28 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXVII)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
Hospital Alberto Ainstein, 17h29 do dia 27 de março de 2019.

Diário, o hospital é o meu lugar. Só aqui eu tenho sossego. Lá fora está uma bagunça, mas aqui é tudo branquinho, cheirosinho, tranquilinho... Tomara que achem alguma coisa para eu ficar mais uns dias internado. Os melhores dias do meu governo foram aqui.
Olha só como estão as coisas: o dólar aumentou 3%; o Ibovespa caiu 4,6%, e no Mackenzie, que tem fama de direita, estavam preparando uma manifestação contra mim. Tive que me encontrar com os pesquisadores no Comando Militar do Sudeste. Desse jeito só vou poder visitar quartel.
E a coisa não para por aí. O Olavo xinga o Maia, o Carluxo xinga o Maia, e até o Moro, em vez de me ajudar, xinga o Maia (aliás, por que o Moro quer diminuir imposto de cigarro? O que ele ganha com isso? Essa história não cheira bem. Onde tem fumaça, tem fogo).
Olha, eu nem posso ir ao cinema sossegado. Ontem, enquanto eu estava vendo um filminho, meu governo levou uma tungada. O Maia colocou em votação uma lei que engessa ainda mais o orçamento do executivo. Levamos uma goleada de uns 450 a 3. Pior que o 7 a 1 contra a Alemanha. Se isso não for barrado no Senado, só vou poder mexer em 3% do dinheiro.
Por causa disso, o Paulo Guedes teve um chilique. Ontem nem foi no CCJ falar da Reforma da Previdência. Poxa, o Posto Ipiranga não pode se negar a dar informação. Mas o cara está tão fulo da vida que disse que pode até sair do governo.
É que nem a Joice Hasselmann disse: querem afundar o avião!
O mais grave é que na semana que vem pode ter outra pauta-bomba. Querem que o governo federal reconheça uma dívida bilionária com os estados. Pô, bomba pra cima de mim? Eles pensam que eu sou a Dilma de calças?
Tá difícil, viu? Dizem que a política é um jogo de xadrez, mas eu só sei jogar truco, pô!


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PS: Diarinho, minha única alegria é que a campanha para publicar você (https://www.kickante.com.br/campanhas/diario-do-bolso-100-dias) vai muito bem. Pensei que iam ser só 100 livrinhos, mas já são 226. Tomara que chegue aos 300. Se não der certo esse negócio de ser presidente, acho que posso virar escritor.

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Ah, sim: antes de comemorarem junto com o Coiso o aniversário do golpe militar de 1964 ("revolução" é a PQP!!!!), sugiro duas leituras básicas.
A primeira leitura é um artigo de Eliane Brum para a edição brasileira d'El País (sim, ele mesmo, aquele grande jornal liberal conservador espanhol, que os bolsonaretes acusam de ser... comunista...). Ainda que fique longo, vão aí alguns trechos em que você, caro leitor, precisa MUITO prestar atenção:

Uma pesquisa do Ibope mostrou que Bolsonaro já é o presidente mais impopular em início de primeiro mandato desde 1995. Os 89 milhões de brasileiros que não votaram em Bolsonaro, seja porque votaram no candidato de oposição, seja porque se abstiveram de votar ou votaram branco ou nulo, somados ao expressivo contingente que já se arrependeu do voto no capitão reformado, terá que compreender que a luta pela democracia é difícil – e não pode ser terceirizada. É isso. Ou aceitar que a exceção, que já se infiltrou no cotidiano e avança rapidamente, siga tomando conta da vida até o ponto em que já se tenha perdido inclusive o direito aos fatos, como Bolsonaro e os militares pretendem neste 31 de Março.
Não queiram viver num país em que a autoverdade, aquela que dá a cada um a prerrogativa de inventar seus próprios fatos, impere. Bolsonaro e suas milícias digitais criaram a autoverdade, mas ela só será imposta a um país inteiro se a população brasileira se submeter a ela. Afirmar que o golpe de 1964 não foi um golpe é mentira de quem ainda teme responder pelos crimes que cometeu, como seus colegas responderam em países que construíram democracias mais fortes e onde a população conhece a sua história. Não há terror maior do que ser submetido a uma realidade sem lastro nos fatos, uma narrativa construída por perversos. O corpo de cada um passa a pertencer inteiramente aos carcereiros.
Bolsonaro precisa manter o país queimando em ódio. Essa foi sua estratégia para ser eleito, essa segue sendo a sua estratégia para se manter no poder. Ele não tem outra. Se deixar de ser o incendiário que é e virar presidente, ele se arrisca a perder sua popularidade. Sua estratégia é governar apenas para as suas milícias, capazes de manter o terror, parte delas somente por diversão.
Depois de ser o candidato “antissistema”, Bolsonaro é agora o antipresidente. Esta novidade, a do antipresidente, é inédita no Brasil. O antipresidente Bolsonaro é aquele que boicota seu próprio programa e enfraquece seu próprio ministério, mantendo, também dentro do Governo, como definiu o jornalista Afonso Benites, a guerra do todos contra todos.
Bolsonaro só pode existir num país mergulhado numa guerra interna. Então, trata de alimentar essa guerra. A determinação oficial de comemorar o golpe de 1964 é parte dessa estratégia. Vamos ver o quanto os generais estrelados do seu governo são capazes de enxergar a casca de banana. Ou se, ao contrário, escolherão deslizar por ela apenas como desagravo aos anos em que ficaram acuados, temendo que o Brasil finalmente fizesse justiça, julgando os crimes da ditadura como fizeram os países vizinhos.
(...)
Com instituições fracas e uma oposição sem projeto, diante de um governo em que o mais moderado é um general que já defendeu um autogolpe com o apoio das Forças Armadas, a barbárie dos dias se acentua. Tudo indica que vai piorar. Porque está piorando. A incompetência explícita do bolsonarismo faz com que a necessidade de ampliar a violência “contra todos os que não são iguais a mim”, com o objetivo de ampliar a sensação de guerra interna, também aumente. Sem projeto consistente, o governo que aí está só pode apostar no ódio para se manter. E vai seguir apostando. O ódio não é o oposto do amor, mas sim da justiça. É justiça que Bolsonaro não quer.
Os brasileiros vão precisar compreender que a democracia terá que ser defendida por cada um, se colocando junto com o outro. Às vezes só dá mesmo para gritar. Mas é preciso fazer um esforço maior para responder com projetos, com propostas, com ação que não seja apenas uma reação, mas uma alternativa que permita a vida e promova vida no espaço público. Será assim, ou não será. Não é que tenha outro. Só tem você mesmo. Com o outro.
(...)
Brasileiros de todas as idades precisam aprender, pra ontem, com as gerações mais novas. É isso ou seguir condenado a assistir à queda de braço entre Jair Bolsonaro e Rodrigo Maia. Sério que é este o ponto alto do debate nacional, antes de vir outro do mesmo nível ou pior? É este mesmo o nosso destino? Sério mesmo que o maior crítico da militarização do governo é Olavo de Carvalho, por motivos bem outros em sua calculada disputa de poder? E é ele o maior crítico porque parte dos que poderiam criticar a militarização do governo por motivos legítimos e urgentes começam a achar que Hamilton Mourão, o vice general, é uma graça? É assim mesmo que vamos viver, esperando o que virá depois, caso exista um depois?

A segunda leitura é pouquinha coisa mais leve (leve?): um texto no BuzzFedd chamado 52 coisas que você não sabia sobre a ditadura militar brasileira – ou seja: 52 coisas que o Coiso não sabe (e acho que nem quer saber) sobre a ditadura que ele quer comemorar.

Boas leituras.

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E agora, a nossa indicação para esta séria série: And Then There Was Eve (EUA, 2017), de Savannah Block. Outras informações podem ser encontradas no site do filme (http://www.evethemovie.com/). Mas as que encontrei são interessantes.
Alyssa (Tania Nolan), uma fotógrafa de sucesso, acorda uma manhã para encontrar seu apartamento saqueado e seu marido, Kevin (Jonathan Flanagan) misteriosamente desaparecido. Deixada sem sequer uma fotografia para oferecer a polícia, ela se vira para sua colega Eve (Rachel Crowl, atriz, musicista, fotógrafa e designer trans), uma talentosa pianista de jazz com um charme de flerte e graça desarmante. Eva a ajuda a confrontar a luta de longa data do marido com a depressão e, com o tempo, aceitar sua ausência. Ao conhecer essa mulher através de circunstâncias tão incomuns, Alyssa fica surpresa ao se ver apaixonada novamente.
Leiam o artigo de Danielle Solzman para o blog Solzy at the movies (em inglês – sorry, ou ponha o Google Tradutor para trabalhar...), que fala sobre o filme, vejam o trailer, e até a próxima.



24 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXVI)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
São Tiago do Chile, 23 de março de 2019.
Diário, hoje tenho tanta coisa pra contar que vou fazer “As quentinhas do Jair”.

1-) Ontem aconteceu uma manifestação contra mim. A polícia chilena teve que jogar água e gás lacrimogêneo no pessoal. Ah, como é bonito ver a polícia reprimindo os esquerdoides...
2-) Hoje vai ter um jantar aqui em minha homenagem. Mas os presidentes da Câmara e do Senado não aceitaram o convite. Só porque eu sou fã do Pinochet. Tudo bem, sobra mais pra mim.
3-) A coisa está feia mesmo é no Brasil, com o Rodrigo Maia. Tão feia que o Flavinho e a Joice Hasselmann é que estão bancando os bombeiros. Se esses dois são os bombeiros, imagina o incêndio.
4-) Eu até falei que o Maia era como uma namorada, que a gente ia conversar e se entender. Mas ele me respondeu que eu tenho que conseguir outras 307 namoradas. Aí fica difícil. Se eu ainda tivesse trinta anos... Opa! Será que ele quis dizer 307 deputados? Vou perguntar pro Dudu.
5-) Outro problema é quem vai ser o relator da Reforma da Previdência? O cara que fizer isso não se elege. A gente tem que achar um trouxa, digo, um patriota.
6-) Falando em patriotismo, a Reforma da Previdência dos Militares não foi uma reforma. Foi só uma pinturinha. Ficou quase tudo igual. Com militar eu não mexo, que eu não sou besta.
7-) Parece que teve alguma coisa em Moçambique. Um tufão, um tsunami ou um terremoto. Azar deles. Só mando ajuda humanitária para a Venezuela. Kkkkk!
8-)A tevê não mostrou as manifestações contra a Reforma da Previdência pelo Brasil. Nem vai mostrar. Que patrão não quer parar de pagar INSS?
9-) Numa praça aqui perto existe uma enorme estátua do Salvador Allende. Mas nenhuma do Pinochet. Não dá para entender. O Allende perdeu, era comunista e tem uma estátua de três metros. O Pinochet era militar, ganhou e não tem nem uma estatuazinha de anão de jardim. Tem que rever isso aí, pô!

PS: Minha única alegria, Diarinho, é que mais de cem pessoas já te pré-compraram. Vou até mandar um autografado pro Maia: “Vamos fazer as pazes? Com amor, B.”

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Cem pessoas? Já?
Pois é. Que tal vocês se tornarem as centésimas primeiras, centésimas segundas...
Participem da vaquinha virtual (crowdfunding é a p#t% que os p§r&*!) para a edição do livro Diário do Bolso: os 100 primeiros dias.

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Preciso de uma ajuda para a nossa indicação de filme para esta séria série e sanar minha ingrinorança.
Sei que o longametragem Alguma coisa assim (Brasil, 2017), de Esmir Filho e Mariana Bastos, continua a história da relação de amizade entre Caio (André Antunes) e Mari (Caroline Abras), que começou no curtametragem de mesmo título (2006), que esteve na Semana Internacional da Crítica do Festival de Cannes e levou três Kikitos (melhor curta, direção e atriz), no Festival de Gramado – ambos no mesmo ano de 2006.
Também sei que esteve na competitiva de longas do Mix Brasil 2017.
Só não sei o sei o seguinte (e preciso dessa informação para curar minha ingrinorança): o filme chegou a ser lançado nos cinema? Se foi, quanto tempo ficou em cartaz?
Aliás, se foi lançado e ficou pouco tempo: vocês acham que vale a pena ser lançado outra vez? Queria muito ver como a relação entre Caio e Mari rolou nestes anos todos – especialmente ver como esse tempo constrói e transforma esse relacionamento, seus desejos e questões sobre a sexualidade e rótulos, a partir de três momentos de suas vidas.
Enfim, minha indicação corre o risco de ser velha-mas-vale-a-pena-ser-indicada-de-novo. Fiquem com os trailers e tchau.



23 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXV)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
20 de março de 2019

Caro Diário, me sinto nas nuvens. Porque estamos no avião, voltando para o Brasil, e porque meu encontro com Donald foi inesquecível.
Mas antes vou contar como foi a segunda-feira. Eu e o Moro estivemos na CIA. O Moro cumprimentou todo mundo. Sabia até o nome do porteiro. A gente mal entrou e o celular dele já pegou o wi-fi do lugar.
Eu tive uma reunião com a Gina Haspel, que agora é a diretora da CIA. Mas antes ela era responsável pelas prisões secretas, onde os interrogadores usavam técnicas de tortura. Tipo afogamento, injeção retal, essas coisas. Ah, que mulher! O Ustra ia ficar gamadão.
Agora, sim, vou contar como foi meu encontro com Donald.
Confesso que quando vi aquela cara laranja e a gravata vermelha, levei um baque. Até perguntei pro Dudu: Será que ele pintou o rosto por causa do Queiroz, que nem o pessoal no carnaval? E essa gravata? É do PT?
Minha sorte é que o Dudu é um cara culto, que até leu livro do Olavo de Carvalho. Ele me explicou que vermelho é a cor do partido republicano. E que o Trump é daquele tom mesmo.
Ah, não posso deixar de falar do cabelo. É lindo! Como se fosse uma nuvem dourada sobre a cabeça dele.
Pra quebrar o gelo, falei logo de cara: “O que é bom para os EUA é bom para o Brasil.”
Ele respondeu que para eles seria bom ter uma base em Alcântara.
- Leva! É de vocês. E o melhor é que lá no Maranhão o governador é do Partido Comunista. Se você errar e o foguete cair bem na sede do governo, vai ser ótimo, kkkkkkk!
Eu pensei que ele ia rir, mas ele respondeu “Ok” com uma cara bem séria e apertou minha mão.
Depois ofereci visto livre unilateral para todos os americanos: “Olha, não precisa nem de carimbo, pelo amor de Deus. Loiro que fala inglês entra direto. Pra vocês é que nem bordel ou casa de vó: a porta vai estar sempre aberta.”
Então ele me olhou bem dentro dos olhos (eu até parei de respirar) e perguntou:
- E a Venezuela?
Respondi: - Os meus militares dizem que é melhor ir na base da diplomacia. Mas se você quiser, eu vou lá e ataco. Você sabe atirar? Podemos ir nós dois. Topa?
Ele ficou tão contente que me deu uma camisa da seleção americana de soccer. E eu dei uma camisa da seleção brasileira. Talvez eu tenha saído perdendo nessa troca. Sei lá.
Quando a gente se despediu, falei para ele: “EUA acima de tudo. Donald acima de todos”. Ele me respondeu com uma piscadinha.
Ah..., Diário, deu até vontade de ficar mais um pouco. E nem ia ter problema no Brasil, porque o Carluxo ficou lá, despachando no meu lugar. O Brasil é que nem uma quitanda: o pai sai, mas deixa o filho no balcão. Kkkkk!
Enfim, foi um encontro inesquecível. Só tenho uma dúvida: Será que ele vai me escrever?
PS: A ilustração de hoje é de Rafael Terpins

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PPS: Diário, o projeto do seu livro começou muito bem. Se o Flávio mandasse só um daqueles envelopinhos já fechava o orçamento.

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Isso mesmo: o Diário do Bolso está fazendo tanto sucesso no Faceburro (finalmente o algoritmo do Face deixou de ser censor... por enquanto...) que José Roberto Torero, atendendo a insistentes pedidos, lançou uma vaquinha virtual (e como diria o Ancelmo Gois, "crowdfunding é o cacete!") para viabilizar uma edição em livro.
Quem está adorando o Diário do Bolso pode colaborar para a campanha no Kickante, na página https://www.kickante.com.br/campanhas/diario-do-bolso-100-dias.

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Agora, falando sério:

Lembram-se da famigerada "cena da manteiga" de O último tango em Paris (1972), de Bernardo Bertolucci? (É, aquela cena em que Marlon Brando usa um pouco de manteiga para sodomizar Maria Schneider – e que falo como famigerada depois que Bernardo Bertolucci confessou em entrevista que, na verdade, foi um estupro, já que Brando e Bertolucci nunca disseram a ela que seria real?)


Pois é.
Vinte anos de diplomacia, de batalhas comerciais com os EUA, foram jogadas no lixo na segunda viagem internacional do Coiso. Porque quem foi aos EUA não foi o presidente do Brasil, que deveria defender os interesses do Brasil, mas um tiete de Pato Donald Trump. E como o sonho de tiete é dar (de livre e espontânea vontade, ao contrário da Maria Schneider) pro seu ídolo, foi o que o Coiso fez. Afinal, como declarou placidamente o próprio Coiso (depois de dar pro Trump), "Alguém teria de ceder". (Por que quem "teria de ceder" é justamente o lado mais fraco da relação econômica com os EUA – nós, Terra Papagalli – é que não fica muito legal.)
Resultado: o Coiso destruiu tudo com um deslumbre e uma subserviência incompatíveis com o comportamento que espera de um Presidente da República.
Não só o Brasil se compromete a importar dos EUA 750 mil toneladas de trigo com tarifa zero, mas (ignorando as enormes e estruturais carências da economia brasileira – e depois de duas décadas para construir casos consistentes na OMC) abre mão de questionar, na OMC, as assimetrias causadas pelos bilhões de dólares com que o país de Trump subsidia sua agricultura. Na prática – em um momento de alegada penúria dos cofres públicos, de pesados cortes em Educação e Saúde, na iminência de se aprovar uma "reforma" que levará à miséria contingentes de brasileiros a pretexto de sanear as contas públicas – abre mão de dezenas de milhões de dólares em prol do país mais rico do mundo.
Ou, em português claro: um monte de acordos caracu - os EUA entram com a cara (de pau) e o Brasil com o... a última sílaba. O Coiso fez o Brasil abrir as pernas para os EUA de Trump.
Desta forma, cidadãos de Terra Papagalli, preparem-se: a partir destes acordos caracu, a cena da manteiga será repetida por um longo tempo.
Pior: com todos nós – inclusive contigo, bolsonarete fanático.
Pior ainda: sem sequer uma manteiga para aliviar.

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Ah, sim, galera do audiovisual: se este pensamento subordinado prevalecer em nossa área, não adiantará nos fingirmos de mortos. Some-se à influência vingativa do Frota, e podermos voltar aos tempos daquelle caçador de maracujás (1990 a 1992)... É bom a galera do audiovisual brasileiro abrir os olhos.

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Vivendo e aprendendo para pesquisar indicações de filmes para esta séria série.
Alguém já ouviu falar em Mazo de la Roche? Não? Então vamos a uma breve biografia.
Mazo de la Roche (1879-1961) nasceu como Mazo Louise Roche em Newmarket, Ontario, Canada – país onde viveu longamente (82 anos) toda a a sua vida. O apito que ela toca? Foi escritora – uma das mais ilustres do Canadá, com sua série de romances Jalna – uma saga de 16 romances sobre a história da família Whiteoak (Jalna é a mansão da tal família), publicados entre 1927 e 1958.
Mas não, a indicação para esta séria série não é nenhuma adaptação de algum dos livros da série Jalna, mas a história de sua autora, em The Mystery of Mazo de la Roche (Canadá, 2012), de Maya Gallus. O filme retrata o relacionamento entre Mazo de la Roche (Jordyn Negri, a Mazo mais jovem; Severn Thompson, a Mazo mais madura), e sua companheira ao longo da vida, Caroline Clement (Deborah Hay).
A história é mais ou menos assim: quando Mazo de la Roche tinha sete anos, seu pai adotou sua prima órfã, Caroline Clement. Mazo e Caroline viveram juntas pelo resto da vida. Em 1931, elas adotaram dois filhos de dois de seus amigos que haviam morrido.
Os biógrafos de Mazo de la Roche, com um quê de pudidícia, dizem que ela vivia com sua prima uma espécie de amizade apaixonada, chamada naqueles dias de "casamento bostoniano". (Quem documentou esse conceito – muito usado naquele mundo vitoriano do século XIX – foi o escritor Henry James (1843-1916) – sim, ele mesmo, o autor de Outra volta do parafuso (1898), que originou um dos filmes de terror psicológico mais importantes do cinema, Os inocentes / The Innocents, Reino Unido, 1961), de Jack Clayton; e de The Altar of the Dead (1895), que deu origem a um dos filmes mais injustiçados de François Truffaut, O quarto verde / La Chambre verte, França, 1978 – em seu romance The Bostonians (1886). Nele, vemos duas mulheres feministas, Olive Chancellor e Verena Tarrant, vivendo juntas como um casal, sem nenhum viés (odeio esta palavra desde que o Coiso passou a abusar do uso dela...) emocional ou sexual, e sem o apoio financeiro de um homem. Tipo assim, um casamento entre mulheres sem sexo.
Bem, precisamos levar em conta de que este conceito – uma relação afetiva sem cunho sexual – era muito comum desde as "damas de Llangolen" (Eleanor Butler e Sarah Ponsonby,que mandaram às favas as famílias, os casamentos arranjados e as idas para conventos que elas planejavam e fugiram para viver juntas, em fins do século XVIII) – e mais ainda durante a época vitoriana (século XIX), com seu puritanismo exaltado. Havia quem acreditasse ou queria acreditar. Havia mesmo até quem realmente pusesse isso em prática, e a sério.
Por outro lado (é, esse aí mesmo, onde colocaram este armário onde os narnianos se refugiam...), suspeita-se muito de que um "casamento bostoniano" disfarçava uma relação amorosa e sexual entre duas mulheres. Isso se ainda levarmos em conta de que existem fortes suspeitas a respeito da sexualidade de Henry James – sim, suspeita-se de que ele era narniano (gay enrustido, para quem não sabe o que significa a palavra "narniano"...) até o fim da vida...
Ou seja, podia haver mais do que um relacionamento lésbico entre Mazo de la Roche e Caroline Clement. Mas que havia, havia, e é isso que o filme de Maya Gallus pretende discutir.
Não há trailer. Mas há um clip do filme no site do National Film Board (ou Office National du Film, pour les Canadiens francofones...), o órgão de estímulo ao audiovisual do Canadá. Digam-me o que acham, e até lá.

14 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXIV)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
8 de março de 2019
Diário, eu devia te chamar de noitário, porque estou escrevendo no meio da noite. É que acordei, agora, todo suado, por causa de um pesadelo. E foi com a tal da Marielle. Um pesadelo horrível! Ela estava na minha frente e aquelas trancinhas dela começaram a crescer. Cresceram, cresceram, cresceram, até virarem tentáculos. Aí eles me agarravam e me sufocavam.
Acho que sonhei isso porque ontem pegaram o Ronnie lá do lado de casa. E agora todo mundo está dizendo que minha família tem ligação com a milícia. Pô, mas só porque o Flavinho homenageou uns milicianos, tipo o Alan e o Alex de Oliveira? Só porque meu filho namorou a filha do Ronnie? Só porque o Queiroz foi se esconder em Rio das Pedras, que é onde fica o pessoal daquela milícia, o Escritório da Morte?
É muita marcação em cima de mim.
E quando a marcação é grande, a gente tem que passar a culpa, quer dizer, a bola para outra pessoa.
Mas pra quem?
Pro Flavinho? Não, ele é o segundo filho que eu mais gosto, pô!
Pro Witzel? Ele estava com aquela turma da placa quebrada da Marielle e tem miliciano na turma dele. Mas não, ele foi esperto e já começou a posar de bonzinho.
O Frota protocolou uma ação contra o Zé de Abreu. Será que isso chama a atenção da imprensa esquerdística? Não, não..., ninguém leva o Frotinha a sério...
A comida das escolas estaduais de São Paulo está péssima. Uma farinata só. Mas, pô, quem é que liga pra isso?
E se o Olavo de Carvalho e a Damares tivessem um caso? Dava um casal perfeito. Mas acho que nenhum dos dois ia topar.
Eu posso falar da Previdência, que isso sempre é assunto. Não, melhor não. Acabei de liberar um bilhão em emendas pra adoçar o pessoal. Melhor ficar quieto, senão investigam para onde vai cada centavo e aí ninguém vota a favor da reforma.
Olha, Diário, parece que eu vou ter que fazer de conta que não é comigo e aguentar esse assunto por uns bons dias.
Ainda bem que vou ver o Trump dia 19. Será que não dá para antecipar a viagem e dar uma passada na Disney?

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Por falar em Olavo DOI-Codi de Carvalho – o defensor da terra plana, de que uma certa marca de refrigerantes usa células de fetos abortados como adoçante ("teoria" muito bem refutada por um tal de Pirula... Pirula!...)...


Pepsi, fetos e adoçante (#Pirula 33)

...de que Isaac Newton e suas teorias são imbecis... e de torturadores – olha o que o "ilustre filósofo" publicou em seu Facebook:



Para registro: cursei o ensino superior – Comunicação Social, habilitação Cinema, na UFF.
Durante o curso, NUNCA usei drogas durante o curso – e tem mais ex-colegas que estudaram comigo que também não usaram.
O mais importante nesta história: NUNCA FUI CONVIDADO PARA NENHUMA SURUBA NA UNIVERSIDADE. (Buááá... buááááááááá...)
Das três uma:
1- Ou, quando entrei na universidade, fizeram uma seleção entre os alunos que podem usar drogas e participar de surubas e os que não podem – seleção inteiramente arbitrária (como em meu caso, que QUERIA participar de surubas... De novo: buááá... buááááááááá...);
2- Ou quem organiza tais surubas e a distribuição de drogas nas universidades é uma sociedade secreta, nos moldes da antiga Burschenschaft Paulista, ou simplesmente Bucha, criada na década de 1830, na veneranda Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, por um de seus professores, Johann Julius Gottfried Ludwig Frank, ou Julius Frank. Só que, ao contrário da Bucha, que era uma sociedade filantrópica com ideais liberais e republicanos, esta sociedade tem um teor libertário hedonista e "marxista cultural", e seu único objetivo é o "liberou geral" – sociedade para o qual NUNCA fui convidado (Mais uma vez: buááá... buááááááááá...);
3- Ou, o que é bem mais provável, tudo isso é uma mistura do desprezo (para não dizer ódio) de Olavo DOI-Codi de Carvalho – velho com o curso primário incompleto (e que, estranhamente, se orgulha disto...) – pela academia em TODO O MUNDO (não só aqui em Terra papagalli...) com delírios a respeito da sexualidade em geral – afinal, como disse certa vez o Maestro Bogs, o "filósofo" é um grande adepto do "putarianismo". Ô fixação doida deste velho!

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Faz tempo que não indicamos um filme brasileiro para esta séria série. Então, lá vai a nossa chiquérrima indicação (afinal, esteve no Festival de Berlim deste ano): Greta (Brasil, 2019), de Armando Praça – a estreia na direção do assistente de direção de Praia do futuro (2014), de Karim Aïnouz, e do roteirista da série Me chama de Bruna, sucesso da Fox Premium.
Greta, claro, é Greta Garbo (1905-1990), uma das divas mais fascinantes do cinema e, salvo engano, ídolo de cinco entre dez LGBTs de meia idade. (Os outros cinco, salvo engano, devem idolatrar Carmen Miranda... mas isso... como diria o ex-juiz e agora ministro do Coiso, Sergio Moro... não vem ao caso...). Um deles é Pedro (Marco Nanini), que trabalha como enfermeiro num hospital público de Fortaleza e é um frequentador assíduo da Pensão Espanha onde vai visitar seu melhor amigo, o travesti Daniela (Denise Weinberg – e se você me perguntar por que atrizes trans não são chamadas para fazer papeis de personagens trans, só posso lhe dizer uma coisa: não sei; talvez porque sejam poucas ainda em Terra papagalli, e ainda mais trans de meia idade, como o personagem), que padece de um câncer em estágio avançado. Quando Daniela precisa ser internada, mas não encontra leito disponível, Pedro sequestra um paciente recém-chegado, Jean (Démick Lopes), e o abriga em sua casa. Inicialmente, o enfermeiro tem medo do rapaz agressivo, que se esconde da polícia por ter assassinado um homem a facadas. Depois, nasce entre eles uma relação de cumplicidade e afeto.
Vejam o trailer, e até lá.
  


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Ah, já ia me esquecendo: somos todas(os) Marielles. E ainda queremos saber quem mandou matar Marielle Franco.
Mas hoje, excepcionalmente, gostaríamos de ser Carolinas.
Carolina Maria de Jesus, autora de Quarto de despejo, completa hoje, 14 de março de 2019, 105 anos de nascimento.
Ganhou até doodle do Google. Olha só:





E também ganhou um magnífico curta-metragem de Jeferson De, de 2003.
Vale a pena vê-lo de novo. Até lá.


11 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXIII)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
8 de março de 2019

Pô, Diário, eu não posso falar nada que já caem de pau em cima de mim. Por que não me esquecem um dia? Tem tanta gente aí pra baixar o cacete.
Por exemplo, hoje é Dia da Mulher. Por que não cobram o Witzel? Ele disse que ia dar dez secretarias para as mulheres, mas só deu duas. E o tal de Flávio Pacca, consultor de segurança do Witzel, que foi preso? Dizem que é miliciano. Pô, se o consultor de segurança vai para a cadeia, imagina o que é aquele governo lá (ops, lembrei que o Flavinho também já homenageou esse Pacca).
E o Dória, com aquele jeitinho de dono da bola? Olha, Diário, se ele aparecesse lá em Eldorado quando eu era moço, eu enchia ele de porrada. Que sujeitinho engomado! Mas tudo bem, pelo menos o cara puxa meu saco sempre que pode. Só que ninguém está falando nada contra ele. Ninguém. O governo do nenenzão nem começou e dois secretários, o Kassab e o Aloysio Nunes, já tiveram que pedir o boné por causa de corrupção. Pô, vão investigar isso daí!
E o Caiado? Atrasa os salários do funcionalismo e nada. Esses dias acabou com o projeto Jovem Cidadão, deixou cinco mil garotos sem emprego, e nada. Eu falo que vou tirar radar, todo mundo cai em cima. O Caiado tira os radares móveis nas rodovias estaduais, e nada.
E o Crivella? Ninguém mais fala que ele prometeu rapidez especial para o pessoal das igrejas no “mutirão das cataratas”, ninguém mais fala que ele não usou todo o dinheiro para prevenir as enchentes, que ele quer fazer uma rua do condomínio dele até uma avenida lá, que ele ameaça cortar o dinheiro das escolas de samba... Pelamor de Deus, pô!
E o Covinhas? Os funcionários públicos estão em greve há mais de um mês, mas não sai uma porcaria em lugar nenhum. Um mês de greve! Imagina se isso acontecesse comigo. Todo dia eu ia estar na capa da Folha Marxista de S.Paulo. Ou a Época Comunista ia cair de pau. Ou aquele neoesquerdista do Reinaldo Azevedo ia falar no rádio. Mas o Covinhas eles poupam. Hoje vai ter assembleia em frente à Prefeitura. Duvido que apareça um estagiário de jornal de bairro! Duvido!
Eu não sou anjo, mas tem mais capeta por aí.
Pronto, desabafei.

*********

De novo, terei de explicar, com toda a paciência que ainda me resta.
No que cabe ao noticiário político, a imprensa do Brasil dá mais importância a você, que (infelizmente) é o presidente da República, ao que você diz ou faz, justamente por isso: porque você é o presidente da República.
Mas também... por que 'cê tá chateado? Em seus quase 30 anos de parlamento, você sempre foi um grande adepto do marketing "melancia no pescoço", estilo "falem mal, mas falem de mim". E sempre com o auxílio nada luxuoso de fake news – a cartilha do ministério da Saúde sobre doenças sexualmente transmissíveis, que você apresentou como sendo o "kit gay" a ser adotado nas escolas; a "mamadeira de p*r*c*" atribuída a Fernando Haddad na campanha de 2018; e por aí vai.
Putz, você usa diuturnamente fake news para aparecer, e acha que pode ficar irritado quando a imprensa apura FATOS sobre você e sua família?
Pior, acha que pode (pensando mercurialmente com o fígado) que pode usar fake news para rebater FATOS?

Bolsonaro divulga relato deturpado de conversa de jornalista
Presidente diz que repórter quer derrubar governo; jornal O Estado de S. Paulo afirma que áudio divulgado tem frases truncadas e cortadas
10.mar.2019 às 22h02
SÃO PAULO O presidente Jair Bolsonaro divulgou em sua conta oficial no Twitter, neste domingo (10), um relato deturpado de uma conversa de uma jornalista do jornal O Estado de S. Paulo com uma pessoa não identificada. No texto, Bolsonaro diz que "querem derrubar o governo com chantagens, desinformações e vazamentos".
A postagem vem acompanhada de um áudio cuja transcrição dos trechos audíveis não coincidem com a interpretação que o presidente faz das falas.
Ele afirma que a jornalista Constança Rezende disse "querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro".
Na gravação, a repórter fala sobre o caso de Fabrício Queiroz, o ex-funcionário do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) que recebia dinheiro de outros assessores do filho do presidente em sua conta corrente.
No trecho divulgado pelo presidente, a jornalista diz que o caso "pode comprometer, pode arruinar Bolsonaro". A repórter ainda diz, durante a conversa, que se preocupa com a possibilidade de que as investigações não avancem porque este poderia ser "um caso de impeachment".
Em texto publicado sobre o episódio na noite deste domingo, o jornal O Estado de S. Paulo diz que a jornalista "não fala em 'intenção' de arruinar o governo ou o presidente".
"A conversa, em inglês, tem frases truncadas e com pausas. Apenas trechos selecionados foram divulgados. Em determinado momento, a repórter avalia que 'o caso pode comprometer' e que 'está arruinando Bolsonaro', mas não relaciona seu trabalho a nenhuma intenção nesse sentido", afirma a reportagem.
A interpretação deturpada da conversa da jornalista foi inicialmente publicada nas redes pelo site Terça Livre. A plataforma é alimentada por apoiadores de Bolsonaro.
Ainda segundo o jornal Estado de S. Paulo, as frases da gravação foram retiradas de uma conversa que a repórter teve em 23 de janeiro com uma pessoa que se apresentou como Alex MacAllister, "suposto estudante interessado em fazer um estudo comparativo entre Donald Trump e Jair Bolsonaro".
Nas redes bolsonaristas, a voz do homem que faz perguntas à jornalista foi digitalmente modificada. A dela, não.
(...)

(Para que sejamos honestos, tal fake news não foi invenção do Coiso: teve colaboração do já citado site Terça Livre (livre de quê? De seriedade?), de Allan dos Santos – não por acaso, um aluno e discípulo de Olavo de Carvalho.)
Sério, Coiso, quando você mesmo faz (e/ou fala) as m... que já fez, tira todo o trabalho da oposição (se é que ainda há alguma no país...). Você continuará pau da vida com a mídia, que aponta suas m..., e a mídia vai ficar ainda mais p... da vida: o que tem de gente se solidarizando com a jornalista não está no gibi.
Outra coisa, Coiso: não adianta nada ficar p... da vida com o povo (inclusive – justamente – quem te elegeu acreditando em você), que criticou você durante o carnaval – seja com paródias de marchinhas ("Doutor, eu não me engano / O Besteiraro é miliciano"), seja diretamente, tipo "Ei, Besteiraro, VTNC!" (e mais uma vez: se você, caro leitor, ainda não sabe o que quer dizer essa sigla, não sou eu que vou lhe explicar...). Como eu te falei em post anteriorágua de morro abaixo, fogo de morro acima, e folião sacaneando as "otoridades" ninguém segura. Nenhum chefe de governo escapa da crítica irreverente do povo durante o carnaval – ainda mais um chefe de governo como você, que abusa do direito de fazer (e falar) m...

Só falta colocar seu nome, mas este diploma você já mereceu, tá OK?

O que nos leva de volta ao assunto fake news e ao vídeo dos dois camaradas durante o carnaval de rua, enfiando o dedo no... no... vá lá... no subilatório. (É, esse termo do jargão baiano de onze letras substitui perfeitamente aquela palavrinha de somente duas letras...).
Precisava pegar um vídeo pornô e mentir, mostrando-o como exemplo de abuso de certos foliões durante o carnaval?
(Sim, caro leitor, agora preciso falar a verdade procê. Aquele vídeo dos dois cara enfiando o dedo no subilatório e fazendo golden shower um no outro, que foi mostrado pelo Coiso como cena de rua espontânea do carnaval não era nada espontâneo: era um trecho de um vídeo da indústria pornô metido a "experimental". Sabe aqueles vídeos pornôs estilo "Carnaval 20..." onde aparecem cenas de sexo supostamente feitas durante bailes de carnaval? Pois é, era uma variação feita indoor – ao ar livre. E nem aconteceu durante o desfile do bloco chamado Blocu:foi gravada antes; a edição é que juntou esta... como direi... "performance" (assim mesmo, sr. revisor, entre aspas, obrigado) com cenas de carnaval de rua):

Cena obscena foi ato ‘político’, dizem envolvidos em vídeo compartilhado por Bolsonaro
Dupla que aparece em vídeo divulgado pelo presidente é de produtora de conteúdo pornográfico. Manifesto afirma que foi um ato planejado, ‘com intuito de comunicar uma mensagem de artistas’
Rayanderson Guerra e Danilo Thomaz
07/03/2019 - 22:31 / Atualizado em 08/03/2019 - 10:56

RIO — Uma produtora de conteúdo pornográfico divulgou nesta quinta-feira um manifesto em que diz que a cena divulgada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, tratava-se de uma performance de dois de seus integrantes. No vídeo, uma pessoa de cabelos compridos dança, introduz os dedos no ânus e, em certo momento, abaixa a cabeça para que um outro homem urine sobre ele.
A dupla que protagoniza o vídeo compartilhado por Bolsonaro na terça-feira de carnaval participava do cortejo de um bloco, no Centro da capital paulista. O manifesto afirma que as imagens divulgadas por Bolsonaro representam “ao contrário do que disse o presidente da República, um ato planejado, com intuito de comunicar uma mensagem de artistas. Um ato político”.
“Nossos corpos e desejos dissidentes rompem com os papéis de gênero machistas e misóginos que enxergam os corpos feminilizados como buracos. Nós estamos ao lado da imoralidade de vidas ditas como irrelevantes e matáveis. Somos os corpos não docilizados da escatologia social”, diz o manifesto.
O texto afirma ainda que o presidente, “frente à enxurrada de críticas nos carnavais de todo país”, preferiu produzir outra cortina de fumaça nas redes.
“E nós, a população brasileira, merecemos respeito independente das práticas sexuais, das identidade de gênero, de raça e de classe”, diz o manifesto.
A pessoa de cabelos compridos se identifica como Paulx Castello e Sofia Lacre não se identifica nem como homem, nem como mulher. Artista formada na Argentina, foi uma das realizadoras de um festival de cultura realizado em junho do ano passado em São Paulo que, conforme descrição, pretendia “exibir algo do que tem sido produzido em relação a sexualidades não normativas”, ou seja, que estejam fora dos padrões usuais de orientação sexual.

Sabe aquele velho ditado "papagaio come milho, periquito leva a fama"? Pois é: desta vez o "periquito" foi o tal Blocu, que não teve nada a ver com a história.
E eu fico me perguntando, ô Coiso: por que cargas d'água você se interessou por um vídeo pornô com um trecho que falsifica uma cena de carnaval de rua para postar em resposta aos foliões que não te perdoaram?
Será que a teoria de Alex Solnik – outro jornalista que tratou deste assunto estaria correta, e isso sinaliza uma fixação sua, que precisa ser tratada por um psicanalista?

Por Alex Solnik, para o Jornalistas pela Democracia
Uma das dúvidas acerca do vídeo sadomasoquista – como Bolsonaro o encontrou? – foi, finalmente, dissipada.
A outra – era uma cena espontânea de carnaval de rua? – também.
Em matéria d'"O Globo", uma produtora de vídeos pornô – que não diz o seu nome - assume a autoria da performance e da gravação, realizada durante o carnaval, em São Paulo.
Ou seja: 1) não era uma manifestação espontânea do carnaval de rua como o presidente escreveu e sim uma produção "artística" com fins comerciais, uma encenação e 2) o vídeo não estava disponível publicamente e sim num site pornô.
Só tiveram acesso a ele frequentadores desse site. Até que Bolsonaro viralizou para ao menos 3,4 milhões de pessoas, de todas as idades, aquilo que seria visto por meia dúzia de adultos que gostam de assistir ou praticar sadomasoquismo.
Sadomasoquismo é irmão gêmeo da tortura, como se constata no livro "Os 120 dias de Sodoma", do Marquês de Sade e no filme "Saló", de Pier Paulo Pasolini.
No livro, um grupo de ricaços sequestra homens e mulheres e os submete, trancados num castelo, por quatro meses, a sessões extenuantes em que todas as perversões são permitidas e o objetivo é chegar ao prazer infligindo dor aos outros e a si próprio.
No filme de Pasolini, inspirado em Sade, oficiais nazistas prendem num casarão soldados italianos, fazem deles seus escravos sexuais e depois os matam.
Acho que não precisa dizer mais nada para explicar porque a cena interessou tanto ao capitão.

Pense nisso. Mas pense mesmo, ô Coiso: não confunda cérebro com bolsa de colostomia...

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De qualquer forma, já que falamos de subilatório...


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Mudando de assunto: a nossa indicação para esta séria série prova que casamentos são todos iguais em suas delícias... e seus problemas. (Como, aliás, qualquer casamento hetero.)
Fica a dica para os "fiscais de fiofó" que são contra o casamento LGBT: pra que gays, lésbicas, trans etc. defendem tanto o direito de de ter uma instituição que é tão problemática que precisa de testemunhas? Só pode ser amor, né?
(Claro que é brincadeira. Aliás, quem escreveu isso – fico lhes devendo o nome, porque não lembro agora – na verdade foi uma das pessoas que mais acreditaram no casamento – tanto que se casou umas três ou quatro vezes...)
A nossa indicação prova isso: Stuff (EUA, 2015), de Suzanne Guacci.
O casal Deb (Yvonne Jung) e Trish (Karen Sillas) se prenderam no dia-a-dia de casadas e perderam a conexão entre elas. Faz 5 anos que o pais de Trish morreu, mas ela não consegue aceitar como seu luto está afetando a ela e sua família. Usando o trabalho como desculpa para evitar o espelho, Trish não nota que Deb passa a ter uma amizade com uma complicada mãe soltera, Jamie (Traci Dinwiddie). As lições são aprendidas e o valor de tudo é reavaliado com o passar dos tropeços nesse território.
Vejam o trailer, e EVOÉ!!!!!


08 março, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CXII)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)
6 de março de 2019

Poxa, Diário, que encheção de saco do cacete!
Só porque eu postei um videozinho de nada estão pegando no meu pé.
Tudo começou porque eu queria dar um gás no meu twitter. Então perguntei pro meu filho que entende dessas coisas:
- O que que faz mais sucesso na internet?
- Sacanagem, né, pai?
- Eu já estou postando os atos do governo e não adianta nada.
- Sacanagem de verdade.
- Reforma da Previdência?
- Não. Outro tipo de sacanagem. Essa aqui, olha.
Aí ele me mostrou um monte de vídeos. Nuns até tinha um cara parecido com ele.
Então, quando o garoto saiu, eu me tranquei no banheiro e comecei a fuçar na internet. Pesquisei horas e horas, em tudo quanto é site.
Aí eu aprendi o que é bukkake (nossa, que meleca que fica a cara da pessoa!), chuva negra (como é que pode uma coisa dessas? Vi umas dez vezes para acreditar), adstringopenispetrafilia (que é amarrar pedras no piupiu), dupla penetração, fio terra, suruba, catena (que é fazer um trenzinho de sacanagem), bondage (hum, amarrar o outro...), beijo grego, espanhola, gang-bang etc...
Quando eu percebi, já era de manhã.
Aí, para denunciar essa pouca vergonha que é o carnaval (Como eu odiei o desfile da Paraíso do Tuiuti! Quem foram os marginais que jogaram laranja no meu boneco de Olinda? E que história é essa dos blocos gritarem “Ei, Bolsonaro, vtnc!”), eu decidi postar uma golden shower (que é mijar no outro) e um socratismo (que é enfiar o próprio dedo no olho que não vê).
Mas em vez de me apoiar, o pessoal me criticou. Disseram que eu era pornográfico.
A gente tenta moralizar a coisa e é isso que recebe de volta? Francamente...
Diário, eu vou é voltar para a minha pesquisa. Será que o Frotinha me dá umas dicas?
E pensar que no meu tempo só tinha a Sala Especial, na Record.

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Oh, dúvida cruel!... Explico ou não explico ao Coiso por que o povo está uma arara com o vídeo que postou no seu Twitter, com um cidadão em cima de uma banca de jornal insinuando que está botando o dedo no... no... Como direi para não chocar quem lê esta sériasérie? Talvez falando que o vídeo foi filmado na segunda feira, durante o desfile de um bloco de rua de São Paulo chamado... Blocu (!).

Do autoproclamado presidente do Brasil José de Abreu, com mais decoro do que o Coiso.

OK, vou explicar.
Primeiro, porque carnaval é assim mesmo: uma libertação. Só que é uma festa bem mais complexa: tem gente que abusa mesmo (esse Blocu, por exemplo, parece que é filiado ao MSN - Movimento dos Sem Noção...), mas não é todo mundo. Sei que é chato para alguém como o Coiso, que só pensa (pensa? Ato falho... ato falho...) em termos de preto e branco, mas é isso.
Mais uma vez, apelo para o Catraca Livre, em texto de Maurício Costa (o grifo é meu):

Quando o presidente diz que é necessário expor a verdade à população, por que ele se utiliza da exceção para tal? Não é regra que em vários blocos pessoas urinaram na cabeça de outras. E, se essa foi uma situação particular, por que tomá-la como exemplo? Podemos aqui elencar outras situações que foram regra e MUITO positivas durante o Carnaval 2019, que o Bolsonaro poderia ter mostrado em seu Twitter:

  • Milhões de pessoas ocuparam as ruas de forma democrática para celebrar, brincar, dançar, cantar, beijar
  • Milhões de pessoas ocuparam as ruas para protestar no Carnaval (inclusive, o presidente foi uma das maiores vítimas. Talvez por isso esse ódio todo contra os bloquinhos…)
  • Milhares de pessoas se uniram em prol de campanhas humanitárias e muito dignas, como por exemplo o #CarnavalSemAssédio, lançada pela Catraca Livre para combater o assédio sexual

Mas é muito mais fácil pegar um recorte pequeno de algo que te desagradou e tentar entuchar na cabeça do seu eleitorado, não é mesmo sr. Presidente?
“Ah, Catraca, mas vocês não vão falar sobre a cena em si?!”. Não, não vamos. Já tem muita gente pra julgar essa cena em si, tá ótimo.
Tem TANTA coisa pra gente falar… vamos falar sobre a homofobia que mata milhares de LGBTs no Brasil todo ano? Vamos falar sobre o fato de mulheres ainda ganharem menos do que os homens em cargos iguais? Vamos falar sobre os negros serem abordados por policiais todos os dias nas ruas só por serem negros? E que tal o salário destes mesmos policiais, sr. Bolsonaro? Um lixo, não é?!
O presidente precisa começar a se preocupar urgentemente com questões mais sérias que afetam milhões e milhões de pessoas no país. O fato de um garoto fazer xixi em outro não merece a atenção do mais alto cargo Executivo do Brasil…

E esse é o segundo ponto: NENHUM CHEFE DE GOVERNO ESCAPA DA CRÍTICA IRREVERENTE DO POVO DURANTE O CARNAVAL. E isso é tradição nos chamados "folguedos de Momo.
Quando os chamados poderes públicos tentam mexer com o carnaval, aí é que são sacaneados. E isso desde os tempos do bonde puxado a burro.
Em 1912, o Barão do Rio Branco (1846-1912) – ministro das Relações Exteriores de quatro presidentes da república (Rodrigues Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha e Hermes da Fonseca) morreu, e justo às vésperas do carnaval. Daí, o último presidente ao qual ele serviu (Hermes da Fonseca) decretou que o próprio carnaval fosse adiado para abril, por conta do luto.
Certo, o Barão era muito popular, e o povo ficou triste. Mas carnaval é carnaval, e a tristeza não foi o bastante para adiá-lo. Em fevereiro, lá estavam os foliões enchendo o centro do Rio de Janeiro, cantando e brincando. Em abril, o governo teve que honrar a sua palavra, e o povo honrou a sua presença nas ruas, de novo. E o Marechal Hermes ainda teve de engolir uma marchinha que o povo criou em sua "homenagem":

Com a morte do Barão
Tivemos dois carnavá
Ai que bom, ai que gostoso
Se morresse o Marechá

(Sim, o Marechal Hermes não era tão popular naquele momento – cortesia da interferência acintosa do senador Pinheiro Machado em seu governo... e, segundo o povo, de seu pé frio... Para a sua sorte, Ai, Philomena (paródia de J. Carvalho Bulhões sobre a canção italiana Viva Garibaldi, em homenagem à sua urucubaca) só foi lançada em 1915, meses depois que deixou o cargo.)


Ou seja: água de morro abaixo, fogo de morro acima, e folião sacaneando as "otoridades" (seja com fantasias, seja com músicas, seja com VTNC – e se você não sabe, caro leitor, o que é essa sigla, sinto muito, mas não sou eu que vou lhe explicar...) ninguém segura – ainda mais quando é sobre um chefe de governo que nem completou os cem primeiros dias de governo e só vem fazendo (e falando) m... Por exemplo: quem mandou você (e outros porraloucas de seu governo) obedecer a Pato Donald Trump e rosnar que não vão mais vender soja para a China?  – especialmente sem perceber que o "inimigo" (a China) de seu "amigo" (Os EUA de Trump) estão quase fazendo as pazes. O resultado foi mais ou menos assim como disse o deputado Paulo Teixeira em seu Twitter:

"Bolsonaro atende os EUA e dá as costas para China. China passa a comprar soja dos EUA. Brasil perde mercado da venda de soja para os EUA. Trump agradece Bolsonaro pela ajuda"

(Ou seja: a esta altura, por conta disso, não são só os foliões que querem que você VTNC... o agronegócio também...)

Terceiro... bem, esse terceiro eu acho mais difícil sem interesse e motivação políticas... mas a ideia até que faz sentido: isso pode ser considerado falta de decoro... e motivo para seu impeachment. Sério. Leia o que diz um dos capítulos da Lei 1079/50, que trata do impedimento e destituição deum presidente (os grifos são meus):

CAPÍTULO V
DOS CRIMES CONTRA A PROBIDADE NA ADMINISTRAÇÃO
Art. 9º São crimes de responsabilidade contra a probidade na administração:

1 - omitir ou retardar dolosamente a publicação das leis e resoluções do Poder Legislativo ou dos atos do Poder Executivo;
2 - não prestar ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas relativas ao exercício anterior;
3 - não tornar efetiva a responsabilidade dos seus subordinados, quando manifesta em delitos funcionais ou na prática de atos contrários à Constituição;
4 - expedir ordens ou fazer requisição de forma contrária às disposições expressas da Constituição;
5 - infringir no provimento dos cargos públicos, as normas legais;
6 - Usar de violência ou ameaça contra funcionário público para coagí-lo a proceder ilegalmente, bem como utilizar-se de suborno ou de qualquer outra forma de corrupção para o mesmo fim;
7 - proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decôro do cargo.

Como eu disse... esse terceiro eu acho mais difícil... só se o senhor fosse do PT ou se chamasse Dilma Rousseff... mas a ideia pode ser considerada – especialmente pelos generais que o cercam, quando o senhor deixar de ser necessário ou fizer (e falar) m... demais.
Aliás, já pensou em usar mais esse miolo cinzento dentro de sua cabeça, chamado cérebro? Eu lhe garanto: isso faz um bem enorme...
E faz um bem maior ainda se ouvir os seus assessores. Eles podem compensar o seu cérebro estreito.
 (Se bem que isso não vai adiantar nada se seus assessores forem de duas formas terríveis: os da turma do "sim, senhor" concordo com o senhor", e os da turma do "é isso mesmo que eu penso, senhor"...)

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Aliás, no que me concerne (copyright Jânio Quadros...) não adianta nada a operação apaga-incêndio dos seus "aceçores" (assim mesmo, sr. revisor, obrigado) mais graduados, os generais Hamilton Mourão e Augusto Heleno – depois que o Coiso falou para os fuzileiros navais que "democracia e liberdade, só existe quando a sua respectiva Forças Armadas assim o quer (SIC)" – para convencerem a galera de que ele foi mal interpretado ao dizer o que disse.


"O que que o presidente quis dizer? Está sendo mal interpretado. O presidente falou que onde as Forças Armadas não estão comprometidas com democracia e liberdade, esses valores morrem. É o que acontece na Venezuela. Lá, infelizmente, as Forças Armadas venezuelanas rasgaram isso aí. Foi isso que ele [Bolsonaro] quis dizer" (Hamilton Mourão)

"Não achei polêmica. Não vejo nada de mais na declaração. Ele [Bolsonaro] estava fazendo um discurso para comemoração dos 111 anos do Corpo de Fuzileiros Navais e ele falou o que todo mundo sabe: as Forças Armadas são o baluarte da democracia e da liberdade. Historicamente, em todos os países do mundo", opinou o ministro.
"Ele falou isso em tom absolutamente tranquilo, cordial, num contexto de amor à família, amor à pátria, manutenção dos valores da sociedade. E citou que as Forças Armadas são as responsáveis pela manutenção da democracia e da liberdade. Nada demais. Nada demais, nada que possa contrariar", complementou. (Augusto Heleno)

Podem falar o que bem quiserem.
Não vão convencer quem tem o número exato de neurônios no cérebro.
Seja sem pensar (ou pensando com o fígado), o Coiso disse exatamente isso: se as Forças Armadas cismarem que não vai ter mais democracia, não vai ter (assim como em 1937 e 1964), e pronto.
E seus "aceçores" – Augusto Heleno, que foi radicalmente contra a Comissão da Verdade; e Mourão, defensor de um "autogolpe" (à la Fujimori no Peru) e "uma nova Constituição elaborada por um grupo de 'notáveis'" – concordam em gênero, número e grau. Só querem disfarçar, porque ainda é cedo. Simples assim.

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E agora, a nossa indicação para esta séria série: All over me (EUA, 1997), de Alex Sichel. Sim, é antigo, mas tem uma curiosidade supimpa no elenco: a então iniciante Leisha Halley – isso mesmo, a Alice de The L Word.
Claude (Alison Folland) e Ellen (Tara Subkoff) são grandes amigas e vivem em uma área não muito agradável de Nova York. Eles estão envolvidas na subcultura jovem dos anos 90 com drogas, música ao vivo e homofobia. Tudo muda quando Claude se apaixona por Ellen, que está saindo com um viciado em drogas. No entanto, um assassinato muda tudo. Resta saber se Claude tem garra para lutar pelo que quer.
Sorry, não tem trailer... por enquanto.
Evoé.

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E antes que eu me esqueça: FELIZ DIA INTERNACIONAL DA MULHER.