14 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXIV)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
8 de março de 2019
Diário, eu devia te chamar de noitário, porque estou escrevendo no meio da noite. É que acordei, agora, todo suado, por causa de um pesadelo. E foi com a tal da Marielle. Um pesadelo horrível! Ela estava na minha frente e aquelas trancinhas dela começaram a crescer. Cresceram, cresceram, cresceram, até virarem tentáculos. Aí eles me agarravam e me sufocavam.
Acho que sonhei isso porque ontem pegaram o Ronnie lá do lado de casa. E agora todo mundo está dizendo que minha família tem ligação com a milícia. Pô, mas só porque o Flavinho homenageou uns milicianos, tipo o Alan e o Alex de Oliveira? Só porque meu filho namorou a filha do Ronnie? Só porque o Queiroz foi se esconder em Rio das Pedras, que é onde fica o pessoal daquela milícia, o Escritório da Morte?
É muita marcação em cima de mim.
E quando a marcação é grande, a gente tem que passar a culpa, quer dizer, a bola para outra pessoa.
Mas pra quem?
Pro Flavinho? Não, ele é o segundo filho que eu mais gosto, pô!
Pro Witzel? Ele estava com aquela turma da placa quebrada da Marielle e tem miliciano na turma dele. Mas não, ele foi esperto e já começou a posar de bonzinho.
O Frota protocolou uma ação contra o Zé de Abreu. Será que isso chama a atenção da imprensa esquerdística? Não, não..., ninguém leva o Frotinha a sério...
A comida das escolas estaduais de São Paulo está péssima. Uma farinata só. Mas, pô, quem é que liga pra isso?
E se o Olavo de Carvalho e a Damares tivessem um caso? Dava um casal perfeito. Mas acho que nenhum dos dois ia topar.
Eu posso falar da Previdência, que isso sempre é assunto. Não, melhor não. Acabei de liberar um bilhão em emendas pra adoçar o pessoal. Melhor ficar quieto, senão investigam para onde vai cada centavo e aí ninguém vota a favor da reforma.
Olha, Diário, parece que eu vou ter que fazer de conta que não é comigo e aguentar esse assunto por uns bons dias.
Ainda bem que vou ver o Trump dia 19. Será que não dá para antecipar a viagem e dar uma passada na Disney?

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Por falar em Olavo DOI-Codi de Carvalho – o defensor da terra plana, de que uma certa marca de refrigerantes usa células de fetos abortados como adoçante ("teoria" muito bem refutada por um tal de Pirula... Pirula!...)...


Pepsi, fetos e adoçante (#Pirula 33)

...de que Isaac Newton e suas teorias são imbecis... e de torturadores – olha o que o "ilustre filósofo" publicou em seu Facebook:



Para registro: cursei o ensino superior – Comunicação Social, habilitação Cinema, na UFF.
Durante o curso, NUNCA usei drogas durante o curso – e tem mais ex-colegas que estudaram comigo que também não usaram.
O mais importante nesta história: NUNCA FUI CONVIDADO PARA NENHUMA SURUBA NA UNIVERSIDADE. (Buááá... buááááááááá...)
Das três uma:
1- Ou, quando entrei na universidade, fizeram uma seleção entre os alunos que podem usar drogas e participar de surubas e os que não podem – seleção inteiramente arbitrária (como em meu caso, que QUERIA participar de surubas... De novo: buááá... buááááááááá...);
2- Ou quem organiza tais surubas e a distribuição de drogas nas universidades é uma sociedade secreta, nos moldes da antiga Burschenschaft Paulista, ou simplesmente Bucha, criada na década de 1830, na veneranda Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, por um de seus professores, Johann Julius Gottfried Ludwig Frank, ou Julius Frank. Só que, ao contrário da Bucha, que era uma sociedade filantrópica com ideais liberais e republicanos, esta sociedade tem um teor libertário hedonista e "marxista cultural", e seu único objetivo é o "liberou geral" – sociedade para o qual NUNCA fui convidado (Mais uma vez: buááá... buááááááááá...);
3- Ou, o que é bem mais provável, tudo isso é uma mistura do desprezo (para não dizer ódio) de Olavo DOI-Codi de Carvalho – velho com o curso primário incompleto (e que, estranhamente, se orgulha disto...) – pela academia em TODO O MUNDO (não só aqui em Terra papagalli...) com delírios a respeito da sexualidade em geral – afinal, como disse certa vez o Maestro Bogs, o "filósofo" é um grande adepto do "putarianismo". Ô fixação doida deste velho!

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Faz tempo que não indicamos um filme brasileiro para esta séria série. Então, lá vai a nossa chiquérrima indicação (afinal, esteve no Festival de Berlim deste ano): Greta (Brasil, 2019), de Armando Praça – a estreia na direção do assistente de direção de Praia do futuro (2014), de Karim Aïnouz, e do roteirista da série Me chama de Bruna, sucesso da Fox Premium.
Greta, claro, é Greta Garbo (1905-1990), uma das divas mais fascinantes do cinema e, salvo engano, ídolo de cinco entre dez LGBTs de meia idade. (Os outros cinco, salvo engano, devem idolatrar Carmen Miranda... mas isso... como diria o ex-juiz e agora ministro do Coiso, Sergio Moro... não vem ao caso...). Um deles é Pedro (Marco Nanini), que trabalha como enfermeiro num hospital público de Fortaleza e é um frequentador assíduo da Pensão Espanha onde vai visitar seu melhor amigo, o travesti Daniela (Denise Weinberg – e se você me perguntar por que atrizes trans não são chamadas para fazer papeis de personagens trans, só posso lhe dizer uma coisa: não sei; talvez porque sejam poucas ainda em Terra papagalli, e ainda mais trans de meia idade, como o personagem), que padece de um câncer em estágio avançado. Quando Daniela precisa ser internada, mas não encontra leito disponível, Pedro sequestra um paciente recém-chegado, Jean (Démick Lopes), e o abriga em sua casa. Inicialmente, o enfermeiro tem medo do rapaz agressivo, que se esconde da polícia por ter assassinado um homem a facadas. Depois, nasce entre eles uma relação de cumplicidade e afeto.
Vejam o trailer, e até lá.
  


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Ah, já ia me esquecendo: somos todas(os) Marielles. E ainda queremos saber quem mandou matar Marielle Franco.
Mas hoje, excepcionalmente, gostaríamos de ser Carolinas.
Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo, completa hoje, 14 de março de 2019, 105 anos de nascimento.
Ganhou até doodle do Google. Olha só:





E também ganhou um magnífico curta-metragem de Jeferson De, de 2003.
Vale a pena vê-lo de novo. Até lá.


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