04 fevereiro, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (LXXX)

Em homenagem a mãe do algoritmo censor do Facebook (se é que algoritmo tem mãe...) e a Mark Zuckenberg (que deve ter mãe, mas não vou coloca-la no meio, pois não tem culpa do filho que tem...), esta séria série tem o grande prazer de republicar (pelos próximos posts) os textos da série Diário do Bolso, do escritor (Galantes Memórias e Admiráveis Aventuras do Virtuoso Conselheiro Gomes, o Chalaça), cineasta (Nunc et semper – Canal 100, Amor, Como fazer um filme de amor), roteirista (O cantor de samba, curta de Alexandre Dias da Silva; Pequeno dicionário amoroso, de Sandra Werneck, parceria com Paulo Halm) e cronista esportivo José Roberto Torero.
A série estava sendo publicada em seu Facebook, até que bolsonaretes sem humor denunciaram os textos. E o algoritmo censor resolveu exclui-los sem mais nem menos – para tristeza (SIC)do "Bolsonaro" do texto:

São Paulo, 29 de janeiro de 2017.
Amigo Diário, hoje eu preciso de você. Aconteceu uma coisa muito triste. Eu fui censurado...
Isso mesmo, a corja esquerdopata pediu e o Foicebook tirou dois textos meus do ar.
É triste, mas um indefeso homem numa cama de hospital foi censurado.
Sofri a mesma repressão que Chico Buarque, Caetano Veloso e Waldick Soriano (o melhor dos três e que teve sua música “Tortura de amor” proibida).
Mas a ditadura vermelha não vencerá! O marquicismo cultural será derrotado!
Meus bolsominions, digo, meus apoiadores não me deixarão sozinho! Tenho certeza de que vamos vencer a mídia manipuladora!
Vou espalhar meus textos pelo zapzap e espero que vocês compartilhem minhas palavras aqui no FB (e bem rapidinho, porque eles podem tirar o texto do ar a qualquer hora).
Também espalharei o texto naquele tal de Instagrama. É só procurar por #DiariodoBolso, talquei?
O Brasil acima de tudo, Deus acima de todos e pau em cima dos censores stalinistas!

Donde constamos duas coisas:
1- Os bolsonaretes sabem ler;
2- Os bolsonaretes sabem ler, mas não tem o mínimo senso de humor...
Mas vamos aos textos – começando pelo primeiro.

Diário do Bolso – 1
Eu nunca pensei que ia fazer isso. Diário é coisa de menina. Mas, pô, agora eu sou presidente e tenho que escrever as coisas pra lembrar quando eu tiver Alzaimer (como é que se escreve isso? O corretor marcou de vermelhinho, mas tinha que dar a palavra certa, pô).
Só não vou começar escrevendo “Querido Diário” porque isso é coisa de boiola.
Bom, anteontem foi a posse. Coisa fina!
Gostei daquela história de deixar os jornalistas esperando sete horas, presos num cercadinho, sem maçã, sem garrafinha de água, sem cadeira, sem banheiro, sem cafezinho e com um sniper fazendo mira neles. Tem que meter medo. Agora aquelas bichas vão saber onde enfiar as canetinhas.
Falando em canetinha, aquilo de assinar a posse com uma Bic foi demais. Opa! Bic, não. Compactor. Eu devia cobrar mercham. Só espero que não façam um modelo com tinta vermelha.
Falando em vermelho, na festa só o tapete é que tinha essa cor. Gostei de pisar nele, he, he.
Uma boa sacada foi a Michelle fazer discurso em libras antes de mim. Agora quero ver se me chamam de machista. Se bem que aposto que vai ter um comuna dizendo que eu não deixei ela abrir a boca.
Bom, o importante é que cheguei chutando a porta!
A ideia de passar a demarcação das terras dos índios e dos negros para a Agricultura foi muito genial. A Funai sifu.  Quinze por cento das terras do país para essa gente é um exagero. Chega de índio e de quilombola! Vamos botar calça nesse pessoal!
A mexida no Itamaraty também foi boa. Agora qualquer um pode ser chefe. Não precisa mais ser um diplomatinha de carreira, falar catorze línguas e blábláblá. Chega daquela bicharada mandando.
O Moro ficar com a Coaf também foi demais. Agora aquela história do Queiroz vai pra debaixo do carpete. Ou será que o certo é falar pra debaixo do tapete? Tanto faz. Já assinei o decreto que proíbe qualquer um do Coaf de falar qualquer coisa. Sem dar carniça para os urubus, daqui a pouco todo mundo esquece o assunto. Acho que vou chamar isso de Operação Boca Fechada.
A tal da Comissão da Anistia também sai da Justiça e fica com a Damares. Agora não vão mais encher o saco.
E acabei com o ministério da cultura. Intelectual é tudo marxista. Agora o dinheiro vai secar para eles. Nos primeiros dias de desmame os bezerros vão chorar muito. E se depender de mim vão morrer de fome. Artista bom não precisa de ministério da cultura. Olha aí o Zezé do Camargo, a Mara Maravilha e a Regina Duarte.
Bom, agora chega. Prum primeiro dia já escrevi bastante. Tá na hora da reunião com o Onyx, com o Mourão e com os ministros. Reunião é um saco. Se pelo menos fosse num churrasco...
Depois escrevo aqui como foi.
Até amanhã, querido diário. Opa, querido, não!

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Aproveitando o ensejo:
"Excelentíssimo" (assim mesmo, sr. revisor, entre aspas, obrigado) sr. Ministro da (falta de) Educação, Ricardo Vélez Rodriguez:

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o senhor defende mais ênfase no ensino técnico do que na universidade, dizendo duas coisas intrigantes (no item 2, o grifo é meu):


1- "A ideia de universidade para todos não existe"
2- "As universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual, que não é a mesma elite econômica (do país)".

Então, sr. ministro, gostaria que o senhor me esclarecesse algumas coisas:

1- Defina o que é "elite intelectual" de um país. Do que ela é feita? O que ela come? E se a "elite intelectual" de um país "não é a mesma elite econômica", como ela se forma?
2- Aliás, qual seria o tamanho desta "elite intelectual" que o senhor defende para o Brasil, levando-se em conta – graças a dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, recolhidos por Simon Schvartzman – que apenas 18% da população brasileira entre 25 e 34 anos tem educação superior, contra 28% na Colômbia (sua terra natal), 30% no Chile, 34% em Portugal, 47% nos Estados Unidos e 70% na Coreia do Sul?
4- O senhor apresenta como exemplo de sua proposta a Alemanha. Já parou para examinar direito como realmente funciona o ensino técnico alemão, bem como sua qualidade?
4- Se alguém que deve ser relegado ao ensino técnico quiser fazer parte da elite intelectual que, segundo o senhor, a universidade brasileira deve formar, o que ele precisa fazer para isso? Ele deve enriquecer e entrar na elite econômica do país para isso (sim, porque a ideia de que universidade é para uma "elite intelectual" é mera potoca para justificar a ideia de barrar as classes populares do ensino superior, e que desvincular tal "elite intelectual" é uma falácia)?
5- A propósito: o senhor é o enésimo ministro da (Falta de) Educação que assume o cargo com propostas para a educação que excluem a universidade do debate e planejamento. POR QUE É QUE A UNIVERSIDADE BRASILEIRA NUNCA É CHAMADA PARA PARTICIPAR DESTAS DISCUSSÕES E PLANOS? Por que os professores e especialistas em educação nunca são chamados para tal planejamento, apesar do conhecimento acumulado a respeito?
Finalmente,
6- Como é que alguém que é mestre e doutor em Filosofia por uma universidade se torna seguidor de Olavo DOI-Codi de Carvalho, cuja escolaridade vai até a quarta série do ensino primário e ODEIA a universidade e todas as pesquisas que ela realiza?

Esperando pronta resposta (deitado, porque em pé cansa, esperar sentado por muito tempo dói a... com perdão do termo... bunda...), subscrevo-me,
Respeitosamente...

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Agora... como a família Besteiraro continua covarde. Ainda mais via Twitter.
Esta foi a reação dos Besteiraros (o pai e o filho tuiteiro Carlos) quando Jean Wyllys anunciou que renunciaria a seu terceiro mandato e não retornaria ao país:


O fato de que Jean Wyllys tomou esta decisão simplesmente pelo medo de ser morto (medo bem possível após o assassinato de Marielle Franco, sua colega de partido), para os Besteiraros, é um mero detalhe.
O fato de que o caso Fabrício Queiroz deixou clara a ligação da famiglia Besteiraro com as milícias, pelo visto, também é um detalhe, não é?

“Me apavora saber que o filho do presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, afirma Wyllys. “O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta, que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”, disse Jean.

Só se mancaram quando a coisa pegou mal.
Afinal, por mais que a famiglia Besteiraro não goste de Jean Wyllys (e não gosta mesmo, passando muito das raias do ódio, porque pai e filhos não sabem – ou não querem saber – a diferença entre divergência política e ódio pessoal) – e as milícias odeiam LGBTs nos territórios que controlam – Jean Wyllys é um parlamentar legalmente e legitimamente eleito pelo povo do Rio de Janeiro. O assassinato da vereadora Marielle Franco – que está perto de completar 11 meses (isso mesmo: ONZE meses) sem que mandantes e sicários tenham sido presos – deveria ter sido um alerta para que as instituições democráticas reajam a toda e qualquer tentativa de intimidação pelo crime organizado. (Sabia, famiglia Besteiraro, que milícia é crime organizado, e que muitos dos "corajosos policiais" que seu filho Flávio homenageou na Assembleia Legislativa do RJ fazem parte deste crime organizado? Pois é.)
Mas para um presidente e filhos que acham que "pacificação" só se dá na base do tiro, porrada e bomba, isso não surpreende a ninguém que tenha o número exato de neurônios no cérebro.

Não acredito – longe disso – que a família Bolsonaro tenha qualquer interesse em mandar matá-lo. Pelo contrário.
Até porque seria o fim de seu governo
Mas o alerta do deputado é simples de entender: Bolsonaro se elegeu com um discurso de ódio.
A revelação das conexões da família Bolsonaro com as milícias não ajuda na imagem de pacificador pretendida pelo presidente.
Jean Wyllys está sinalizando a insegurança de muitos brasileiros diante do clima de intolerância – e isso Bolsonaro deveria prestar atenção
.

E disse ainda Gilberto Dimenstein:

Essa comemoração da família Bolsonaro com a decisão de Jean Wyllys abandonar seu mandato e deixar o Brasil é uma arremata burrice.
Posso entender ( apenas entender) que, privadamente, eles comemorassem – afinal, Jean é um opositor.
Ocorre que, para muitos brasileiros e mesmo no Exterior, a decisão do deputado vai soar com sinal da intolerância no país.
Afinal, ele atribuiu seu autoexílio ao medo do governo Bolsonaro e de seus aliados.
Medo de ser morto.
Ao fazer uma comemoração, a família Bolsonaro mostra Jean Wyllys é indesejável no país.
Apenas reafirma a intolerância.
Se Bolsonaro tivesse mais inteligência do que esperteza faria um teatro.
Diria que ele como presidente garantiria a segurança do deputado.
Como sempre digo, o governo Bolsonaro não precisa de oposição.

Some-se a essa constatação um festival de reações negativas, e a famiglia Besteiraro tentou consertar a mer... cadoria que fizeram no Twitter.
Primeiro, o pai:



Tá, pode-se engolir isso. (Se bem que, depois de Brumadinho, todo esse suposto esforço foi por água... ou melhor, lama de rejeitos de minério abaixo...)
Aí, veio o filho tuiteiro.













Então tá, Carlinhos Besteiraro. Seu paipai não está proibido de dizer "grande dia!" por sua viagem a Davos.
Mas e você? Se não é para comemorar a saída de Jean Wyllys do país, o seu "Vai com Deus!" foi para quem? Pro Divino Espírito Santo?
Como diria o garoto do presunto Sadia: "Tá querendo me enganar, é?"

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E começamos bem 2019 em termos de cinema LGBT. Colette (já indicado em post desta séria série) e A favorita – candidato ao Oscar de 2019 – já estão em cartaz.
Mesmo assim, permitam-me fazer mais uma indicação para esta séria série: Wei Hun Nan Nv (We are Gamily - Taiwan, 2017), de Zero Chou.
Até porque a trama – em plena era Besteiraro – pode se tornar bem frequente: um gay, Wu Gang (Chen-Kang Tang) e uma lésbica, Yang Duo (Mo Cheng) organizam um casamento "falso" para apaziguar suas famílias. Só que Yang Duo se apaixona pela irmã gêmea de seu "marido", Wu Rou (Ching-Tien Li) e as coisas começam a ficar ainda mais complicadas
E agora?
Bem, vejam o trailer e tirem suas conclusões.



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