24 janeiro, 2021

SEU DOUTOR (Eduardo Souto) Francisco Alves e Orquestra Parlophon - janeiro de 1929

Qualquer semelhança entre 1929 e 2021 é mera coincidência... ou não?

29 abril, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXXI)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
16 de abril de 2019



Diarinho, o meu pessoal está espalhando um zap-zap muito legal, que me faz um monte de elogios. Mas tomara que ninguém cheque nada, porque tem um bocado de coisa errada lá. Para lembrar desse negócio na velhice, vou colocar aqui o texto entre parentes e dizer o que está fakeado.

“Dez motivos pelos quais Bolsonaro é o melhor presidente da história”

“1-) Bolsonaro abriu a caixa preta do BNDES.”
- Menos, gente, menos. Por enquanto o que o BNDES fez foi colocar todas as informações que estavam dispersas num único link.

“2-) Bolsonaro cortou 2,5 Bilhões de verbas de patrocínio com a Globo e outras empresas televisivas.”
- Ô, gente boba! O gasto com propaganda aumentou em 63%, comparando com o primeiro trimestre do ano passado. A diferença é que a Globo passou para o terceiro lugar. Em primeiro está a Record e em segundo, o SBT.

“3-) Cortou 21 mil cargos comissionados;”
- Epa!, isso é verdade. Ou quase. É que o governo federal passou de 131 mil cargos para 110 mil. Mas só havia 106 mil pessoas trabalhando. Ou seja, cortamos os cargos, mas as despesas já não existiam.

“4-) Cortou a obrigação dos trabalhadores de pagar o imposto sindical;”
- Pô, isso é do Temer, pessoal.

“5-) Gerou saldo positivo nas contas do governo de R$ 30,2 bilhões em 3 meses;”
- Esse número de 30,2 bilhões é só de janeiro. Mas isso não é exatamente uma vitória. É que janeiro geralmente é superavitário, porque não há repasse para os estados. No ano passado, por exemplo, o número foi 30,8 bilhões. E em fevereiro já tivemos déficit de 18,27 bilhões. O pessoal endoidece, Diarinho.

“6-) Cortou a suntuosa verba do Carnaval e outros eventos, passando a responsabilidade a ser dos próprios idealizadores;”
- Pô, gente, se o governo federal nem dá verba para o Carnaval, como pode cortar alguma coisa? Mas gostei do “suntuosa”.

“7-) Mostrou ao mundo como a esquerda deixou o Brasil depois de 20 anos, ao postar um vídeo em seu Twitter com cenas imorais de foliões em local público;”
- Isso eu fiz mesmo. Aliás, preciso dar uma outra pesquisada nesses vídeos aí. Vou no banheiro e volto já.

“8-) Acabou com o horário de verão.”
- Aí, sim! É a minha grande obra.

“9-) Criou o centro de pesquisa para resolver o problema da seca no Nordeste.”
- Eita! Tem um acordo com Israel para trazer uma técnica de dessalinização. Mas ela já existe aqui. Desde 1990, no governo do FHC (os militares deixaram ele escapar...), já existem dessalinizadores para tratar a água salobra do subsolo do semiárido. E em 2004, no governo Lula (prisão perpétua para esse aí!), o uso da técnica foi ampliado num programa federal chamado Água Doce.

“10-) Bolsonaro criou 211 mil vagas de emprego em dois meses.”
- Nem tanto, nem tanto... Esse número só fala das vagas criadas, não das fechadas. De dezembro a fevereiro o Brasil perdeu mais de 800 mil postos de emprego. A taxa de desemprego subiu de 11,6% para 12,4%.

Bom, Diário, a turma exagerou um pouco. Mas isso não importa. Temos é que espalhar as notícias pela zap-zap e pelo Feicebuque.
Se alguém quiser acreditar, problema dele. O Brasil tem liberdade de crença, kkkk!


*********

Bem, se alguém quiser acreditar no que o Coiso disse na última quinta feira, 25 de abril, durante mais um café da manhã com a imprensa... podes crer, é verdade o que ele disse a respeito de sua propalada (e confirmada) homofobiaLeiam com bastante atenção:

O Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias. Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro.

Bem, a gente sabe que a fala do Coiso é muito tosca. Mas sempre se desconfiou que seu cérebro – mais especificamente – sua capacidade de articular ideias – também era. Por isso, gostaria que, desta vez, o Coiso se explicasse melhor. Do contrário, fica entendido para todos o seguinte entendimento:
Um país receber turistas LGBTs, que vem para cá passear, visitar pontos turísticos e museus, ir às nossas praias etc, etc. – como qualquer outro tipo de turista – isso não pode, "porque ofende as famílias". (Se isso ofende as famílias LGBTs, compostas por casais de dois homens, ou duas mulheres, ou um homem e um trans, ou uma mulher e um trans, mais seus filhos, acho meio difícil...)
Agora, homem vir à Terra Papagalli para usufruir da exploração sexual de mulheres, adolescentes e crianças, ah, isso pode.
É isso mesmo, produção?
Será que a ideia do Coiso de fazer – como disse certa vez – o Brasil voltar uns 50 anos inclui a volta à mentalidade das campanhas de promoção ao turismo da Embratur, nos anos 1980, em que o Brasil era associado à sensualidade das mulheres brasileiras de biquíni?


Sério, o Coiso precisa REALMENTE esclarecer isso.
Até porque já tem gente na bronca.
Pode-se pensar o que quiser do escritor Paulo Coelho. Mas foi o cidadão Paulo Coelho que deu a maior bronca no Coiso – e em ingrês:


("Mulheres brasileiras não são uma commodity. Turismo sexual não é uma razão para visitar o Brasil."


E antes que tu, ó beócio seguidor do Coiso, venha dizer que "Ah, mas as bibas também vem pra cá caçar home!", um recado: não é assim não.
Está bem, um ou outro turista hetero (homem e viajando sozinho – seja "a negócios", seja qual for outra desculpa que apresenta aos familiares e/ou amigos...) vem para Terra Papagalli a fim de turismo sexual. Mas a maioria vem é passear, visitar pontos turísticos e museus, ir às nossas praias etc, etc.
Pois então. A maioria dos LGBTs também vem para cá pela mesma razão. (E se forem famílias LGBTs – relembrando: casais do mesmo sexo, casais com um homem e/ou uma mulher e um cônjuge trans, com filhos ou não – aí mesmo é que não estão a fim de turismo sexual...)
E se o Coiso e seus seguidores fossem mais pragmáticos, veriam que menosprezar (ou mesmo espantar) turistas LGBTs é uma burrice sem tamanho. Uma matéria do Estadão apresenta quatro bons argumentos a favor da promoção do turismo LGBT em Terra Papagalli:

1- Público qualificado com gastos altos
De acordo com a Câmara de Comércio e Turismo LGBT no Brasil, o  setor movimentou US$ 218,7 bilhões em 2018, segundo dados da pesquisa LGBT Travel Market, promovida pela Consultoria Out Now/WTM.
Segundo dados da Organização Mundial do Turismo (OMT), o público LGBT corresponde a 10% dos viajantes do planeta. Só nos Estados Unidos estima-se que o setor movimente cerca de US$ 65 bilhões.
Em 2016, durante o Fórum de Turismo LGBT, foi divulgada uma pesquisa sobre o perfil do turista LGBT:
-Realizam em média quatro viagens por ano;
-45% deles viajam ao exterior todos os anos (a média nacional é de 9%)
-Têm gasto 30% maior em relação a outros viajantes”
Combater a visita da comunidade LGBTI+ ao Brasil, além de ser um grave ataque aos direitos universais, impediria a entrada de US$ 26,8 bilhões na economia brasileira (pesquisa OUT/WTM 2018)”, declarou a Câmara de Comércio em um comunicado divulgado na própria quinta-feira.

2- Tolerância ajuda na divulgação de um destino como marca
O Ministério do Turismo da Argentina (um dos destinos mais gay friendly do mundo), criou em 2016 uma campanha chamada Amor. focada em estimular esse público a viajar pelo país: nossos vizinhos recebem cerca de 450 mil turistas LGBT todos os anos. O país, aliás, é o que mais promove sua faceta gay friendly, segundo a OMT.
Com leis que garantem proteção e segurança e estabelecimentos orgulhosos de ostentar a bandeira do arco-íris, o país conquistou turistas satisfeitos: 94% dos viajantes LGBT  descreveram sua experiência no país como excelente (63%) ou muito boa (31%). Do total dos viajantes no país, 35% declararam também ter o Brasil no seu roteiro. Ou seja, uma boa oportunidade para pegar carona em um destino já consolidado.
São Francisco,  na Califórnia, acaba de anunciar uma nova campanha chamada Open For All (Aberto a Todos), reforçando que todos são bem-vindos na cidade, independentemente de gênero, cor, raça, origem, religião ou orientação sexual.
A Organização Mundial do Turismo, em relatório divulgado em 2016, cita diversos exemplos de outras campanhas bem sucedidas pelo globo. Entram aí Espanha, Irlanda e Reino Unido, por exemplo. Segundo o órgão, notícias sobre a aprovação de união civil para pessoas do mesmo sexo são distribuídas no mundo todo (ou seja, publicidade gratuita) e passam uma imagem de tolerância e respeito não apenas para esse público específico, mas também para que outros turistas se sintam bem-vindos.
Publicidade focada nesse público, segundo o estudo, é baseada em dados que comprovam que a imagem positiva gerada é maior do que a rejeição criada pela parcela intolerante da população. A campanha Open For All de São Francisco, por exemplo, tem como apoiadores marcas de renome como GAP, Banana Republic, Yelp e Marriott – a rede de hotéis, aliás, é considerada referência em hotelaria no treinamento de seus funcionários e receptividade ao público LGBT. Uma de suas campanhas, chamada #LoveTravels, estimula todos os visitantes a postarem expressões do amor em suas mais variadas formas.
Valência, na Espanha, é outra cidade a investir em publicidade específica para esse nicho de mercado. A partir de conversas com a comunidade LGBT, criou-se roteiros com dicas e atrações de interesse.

3- Eventos temáticos ajudam a movimentar o turismo na baixa temporada
Em São Paulo, a Parada do Orgulho LGBT de 2018 reuniu mais de 3 milhões de pessoas e levou os hotéis na região do centro e Avenida Paulista a uma ocupação de 90% dos leitos – lembrando que, na capital paulista, os hotéis registram maior ocupação durante a semana. A parada é realizada sempre no domingo da emenda do feriado de Corpus Christi (este ano, está marcada para 23 de junho). O evento movimentou cerca de R$ 190 milhões na cidade.
Além de eventos específicos, há cidades que investem em nichos como forma de receber um público constante. Nos últimos anos, o mercado de casamentos e lua de mel voltado a pessoas do mesmo sexo vem registrando ótimos números. Um case de sucesso é Nova York: em 2011, foi gerado um impacto de  US$ 200 milhões na economia da cidade ligados apenas a celebrações e casamentos LGBT.
Uma expectativa conservadora, segundo a própria cidade, aponta que cerca de 7 milhões de turistas que se declarem LGBTQ+ visitem Nova York anualmente, vindos do mundo todo.  Um impacto de US$ 7 bilhões na economia local.

4 – Há múltiplos públicos dentro do público LGBT
É errado acreditar que todo viajante LGBT tem o mesmo interesse. Afinal, o viajante LGBT não é nada além de um viajante normal: há quem esteja mais ligado em arte, em gastronomia, em atrações budget, em viagens românticas a dois, em festejar com os amigos, e há grandes diferenças de interesses geracionais também.
Vale destacar também as famílias LGBT que viajam com suas crianças e buscam o que todos os pais buscam quando saem em férias: sossego, diversão e tempo de qualidade com os filhos.

Ah, tem mais uma vantagem: turismo LGBT paga impostos.
O turismo sexual, nem tanto.
Nem todo cafetão paga impostos sobre a cafetinagem sobre as mulheres.
Certo, o canalha do Oscar Maroni (Bahamas Club) paga impostos... pelo menos, eu acho. Mas diga-se a seu favor que ele só explora mulheres adultas. (Pelo menos, que se saiba.)
Mas... e exploradores de crianças e adolescentes? Pagam impostos?
Não.
Fora o fato de que, nos últimos vinte anos, assistimos a uma campanha e um combate sem tréguas (ainda que com poucos recursos recursos) contra a exploração sexual de crianças e adolescentes.
Será que o Coiso já parou para pensar que sua fala – pensada ou (com certeza) não – é um estímulo a essa exploração? Será que as famílias que ele tanto diz defender vão achar legal, um barato?
O que se sabe é que, no Nordeste – região forte em turismo... e, infelizmente, ainda com a exploração do turismo sexual bem forte, apesar do combate – três estados que combatem isso (Maranhão, Rio Grande do Norte e Bahia) estão na bronca – bronca devidamente mostrada em cartazes:

Do governo do Maranhão

Do governo do RN


Repetindo: o Coiso precisa se explicar melhor, se não quiser ficar conhecido como o primeiro presidente cafetão da história de nossa República.

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E agora, a nossa indicação para esta séria série: Die Mitte der Welt (O centro do mundo - Alemanha, 2016), de Jakob M. Erwa, baseado no romance homônimo de (1998) de Andreas Steinhöfel.
Após um período de férias de verão no acampamento, Phil (Louis Hofmann) retorna para casa e se depara com sua mãe tendo problemas familiares com a irmã. Junto da sua amiga Kat (Svenja Jung), ele retorna para a escola, onde um novo aluno entra em sua turma: Nicholas (Jannik Schümann). Apaixonado, Phil começa a paquerar Nicholas. O novato corresponde, mas a fragilidade do primeiro amor é colocada à prova.
Vejam o trailer, e até lá.



DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXX)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
11 de abril de 2019



Diário, que sonho eu tive hoje! Acho que foi por causa dos cem dias de governo.
Eu tinha olhos vermelhos, usava a faixa presidencial e estava em cima de um monte muito alto. Tão alto que eu podia ver todo o Brasil.
Aí, lá de cima eu gritei:
"Foram cem dias de vitória, ha, ha, ha! Cem dias! Logo nos primeiros liberei as armas. Agora irmão já pode matar irmão, vizinho já pode matar vizinho, marido já pode matar esposa. E um miliciano pode comprar 4 armas legalmente."
Então segurei uma das caveiras que estavam ao meu pé, levantei-a e disse: "Amar. Armar. Armar a alma. Amar a arma!"
Poxa, eu sou poeta quando sonho.
Na sequência o Moro, todo de preto, chegou do meu lado. Ele estava fumando um cigarro. Botei a mão em sua cabeça e disse: "Graças ao teu pacote anticrime, doravante bastará um policial dizer que estava sob violenta emoção e já poderá matar à vontade."
"Bam! Bam! Bam!", ele respondeu fazendo arminhas com as mãos, antes de se transformar em fumaça.
Depois, olhando para o Brasil, que estava embaixo do monte, eu disse para mim:
"A morte se espalha pelo país. Em São Paulo a polícia matou 64 pessoas só em março. No Rio meteram 80 tiros num músico. Mas não é só Rio e São Paulo. A crueldade se alastra como fogo em mato seco. Parabéns a Ponta Grossa, Curitiba, Recife, Arapiraca, Santo André, Três Lagoas e Águas Lindas de Goiás. Nestas cidades botaram fogo em mendigos. É o meu jeito de acabar com a pobreza, ha, ha, ha!"
Aí meus três garotos, montados em cavalos voadores, pousaram ao meu lado. Um cavalo vazio se aproximou de mim e eu subi nele. Lá de cima, eu disse:
"Começamos bem, meninos. Já conseguimos guerra e morte. Nos próximos 1360 dias temos mais o que fazer. Temos que causar a fome e a peste."
O Paulo Guedes se aproximou, usando terno e um broche em forma de tridente, e disse:
"Conte com a minha Reforma da Previdência, mestre".
Então eu e os meninos saímos voando. Nossos cavalos galopavam pelo ar e nossas sombras cobriam o país inteiro. As ruas estavam vazias, sem ninguém protestando. Todos sentiam medo e olhavam apenas pelas frestas da janela.
Meu Deus, que sonho lindo, Diarinho!

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A penúltima do Coiso: vetou um comercial do Banco do Brasil que exaltava jovens e minorias. E o diretor de Comunicação e Marketing do BB, Delano Valentim, responsável pela peça, perdeu o cargo.
Qual filme foi proibido?
O filme chamado Selfie, onde os modelos protagonistas são jovens de todos os tipos e minorias, chamando à diversidade.
Esse filme abaixo:


Ué... Por que o BB fez um filmete de propaganda assim?

O curioso é que a campanha censurada do BB fazia parte não de uma estratégia de "marxismo cultural" (sic), mas de marketing.
O Banco do Brasil, como todos os bancos grandes, está preocupado com o crescimento das fintechs entre o público mais jovem.
Então, essa peça publicitária fazia parte de uma estratégia de rejuvenescimento da marca do BB.
Bolsonaro viu ideologia onde tinha mercado.

Então, por que o Coiso proibiu? Informa-nos CartaCapital:

Mais uma vez, Bolsonaro remou contra o discurso liberal e interferiu em decisões das estatais brasileiras ao vetar uma propaganda do banco que trazia imagens de jovens negros, descolados, com cabelos longos e utilizando piercings. O texto do anúncio trazia expressões como “faz carão” e “cara de diva irritada”, que não agradaram ao presidente.

Com a palavra, o Coiso:

"A linha mudou. A massa quer o quê? Respeito à família, ninguém quer perseguir minoria nenhuma. Nós não queremos que dinheiro público seja usado dessa maneira."

Peraí... qual família se sentiu desrespeitada pela propaganda do BB?
Simples: a família do Coiso – por racista, misógina e homofóbica, não suportou ver justamente as pessoas que odeiam representadas numa publicidade simples. Ah, sim: e possivelmente, as de seus fanáticos (e descerebrados) seguidores.
("Ninguém quer perseguir minoria nenhuma"? Imagine se quisesse...) 
A partir de agora (segundo os memes que não perdoam...), propaganda das estatais "para as famílias", de acordo com o Coiso, tem de ser assim:




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E agora, a nossa indicação para esta séria série: Uma faca no coração (Un couteau dans le coeur - França/México/Suíça, 2018), de Yann González, que esteve na seleção oficial do Festival de Cannes e no Festival do Rio (outro evento ameaçado pela vingança do Coiso contra a cultura) de 2018.
Paris, verão de 1979. Anne Parèze (Vanessa Paradis) produz filmes pornôs gays de segunda categoria (não por acaso, os favoritos do Coiso para tuitadas mentirosas – remember aquele vídeo de uma suposta cena de rua do carnaval de 2019 – que na verdade era um vídeo pornô – que já comentei nesta séria série). Depois de ser abandonada por Lois (Kate Moran), sua montadora e amante, ela tenta reconquistá-la filmando sua produção mais ambiciosa, ao lado de seu ardente parceiro Archibald. Mas um de seus atores é assassinado e Anne se vê tomada por uma estranha investigação que irá colocar sua vida de cabeça para baixo. Selecionado para a Competição Oficial do Festival de Cannes 2018.
Vejam o trailer e até lá.


28 abril, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXIX)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
9 de abril de 2019
Diário, mandei o Vélez para o chuveiro!
O cara estava pisando muito na bola. Para o lugar dele chamei um sujeito que eu não consigo falar o nome direito, um tal de Abrão Youtube. Esse aí não vão criticar tanto, porque é economista e ninguém critica muito economista, que ninguém entende dessa porcaria.
Mesmo assim já começaram a dizer que ele não é da área. Mas o cara já foi chefe dos escoteiros, pô! Quer currículo melhor?
Além disso, o Olavo disse que o cara era bom. E, se o Olavo disse, deve ser. Se bem que ele também indicou o Vélez..., também falou que cigarro não dá câncer..., que a Terra não gira em torno do sol...
Não, não! Não posso ser pessimista. O Olavo está sempre certo! Só que muda de ideia no caminho. É que nem o Waze.
De qualquer forma, esse negócio de especialista não está com nada. O Ricardo Salles, do Meio-Ambiente, detesta o verde, tanto que já foi condenado por favorecer mineradoras.
O Ernesto Araújo, da diplomacia, não é nada diplomático.
A Damares, dos Direitos Humanos, entende mais de Direitos Divinos.
O Mandetta, da Saúde, tem um currículo meio doente, porque está sendo investigado por fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois.
O Paulo Guedes, que cuida da fazenda, não é fazendeiro, é banqueiro.
O Moro deu uma banana para a Justiça para prender o Lula.
E o Marcelo Álvaro, do Turismo, devia estar na Agricultura, porque entende é de laranja, kkkk!
Enfim, Diarinho, estou me lixando para esse negócio de especialista. Eu sou que nem aqueles técnicos que escalam zagueiro de volante, lateral de ponta e goleiro de centroavante. Tem que ser criativo, pô! Senão fica naquele mimimi, naquela mesmesmice.
Se o pessoal quer criticar educação, devia criticar o Dória, que vai acabar com um monte de biblioteca e museu em São Paulo. Ou o Witzel, porque a polícia dele deu 80 tiros num carro. Precisava de 80? Olha o desperdício aí!
Pô, o Abrão Youtube ficou um tempão trabalhando no mercado financeiro. Se o cara cuida de banco de dinheiro, não vai saber cuidar de banco de escola?
O que que é maior?



PS: Como troquei 2 ministros, fizemos uma nova foto da equipe de governo.

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Sim, o olavete Ricardo Vélez se foi.
Mas outro olavete – Abraham Weintraub – entrou em seu lugar. E disposto a implementar as novas ideias de jerico do Coiso.
Não, não é fake: o próprio Coiso anunciou em seu twitter:


Olha, no que me concerne (copyright Jânio Quadros...), há três errinhos no pensamento (SIC) do Coiso:

1- Foram justamente as Ciências Humanas que possibilitaram o surgimento das universidades. E, para que as universidades existam (e possam ser chamadas de universidades), elas precisam ter, obrigatoriamente, o conjunto de todas as áreas do conhecimento humano – inclusive as Ciências Humanas.
2-Quem tem de "ensinar a leitura, a escrita e a fazer conta" é o ensino fundamental e o ensino médio (e melhorar ambos é a verdadeira necessidade da educação brasileira). A universidade tem como tripé básico o ensino, a pesquisa e a extensão (isto é, forma novos profissionais de ensino superior), mas (e isto é o mais importante) pesquisa e produz conhecimento – conhecimento que é e será ensinado no ensino fundamental e médio para formar futuros estudantes universitários, que pesquisarão e produzirão conhecimentos que serão ensinados etc., etc., num círculo virtuoso.
3- E depois,          quem disse que as Ciências Humanas não dão retorno à sociedade? Sim, parece que é lento, mas seu retorno principal é esse: evita que "operários-patrões", sem senso crítico, sejam formados – tipo assim, como antes e durante o nazismo.

Talvez seja por isso que cursos como Filosofia e Sociologia incomodam o Coiso: afinal, o que ele deseja mesmo é que a juventude não pense política e que as universidades não sejam espaço de livre debate político.
Sem falar que, pelo menos na área de Filosofia, os cursos deixarão de ser financiados para que seu guru, Olavo DOI-Codi de Carvalho – o teórico da conspiração, terraplanista e defensor de torturadores – tenha o monopólio do ensino de filosofia no Brasil...). Até porque, tendo o curso fundamental incompleto (e um estranho orgulho disso), o "filósofo" tem uma ojeriza completa pela academia e pelas universidades de todo o mundo.
Claro que isso teve um auxílio luxuoso: o da própria universidade, que se isola dentro de seus muros, sem conseguir sair deles e chegar à sociedade com mais frequência e constância.
Como diz Gustavo Gindre, em seu Facebook):

Há anos eu digo a mesma coisa.
Com a elite colonial que nós temos, chegará o dia em que alguém vai propor destruir a universidade pública e a sociedade NÃO vai comprar essa briga.
E isso tem muito a ver com o papel que essa universidade cumpre na sociedade brasileira.

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E agora, a nossa indicação para esta séria série: Daddy Issues (EUA, 2018), de Amara Cash.
Maya (Madison Lawlor), uma garota excêntrica de 19 anos, passa seus dias trabalhando em sua arte e na internet falando sobre suas loucuras com sua paixão, a estilista sexualmente fluida, Jasmine.
Uma noite Maya encontra Jasmine (Montana Manning) e há uma faísca imediatamente entre as duas, começando um relacionamento romântico inspirador que dá a Maya sua primeira experiência de amor verdadeiro e Jasmine a inspiração que ela precisa para começar sua carreira.
Tudo parece um conto de fadas... até Maya descobrir que Jasmine tem uma relação especial de dependência com um sugar daddy (algo assim como "um senhor que a ajuda"... ou um "coronel"...) um tanto paranoico, Simon Craw (Andrew Pifko). E o que começou como um sonho, se torna um belo pesadelo.
Bem, vejam o trailer e até a próxima.


DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXVIII)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
1º de abril de 2019
Querido Diário, hoje acordei meio diferente.
Já no café da manhã, em vez de pão com leite condensado, comi uma granola. E orgânica. É bem mais saudável.
Depois abri o computador e fui dar uma olhada nas notícias. Passei pelos Jornalistas Livres, pela Rede Brasil Atual e pela Carta Maior. Não posso depender só do que vem pelo whatsapp.
Aí li umas páginas de “Vidas Secas”. Até chorei no capítulo da morte da cachorra Baleia. O Graciliano Ramos era comunista, e os comunistas têm um olhar atento para as dores do povo.
Sabe, Diário, percebi que preciso mudar algumas coisas no meu jeito de ser. Por exemplo, tenho que parar de falar mal de homossexuais. Não tem essa de rosa e azul. Cada um é livre para ser como quiser. Acho até que vou sair na próxima Parada Gay. Só para dar uma força.
O Olavo de Carvalho não vai gostar. Mas que se dane. O maluco é contra tudo. Até contra o heliocentrismo! Deve pensar que ele é que é o centro do universo. Preciso me livrar desse sujeito e dos maluquetes dele.
Por exemplo, aquele Ernesto não dá pé. Preciso de um chanceler com experiência, tarimbado, de primeira.
A mesma coisa com o Vélez. Educação é um dos ministérios mais importantes. Tenho que colocar um educador de respeito lá. Pena que o Paulo Freire morreu...
Também preciso manter os meus garotos longe do governo. Isso aqui é um país, não é almoço de domingo. Os três não podem ficar posando de vice-presidentes.
Ah, e tenho que exigir a apuração rápida do caso Queiroz. Doa a quem doer. Justiça tem que ser imparcial.
Outra coisa: vou me afastar dos líderes evangélicos. Política não pode ter ligação com religião. O Brasil é um estado laico, pô!
Aliás, aproveitando que estou em Israel, vou dar um pulo na Palestina. A gente tem que conhecer os dois lados da questão.
Hum... que gravata eu uso hoje? Acho que a vermelha é a mais bonita.

Kkkkkkkkkkkkkkkkkk!

Chega, Chega! Não aguento mais. Vou mijar de rir!
Fica tranquilo, Diário, é tudo brincadeira. É que hoje é primeiro de abril. Dia da Mentira e da Revolução Gloriosa.
Só queria te assustar. É claro que eu continuo o mesmo.
Eu não vou mudar nunca.
Nunca. Talkei?

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E agora, a nossa indicação para esta séria série: That's Not Us (EUA, 2015), de William C. Sullivan.
That's Not Us é um retrato íntimo de três casais de vinte e poucos anos – um gay, James (Mark Berger) e Spencer (David Rysdahl); um lésbico, Alex (Sarah Wharton) e Jackie (Nicole Pursell) e um heterossexual, Liz (Elizabeth Gray) e Dougie (Tommy Nelms) – que viajam para uma casa de praia para aproveitar os últimos dias de verão. Mas o que deveria ser um fim de semana divertido e despreocupado torna-se uma exploração do que é preciso para manter um relacionamento saudável e fazer o amor durar no que hoje é chamado de "geração mais gay". Através de cada um dos três casais, That's Not Us explora sexo e relacionamentos com uma nova perspectiva, descobrindo que, embora a sexualidade e o gênero possam variar, as lutas para manter o amor vivo não.
Vejam o trailer, e até lá


28 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXVII)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
Hospital Alberto Ainstein, 17h29 do dia 27 de março de 2019.

Diário, o hospital é o meu lugar. Só aqui eu tenho sossego. Lá fora está uma bagunça, mas aqui é tudo branquinho, cheirosinho, tranquilinho... Tomara que achem alguma coisa para eu ficar mais uns dias internado. Os melhores dias do meu governo foram aqui.
Olha só como estão as coisas: o dólar aumentou 3%; o Ibovespa caiu 4,6%, e no Mackenzie, que tem fama de direita, estavam preparando uma manifestação contra mim. Tive que me encontrar com os pesquisadores no Comando Militar do Sudeste. Desse jeito só vou poder visitar quartel.
E a coisa não para por aí. O Olavo xinga o Maia, o Carluxo xinga o Maia, e até o Moro, em vez de me ajudar, xinga o Maia (aliás, por que o Moro quer diminuir imposto de cigarro? O que ele ganha com isso? Essa história não cheira bem. Onde tem fumaça, tem fogo).
Olha, eu nem posso ir ao cinema sossegado. Ontem, enquanto eu estava vendo um filminho, meu governo levou uma tungada. O Maia colocou em votação uma lei que engessa ainda mais o orçamento do executivo. Levamos uma goleada de uns 450 a 3. Pior que o 7 a 1 contra a Alemanha. Se isso não for barrado no Senado, só vou poder mexer em 3% do dinheiro.
Por causa disso, o Paulo Guedes teve um chilique. Ontem nem foi no CCJ falar da Reforma da Previdência. Poxa, o Posto Ipiranga não pode se negar a dar informação. Mas o cara está tão fulo da vida que disse que pode até sair do governo.
É que nem a Joice Hasselmann disse: querem afundar o avião!
O mais grave é que na semana que vem pode ter outra pauta-bomba. Querem que o governo federal reconheça uma dívida bilionária com os estados. Pô, bomba pra cima de mim? Eles pensam que eu sou a Dilma de calças?
Tá difícil, viu? Dizem que a política é um jogo de xadrez, mas eu só sei jogar truco, pô!


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PS: Diarinho, minha única alegria é que a campanha para publicar você (https://www.kickante.com.br/campanhas/diario-do-bolso-100-dias) vai muito bem. Pensei que iam ser só 100 livrinhos, mas já são 226. Tomara que chegue aos 300. Se não der certo esse negócio de ser presidente, acho que posso virar escritor.

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Ah, sim: antes de comemorarem junto com o Coiso o aniversário do golpe militar de 1964 ("revolução" é a PQP!!!!), sugiro duas leituras básicas.
A primeira leitura é um artigo de Eliane Brum para a edição brasileira d'El País (sim, ele mesmo, aquele grande jornal liberal conservador espanhol, que os bolsonaretes acusam de ser... comunista...). Ainda que fique longo, vão aí alguns trechos em que você, caro leitor, precisa MUITO prestar atenção:

Uma pesquisa do Ibope mostrou que Bolsonaro já é o presidente mais impopular em início de primeiro mandato desde 1995. Os 89 milhões de brasileiros que não votaram em Bolsonaro, seja porque votaram no candidato de oposição, seja porque se abstiveram de votar ou votaram branco ou nulo, somados ao expressivo contingente que já se arrependeu do voto no capitão reformado, terá que compreender que a luta pela democracia é difícil – e não pode ser terceirizada. É isso. Ou aceitar que a exceção, que já se infiltrou no cotidiano e avança rapidamente, siga tomando conta da vida até o ponto em que já se tenha perdido inclusive o direito aos fatos, como Bolsonaro e os militares pretendem neste 31 de Março.
Não queiram viver num país em que a autoverdade, aquela que dá a cada um a prerrogativa de inventar seus próprios fatos, impere. Bolsonaro e suas milícias digitais criaram a autoverdade, mas ela só será imposta a um país inteiro se a população brasileira se submeter a ela. Afirmar que o golpe de 1964 não foi um golpe é mentira de quem ainda teme responder pelos crimes que cometeu, como seus colegas responderam em países que construíram democracias mais fortes e onde a população conhece a sua história. Não há terror maior do que ser submetido a uma realidade sem lastro nos fatos, uma narrativa construída por perversos. O corpo de cada um passa a pertencer inteiramente aos carcereiros.
Bolsonaro precisa manter o país queimando em ódio. Essa foi sua estratégia para ser eleito, essa segue sendo a sua estratégia para se manter no poder. Ele não tem outra. Se deixar de ser o incendiário que é e virar presidente, ele se arrisca a perder sua popularidade. Sua estratégia é governar apenas para as suas milícias, capazes de manter o terror, parte delas somente por diversão.
Depois de ser o candidato “antissistema”, Bolsonaro é agora o antipresidente. Esta novidade, a do antipresidente, é inédita no Brasil. O antipresidente Bolsonaro é aquele que boicota seu próprio programa e enfraquece seu próprio ministério, mantendo, também dentro do Governo, como definiu o jornalista Afonso Benites, a guerra do todos contra todos.
Bolsonaro só pode existir num país mergulhado numa guerra interna. Então, trata de alimentar essa guerra. A determinação oficial de comemorar o golpe de 1964 é parte dessa estratégia. Vamos ver o quanto os generais estrelados do seu governo são capazes de enxergar a casca de banana. Ou se, ao contrário, escolherão deslizar por ela apenas como desagravo aos anos em que ficaram acuados, temendo que o Brasil finalmente fizesse justiça, julgando os crimes da ditadura como fizeram os países vizinhos.
(...)
Com instituições fracas e uma oposição sem projeto, diante de um governo em que o mais moderado é um general que já defendeu um autogolpe com o apoio das Forças Armadas, a barbárie dos dias se acentua. Tudo indica que vai piorar. Porque está piorando. A incompetência explícita do bolsonarismo faz com que a necessidade de ampliar a violência “contra todos os que não são iguais a mim”, com o objetivo de ampliar a sensação de guerra interna, também aumente. Sem projeto consistente, o governo que aí está só pode apostar no ódio para se manter. E vai seguir apostando. O ódio não é o oposto do amor, mas sim da justiça. É justiça que Bolsonaro não quer.
Os brasileiros vão precisar compreender que a democracia terá que ser defendida por cada um, se colocando junto com o outro. Às vezes só dá mesmo para gritar. Mas é preciso fazer um esforço maior para responder com projetos, com propostas, com ação que não seja apenas uma reação, mas uma alternativa que permita a vida e promova vida no espaço público. Será assim, ou não será. Não é que tenha outro. Só tem você mesmo. Com o outro.
(...)
Brasileiros de todas as idades precisam aprender, pra ontem, com as gerações mais novas. É isso ou seguir condenado a assistir à queda de braço entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia. Sério que é este o ponto alto do debate nacional, antes de vir outro do mesmo nível ou pior? É este mesmo o nosso destino? Sério mesmo que o maior crítico da militarização do governo é Olavo de Carvalho, por motivos bem outros em sua calculada disputa de poder? E é ele o maior crítico porque parte dos que poderiam criticar a militarização do governo por motivos legítimos e urgentes começam a achar que Hamilton Mourão, o vice general, é uma graça? É assim mesmo que vamos viver, esperando o que virá depois, caso exista um depois?

A segunda leitura é pouquinha coisa mais leve (leve?): um texto no BuzzFedd chamado 52 coisas que você não sabia sobre a ditadura militar brasileira – ou seja: 52 coisas que o Coiso não sabe (e acho que nem quer saber) sobre a ditadura que ele quer comemorar.

Boas leituras.

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E agora, a nossa indicação para esta séria série: And Then There Was Eve (EUA, 2017), de Savannah Block. Outras informações podem ser encontradas no site do filme (http://www.evethemovie.com/). Mas as que encontrei são interessantes.
Alyssa (Tania Nolan), uma fotógrafa de sucesso, acorda uma manhã para encontrar seu apartamento saqueado e seu marido, Kevin (Jonathan Flanagan) misteriosamente desaparecido. Deixada sem sequer uma fotografia para oferecer a polícia, ela se vira para sua colega Eve (Rachel Crowl, atriz, musicista, fotógrafa e designer trans), uma talentosa pianista de jazz com um charme de flerte e graça desarmante. Eva a ajuda a confrontar a luta de longa data do marido com a depressão e, com o tempo, aceitar sua ausência. Ao conhecer essa mulher através de circunstâncias tão incomuns, Alyssa fica surpresa ao se ver apaixonada novamente.
Leiam o artigo de Danielle Solzman para o blog Solzy at the movies (em inglês – sorry, ou ponha o Google Tradutor para trabalhar...), que fala sobre o filme, vejam o trailer, e até a próxima.



24 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXVI)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
São Tiago do Chile, 23 de março de 2019.
Diário, hoje tenho tanta coisa pra contar que vou fazer “As quentinhas do Jair”.

1-) Ontem aconteceu uma manifestação contra mim. A polícia chilena teve que jogar água e gás lacrimogêneo no pessoal. Ah, como é bonito ver a polícia reprimindo os esquerdoides...
2-) Hoje vai ter um jantar aqui em minha homenagem. Mas os presidentes da Câmara e do Senado não aceitaram o convite. Só porque eu sou fã do Pinochet. Tudo bem, sobra mais pra mim.
3-) A coisa está feia mesmo é no Brasil, com o Rodrigo Maia. Tão feia que o Flavinho e a Joice Hasselmann é que estão bancando os bombeiros. Se esses dois são os bombeiros, imagina o incêndio.
4-) Eu até falei que o Maia era como uma namorada, que a gente ia conversar e se entender. Mas ele me respondeu que eu tenho que conseguir outras 307 namoradas. Aí fica difícil. Se eu ainda tivesse trinta anos... Opa! Será que ele quis dizer 307 deputados? Vou perguntar pro Dudu.
5-) Outro problema é quem vai ser o relator da Reforma da Previdência? O cara que fizer isso não se elege. A gente tem que achar um trouxa, digo, um patriota.
6-) Falando em patriotismo, a Reforma da Previdência dos Militares não foi uma reforma. Foi só uma pinturinha. Ficou quase tudo igual. Com militar eu não mexo, que eu não sou besta.
7-) Parece que teve alguma coisa em Moçambique. Um tufão, um tsunami ou um terremoto. Azar deles. Só mando ajuda humanitária para a Venezuela. Kkkkk!
8-)A tevê não mostrou as manifestações contra a Reforma da Previdência pelo Brasil. Nem vai mostrar. Que patrão não quer parar de pagar INSS?
9-) Numa praça aqui perto existe uma enorme estátua do Salvador Allende. Mas nenhuma do Pinochet. Não dá para entender. O Allende perdeu, era comunista e tem uma estátua de três metros. O Pinochet era militar, ganhou e não tem nem uma estatuazinha de anão de jardim. Tem que rever isso aí, pô!

PS: Minha única alegria, Diarinho, é que mais de cem pessoas já te pré-compraram. Vou até mandar um autografado pro Maia: “Vamos fazer as pazes? Com amor, B.”

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Cem pessoas? Já?
Pois é. Que tal vocês se tornarem as centésimas primeiras, centésimas segundas...
Participem da vaquinha virtual (crowdfunding é a p#t% que os p§r&*!) para a edição do livro Diário do Bolso: os 100 primeiros dias.

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Preciso de uma ajuda para a nossa indicação de filme para esta séria série e sanar minha ingrinorança.
Sei que o longametragem Alguma coisa assim (Brasil, 2017), de Esmir Filho e Mariana Bastos, continua a história da relação de amizade entre Caio (André Antunes) e Mari (Caroline Abras), que começou no curtametragem de mesmo título (2006), que esteve na Semana Internacional da Crítica do Festival de Cannes e levou três Kikitos (melhor curta, direção e atriz), no Festival de Gramado – ambos no mesmo ano de 2006.
Também sei que esteve na competitiva de longas do Mix Brasil 2017.
Só não sei o sei o seguinte (e preciso dessa informação para curar minha ingrinorança): o filme chegou a ser lançado nos cinema? Se foi, quanto tempo ficou em cartaz?
Aliás, se foi lançado e ficou pouco tempo: vocês acham que vale a pena ser lançado outra vez? Queria muito ver como a relação entre Caio e Mari rolou nestes anos todos – especialmente ver como esse tempo constrói e transforma esse relacionamento, seus desejos e questões sobre a sexualidade e rótulos, a partir de três momentos de suas vidas.
Enfim, minha indicação corre o risco de ser velha-mas-vale-a-pena-ser-indicada-de-novo. Fiquem com os trailers e tchau.