Diário
do Bolso
(José Roberto
Torero)
Diário, eu devia te chamar de noitário, porque estou escrevendo no meio
da noite. É que acordei, agora, todo suado, por causa de um pesadelo. E foi com
a tal da Marielle. Um pesadelo horrível! Ela estava na minha frente e aquelas
trancinhas dela começaram a crescer. Cresceram, cresceram, cresceram, até
virarem tentáculos. Aí eles me agarravam e me sufocavam.
Acho que sonhei isso porque ontem pegaram o Ronnie lá do lado de casa. E
agora todo mundo está dizendo que minha família tem ligação com a milícia. Pô,
mas só porque o Flavinho homenageou uns milicianos, tipo o Alan e o Alex de
Oliveira? Só porque meu filho namorou a filha do Ronnie? Só porque o Queiroz
foi se esconder em Rio das Pedras, que é onde fica o pessoal daquela milícia, o
Escritório da Morte?
É muita marcação em cima de mim.
E quando a marcação é grande, a gente tem que passar a culpa, quer
dizer, a bola para outra pessoa.
Mas pra quem?
Pro Flavinho? Não, ele é o segundo filho que eu mais gosto, pô!
Pro Witzel? Ele estava com aquela turma da placa quebrada da Marielle e
tem miliciano na turma dele. Mas não, ele foi esperto e já começou a posar de
bonzinho.
O Frota protocolou uma ação contra o Zé de Abreu. Será que isso chama a
atenção da imprensa esquerdística? Não, não..., ninguém leva o Frotinha a
sério...
A comida das escolas estaduais de São Paulo está péssima. Uma farinata
só. Mas, pô, quem é que liga pra isso?
E se o Olavo de Carvalho e a Damares tivessem um caso? Dava um casal
perfeito. Mas acho que nenhum dos dois ia topar.
Eu posso falar da Previdência, que isso sempre é assunto. Não, melhor
não. Acabei de liberar um bilhão em emendas pra adoçar o pessoal. Melhor ficar
quieto, senão investigam para onde vai cada centavo e aí ninguém vota a favor
da reforma.
Olha, Diário, parece que eu vou ter que fazer de conta que não é comigo
e aguentar esse assunto por uns bons dias.
Ainda bem que vou ver o Trump dia 19. Será que não dá para antecipar a
viagem e dar uma passada na Disney?
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Pepsi, fetos e adoçante (#Pirula 33)
...de que Isaac Newton e suas teorias são imbecis... e de torturadores – olha o que o "ilustre filósofo" publicou em seu Facebook:
Para registro: cursei o ensino superior – Comunicação Social,
habilitação Cinema, na UFF.
Durante o curso, NUNCA usei drogas durante o curso – e tem mais ex-colegas
que estudaram comigo que também não usaram.
O mais importante nesta história: NUNCA FUI CONVIDADO PARA NENHUMA
SURUBA NA UNIVERSIDADE. (Buááá... buááááááááá...)
Das três
uma:
1- Ou,
quando entrei na universidade, fizeram uma seleção entre os alunos que podem
usar drogas e participar de surubas e os que não podem – seleção inteiramente
arbitrária (como em meu caso, que QUERIA participar de surubas... De novo: buááá... buááááááááá...);
2- Ou quem organiza tais
surubas e a distribuição de drogas nas universidades é uma sociedade secreta, nos moldes da antiga Burschenschaft Paulista, ou simplesmente Bucha, criada na década de 1830, na veneranda Faculdade de
Direito do Largo de São Francisco, por um de
seus professores, Johann Julius Gottfried Ludwig Frank, ou Julius Frank. Só
que, ao contrário da Bucha, que era uma sociedade filantrópica com ideais
liberais e republicanos, esta sociedade tem um teor libertário hedonista e
"marxista cultural", e seu único objetivo é o "liberou
geral" – sociedade para o qual NUNCA fui convidado (Mais uma vez: buááá... buááááááááá...);
3- Ou, o
que é bem mais provável, tudo isso é uma mistura do desprezo (para não dizer
ódio) de Olavo DOI-Codi de Carvalho – velho com
o curso primário incompleto (e que, estranhamente, se orgulha disto...) – pela
academia em TODO O MUNDO (não só aqui em Terra papagalli...) com delírios a
respeito da sexualidade em geral – afinal, como disse certa vez o Maestro Bogs,
o "filósofo" é um grande adepto do "putarianismo". Ô
fixação doida deste velho!
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Greta, claro, é Greta Garbo (1905-1990),
uma das divas mais fascinantes do cinema e, salvo engano, ídolo de cinco entre
dez LGBTs de meia idade. (Os outros cinco, salvo engano, devem idolatrar Carmen
Miranda... mas isso... como diria o ex-juiz e agora ministro do Coiso, Sergio
Moro... não vem ao caso...). Um deles é Pedro (Marco Nanini), que trabalha como
enfermeiro num hospital público de Fortaleza e é um frequentador assíduo da Pensão Espanha onde vai
visitar seu melhor amigo, o travesti Daniela (Denise Weinberg – e se você me
perguntar por que atrizes trans não são chamadas para fazer papeis de
personagens trans, só posso lhe dizer uma coisa: não sei; talvez porque sejam
poucas ainda em Terra papagalli, e ainda mais trans de meia idade, como o
personagem), que padece de um câncer em estágio avançado. Quando Daniela precisa ser internada, mas não encontra
leito disponível, Pedro sequestra um paciente recém-chegado, Jean (Démick
Lopes), e o abriga em sua casa. Inicialmente, o enfermeiro tem medo do rapaz
agressivo, que se esconde da polícia por ter assassinado um homem a facadas.
Depois, nasce entre eles uma relação de cumplicidade e afeto.
Vejam o trailer, e até lá.
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Ah, já ia me esquecendo: somos todas(os) Marielles.
E ainda queremos saber quem mandou matar Marielle Franco.
Mas hoje, excepcionalmente, gostaríamos de ser
Carolinas.
Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo, completa hoje, 14 de
março de 2019, 105 anos de nascimento.
Ganhou até doodle do Google. Olha só:
E também ganhou um magnífico curta-metragem de
Jeferson De, de 2003.
Vale a pena vê-lo de novo. Até lá.
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