(e, a seguir a primeira indicação da séria série “Filmes que Jair Besteiraro et caterva a-do-ra-ri-am...”)
Com este post, inicio mais uma séria série em SOMBRAS ELÉTRICAS: Filmes que Jair Besteiraro et caterva a-do-ra-ri-am... São filmes que já foram exibidos no Brasil ou que gostariam que fossem exibidos aqui - alô, senhores distribuidores e exibidores, atenção!
Antes, porém, preciso escrever a uma pessoa importante.
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Excelentíssima Sra. Deputada Estadual Myriam Rios (PDT-RJ):
O que a senhora disse – “Digamos que eu tenha duas meninas em casa e contrate uma babá que mostra que sua orientação sexual é ser lésbica. Se a minha orientação sexual for contrária e eu quiser demiti-la, eu não posso. O direito que a babá tem de querer ser lésbica é o mesmo que eu tenho de não querer ela na minha casa. Vou ter que manter a babá em casa e sabe Deus até se ela não vai cometer pedofilia contra elas. E eu não vou poder fazer nada",” – é apenas a sua opinião.
Tudo bem, todos nós temos direito à opinião. E se a senhora me der licença, eu também gostaria de externar a minha opinião – aliás, opinião minha e de 99% das pessoas com grande vivência de vida e com o número certo de neurônios no cérebro – desde que não tenham sido destruídos pelo fanatismo e intolerância religiosa:
1- Nos últimos tempos, nenhum pedófilo – pelo menos, os que foram presos pela polícia – se declarou homossexual. E por uma razão muito simples: o pedófilo não se assume publicamente como nada – nem mesmo como pedófilo. (Há a “honrosa” exceção do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berladroni, que prefere se orgulhar de seus bunga-bunga com menores a permitir a união civil entre pessoas do mesmo sexo no país. De duas uma: ou é uma enorme confiança na impunidade oriunda do poder de seu dinheiro, ou dada a sua idade – 74 anos – é senilidade precoce, mesmo.) na verdade, ao invés de se assumir como alguma coisa, o pedófilo prefere se esconder. De preferência, atrás de uma boa máscara respeitável – seja a do parentesco (boa parte dos casos de ataques pedófilos ocorre entre parentes – pai e filho (a), tio e sobrinho (a), avô e neto (a) etc.) seja a de alguma função que inspire certa confiança entre os pais e crianças: professor, médico pediatra (lembra-se do dr. Eugênio Chipkevitch?), pastor evangélico, padre, fiel da Renovação Carismática Católica etc.
(Veja bem, dona Myriam, não vamos generalizar em nenhuma destas ocasiões, certo? Os pedófilos encontrados nestas áreas são as exceções de uma regra de profissionais bons e éticos. Mas já pensou se algum de seus ilustres companheiros da Renovação Carismática Católica for um pedófilo, disfarçado? Melhor abrir o olho, para não dizer depois que a cigana lhes enganou.)
2- Por que “pai e filho (a), tio e sobrinho (a), avô e neto (a) etc.”? Simples: meninas também são vítimas de ataques de cavalheiros pedófilos.
(Lembra-se daquele pedreiro de Olinda – PE, que engravidou a própria enteada de 9 anos?)
O problema atual, quando se fala de pedofilia, é que preferem generalizar apenas os casos em que predador (homem adulto) e vítima (criança) são do mesmo sexo (adulto X menino) – especialmente, como mais uma forma mau-caráter de ataque aos homossexuais. E quando os ataques pedófilos são contra sexo diferente (adulto X menina)? Estranhamente, parecem não considerar isso como pedofilia – especialmente os imbecis que, mesmo achando grave, passam a mão e na cabeça deles, por achar, no fundo, que são uma “prova” de sua “virilidade” (SIC).
Não é que achemos que d. José “Fogueira-da-Inquisição” Cardoso Sobrinho, ex-arcebispo de Olinda e Recife ache isso. Nem achamos que ele não deveria defender a posição da Igreja Católica contra o aborto. Mas note como é estranho: ele preferiu excomungar os médicos que foram obrigados a fazer o aborto na menina – e tinham de fazê-lo, senão a menina e os bebês gêmeos que esperava morreriam caso a gravidez fosse adiante – mas não excomungou o padrasto pedófilo que a engravidou: “Dom José reconhece que seu crime foi grave. Mas afirma que o direito canônico não prevê excomunhão para o criminoso.”
Donde a relação pedofilia = homossexualidade, além de falsa e errônea, é bem canalha. Menos para os homófobos, é claro.
3- Então o que causa o surgimento de um pedófilo? Freud explica (e se Freud não explicar o suficiente, Jung, Hélio Pellegrino ou qualquer outro psicanalista competente poderá fazê-lo): a pedofilia é uma falha na construção da personalidade e da identidade sexual de uma pessoa em algum momento de sua formação, seja na infância, seja na adolescência, que faz com que seu impulso sexual se fixe nas crianças e adolescentes. (Claro que certa e antiga tradição de casamentos com menores ajuda muito.)
Ah, sim: há também os pedófilos que, em algum momento de sua infância ou adolescência, foram vítimas de abusos sexuais, e se tornaram pedófilos para desforra. Mas estes podem ser contados nos dedos ou no histórico de 0,000,001% de pedófilos conhecidos, isto é, presos. Afinal, nem toda vítima de pedofilia se torna pedófilo – especialmente quando procura ajuda psicológica especializada. Senão, seria fácil uma nova generalização: todo pedófilo foi alguém que foi abusado em sua infância, ou adolescência. E generalização não ajuda em nada.
4- Isso ajuda quando lidamos com os casos de ataques pedófilos por parte de padres. Neste caso, mais duas características básicas se acrescentam. A primeira: uma incapacidade deste sacerdote em conter seus impulsos sexuais para fazer jus ao seu voto de celibato. Com a palavra, o Dr. João Coutinho de Moura, psiquiatra e psicanalista didata da Sociedade Psicanalítica do Rio de Janeiro (o grifo é meu).:
OI: Qual a razão de tantos casos relatados e reconhecidos de abuso sexual de crianças e adolescentes na Igreja Católica?
Dr. João Moura: Acho que isso pode ocorrer em todas as instituições. Penso que os casos dentro da Igreja sejam mais denunciados e divulgados, porque muito justamente a população acha que, pelo papel que exerce, é totalmente inaceitável que essas situações ocorram na Igreja. Na realidade muitos homens escolhem a vida religiosa para se esconderem de seus conflitos, de seus problemas sexuais, como por exemplo da dificuldade de lidar com o sexo feminino. Optam então por uma vida que consideram menos ameaçadora, no seio da Igreja.
A segunda característica: a ocasião e a disponibilidade de alvo – tanto faz se tais alvos são meninos ou meninas: o que vier – e me desculpe o termo desabrido – ele “traça”.
5- Agora, quando alguém se assume como homossexual – para si mesmo e publicamente – é porque está absolutamente seguro a respeito de sua sexualidade. Logo, para que vai usar ardis para buscar um parceiro sexual entre os que não podem se defender (meninos ou meninas)?
(Lembrando mais uma vez: o pedófilo não se assume nem como gay, nem como hétero – nem mesmo como pedófilo propriamente dito. Logo, nem ele mesmo sabe se seu impulso sexual é sobre as meninas ou sobre os meninos. Desconfio que, quem estiver perto, será seu alvo.)
Logo, não é melhor homossexuais e lésbicas se assumirem publicamente, mesmo que seja para prevenir enganos e dissabores? Quem for hetero, procura parceiros sexuais, namorados e/ou companheiros entre pessoas de sexo diferente do seu. Quem for LGBTTS (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transgêneros e Simpatizantes) procura parceiros sexuais, namorados e/ou companheiros entre pessoas do mesmo sexo. E quem for hetero seguro de si e de sua sexualidade – especialmente se for simpatizante (o S da sigla) – convive tranquilamente com as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros – afinal, o que importa não é a orientação sexual do (a) amigo (a), e sim a pessoa.
O problema é: como o homossexual pode se assumir como tal publicamente se velhas ideias de jerico homófobas (tipo essa, de relacionar pedofilia só com o homossexualismo) continuam sendo veiculadas por aí – especialmente pelos homófobos? (Aliás, noves fora os que são assim por ignorância, há os homófobos que são assim porque não conseguem assumir seus impulsos homossexuais. Logo, desconfie daquele que quer que “todo gay morra”...) Ou mesmo o direito de demitir alguém só por ser homossexual (portanto, uma suposta “ameaça” à família) mesmo que ele seja um profissional dedicado, competente e, sobretudo, ético em sua profissão?
A própria oposição à união civil entre pessoas do mesmo sexo (vejam bem: união civil – nenhum padre, pastor ou qualquer outro religioso será obrigado a casar duas pessoas do mesmo sexo em sua igrela, templo etc.) é uma imbecilidade – igual mesmo à oposição de grupos conservadores (Igreja Católica à frente) à adoção do divórcio. Uma das alegações é bem parecida com a que usam contra a união civil entre pessoas do mesmo sexo: o divórcio seria “fator de dissolução da família”. Pois em 1977, o divórcio é adotado no Brasil, e, até onde se saiba, a família brasileira não sofreu nenhum grande abalo significativo – até porque, entre os heteros, pessoas ainda continuam se casando.
O mesmo ocorrerá com a união civil entre pessoas do mesmo sexo: não vai abalar a tradicional família heterossexual. Vai, isso sim, possibilitar o surgimento de novos tipos de família, e ambos os tipos vão conviver em harmonia, sem que um tipo vá interferir no outro.
Na verdade, dona Myriam, a senhora e outros “ínclitos defensores da moral – especialmente Jair Besteiraro-Melancia-no-Pescoço – deveriam deixar de levar a sério aquela velhíssima piada contada no saudoso Pasquim.
A piada é mais ou menos assim: um cavalheiro inglês procura o Foreign Office (o Ministério do Exterior do Reino Unido) pede para renunciar à cidadania britânica.
- Mas por quê? – pergunta o funcionário que o atende.
- É muito simples. Na Idade Média, o homossexual era empalado. Sob a Inquisição, os homossexuais eram condenados à fogueira. Depois, passaram a ser enforcados ou decapitados. No século XIX, iam para a prisão com trabalhos forçados. Depois, passou a ser doença psiquiátrica, tratada em hospícios. Finalmente, o homossexualismo passou a não ser considerado crime ou doença. Na semana passada, legalizaram o casamento entre homossexuais...
- E daí, milord?
- Daí que quero mudar de nacionalidade antes que a House of Commons torne o homossexualismo obrigatório...
Convenhamos: uma piada homófoba ruim de doer. (por que a piada é homófoba? Entre outras coisas, porque a homossexualidade é chamada aqui de “homossexualismo” – termo usado quando era considerada “doença”.) O final, então, é inverossímil, completamente idiota, mas, pelo visto, justifica muitas das idiotices dos Besteiraro, pai e filho, et caterva, sobre a “ditadura homossexual” (SIC, mesmo!).
No entanto, ela é útil por fazer um histórico da não-aceitação (ou melhor, perseguição) da homossexualidade por séculos d.C. a fio – ou seja, da secular “ditadura hetero”, seja por inspiração religiosa – se Deus criou o homem á sua imagem e semelhança, criou com ele a homossexualidade (e duvido que Ele tenha criado os homossexuais apenas para irem para o inferno sem apelação) – seja pseudocientífica - aquela história de considerar a homossexualidade como doença. (O que causaria tal doença? Dizer que é o “vírus de Bruços” não vale...)
Por que o final é idiota? Porque ninguém quer tornar “obrigatória” a homossexualidade. O que se quer é que todos possam conviver em paz e harmonia. É pedir muito?
Ah, sim: pode transmitir um recado ao sr. Jair Besteiraro e ao seu “educadíssimo” filho, Carlos?
Um fazendeiro amigo meu, criador de cavalos e asnos, ficou com dó de ver o seu Jair tão magro. A conclusão que tirou: está se alimentando mal. Daí, ele me pediu para que transmitisse um recado para ele: quando eles quiserem, ele pode mandar as sobras da alfafa com a qual ele alimenta os asnos. É só ele pedir.
Atenciosamente,...
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Devidamente escrito o recado a uma pessoa importante, vamos à primeira indicação de filme: The Four-faced Liar (2010), de Jacob Chase.
Basicamente, é uma história de amores e desencontros entre quatro jovens de vinte e poucos anos que procuram se encontrar em Nova York. Um casal aparentemente perfeito, Molly (Emily Peck) e Greg (Daniel Carlisle), e seus amigos Bridget (Marja Lewis-Ryan, também autora da peça teatral original e do roteiro) e Trip (Todd Kubrak) se encontram num pub irlandês, The Four-Faced Liar, nas ruas de West Village. Através de seus encontros, os quatro vão testemunhar seus relacionamentos uns com os outros se transformarem em amor, traição e sofrimento para todos. No caso do amor, especialmente quando as amigas Bridget, lésbica assumida, e Molly se apaixonam e...
Bom, dê uma olhada no trailer e torça para que alguma distribuidora se resolva a trazer o filme para cá.
02 julho, 2011
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