Qualquer semelhança entre 1929 e 2021 é mera coincidência... ou não?
24 janeiro, 2021
29 abril, 2019
DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXXI)
Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
16 de abril de
2019
Diarinho, o meu pessoal está espalhando um zap-zap muito legal, que me
faz um monte de elogios. Mas tomara que ninguém cheque nada, porque tem um
bocado de coisa errada lá. Para lembrar desse negócio na velhice, vou colocar
aqui o texto entre parentes e dizer o que está fakeado.
“Dez motivos pelos quais Bolsonaro é o melhor presidente da história”
“1-) Bolsonaro abriu a caixa preta do BNDES.”
- Menos, gente, menos. Por enquanto o que o BNDES fez foi colocar todas as informações que estavam dispersas num único link.
- Menos, gente, menos. Por enquanto o que o BNDES fez foi colocar todas as informações que estavam dispersas num único link.
“2-) Bolsonaro cortou 2,5 Bilhões de verbas de patrocínio com a Globo e
outras empresas televisivas.”
- Ô, gente boba! O gasto com propaganda aumentou em 63%, comparando com o primeiro trimestre do ano passado. A diferença é que a Globo passou para o terceiro lugar. Em primeiro está a Record e em segundo, o SBT.
- Ô, gente boba! O gasto com propaganda aumentou em 63%, comparando com o primeiro trimestre do ano passado. A diferença é que a Globo passou para o terceiro lugar. Em primeiro está a Record e em segundo, o SBT.
“3-) Cortou 21 mil cargos comissionados;”
- Epa!, isso é verdade. Ou quase. É que o governo federal passou de 131 mil cargos para 110 mil. Mas só havia 106 mil pessoas trabalhando. Ou seja, cortamos os cargos, mas as despesas já não existiam.
- Epa!, isso é verdade. Ou quase. É que o governo federal passou de 131 mil cargos para 110 mil. Mas só havia 106 mil pessoas trabalhando. Ou seja, cortamos os cargos, mas as despesas já não existiam.
“4-) Cortou a obrigação dos trabalhadores de pagar o imposto sindical;”
- Pô, isso é do Temer, pessoal.
- Pô, isso é do Temer, pessoal.
“5-) Gerou saldo positivo nas contas do governo de R$ 30,2 bilhões em 3
meses;”
- Esse número de 30,2 bilhões é só de janeiro. Mas isso não é exatamente uma vitória. É que janeiro geralmente é superavitário, porque não há repasse para os estados. No ano passado, por exemplo, o número foi 30,8 bilhões. E em fevereiro já tivemos déficit de 18,27 bilhões. O pessoal endoidece, Diarinho.
- Esse número de 30,2 bilhões é só de janeiro. Mas isso não é exatamente uma vitória. É que janeiro geralmente é superavitário, porque não há repasse para os estados. No ano passado, por exemplo, o número foi 30,8 bilhões. E em fevereiro já tivemos déficit de 18,27 bilhões. O pessoal endoidece, Diarinho.
“6-) Cortou a suntuosa verba do Carnaval e outros eventos, passando a
responsabilidade a ser dos próprios idealizadores;”
- Pô, gente, se o governo federal nem dá verba para o Carnaval, como pode cortar alguma coisa? Mas gostei do “suntuosa”.
- Pô, gente, se o governo federal nem dá verba para o Carnaval, como pode cortar alguma coisa? Mas gostei do “suntuosa”.
“7-) Mostrou ao mundo como a esquerda deixou o Brasil depois de 20 anos,
ao postar um vídeo em seu Twitter com cenas imorais de foliões em local
público;”
- Isso eu fiz mesmo. Aliás, preciso dar uma outra pesquisada nesses vídeos aí. Vou no banheiro e volto já.
- Isso eu fiz mesmo. Aliás, preciso dar uma outra pesquisada nesses vídeos aí. Vou no banheiro e volto já.
“8-) Acabou com o horário de verão.”
- Aí, sim! É a minha grande obra.
- Aí, sim! É a minha grande obra.
“9-) Criou o centro de pesquisa para resolver o problema da seca no
Nordeste.”
- Eita! Tem um acordo com Israel para trazer uma técnica de dessalinização. Mas ela já existe aqui. Desde 1990, no governo do FHC (os militares deixaram ele escapar...), já existem dessalinizadores para tratar a água salobra do subsolo do semiárido. E em 2004, no governo Lula (prisão perpétua para esse aí!), o uso da técnica foi ampliado num programa federal chamado Água Doce.
- Eita! Tem um acordo com Israel para trazer uma técnica de dessalinização. Mas ela já existe aqui. Desde 1990, no governo do FHC (os militares deixaram ele escapar...), já existem dessalinizadores para tratar a água salobra do subsolo do semiárido. E em 2004, no governo Lula (prisão perpétua para esse aí!), o uso da técnica foi ampliado num programa federal chamado Água Doce.
“10-) Bolsonaro criou 211 mil vagas de emprego em dois meses.”
- Nem tanto, nem tanto... Esse número só fala das vagas criadas, não das fechadas. De dezembro a fevereiro o Brasil perdeu mais de 800 mil postos de emprego. A taxa de desemprego subiu de 11,6% para 12,4%.
- Nem tanto, nem tanto... Esse número só fala das vagas criadas, não das fechadas. De dezembro a fevereiro o Brasil perdeu mais de 800 mil postos de emprego. A taxa de desemprego subiu de 11,6% para 12,4%.
Bom, Diário, a turma exagerou um pouco. Mas isso não importa. Temos é
que espalhar as notícias pela zap-zap e pelo Feicebuque.
Se alguém quiser acreditar, problema dele. O Brasil tem liberdade de
crença, kkkk!
*********
O
Brasil não pode ser um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias. Quem
quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, não pode
ficar conhecido como paraíso do mundo gay aqui dentro.
Bem, a gente sabe que a fala do Coiso é muito
tosca. Mas sempre se desconfiou que seu cérebro – mais especificamente – sua
capacidade de articular ideias – também era. Por isso, gostaria que, desta vez,
o Coiso se explicasse melhor. Do contrário, fica entendido para todos o
seguinte entendimento:
Um país receber turistas LGBTs, que vem para cá
passear, visitar pontos turísticos e museus, ir às nossas praias etc, etc. –
como qualquer outro tipo de turista – isso não pode, "porque ofende as
famílias". (Se isso ofende as famílias LGBTs, compostas por casais de dois
homens, ou duas mulheres, ou um homem e um trans, ou uma mulher e um trans,
mais seus filhos, acho meio difícil...)
Agora, homem vir à Terra Papagalli para usufruir da
exploração sexual de mulheres, adolescentes e crianças, ah, isso pode.
É isso mesmo, produção?
Será que a ideia do Coiso de fazer – como disse
certa vez – o Brasil voltar uns 50 anos inclui a volta à mentalidade das
campanhas de promoção ao turismo da Embratur, nos anos 1980, em que o Brasil
era associado à sensualidade das mulheres brasileiras de biquíni?
Sério, o Coiso precisa REALMENTE esclarecer isso.
Até porque já tem gente na bronca.
Pode-se pensar o que quiser do escritor Paulo
Coelho. Mas foi o cidadão Paulo Coelho que deu a maior bronca no Coiso – e em ingrês:
E antes que tu, ó beócio seguidor do Coiso, venha
dizer que "Ah, mas as bibas também vem pra cá caçar home!", um
recado: não é assim não.
Está bem, um ou outro turista hetero (homem e
viajando sozinho – seja "a negócios", seja qual for outra desculpa
que apresenta aos familiares e/ou amigos...) vem para Terra Papagalli a fim de
turismo sexual. Mas a maioria vem é passear, visitar pontos turísticos e
museus, ir às nossas praias etc, etc.
Pois então. A maioria dos LGBTs também vem para cá
pela mesma razão. (E se forem famílias LGBTs – relembrando: casais do mesmo
sexo, casais com um homem e/ou uma mulher e um cônjuge trans, com filhos ou não
– aí mesmo é que não estão a fim de turismo sexual...)
E se o Coiso e seus seguidores fossem mais
pragmáticos, veriam que menosprezar (ou mesmo espantar) turistas LGBTs é uma
burrice sem tamanho. Uma matéria do Estadão apresenta quatro bons argumentos a favor da
promoção do turismo LGBT em Terra Papagalli:
1-
Público qualificado com gastos altos
De acordo com a
Câmara de Comércio e Turismo LGBT no Brasil, o setor movimentou US$ 218,7
bilhões em 2018, segundo dados da pesquisa LGBT Travel Market, promovida pela
Consultoria Out Now/WTM.
Segundo dados da
Organização Mundial do Turismo (OMT), o público LGBT corresponde a 10% dos
viajantes do planeta. Só nos Estados Unidos estima-se que o setor movimente
cerca de US$ 65 bilhões.
Em 2016, durante o
Fórum de Turismo LGBT, foi divulgada uma pesquisa sobre o perfil do turista
LGBT:
-Realizam em média
quatro viagens por ano;
-45% deles viajam ao
exterior todos os anos (a média nacional é de 9%)
-Têm gasto 30% maior
em relação a outros viajantes”
Combater a visita da
comunidade LGBTI+ ao Brasil, além de ser um grave ataque aos direitos
universais, impediria a entrada de US$ 26,8 bilhões na economia brasileira
(pesquisa OUT/WTM 2018)”, declarou a Câmara de Comércio em um comunicado
divulgado na própria quinta-feira.
2- Tolerância ajuda na divulgação de
um destino como marca
O
Ministério do Turismo da Argentina (um dos destinos mais gay friendly do
mundo), criou em 2016 uma campanha chamada Amor. focada
em estimular esse público a viajar pelo país: nossos vizinhos recebem cerca de
450 mil turistas LGBT todos os anos. O país, aliás, é o que mais promove sua
faceta gay friendly, segundo a OMT.
Com leis que
garantem proteção e segurança e estabelecimentos orgulhosos de ostentar a
bandeira do arco-íris, o país conquistou turistas satisfeitos: 94% dos
viajantes LGBT descreveram sua experiência no país como excelente (63%)
ou muito boa (31%). Do total dos viajantes no país, 35% declararam também ter o
Brasil no seu roteiro. Ou seja, uma boa oportunidade para pegar carona em um
destino já consolidado.
São
Francisco, na Califórnia, acaba de anunciar uma nova campanha chamada
Open For All (Aberto a Todos), reforçando que todos são bem-vindos na cidade,
independentemente de gênero, cor, raça, origem, religião ou orientação sexual.
A
Organização Mundial do Turismo, em relatório divulgado em 2016, cita diversos exemplos de outras
campanhas bem sucedidas pelo globo. Entram aí Espanha, Irlanda e Reino Unido,
por exemplo. Segundo o órgão, notícias sobre a aprovação de união civil para
pessoas do mesmo sexo são distribuídas no mundo todo (ou seja, publicidade
gratuita) e passam uma imagem de tolerância e respeito não apenas para esse
público específico, mas também para que outros turistas se sintam bem-vindos.
Publicidade
focada nesse público, segundo o estudo, é baseada em dados que comprovam que a
imagem positiva gerada é maior do que a rejeição criada pela parcela
intolerante da população. A campanha Open For All de São Francisco, por
exemplo, tem como apoiadores marcas de renome como GAP, Banana Republic, Yelp e
Marriott – a rede de hotéis, aliás, é considerada referência em hotelaria no
treinamento de seus funcionários e receptividade ao público LGBT. Uma de suas
campanhas, chamada #LoveTravels, estimula todos os visitantes a postarem
expressões do amor em suas mais variadas formas.
Valência, na
Espanha, é outra cidade a investir em publicidade específica para esse nicho de
mercado. A partir de conversas com a comunidade LGBT, criou-se roteiros com
dicas e atrações de interesse.
3-
Eventos temáticos ajudam a movimentar o turismo na baixa temporada
Em São Paulo, a
Parada do Orgulho LGBT de 2018 reuniu mais de 3 milhões de pessoas e levou os
hotéis na região do centro e Avenida Paulista a uma ocupação de 90% dos leitos
– lembrando que, na capital paulista, os hotéis registram maior ocupação
durante a semana. A parada é realizada sempre no domingo da emenda do feriado
de Corpus Christi (este ano, está marcada para 23 de junho). O evento
movimentou cerca de R$ 190 milhões na cidade.
Além de eventos
específicos, há cidades que investem em nichos como forma de receber um público
constante. Nos últimos anos, o mercado de casamentos e lua de mel voltado a
pessoas do mesmo sexo vem registrando ótimos números. Um case de sucesso é Nova
York: em 2011, foi gerado um impacto de US$ 200 milhões na economia da
cidade ligados apenas a celebrações e casamentos LGBT.
Uma expectativa
conservadora, segundo a própria cidade, aponta que cerca de 7 milhões de
turistas que se declarem LGBTQ+ visitem Nova York anualmente, vindos do mundo
todo. Um impacto de US$ 7 bilhões na economia local.
4 – Há
múltiplos públicos dentro do público LGBT
É errado acreditar
que todo viajante LGBT tem o mesmo interesse. Afinal, o viajante LGBT não é
nada além de um viajante normal: há quem esteja mais ligado em arte, em
gastronomia, em atrações budget, em viagens românticas a dois, em festejar com
os amigos, e há grandes diferenças de interesses geracionais também.
Vale destacar também as
famílias LGBT que viajam com suas crianças e buscam o que todos os pais buscam
quando saem em férias: sossego, diversão e tempo de qualidade com os filhos.
Ah, tem mais uma vantagem: turismo LGBT paga
impostos.
O turismo sexual, nem tanto.
Nem todo cafetão paga impostos sobre a cafetinagem
sobre as mulheres.
Certo, o canalha do Oscar Maroni (Bahamas Club)
paga impostos... pelo menos, eu acho. Mas diga-se a seu favor que ele só
explora mulheres adultas. (Pelo menos, que se saiba.)
Mas... e exploradores de crianças e adolescentes?
Pagam impostos?
Não.
Fora o fato de que, nos últimos vinte anos,
assistimos a uma campanha e um combate sem tréguas (ainda que com poucos
recursos recursos) contra a exploração sexual de crianças e adolescentes.
Será que o Coiso já parou para pensar que sua fala –
pensada ou (com certeza) não – é um estímulo a essa exploração? Será que as
famílias que ele tanto diz defender vão achar legal, um barato?
O que se sabe é que, no Nordeste – região forte em
turismo... e, infelizmente, ainda com a exploração do turismo sexual bem forte,
apesar do combate – três estados que combatem isso (Maranhão, Rio Grande do
Norte e Bahia) estão na bronca – bronca devidamente mostrada em cartazes:
Do governo do Maranhão
Do governo do RN
Repetindo: o Coiso precisa se explicar melhor, se
não quiser ficar conhecido como o primeiro presidente cafetão da história de nossa República.
*********
E agora, a nossa indicação para esta séria série: Die Mitte der Welt (O centro do mundo - Alemanha, 2016), de Jakob M. Erwa, baseado no romance
homônimo de (1998) de Andreas
Steinhöfel.
Após um período de férias de verão no acampamento, Phil (Louis
Hofmann) retorna para casa e se depara com sua mãe tendo problemas familiares
com a irmã. Junto da sua amiga Kat (Svenja Jung), ele retorna para a escola,
onde um novo aluno entra em sua turma: Nicholas (Jannik Schümann). Apaixonado,
Phil começa a paquerar Nicholas. O novato corresponde, mas a fragilidade do
primeiro amor é colocada à prova.
Vejam o trailer, e até lá.
DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXX)
Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
11 de abril de
2019
Diário, que sonho eu tive hoje! Acho que foi por causa dos cem dias de
governo.
Eu tinha olhos vermelhos, usava a faixa presidencial e estava em cima de
um monte muito alto. Tão alto que eu podia ver todo o Brasil.
Aí, lá de cima eu gritei:
"Foram cem dias de vitória, ha, ha, ha! Cem dias! Logo nos
primeiros liberei as armas. Agora irmão já pode matar irmão, vizinho já pode
matar vizinho, marido já pode matar esposa. E um miliciano pode comprar 4 armas
legalmente."
Então segurei uma das caveiras que estavam ao meu pé, levantei-a e
disse: "Amar. Armar. Armar a alma. Amar a arma!"
Poxa, eu sou poeta quando sonho.
Na sequência o Moro, todo de preto, chegou do meu lado. Ele estava
fumando um cigarro. Botei a mão em sua cabeça e disse: "Graças ao teu
pacote anticrime, doravante bastará um policial dizer que estava sob violenta
emoção e já poderá matar à vontade."
"Bam! Bam! Bam!", ele respondeu fazendo arminhas com as mãos,
antes de se transformar em fumaça.
Depois, olhando para o Brasil, que estava embaixo do monte, eu disse
para mim:
"A morte se espalha pelo país. Em São Paulo a polícia matou 64
pessoas só em março. No Rio meteram 80 tiros num músico. Mas não é só Rio e São
Paulo. A crueldade se alastra como fogo em mato seco. Parabéns a Ponta Grossa,
Curitiba, Recife, Arapiraca, Santo André, Três Lagoas e Águas Lindas de Goiás.
Nestas cidades botaram fogo em mendigos. É o meu jeito de acabar com a pobreza,
ha, ha, ha!"
Aí meus três garotos, montados em cavalos voadores, pousaram ao meu
lado. Um cavalo vazio se aproximou de mim e eu subi nele. Lá de cima, eu disse:
"Começamos bem, meninos. Já conseguimos guerra e morte. Nos
próximos 1360 dias temos mais o que fazer. Temos que causar a fome e a peste."
O Paulo Guedes se aproximou, usando terno e um broche em forma de
tridente, e disse:
"Conte com a minha Reforma da Previdência, mestre".
"Conte com a minha Reforma da Previdência, mestre".
Então eu e os meninos saímos voando. Nossos cavalos galopavam pelo ar e
nossas sombras cobriam o país inteiro. As ruas estavam vazias, sem ninguém
protestando. Todos sentiam medo e olhavam apenas pelas frestas da janela.
Meu Deus, que sonho lindo, Diarinho!
*********
A penúltima do Coiso:
vetou um comercial do Banco do Brasil que exaltava jovens e minorias. E o diretor de Comunicação e
Marketing do BB, Delano Valentim, responsável pela peça, perdeu o cargo.
Qual filme foi proibido?
O filme chamado Selfie, onde os modelos protagonistas são jovens de todos os tipos
e minorias, chamando à diversidade.
Esse filme abaixo:
Ué... Por que o BB fez um filmete de
propaganda assim?
Com a palavra, Gustavo Gindre, em seu Facebook:
O curioso é que a campanha censurada do BB fazia parte não
de uma estratégia de "marxismo cultural" (sic), mas de marketing.
O Banco do Brasil, como todos os bancos grandes, está
preocupado com o crescimento das fintechs entre o público mais jovem.
Então, essa peça publicitária fazia parte de uma estratégia
de rejuvenescimento da marca do BB.
Bolsonaro viu ideologia onde tinha mercado.
Mais uma vez, Bolsonaro remou
contra o discurso liberal e interferiu em decisões das estatais brasileiras ao
vetar uma propaganda do banco que trazia imagens de jovens negros, descolados,
com cabelos longos e utilizando piercings. O texto do anúncio trazia expressões
como “faz carão” e “cara de diva irritada”, que não agradaram ao presidente.
Com a palavra, o Coiso:
"A linha mudou. A massa quer o quê? Respeito à família,
ninguém quer perseguir minoria nenhuma. Nós não queremos que dinheiro público
seja usado dessa maneira."
Peraí... qual família se sentiu desrespeitada pela
propaganda do BB?
Simples: a família do Coiso – por racista, misógina
e homofóbica, não suportou ver justamente as pessoas que odeiam representadas numa
publicidade simples. Ah, sim: e possivelmente, as de seus fanáticos (e
descerebrados) seguidores.
("Ninguém quer perseguir minoria nenhuma"? Imagine se quisesse...)
A partir de agora (segundo os memes que não
perdoam...), propaganda das estatais "para as famílias", de acordo
com o Coiso, tem de ser assim:
*********
Paris, verão de 1979. Anne Parèze (Vanessa Paradis) produz filmes pornôs gays de segunda categoria (não por acaso, os favoritos do Coiso para tuitadas mentirosas – remember aquele vídeo de uma suposta cena de rua do carnaval de 2019 – que na verdade era um vídeo pornô – que já comentei nesta séria série). Depois de ser abandonada por Lois (Kate Moran), sua montadora e amante, ela tenta reconquistá-la filmando sua produção mais ambiciosa, ao lado de seu ardente parceiro Archibald. Mas um de seus atores é assassinado e Anne se vê tomada por uma estranha investigação que irá colocar sua vida de cabeça para baixo. Selecionado para a Competição Oficial do Festival de Cannes 2018.
Vejam o trailer e até lá.
28 abril, 2019
DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXIX)
Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
9 de abril de
2019
Diário,
mandei o Vélez para o chuveiro!
O
cara estava pisando muito na bola. Para o lugar dele chamei um sujeito que eu
não consigo falar o nome direito, um tal de Abrão Youtube. Esse aí não vão
criticar tanto, porque é economista e ninguém critica muito economista, que
ninguém entende dessa porcaria.
Mesmo
assim já começaram a dizer que ele não é da área. Mas o cara já foi chefe dos
escoteiros, pô! Quer currículo melhor?
Além
disso, o Olavo disse que o cara era bom. E, se o Olavo disse, deve ser. Se bem
que ele também indicou o Vélez..., também falou que cigarro não dá câncer...,
que a Terra não gira em torno do sol...
Não,
não! Não posso ser pessimista. O Olavo está sempre certo! Só que muda de ideia
no caminho. É que nem o Waze.
De
qualquer forma, esse negócio de especialista não está com nada. O Ricardo
Salles, do Meio-Ambiente, detesta o verde, tanto que já foi condenado por
favorecer mineradoras.
O
Ernesto Araújo, da diplomacia, não é nada diplomático.
A
Damares, dos Direitos Humanos, entende mais de Direitos Divinos.
O
Mandetta, da Saúde, tem um currículo meio doente, porque está sendo investigado
por fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois.
O
Paulo Guedes, que cuida da fazenda, não é fazendeiro, é banqueiro.
O
Moro deu uma banana para a Justiça para prender o Lula.
E
o Marcelo Álvaro, do Turismo, devia estar na Agricultura, porque entende é de
laranja, kkkk!
Enfim,
Diarinho, estou me lixando para esse negócio de especialista. Eu sou que nem
aqueles técnicos que escalam zagueiro de volante, lateral de ponta e goleiro de
centroavante. Tem que ser criativo, pô! Senão fica naquele mimimi, naquela
mesmesmice.
Se
o pessoal quer criticar educação, devia criticar o Dória, que vai acabar com um
monte de biblioteca e museu em São Paulo. Ou o Witzel, porque a polícia dele
deu 80 tiros num carro. Precisava de 80? Olha o desperdício aí!
Pô,
o Abrão Youtube ficou um tempão trabalhando no mercado financeiro. Se o cara
cuida de banco de dinheiro, não vai saber cuidar de banco de escola?
O
que que é maior?
PS:
Como troquei 2 ministros, fizemos uma nova foto da equipe de governo.
*********
Sim, o olavete Ricardo Vélez se foi.
Mas outro olavete – Abraham Weintraub – entrou em seu lugar. E disposto a
implementar as novas ideias de jerico do Coiso.
Não, não é fake: o próprio Coiso anunciou em seu
twitter:
Olha, no que me concerne (copyright Jânio
Quadros...), há três errinhos no pensamento (SIC) do Coiso:
1- Foram justamente as Ciências Humanas que
possibilitaram o surgimento das universidades. E, para que as universidades
existam (e possam ser chamadas de universidades), elas precisam ter, obrigatoriamente,
o conjunto de todas as áreas do conhecimento humano – inclusive as
Ciências Humanas.
2-Quem tem de "ensinar a leitura, a escrita e
a fazer conta" é o ensino fundamental e o ensino médio (e melhorar ambos é
a verdadeira necessidade da educação brasileira). A universidade tem como tripé
básico o ensino, a pesquisa e a extensão (isto é, forma novos profissionais de
ensino superior), mas (e isto é o mais importante) pesquisa e produz
conhecimento – conhecimento que é e será ensinado no ensino fundamental e médio
para formar futuros estudantes universitários, que pesquisarão e produzirão
conhecimentos que serão ensinados etc., etc., num círculo virtuoso.
3- E depois, quem
disse que as Ciências Humanas não dão retorno à sociedade? Sim, parece que é
lento, mas seu retorno principal é esse: evita que
"operários-patrões", sem senso crítico, sejam formados – tipo assim,
como antes e durante o nazismo.
Talvez seja por isso que cursos como Filosofia e Sociologia incomodam o Coiso: afinal, o que ele deseja mesmo é que a juventude não
pense política e que as universidades não sejam espaço de livre debate político.
Sem falar que, pelo menos na área de Filosofia, os
cursos deixarão de ser financiados para que seu guru, Olavo DOI-Codi de
Carvalho – o teórico da conspiração, terraplanista e defensor de torturadores –
tenha o monopólio do ensino de filosofia no Brasil...). Até porque, tendo o
curso fundamental incompleto (e um estranho orgulho disso), o
"filósofo" tem uma ojeriza completa pela academia e pelas
universidades de todo o mundo.
Claro que isso teve um auxílio luxuoso: o da
própria universidade, que se isola dentro de seus muros, sem conseguir sair
deles e chegar à sociedade com mais frequência e constância.
Como diz Gustavo Gindre, em seu Facebook):
Há anos eu digo a
mesma coisa.
Com a elite
colonial que nós temos, chegará o dia em que alguém vai propor destruir a
universidade pública e a sociedade NÃO vai comprar essa briga.
E isso tem muito a
ver com o papel que essa universidade cumpre na sociedade brasileira.
*********
Maya (Madison Lawlor), uma garota excêntrica de 19 anos, passa seus dias
trabalhando em sua arte e na internet falando sobre suas loucuras com sua
paixão, a estilista sexualmente fluida, Jasmine.
Uma noite Maya encontra Jasmine (Montana Manning) e há uma faísca
imediatamente entre as duas, começando um relacionamento romântico inspirador
que dá a Maya sua primeira experiência de amor verdadeiro e Jasmine a inspiração
que ela precisa para começar sua carreira.
Tudo parece um conto de fadas... até Maya descobrir que Jasmine tem uma
relação especial de dependência com um sugar
daddy (algo assim como "um senhor que a ajuda"... ou um
"coronel"...) um tanto paranoico, Simon Craw (Andrew Pifko). E o que
começou como um sonho, se torna um belo pesadelo.
Bem, vejam o trailer e até a
próxima.
DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXVIII)
Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
1º de abril de 2019
Querido Diário, hoje acordei meio diferente.
Já no café da manhã, em vez de pão com leite condensado, comi uma
granola. E orgânica. É bem mais saudável.
Depois abri o computador e fui dar uma olhada nas notícias. Passei pelos
Jornalistas Livres, pela Rede Brasil Atual e pela Carta Maior. Não posso
depender só do que vem pelo whatsapp.
Aí li umas páginas de “Vidas Secas”. Até chorei no capítulo da morte da
cachorra Baleia. O Graciliano Ramos era comunista, e os comunistas têm um olhar
atento para as dores do povo.
Sabe, Diário, percebi que preciso mudar algumas coisas no meu jeito de
ser. Por exemplo, tenho que parar de falar mal de homossexuais. Não tem essa de
rosa e azul. Cada um é livre para ser como quiser. Acho até que vou sair na
próxima Parada Gay. Só para dar uma força.
O Olavo de Carvalho não vai gostar. Mas que se dane. O maluco é contra
tudo. Até contra o heliocentrismo! Deve pensar que ele é que é o centro do
universo. Preciso me livrar desse sujeito e dos maluquetes dele.
Por exemplo, aquele Ernesto não dá pé. Preciso de um chanceler com
experiência, tarimbado, de primeira.
A mesma coisa com o Vélez. Educação é um dos ministérios mais
importantes. Tenho que colocar um educador de respeito lá. Pena que o Paulo
Freire morreu...
Também preciso manter os meus garotos longe do governo. Isso aqui é um
país, não é almoço de domingo. Os três não podem ficar posando de
vice-presidentes.
Ah, e tenho que exigir a apuração rápida do caso Queiroz. Doa a quem
doer. Justiça tem que ser imparcial.
Outra coisa: vou me afastar dos líderes evangélicos. Política não pode
ter ligação com religião. O Brasil é um estado laico, pô!
Aliás, aproveitando que estou em Israel, vou dar um pulo na Palestina. A
gente tem que conhecer os dois lados da questão.
Hum... que gravata eu uso hoje? Acho que a vermelha é a mais bonita.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkk!
Chega, Chega! Não aguento mais. Vou mijar de rir!
Fica tranquilo, Diário, é tudo brincadeira. É que hoje é primeiro de
abril. Dia da Mentira e da Revolução Gloriosa.
Só queria te assustar. É claro que eu continuo o mesmo.
Eu não vou mudar nunca.
Nunca. Talkei?
*********
E agora, a nossa
indicação para esta séria série: That's Not Us (EUA, 2015), de William C. Sullivan.
That's Not Us é um retrato
íntimo de três casais de vinte e poucos anos – um gay, James (Mark Berger) e Spencer (David Rysdahl);
um lésbico, Alex (Sarah Wharton)
e Jackie (Nicole Pursell) e um
heterossexual, Liz (Elizabeth
Gray) e Dougie (Tommy Nelms)
– que viajam
para uma casa de praia para aproveitar os últimos dias de verão. Mas o que
deveria ser um fim de semana divertido e despreocupado torna-se uma exploração
do que é preciso para manter um relacionamento saudável e fazer o amor durar no
que hoje é chamado de "geração mais gay". Através de cada um dos três
casais, That's Not Us explora sexo e
relacionamentos com uma nova perspectiva, descobrindo que, embora a sexualidade
e o gênero possam variar, as lutas para manter o amor vivo não.
Vejam o trailer, e até lá
28 março, 2019
DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXVII)
Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
Hospital Alberto
Ainstein, 17h29 do dia 27 de março de 2019.
Diário, o
hospital é o meu lugar. Só aqui eu tenho sossego. Lá fora está uma bagunça, mas
aqui é tudo branquinho, cheirosinho, tranquilinho... Tomara que achem alguma
coisa para eu ficar mais uns dias internado. Os melhores dias do meu governo
foram aqui.
Olha só como estão as coisas:
o dólar aumentou 3%; o Ibovespa caiu 4,6%, e no Mackenzie, que tem fama de
direita, estavam preparando uma manifestação contra mim. Tive que me encontrar
com os pesquisadores no Comando Militar do Sudeste. Desse jeito só vou poder
visitar quartel.
E a coisa não
para por aí. O Olavo xinga o Maia, o Carluxo xinga o Maia, e até o Moro, em vez
de me ajudar, xinga o Maia (aliás, por que o Moro quer diminuir imposto de
cigarro? O que ele ganha com isso? Essa história não cheira bem. Onde tem
fumaça, tem fogo).
Olha, eu nem
posso ir ao cinema sossegado. Ontem, enquanto eu estava vendo um filminho, meu
governo levou uma tungada. O Maia colocou em votação uma lei que engessa ainda
mais o orçamento do executivo. Levamos uma goleada de uns 450 a 3. Pior que o 7
a 1 contra a Alemanha. Se isso não for barrado no Senado, só vou poder mexer em
3% do dinheiro.
Por causa disso,
o Paulo Guedes teve um chilique. Ontem nem foi no CCJ falar da Reforma da
Previdência. Poxa, o Posto Ipiranga não pode se negar a dar informação. Mas o
cara está tão fulo da vida que disse que pode até sair do governo.
É que nem a
Joice Hasselmann disse: querem afundar o avião!
O mais grave é
que na semana que vem pode ter outra pauta-bomba. Querem que o governo federal
reconheça uma dívida bilionária com os estados. Pô, bomba pra cima de mim? Eles
pensam que eu sou a Dilma de calças?
Tá difícil, viu?
Dizem que a política é um jogo de xadrez, mas eu só sei jogar truco, pô!
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PS: Diarinho,
minha única alegria é que a campanha para publicar você (https://www.kickante.com.br/campanhas/diario-do-bolso-100-dias) vai muito bem. Pensei que iam ser só
100 livrinhos, mas já são 226. Tomara que chegue aos 300. Se não der certo esse
negócio de ser presidente, acho que posso virar escritor.
*********
Ah, sim: antes de comemorarem junto com o Coiso o
aniversário do golpe militar de 1964 ("revolução" é a PQP!!!!),
sugiro duas leituras básicas.
A primeira leitura é um artigo de Eliane Brum para a edição brasileira d'El País (sim, ele mesmo, aquele grande jornal liberal
conservador espanhol, que os bolsonaretes acusam de ser... comunista...). Ainda
que fique longo, vão aí alguns trechos em que você, caro leitor, precisa MUITO
prestar atenção:
Uma pesquisa do Ibope
mostrou que Bolsonaro já é o presidente mais impopular em início de primeiro
mandato desde 1995. Os 89 milhões de brasileiros que não votaram em Bolsonaro,
seja porque votaram no candidato de oposição, seja porque se abstiveram de
votar ou votaram branco ou nulo, somados ao expressivo contingente que já se
arrependeu do voto no capitão reformado, terá que compreender que a luta pela
democracia é difícil – e não pode ser terceirizada. É isso. Ou aceitar que a
exceção, que já se infiltrou no cotidiano e avança rapidamente, siga tomando
conta da vida até o ponto em que já se tenha perdido inclusive o direito aos
fatos, como Bolsonaro e os militares pretendem neste 31 de Março.
Não queiram viver num país
em que a autoverdade, aquela que dá a cada um a prerrogativa de inventar seus
próprios fatos, impere. Bolsonaro e suas milícias digitais criaram a
autoverdade, mas ela só
será imposta a um país inteiro se a população brasileira se submeter a ela.
Afirmar que o golpe de 1964 não foi um golpe é mentira de quem ainda teme
responder pelos crimes que cometeu, como seus colegas responderam em países que
construíram democracias mais fortes e onde a população conhece a sua história.
Não há terror maior do que ser submetido a uma realidade sem lastro nos fatos,
uma narrativa construída por perversos. O corpo de cada um passa a pertencer
inteiramente aos carcereiros.
Bolsonaro precisa manter o
país queimando em ódio. Essa foi sua estratégia para ser eleito, essa segue
sendo a sua estratégia para se manter no poder. Ele não tem outra. Se deixar de
ser o incendiário que é e virar presidente, ele se arrisca a perder sua
popularidade. Sua estratégia é governar apenas para as suas milícias, capazes
de manter o terror, parte delas somente por diversão.
Depois de ser o candidato
“antissistema”, Bolsonaro é agora o antipresidente. Esta novidade, a do
antipresidente, é inédita no Brasil. O antipresidente Bolsonaro é aquele que
boicota seu próprio programa e enfraquece seu próprio ministério, mantendo,
também dentro do Governo, como definiu o jornalista Afonso Benites, a guerra do todos contra
todos.
Bolsonaro só pode existir
num país mergulhado numa guerra interna. Então, trata de alimentar essa guerra.
A determinação oficial de comemorar o golpe de 1964 é parte dessa estratégia.
Vamos ver o quanto os generais estrelados do seu governo são capazes de
enxergar a casca de banana. Ou se, ao contrário, escolherão deslizar por ela
apenas como desagravo aos anos em que ficaram acuados, temendo que o Brasil
finalmente fizesse justiça, julgando os crimes da ditadura como fizeram os
países vizinhos.
(...)
Com instituições fracas e
uma oposição sem projeto, diante de um governo em que o mais moderado é um
general que já defendeu um autogolpe com o apoio das Forças Armadas, a barbárie
dos dias se acentua. Tudo indica que vai piorar. Porque está piorando. A
incompetência explícita do bolsonarismo faz com que a necessidade de ampliar a violência
“contra todos os que não são iguais a mim”, com o objetivo de ampliar a
sensação de guerra interna, também aumente. Sem projeto consistente, o governo
que aí está só pode apostar no ódio para se manter. E vai seguir apostando. O
ódio não é o oposto do amor, mas sim da justiça. É justiça que Bolsonaro não
quer.
Os brasileiros vão precisar
compreender que a democracia terá que ser defendida por cada um, se colocando
junto com o outro. Às vezes só dá mesmo para gritar. Mas é preciso fazer um
esforço maior para responder com projetos, com propostas, com ação que não seja
apenas uma reação, mas uma alternativa que permita a vida e promova vida no
espaço público. Será assim, ou não será. Não é que tenha outro. Só tem você
mesmo. Com o outro.
(...)
Brasileiros de todas as
idades precisam aprender, pra ontem, com as gerações mais novas. É isso ou
seguir condenado a assistir à queda de braço entre Jair Bolsonaro e Rodrigo
Maia. Sério que é este o ponto alto do debate nacional, antes de vir outro do
mesmo nível ou pior? É este mesmo o nosso destino? Sério mesmo que o maior
crítico da militarização do governo é Olavo de Carvalho, por motivos bem outros
em sua calculada disputa de poder? E é ele o maior crítico porque parte dos que
poderiam criticar a militarização do governo por motivos legítimos e urgentes
começam a achar que Hamilton Mourão, o vice general, é uma graça? É assim mesmo
que vamos viver, esperando o que virá depois, caso exista um depois?
Boas leituras.
*********
Alyssa (Tania Nolan), uma fotógrafa de sucesso,
acorda uma manhã para encontrar seu apartamento saqueado e seu marido, Kevin (Jonathan
Flanagan) misteriosamente desaparecido. Deixada sem sequer uma fotografia para
oferecer a polícia, ela se vira para sua colega Eve (Rachel Crowl, atriz, musicista,
fotógrafa e designer trans), uma talentosa pianista de jazz com um charme de
flerte e graça desarmante. Eva a ajuda a confrontar a luta de longa data do
marido com a depressão e, com o tempo, aceitar sua ausência. Ao conhecer essa
mulher através de circunstâncias tão incomuns, Alyssa fica surpresa ao se ver
apaixonada novamente.
Leiam o artigo de Danielle Solzman para o blog Solzy at the movies (em inglês – sorry,
ou ponha o Google Tradutor para trabalhar...), que fala sobre o filme, vejam o trailer, e até a próxima.24 março, 2019
DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXVI)
Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
São Tiago do
Chile, 23 de março de 2019.
Diário, hoje tenho tanta coisa
pra contar que vou fazer “As quentinhas do Jair”.
1-) Ontem aconteceu uma
manifestação contra mim. A polícia chilena teve que jogar água e gás
lacrimogêneo no pessoal. Ah, como é bonito ver a polícia reprimindo os
esquerdoides...
2-) Hoje vai ter
um jantar aqui em minha homenagem. Mas os presidentes da Câmara e do Senado não
aceitaram o convite. Só porque eu sou fã do Pinochet. Tudo bem, sobra mais pra
mim.
3-) A coisa está
feia mesmo é no Brasil, com o Rodrigo Maia. Tão feia que o Flavinho e a Joice
Hasselmann é que estão bancando os bombeiros. Se esses dois são os bombeiros,
imagina o incêndio.
4-) Eu até falei
que o Maia era como uma namorada, que a gente ia conversar e se entender. Mas
ele me respondeu que eu tenho que conseguir outras 307 namoradas. Aí fica
difícil. Se eu ainda tivesse trinta anos... Opa! Será que ele quis dizer 307
deputados? Vou perguntar pro Dudu.
5-) Outro
problema é quem vai ser o relator da Reforma da Previdência? O cara que fizer
isso não se elege. A gente tem que achar um trouxa, digo, um patriota.
6-) Falando em
patriotismo, a Reforma da Previdência dos Militares não foi uma reforma. Foi só
uma pinturinha. Ficou quase tudo igual. Com militar eu não mexo, que eu não sou
besta.
7-) Parece que
teve alguma coisa em Moçambique. Um tufão, um tsunami ou um terremoto. Azar
deles. Só mando ajuda humanitária para a Venezuela. Kkkkk!
8-)A tevê não mostrou as manifestações contra a Reforma da
Previdência pelo Brasil. Nem vai mostrar. Que patrão não quer parar de pagar
INSS?
9-) Numa praça
aqui perto existe uma enorme estátua do Salvador Allende. Mas nenhuma do
Pinochet. Não dá para entender. O Allende perdeu, era comunista e tem uma
estátua de três metros. O Pinochet era militar, ganhou e não tem nem uma
estatuazinha de anão de jardim. Tem que rever isso aí, pô!
PS: Minha única
alegria, Diarinho, é que mais de cem pessoas já te pré-compraram. Vou até
mandar um autografado pro Maia: “Vamos fazer as pazes? Com amor, B.”
*********
Cem pessoas? Já?
Pois é. Que tal vocês se tornarem as centésimas primeiras,
centésimas segundas...
Participem da vaquinha virtual (crowdfunding é a p#t% que os p§r&*!) para a edição do livro Diário do Bolso:
os 100 primeiros dias.
Olha o link aqui: https://www.kickante.com.br/campanhas/diario-do-bolso-100-dias.
*********
Preciso de uma ajuda para a nossa indicação de
filme para esta séria série e sanar minha ingrinorança.
Sei que o longametragem Alguma coisa assim (Brasil, 2017), de Esmir Filho e Mariana Bastos, continua a história
da relação de amizade entre Caio (André Antunes) e Mari (Caroline Abras), que
começou no curtametragem de mesmo título (2006), que esteve na Semana Internacional
da Crítica do Festival de Cannes e levou três Kikitos (melhor curta, direção e
atriz), no Festival de Gramado – ambos no mesmo ano de 2006.
Também sei que esteve na competitiva de longas do
Mix Brasil 2017.
Só não sei o sei o seguinte (e preciso dessa
informação para curar minha ingrinorança):
o filme chegou a ser lançado nos cinema? Se foi, quanto tempo ficou em cartaz?
Aliás, se foi lançado e ficou pouco tempo: vocês
acham que vale a pena ser lançado outra vez? Queria muito ver como a relação
entre Caio e Mari rolou nestes anos todos – especialmente ver como esse tempo constrói
e transforma esse relacionamento, seus desejos e questões sobre a sexualidade e
rótulos, a partir de três momentos de suas vidas.
Enfim, minha indicação corre o risco de ser
velha-mas-vale-a-pena-ser-indicada-de-novo. Fiquem com os trailers e tchau.
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