Tudo isso por causa de uma calcinha?
Para quem não entendeu nada ou chegou de Marte ontem, esta notícia de O Globo:
Calcinha
encontrada no plenário da Câmara é incinerada
Peça íntima - branca e vermelha -
caiu de bolso de deputado que foi votar
Publicado:30/05/12 - 14h11
Atualizado:30/05/12 - 21h31
BRASÍLIA - Uma calcinha achada há duas semanas no plenário da Câmara dos
Deputados foi incinerada, segundo disse um segurança da Casa. O mistério ronda
a Câmara e preocupa um deputado saliente. Por volta das 17h, há cerca de 15
dias, no horário da Ordem do Dia, esse deputado chegou correndo para votar, e
na entrada principal do plenário, próxima à Mesa, mexeu nos bolsos e sem ver,
deixou cair a prova do crime: uma calcinha - mais para calçola - branca e vermelha,
com babadinhos nas laterais.
Sem saber que deixara para trás o fetiche, o parlamentar foi para o meio
do plenário. Um dos seguranças, vendo a calcinha estendida na entrada do
plenário, sem despertar a atenção dos parlamentares, assessores e jornalistas que
se amontoam na entrada, deu um chutinho discreto, empurrando a lingerie para o
lado da lixeira.
Avisado pelos seguranças, um assessor do presidente Marco Maia (PT-RS)
recolheu a calcinha e a escondeu no bolso. A partir daí, a peça íntima foi
examinada por assessores, jornalistas e seguranças à exaustão. A única
conclusão: a peça foi usada antes e não pertence a uma sílfide.
Sem saber o que fazer com o achado, a calcinha foi recolhida “aos
achados e perdidos” da Segurança da Câmara e, depois, queimada. Até agora não
foi reclamada por nenhum parlamentar.
Indagado sobre a polêmica em torno da calçola encontrada na entrada do
plenário, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS) comentou:
- Deve ser alguma sacanagem que fizeram com alguém. Era fio dental? Não?
Calçolão? Aí não, aí é um fiasco.
O deputado Arnon Bezerra (PTB-CE) aproximou-se e Maia, brincando,
perguntou se era ele quem tinha perdido a calçola e Bezerra emendou:
- Não, presidente. Deve ser algum fã do Wando.
Um dos seguranças que presenciou o momento em que o deputado perdeu a
calçola, disse que não é dos mais conhecidos e que estão, dia a dia, ocupando
os microfones do plenário.
- Parecia a calcinha de um torcedor do Bangu, listada de vermelho e
branco.
O deputado Tiririca (PR-SP), que viu a calcinha, também comentou o
incidente:
- Eu estava no cafezinho e dois colegas me
chamaram para me mostrar a calcinha. Não tenho ideia de como se deu esse
acidente. O que sei é que sumiram com ela. A gente tem uma desconfiança de quem
é o dono, mas não podemos entregar o colega.Até aí morreu Neves: mais um fato pitoresco que ajuda o parlamento brasileiro cair cada vez mais no perigoso terreno da galhofa (© Millor Fernandes, que Deus - se é que ele acreditava nele - o tenha).
E, claro, já que nunca se descobrirá quem era o dono da tal calcinha (o espírito de porco... digo, de corpo de suas excelências também serve para isso...), nossos ínclitos legisladores brincam com o assunto – afinal, eles também não são de ferro.
Os nossos ilustres legisladores só não sabiam tão bruta do seu colega Jair Besteiraro para brincadeiras deste tipo.
Saiu na coluna de Ancelmo Gois em O Globo de 1º de junho:
CPI das Calcinhas
Bolsonaro, o deputado, prova que o Barão de Itararé estava certo ao dizer que, “de onde menos se espera, é dali que não sai nada mesmo”. Ontem, respondeu a uma brincadeira do colega Chico Alencar, que queria criar a “CPI da Calcinha”, com esta baixaria:
— Não precisa. Eu já descobri o mistério.
Pertence a uma pessoa do seu partido, o deputado Jean Wyllys.
Para quem voltou de Marte ontem 2, a missão:
tanto o professor Chico Alencar quanto o jornalista Jean Wyllys são deputados federais pelo PSOL do Rio
de Janeiro.
E por conta da questão dos direitos do povo LGBT, Jean Wyllys - gay assumido e militante - e Jair Besteiraro - o mais exibicionista dos novos "fiscais de fiofó alheio" - obviamente, são fortes oponentes.
Mas até o mais fanático fiscal de fiofó reconhece que Jean Wyllys e seu colega Chico Alencar são pessoas educadas. Já Jair Besteiraro - para parodiar um trecho de Dama do cabaré, do mestre Noel Rosa - "usa e abusa da (falta de) diplomacia pois não gosta de ninguém" - ninguém, claro, que não compartilhe de suas ideias de jerico.
E, pelo que se entende da notinha na coluna de Ancelmo Gois, Chico Alencar estava brincando com o assunto da calcinha, mas não estava brincando diretamente com Jair Besteiraro.
Então por que patada tão forte?
Será que faz parte da velha estratégia de Besteiraro de aparecer a qualquer custo - tipo assim "falem mal (e dos meus maus atos), mas falem de mim"?
Considerando-se que ninguém sabe quem é o deputado dono da calcinha, será que a peça caiu do bolso dele?
Considerando-se que sempre há uma desconfiança de que Besteiraro esteja trancado no armário - já que a ciência provou que a maioria dos homófobos são gays enrustidos que não sabem lidar com a sua própria homossexualidade - será que a calcinha é do próprio Bolsonaro?
(Ah, como estou ficando maldoso...)
Ou será que é um desabafo mais do que exagerado por uma pequena vitória do povo LGBT a respeito da lei?
Ah, é verdade, estou há tempos querendo comentar um fato extraordinário - ao menos, para esta séria série, tão acostumada a comentar fatos chatos, integrantes da ofensiva dos fiscais de fiofó para transformar o Brasil numa república teocrática evangélica e intolerante.
Mas é melhor deixar que o site G1 noticie para nós:
24/05/2012 14h22 - Atualizado em 24/05/2012 15h45
Comissão aprova projeto que inclui casamento gay no
Código Civil
Proposta da senadora Marta Suplicy não
interfere no casamento religioso.Projeto ainda precisa passar por CCJ e
plenário do Senado e pela Câmara.
Do G1, em Brasília
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa
(CDH) aprovou projeto de lei da senadora Marta Suplicy (PT-SP)
que introduz no Código Civil a união estável entre casais homossexuais e a
possibilidade da conversão dessa união em casamento civil. A proposta não
interfere nos critérios adotados pelas igrejas para o casamento religioso.
O projeto define como entidade familiar “a união estável entre duas
pessoas, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
com o objetivo de constituição de família”.
Para ser transformada em lei, a proposta ainda necessita de aprovação na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado e também na
Câmara dos Deputados.
O projeto de Marta Suplicy transforma em lei a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que em maio do ano passado reconheceu a união estável entre homossexuais como unidade familiar.
"O que nós fizemos foi colocar no Código Civil aquilo que o STF já
fez", declarou a senadora.
De acordo com a Agência Senado, a relatora do projeto na Comissão de
Direitos Humanos, senadora Lídice da Mata (PSB-BA), afirmou que o Congresso
está "atrasado" em relação a outras instituições que já reconheceram
a união de casais do mesmo sexo, como o STF, a Receita Federal e o Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS).
Se transformado em lei, o projeto eliminará dificuldades de casais
homossexuais para conseguir efetivar o casamento civil, apesar da decisão do
Supremo. Mesmo com a decisão do STF, alguns juízes argumentam que não existe
legislação sobre o assunto.
"Alguns juízes argumentam que não existe legislação sobre o assunto"... Sei...
Sabemos muito bem qual lei estes "alguns juízes" seguem: a lei da pressão de setores conservadores e religiosos da sociedade. Ou mesmo a lei de seus próprios preconceitos. E diante desta lei não escrita, um acórdão do STF não vale nada. Aquele juiz de Goiás - que também é pastor da Assembleia de Deus que praticamente deu uma banana para a decisão do STF ao anular um contrato de união civil, teve sua decisão anulada por uma desembargadora e, mesmo assim anulou o contrato de novo (desta vez, dando uma banana para a desembargadora e para o Tribunal de Justiça de Goiás - que o diga.
Diante disso, a decisão da Comissão de Direitos Humanos do Senado foi uma vitória. Mas foi apenas a primeira batalha: como já vimos, ainda falta passar pela CCJ, pelo plenário do Senado e pela Câmara. E neste caminho, hay que vigilar, pois os fiscais de fiofó não descansam...
Mas, como diria Mao Zedong, "uma longa caminhada começa com um primeiro passo".
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Em homenagem ao ataque de nervos de Jair Besteiraro (por causa de uma calcinha! isto é incrível!...), nossa indicação para esta séria série não poderia ser outra: Zerofilia (Zerophilia - EUA, 2005), de Martin Curland. De repente, a condição de Besteiraro pode ser semelhante a do herói do filme, Luke (Taylor Handley). Já pensou?
Mas qual a estranha condição de Luke? Não, não é sua insegurança em relação á sua masculinidade. Ela é consequência de sua rara condição genética: a chamada zerofilia, que lhe dá a capacidade de mudar de sexo à vontade.
Não, você não leu errado e este escriba não está de porre. É isso mesmo: Luke pode se transformar naturalmente em menina e dali em menino sempre que se sente excitado - cortesia de um raro cromossomo extra, o cromossomo Z. E ele precisa se resolver sexualmente antes de se transformar em mulher de uma vez por todas - um pepino difícil de resolver, ainda mais depois que Luke conhece Michelle (Rebecca Mozo) e seu irmão Max (Kyle Schmid).
Está rindo? Bem, a ideia é essa mesma: Zerophilia é uma comédia, supostamente baseada em pesquisas científicas sobre o cromossomo Z, desenvolvidas pelos neuromorfologistas Czierny Ptolemy e Eva Szantova - se é que eles existem. E uma excelente comédia, que merece ser lançada no cinema.
Duvida? Então olhe o trailer.
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