Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
São Tiago do
Chile, 23 de março de 2019.
Diário, hoje tenho tanta coisa
pra contar que vou fazer “As quentinhas do Jair”.
1-) Ontem aconteceu uma
manifestação contra mim. A polícia chilena teve que jogar água e gás
lacrimogêneo no pessoal. Ah, como é bonito ver a polícia reprimindo os
esquerdoides...
2-) Hoje vai ter
um jantar aqui em minha homenagem. Mas os presidentes da Câmara e do Senado não
aceitaram o convite. Só porque eu sou fã do Pinochet. Tudo bem, sobra mais pra
mim.
3-) A coisa está
feia mesmo é no Brasil, com o Rodrigo Maia. Tão feia que o Flavinho e a Joice
Hasselmann é que estão bancando os bombeiros. Se esses dois são os bombeiros,
imagina o incêndio.
4-) Eu até falei
que o Maia era como uma namorada, que a gente ia conversar e se entender. Mas
ele me respondeu que eu tenho que conseguir outras 307 namoradas. Aí fica
difícil. Se eu ainda tivesse trinta anos... Opa! Será que ele quis dizer 307
deputados? Vou perguntar pro Dudu.
5-) Outro
problema é quem vai ser o relator da Reforma da Previdência? O cara que fizer
isso não se elege. A gente tem que achar um trouxa, digo, um patriota.
6-) Falando em
patriotismo, a Reforma da Previdência dos Militares não foi uma reforma. Foi só
uma pinturinha. Ficou quase tudo igual. Com militar eu não mexo, que eu não sou
besta.
7-) Parece que
teve alguma coisa em Moçambique. Um tufão, um tsunami ou um terremoto. Azar
deles. Só mando ajuda humanitária para a Venezuela. Kkkkk!
8-)A tevê não mostrou as manifestações contra a Reforma da
Previdência pelo Brasil. Nem vai mostrar. Que patrão não quer parar de pagar
INSS?
9-) Numa praça
aqui perto existe uma enorme estátua do Salvador Allende. Mas nenhuma do
Pinochet. Não dá para entender. O Allende perdeu, era comunista e tem uma
estátua de três metros. O Pinochet era militar, ganhou e não tem nem uma
estatuazinha de anão de jardim. Tem que rever isso aí, pô!
PS: Minha única
alegria, Diarinho, é que mais de cem pessoas já te pré-compraram. Vou até
mandar um autografado pro Maia: “Vamos fazer as pazes? Com amor, B.”
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Cem pessoas? Já?
Pois é. Que tal vocês se tornarem as centésimas primeiras,
centésimas segundas...
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Preciso de uma ajuda para a nossa indicação de
filme para esta séria série e sanar minha ingrinorança.
Sei que o longametragem Alguma coisa assim (Brasil, 2017), de Esmir Filho e Mariana Bastos, continua a história
da relação de amizade entre Caio (André Antunes) e Mari (Caroline Abras), que
começou no curtametragem de mesmo título (2006), que esteve na Semana Internacional
da Crítica do Festival de Cannes e levou três Kikitos (melhor curta, direção e
atriz), no Festival de Gramado – ambos no mesmo ano de 2006.
Também sei que esteve na competitiva de longas do
Mix Brasil 2017.
Só não sei o sei o seguinte (e preciso dessa
informação para curar minha ingrinorança):
o filme chegou a ser lançado nos cinema? Se foi, quanto tempo ficou em cartaz?
Aliás, se foi lançado e ficou pouco tempo: vocês
acham que vale a pena ser lançado outra vez? Queria muito ver como a relação
entre Caio e Mari rolou nestes anos todos – especialmente ver como esse tempo constrói
e transforma esse relacionamento, seus desejos e questões sobre a sexualidade e
rótulos, a partir de três momentos de suas vidas.
Enfim, minha indicação corre o risco de ser
velha-mas-vale-a-pena-ser-indicada-de-novo. Fiquem com os trailers e tchau.
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