata Cesar Maia e do imbecil Demagogóstenes Torres. Muito engraçado vocês entrarem com ação contra a nova lei que abriu as TV por assinatura para a produção independente brasileira em nome de uma "liberdade de escolha" do espectador, quando o que vai acabar acontecendo é a manutenção de um monopólio e de uma mesmice que está presenta na TV atual - ou seja, a retirada de uma opção de escolha do espectador. Muito engraçado mesmo.
De resto, é preciso lutar MESMO.
25 novembro, 2011
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