13 julho, 2011

Emiliano Ribeiro (1963-2011)

Agosto ainda não chegou, mas já quer abusar do desgosto.
Informa-nos Marcos Manhães Marins, via e-mail:
"Chegou-nos a notícia de que o cineasta Emiliano Ribeiro foi
encontrado morto em sua casa.
Vamos aguardar que os amigos dêem mais detalhes tanto sobre a sua carreira profissional, em homenagem, como de como será a despedida. A princípio será cremado no Rio de Janeiro, amanhã. Quem pode especificar essa cerimônia melhor?
A tragédia foi muito maior, porque Emiliano não tinha uma doença aparente, e estava, junto com sua esposa, esperando um filho. A empregada entrou hoje e viu a cena.
Morreu dormindo na cama, e sua esposa ao encontrá-lo entrou em estado de choque, ficando ao seu lado por 48 horas, viva, mas sem se alimentar ou beber nada. E ela falece também, com o filho do casal dentro dela, a caminho do hospital, por desidratação.
(...)
Eu, particularmente, não era um grande amigo de Emiliano, mas tive contato com ele algumas vezes quando ele dirigia documentários para o NUTES (um setor audiovisual da UFRJ), e eu também dirigia (fiz 3 docs, ele deve ter feito 10) para a Universidade.
Na verdade, eu conhecia Emiliano de longa data, pois no I CURSO DE LINGUAGEM PARA CINEMATOGRAFIA ELETRÔNICA (acho que era esse o nome, não lembro), feito numa parceria com a EMBRAFILME, e promovido por profissionais da Globo para os profissionais de Cinema, eram alunos Sílvio Da-Rin, Emiliano Ribeiro, Ediala Iglesyas, Ignácio Parente, entre outros. Eu e o José Roberto Sanseverino fomos professores naquela nova forma de fazer cinema (nos idos de 1982).
Emiliano já fazia curtas. E recentemente tinha feito dois longas-metragens. Ver abaixo seu breve currículo.
E em 2006, participei com ele de um programa CURTA BRASIL na antiga TVE, hoje TV BRASIL do Rio, com Ivana Bentes, onde apresentamos curtas-metragens sobre João Cândido, o líder da Revolta da Chibata. Um grande debatedor.
Paro por aqui, certamente mais gente tem coisas interessantes para falar sobre Emiliano, o que prometia ainda fazer por esse Brasil, como Cursos com Phydias Barbosa, parcerias outras, projetos interrompidos prematuramente pela surpresa do destino. Um infarto? Um aneurisma? Não foi ainda feito o diagnóstico, e de fato, não importa. Fica na minha cabeça agora a bela imagem do filme Romeu e Julieta, onde o casal morre, um ao ver o outro morto. Que se encontrem no paraíso!
Forte Abraço, meus sentimentos à família.
Marcos Manhães Marins
CINEMABRASIL.org.br"
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Tudo o que conhecia de Emiliano Ribeiro era um curtametragem e um longametragem.
O curta foi João Cândido, o Almirante Negro (1987), docudrama sobre a Revolta da Chibata e seu líder, tendo como pretexto a encenação desta história num grupo de teatro num morro do Rio de Janeiro. (E que senhor grupo de teatro: ninguém menos que Nelson Xavier, Paulão e Antônio Pompeu faziam parte dele.)
O longa foi As meninas (1995) - adaptação do romance homônimo de Lygia Fagundes Telles. Na verdade, era um antigo projeto de David Neves (Memória de Helena, Muito Prazer, Fulaninha), que faleceu antes de concretizá-lo. Emiliano herdou este projeto e o levou adiante com poesia e galhardia. Claro que as excelentes atrizes que encarnaram as meninas - Adriana Esteves (Lorena), Drica Moraes (Lia) e Cláudia Liz (Ana Clara) -ajudaram muito, mas isso é outro assunto para outra ocasião.
Na verdade, há mais trabalhos realizados por Emiliano Ribeiro do que supõe a minha triste ignorância. O que me entristece são os planos que Emiliano Ribeiro ainda teria (e que não serão mais realizados), mais do que supõe a nossa vã filosofia.
Adeus, Emiliano Ribeiro. Descanse em paz.

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