09 julho, 2011

DA SÉRIA SÉRIE FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM...” (VI)

Qual foi a última vez que você já chorou (ou ficou com vontade de chorar) por causa de um filme?
Ó ilustre cinéfilo, achas isso cafona (ou melhor, disgusting)? Então sinto muito, mas além de ser gerado em proveta. Desconfio que você foi gerado sem sistema nervoso ou com psicologia de computador. Não há nenhum problema em se emocionar com um filme. Aliás, se você ficar indiferente a um filme, todos os que se envolveram em sua realização - o roteirista, o diretor e equipe técnica, os atores que deram seu sangue para encarnar os personagens - vão se sentir muito frustrados. É claro que, se a realização de um filme for burocrática, sem sentimento ou inteligência, a culpa de o espectador ficar indiferente a ele não será do espectador, e sim do desleixo de sua equipe. O puxão de orelhas em ti, ó ilustre cinéfilo, é para que você pare de encarar os filmes como um erudito (e indiferente aos sentimentos) professor de Semiótica Engessada Ativa - ciência ligeiramente parecida com a matemática ou (argh!) a economia.
Digo-lhes isso porque faz tempo que eu não me emociono com um filme. A última vez foi por volta de 1994, com o filme que lhes indico aqui nesta séria série: O Diário Roubado (Le Cahier Volé, 1993), de Christine Lipinska.
Sabem, poderíamos até dizer que ele poderia ser realizado por François Truffaut. Poderia ser porque, entre seus realizadores, estão pessoas que, de alguma forma, foram ligadas a ele. A própria Christine Lipinska, escritora e roteirista, é filha de Suzanne Lipinska, também escritora, e grande amiga de Truffaut. E Bernard Revon, um dos roteiristas, trabalhou com Truffaut, inclusive nos roteiros de Beijos Proibidos (Baiser volés, 1968) e Domicílio Conjugal (Domicile conjugal, 1970). Mas também pode ser por conta de uma característica típica da obra de Truffaut, a mistura de lirismo e crueldade, que contaminou - no bom sentido - a trama de O Diário Roubado.
O que amei neste filme foi a presença de suas protagonistas, a loira Edwige Navarro (Anne) e a morena Edwige Bouchez (Virginie) - na época, ilustres desconhecidos (como também o era, na época, o jovem Benoît Magimel). Sobretudo, amei o modo como a jovem Élodie Bouchez se entregou com unhas e dentes ao seu personagem. Desde esta época, tornei-me um apaixonado por Élodie Bouchez.
O Diário Roubado chegou a passar nos cinemas daqui, e foi lançado no quase falecido formato VHS. Quem se habilita a lançá-lo em DVD ou Blu-Ray?
Não achei o trailer, mas encontrei uma belíssima cena entre Virginie e Anne, as jovens amantes. Deleitem-se.

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