26 dezembro, 2011

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (XXII)

Não, amigos, podem ficar tranquilos: Jair Besteiraro não falou mais nenhuma besteira nos últimos dias e horas.
Inclusive, preciso cumprimenta-lo.
Não, não estou maluco nem encaretei e mudei de lado. O assunto é outro.
É que Jair Besteiraro está entre os nobres deputados que assinaram o pedido do deputado Protógenes Queiroz (PC do B – SP) para a instalação da CPI da Privataria.
Certo, nem todo mundo gosta do ansioso blogueiro Paulo Henrique Amorim e seu Conversa Afiada. Mas, como é público e notório, a grande mídia (PIG, para os ansiosos blogueiros) não vai dar destaque. E foi lá no Conversa Afiada que a listagem completa dos deputados que assinaram o pedido da CPI foi publicada. Aliás, aproveite e verifique se o seu deputado (isto é, o deputado em quem você votou nas últimas eleições) está entre os 197 signatários.
Aliás, por increça que parível: até outro grande “fiscal do fiofó” (nome extraoficial dos parlamentares membros da Frente Parlamentar Evangélica), o deputado Anthony Gargantinho (PP-RJ) assinou.

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Infelizmente, isto não é o suficiente para que estes (e outros tantos) ilustres “fiscais do fiofó” subam no nosso conceito.
Até porque sua campanha para transformar o Brasil numa república teocrática evangélica – onde o povo LGBT não terá nenhum direito humano – continua.
A sua última vitória foi no início deste último mês do ano. A vítima? O bom e velho PLC 122, que criminaliza a homofobia. Leiam abaixo:

Marta Suplicy retira PLC 122 de votação para chegar a consenso sobre novo texto

Por Marcelo Hailer em 08/12/2011 às 11h22
A senadora Marta Suplicy (PT-SP) retirou de votação o PLC 122/2006 - Projeto de Lei que visa tornar crime a homofobia em todo o Brasil-, para chegar a um acordo em torno do novo texto. Ao justificar a retirada de votação, a senadora disse acreditar no dialogo para transformar uma realidade a qual ela considera "injusta e perversa".
Na defesa de sua relatoria, a senadora ainda rebateu a crítica que recebeu do deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) que havia chamado o texto substitutivo de "inócuo". "Não considero, como alguns dizem, que este texto seja inócuo, ele vai ajudar a diminuir a discriminação homofóbica", declarou Marta Suplicy.
Ativistas do movimento LGBT pediram à senadora que equiparasse a homofobia ao racismo, como colocava o texto antigo, e que não deixe de criminalizar os discursos em púlpitos que incitam a discriminação contra homossexuais. O projeto só volta em pauta em 2012.

Nos comentários sobre tal triste notícia, o pau comeu. Um comentou assim:

(...): Com relação ao meu comentário feito anteriormente, eu gostaria de dizer que eu sou a favor a pl122/2006! mas do jeito que tá, e na situação que se encontra, é utopia total dizer que ela será aprovada! A marta fez tudo o que ela podia pra lei ser aprovado, por outro lado, os maquiavélicos (silas e magno malta) fizeram e vão fazer o diabo pro projeto não ser aceito! Perdemos a oportunidade de ter o mínimo a nosso favor! Não aceitar negociações com a oposição é o mesmo que dizer ''somos a maioria'' ou ''estamos totalmente certos''! não é assim que se faz politica! Querer que o antigo projeto seja aprovado na marra é fantasiar que todo mundo tem que gosta de gay! Isso não acontece em lugar nenhum! mesmo que o projeto fosse aprovado ia continuar como está, e o silas e cia. iam lutar pra derrubar! o texto original nao diz ''cale a boca dos crentes''! É uma questão de ler e INTERPRETAR, coisa que nem todo mundo sabe fazer!

Até aí ele pode estar certo: não tem como agir como se todos aceitassem a homossexualidade do outro.
Mas “chegar a um consenso” com quem não quer consenso é o mesmo que convencer morcegos a doarem sangue.
Uma coisa é um religioso pregar no púlpito que a homossexualidade é pecado. Outra, muitíssimo diferente, é um pastor pentecostal da ala histérica (aliás, a mais numerosa da bancada dos "fiscais de fiofó", que prega berrando como se você fosse surdo) usar o púlpito de sua igreja (e também os seus programas de TV) para "exagerar" na demonização e desumanização do povo LGBT, se necessário for, para “pregar a sua palavra” - inclusive dizendo para “baixar o pau” neles, como disse certa vez, "em sentido figurado", Silas Mala-Sem-Alça-Faia. (Como se a ala histérica dos pentecostais não fizesse isso no sentido literal da palavra...) Ou seja, quanto à interpretação do PLC 122, é como bem diz outro que comentou o fato:

(... 2): (...), todo mundo sabe interpretar - mas os citados (Silas e Magno) fingem que faltaram tal aula. O problema dessa lei é que toda vez que ela é retirada de pauta, retiram/modificam um artigo ou outro dela, fazendo apenas ficar como está. Do jeito que tá indo, logo, logo essa emenda constitucional nem vai existir mais.

Vamos ver se, no ano novo que está chegando, este triste panorama muda.

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Agora, vamos para outro assunto: o Grande Prêmio de Cinema Brasileiro 2012 – a nossa insistente tentativa de termos um Oscar brasileiro.
Mas o que diabos isto tem a ver com esta séria série?
Bem, esta séria série tem a ver, entre outras coisas, com cinema. E a nossa indicação de filme quase foi indicado para este Grande Prêmio de Cinema Brasileiro 2012.
Por que quase?
Diz o regulamento:

2. Concorrerão ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2012, as obras cinematográficas lançadas de 1° de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2011, de acordo com as seguintes especificações:
• Filmes de longa-metragem brasileiros de ficção - cuja primeira exibição pública tenha ocorrido em salas de cinema e que tenham sido exibidos comercialmente em salas de cinema em, no mínimo, 3 (três) capitais brasileiras, nestas incluídas, necessariamente, Rio de Janeiro ou São Paulo.
• Filmes de longa-metragem brasileiros documentários - cuja primeira exibição pública tenha ocorrido em projeção de salas de cinema ou em canal de televisão e que tenham sido exibidos comercialmente em salas de cinema no mínimo nas cidades do Rio de Janeiro ou de São Paulo.
• Filmes de curta-metragem brasileiros - exibidos em pelo menos um festival cinematográfico brasileiro ou apresentados em sessões públicas em salas de cinema do território brasileiro.
• Filmes de longa-metragem estrangeiros, de ficção ou documentários - cuja primeira exibição pública no Brasil tenha ocorrido em projeção de salas de cinema e que tenham sido exibidos comercialmente em salas de cinema do território brasileiro, nestas incluídas, necessariamente as cidades do Rio de Janeiro ou de São Paulo.

Este é o problema de Duas mulheres (2009), do português João Mário Grilo. O filme é uma co-produção luso-brasileira (a nossa Lúcia Murat é uma das produtoras executivas). E, me adiscurpem a pergunta burra, mas como lançar este filme no Brasil: como brasileiro ou como estrangeiro?
Isto, claro, se este filme houvesse sido lançado no Brasil este ano. Como não o foi, Duas mulheres ficou de fora.
Quem sabe, Duas mulheres acabe sendo lançado neste ano de 2012 aqui nest’Ilha de vera Cruz. O filme (sejamos sinceros) não é uma obra-prima, mas é simpático, e exprime a tentativa de diálogo do cinema português com uma sociedade que, cada vez mais, deixa no baú o conservadorismo dos tempos de Salazar. Só para lembrar: desde 2010, o casamento entre pessoas do mesmo sexo é permitido em Portugal. (Já aqui, em Terra Papagalli...)
É claro que Duas mulheres poderia ser bem mais corajoso e menos convencional. O filme narra o encontro ocasional entre Joana (Beatriz Batarda), psicanalista e esposa do executivo Paulo (Virgílio Castelo), com Mônica (Débora Monteiro), modelo e, suspeita-se, “rapariga de programa”. Joana atende Mônica numa consulta de emergência. Bela e inconformista, Mônica fascina Joana, e as duas passam a ter um caso amoroso ardente. O problema...
Bem, o problema é que eu não sou dedo-duro para ficar contando a história completa de um filme. Quem quiser saber mais, que dê uma olhada na ficha deste filme no IMDb, certo? Ou então confira o trailer  
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Ah, em tempo.
Deveria encerrar este último post do ano por aqui. Mas vi essa foto no Facebook e nóis num resistiu...



Agora, sim: Feliz 2012 para todos.

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