Diário
do Bolso
(José Roberto
Torero)
Diário, hoje eu estava com insônia e liguei a televisão. O que estava
passando? O desfile das escolas de samba do Rio. E, para meu azar, quem entrou
na avenida foi justo a Mangueira. Você acredita que os caras fizeram uma
homenagem para a Marielle? E tinha uns heróis que eu nunca ouvi falar. Tudo
negro e índio. Militar que é bom, nada. Uma pouca vergonha! Era melhor quando
só tinha mulher pelada.
Bom, desisti de ver aquele desfile de horrores, tomei um remédio e fui
dormir. Mas aí aconteceu uma coisa maluca: sonhei que uma escola de samba fazia
um desfile sobre mim!
A Comissão de Frente era linda! Formada só pelos nossos ditadores
militares. Desde o Castelo Branco até Geisel. Eles cumprimentavam o pessoal das
arquibancadas tirando o quepe com uma mão e estalando o chicote com a outra.
Quase chorei.
O carro abre-alas era uma mão gigantesca fazendo revolvinho. Ela girava
360 graus e atirava confete, serpentina e bala de verdade. Mas só matava quem
vestia camisa vermelha.
Logo atrás vinha a ala “Slogan acima de tudo”. O destaque era o Vélez,
numa fantasia feita só com fotos do Olavo de Carvalho. Em volta dele dançavam
umas crianças de uniforme escolar e elas tiravam selfies o tempo todo.
O mestre sala e a porta-bandeira eram o Ricardo Salles e a Damares. Os
dois estavam de índios. Ele com penas azuis, ela, com penas rosas. Em vez de
cetro o Ricardo segurava uma motosserra. E no estandarte da Damares estava
escrita aquela frase dela: “Feministas não gostam de homens porque são feias”.
A ala das baianas tinha fantasias muito criativas: as saias eram
gigantescas metades de laranja. Uma das baianas era o Queiroz. E ele dançava
direitinho (também, depois de ensaiar tanto lá no Einstein...).
A ala da Reforma da Previdência estava muito bonita. Velhos em farrapos
sambavam se arrastando pelo chão. E Paulo Guedes, de terno dourado, sambava no
meio deles.
Fez muito sucesso um carro alegórico com uma goiabeira gigante. Vários
Jesuses dançavam nos galhos e de vez em quando saiam umas pessoas de dentro das
frutas, fazendo papel de bichinhos de goiaba.
O Onyx usava uma fantasia de liquidificador. E a do Moro era uma enorme
caixa com o número 2.
Depois veio a ala “Três Patetas”. O Carluxo, fantasiado de pit bull,
sambava cercado por um monte de gente com máscara de Bebianno. E tentava morder
eles. Em volta do Eduardo vinham uns anões fantasiados de pintinho (acho que
sonhei isso porque aquela ex-namorada disse que ele tinha micropênis). E o
Flávio vestia um envelope gigante.
A ala dos milicianos estava toda em vermelho sangue. Um luxo!
A bateria era nota dez! Os tamborins foram feitos com peles de guerrilheiros torturados. E os tambores eram crânios de pessoas assassinadas pela ditadura militar. Que som! O mestre da bateria era o Coronel Lício, que matou e torturou no Araguaia. Fico arrepiado só de lembrar.
A bateria era nota dez! Os tamborins foram feitos com peles de guerrilheiros torturados. E os tambores eram crânios de pessoas assassinadas pela ditadura militar. Que som! O mestre da bateria era o Coronel Lício, que matou e torturou no Araguaia. Fico arrepiado só de lembrar.
Logo depois veio a ala mais importante, que se chamava “Quando crescer
quero ser igual a você”. Ela trazia os meus três ídolos.
O Ustra, usando aqueles óculos escuros que deixavam ele parecido com a
Aracy de Almeida, entrou dançando no meio de cinquenta esqueletos, um para cada
pessoa que ele matou.
O Pinochet veio cercado por homens cobertos por folhas de fax, todas com
o texto que eu mandei para o Tony Blair, pedindo que ele soltasse o Augustinho.
E então entrou o Stroessner, que esses dias eu chamei de “estadista de
visão”. Ele usava uma fantasia de uísque falsificado (o rótulo dizia Joni
Ualquer) e estava cercado de meninas de dez anos, porque todo mundo sabe que
ele era pedófilo.
No final de tudo, encerrando o desfile, vinha quem? Eu! Dançando e
fazendo revolvinho com as mãos. Aí a multidão enlouqueceu e começou a gritar:
“Monstro!, monstro!, monstro!”. Mas no bom sentido, é claro.
Ah, Diário, sonhei que estava sonhando um sonho sonhado...
Pena que agora estou acordado.
*********
Puxa, eu jurava que o velho "filósofo" (da
oitava série do ensino fundamental...)estava com o pandulho cheio de dinheiro,
graças aos seus cursos...
Bom, não sei quem vai doar para o velho. Mas eu
conheço duas pessoas que não vão doar um puto.
Uma é o dePUTAdo Alexandre Frota (PSL-SP).
Até hoje o brucutu não engoliu o esporro que Olavo
deu aos dePUTAdos do PSL porque viajaram para a China, no início deste ano.
O outro, claro, é esse escriba que vos fala.
Não é só pela responsabilidade de sua
"filosofia" semimedieval (com elogios à tortura e xingamentos à
ciência moderna – contra as teorias de Isaac Newton, inclusive) pela situação
atual do país.
É porque, além da burrice do "filósofo"
em criticar o SUS brasileiro em nome da defesa da meritocracia ("meritocracia
" de c... É ROLA!) – e porque o cretino NUNCA se dignou a fazer seguro
saúde nos EUA (justo no país com a medicina avançada – e mais
cara do mundo)...
... há uma enorme desconfiança de que a vaquinha
virtual tenha outra razão.
Dizem que, na
verdade, o problema dele é de saúde financeira: Olavo DOI-Codi de Carvalho está é devendo os tubos ao Leão dos EUA – e lá, salvo engano, isso ainda dá cadeia. (Já aqui, em Terra Papagalli...
bom, deixa pra lá...)
Não
haveria problema nenhum em alguém atolado em dívidas recorrer a amigos ou mesmo
fazer uma vaquinha pública.
Colapsos
financeiros podem ocorrer com qualquer um: ainda mais quando envolve saúde.
Mas o que
Olavo de Carvalho, guru da família Bolsonaro, está fazendo é um golpe
desonesto.
Um golpe
que mobiliza pessoas como Eduardo Bolsonaro e o cantor do Lobão.
Olavo de
Carvalho associa suas dívidas a questões ideológicas.
Coloca-se
como uma vítima da “esquerda” e do governo com seus impostos ( o que soa bem
para ouvidos liberais).
Deu um
toque emocional ao falar da saúde.
Começa
com a posição de vítima para sensibilizar os doadores: “acossados por uma rede
internacional de caluniadores e difamadores, recebemos ainda uma cobrança
monstruosa de despesas médicas e impostos”.
A
história é simples: Olavo de Carvalho não fazia seguro-saúde, o que é uma
temeridade para alguém mais velho, fumante e sedentário.
Até se
orgulhava de não ter plano de saúde
Ou seja,
aconteceu o que qualquer pessoa sensata sabia: mais cedo ou mais tarde, a conta
hospitalar iria fazer um estrago.
Fez: uma
operação para retirada de um tumor num país em que a medicina é cara.
Sobre
impostos, a suspeita é mais complicada.
Não se
sabe se a dívida é apenas nos Estados Unidos.
Mas
certamente é aqui no Brasil, onde Olavo de Carvalho omite declarações.
Esse
documento acima mostra que o filósofo Olavo de Carvalho tem problemas com a
Receita Federal.
Sua
empresa – Olavo de Carvalho Produções – é classificada pela Receita Federal
como inapta.
Motivo: omissão de declarações.
Outros documentos mostram que ele nem sempre omitiu declarações de renda.
Motivo: omissão de declarações.
Outros documentos mostram que ele nem sempre omitiu declarações de renda.
O filósofo Olavo
de Carvalho, Guru de Bolsonaro, informa que o endereço de sua empresa no Brasil
ficaria na rua Duque de Caxias 80, em São Paulo – mais conhecida com a região
da “Boca do Lixo” – no passado, misturavam-se ali drogas, quadrilhas e
prostituição.
Mas uma visita ao
prédio revela que não existe nenhuma empresa ligada ao filósofo. Ou
seja, um endereço é falso.
Logo, no que me concerne (copyright Jânio Quadros...), duas palavrinhas
de consolo para o "filósofo":
F-O-D-A---S-E!
VTNC!!!!!!
VTNC!!!!!!
VAI PROCURAR UMA ROLA!
*********
Ah, a propósito 2, a seguir, mais um grande sucesso
do carnaval de 2019 – onde, nunca antes na história deste país tanta gente
mandou um presidente em início de mandato se colocar no lugar da Maria
Schneider, na célebre cena da manteiga de O
último tango em Paris (1973), de Bernardo Bertolucci... sem a manteiga,
claro.
Ah, sim: é para cantar com a música de A jardineira (1938).
*********
E agora, a nossa indicação para esta séria
série: My days of mercy (EUA-Reino Unido,2019), de Tali Shalom Ezer, que fez parte da seleção oficial no Toronto International Film Festival (TIFF)
e do 26º Mix Brasil, de 2018. Além de rever Ellen Page e da temática amorosa
LGBT, pode-se discutir uma das ideias de jerico que os filhos do Coiso querem
implantar aqui em Terra Papagalli: a pena de morte.
As irmãs Morrow – Lucy (Ellen Page) e Martha (Amy Seinmetz) – participam
ativamente de protestos contra a pena de morte, em manifestações durante as
execuções que ocorrem pela região Centro-Oeste dos Estados Unidos. Afinal, elas
tem boas razões para isso: seu próprio pai, Simon (Elias Koteas, ex-integrante
do elenco da série Chicago P.D.) foi
condenado por assassinato e esperava agora no corredor da morte. Mas, em uma
destas manifestações, Lucy encontra Mercy (Kate Mara), filha de um policial
cujo colega foi morto por um homem que está prestes a receber uma injeção
letal. Lucy e Mercy poderiam ser inimigas ferrenhas, porém, uma conexão
inegável as unia. O relacionamento delas passou de hostilidade para curiosidade
e para uma intensa e física paixão. Poderão Lucy e Mercy superarem suas
extremas diferenças, ou estas diferenças as destruirão?
Veja o trailer e até lá.
EVOÉ!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário