30 julho, 2011

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM... (XII)

Aleluia!
Custou, mas achei em meus arquivos igualmente implacáveis: a edição da Veja de 28 de outubro de 1987.
("Poxa, tio, logo a Veja?" Calma: esta edição é do tempo em que esta ilustre revista ainda não era um "detrito de maré baixa" - © Paulo Henrique Amorim - e tentava equilibrar suas idiossincrasias com a função de fazer reportagem - boa ou má reportagem, não importava. Mas voltando a vaca fria...)
O Blog do Mello também achou. Se me permite, Mello, vou transcrever seu interessante texto:

Veja e o croqui da bomba que Bolsonaro iria explodir contra a Adutora do Guandu, que abastece o Rio


Em sua edição de 28 de outubro de 1987, a revista Veja publicou uma reportagem denunciando que o capitão Jair Messias Bolsonaro e um outro identificado apenas como Xerife iriam explodir bombas "em várias unidades da Vila Militar, da Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no interior do Rio de Janeiro, e em vários outros quartéis".
Bolsonaro criticou o ministro do Exército da época Leônidas Pires Gonçalves, a quem chamou de incompetente e racista por ter chamado os militares de "uma classe de vagabundos mais bem remunerada do país". Bolsonaro concordou em parte com a crítica do ministro e disse: "Só concordamos em que ele está realmente criando vagabundos". A parte salarial era a questão de fundo do seu descontentamento.
Ele afirmou à repórter que iriam explodir bombas para "mostrar a insatisfação com os salários e criar problemas para o ministro Leônidas".
A reportagem é que caiu como uma bomba no colo do ministro. O general procurou pelos dois conspiradores, mas Bolsonaro e Xerife negaram tudo e tentaram jogar a bomba no colo da repórter. O ministro convocou a imprensa e afirmou:
"Os dois oficiais envolvidos, eu vou repetir isso, negaram peremptoriamente, da maneira mais veemente, por escrito, do próprio punho, qualquer veracidade daquela informação."
Só que Bolsonaro cometeu um erro. Havia desenhado peremptoriamente, da maneira mais veemente, por escrito, do próprio punho o croqui da bomba que seria colocada na Adutora do Guandu, que abastece de água o Rio de Janeiro. E a repórter ficou com o croqui.


A revista entregou o material ao ministro e este, após quatro meses de investigação, concluiu que a reportagem estava correta e os capitães haviam mentido.
A revista se vingou da fonte colocando foto de Bolsonaro ilustrando o reconhecimento do ministro, com a seguinte legenda: "Bolsonaro: mentira".


O caso foi entregue ao Superior Tribunal Militar. A expectativa era de que Bolsonaro seria expulso do Exército, segundo um oficial do STM declarou à revista. Mas, contra todas as provas, Bolsonaro foi absolvido.
Por que absolvido? Pelo mesmo motivo que o tornou conhecido, que o elegeu e elege até hoje: a luta por melhores salários e pensões para os militares. É também por esses votos que ele dá as declarações que dá. E adora a repercussão.
- Não estou em campanha, mas se a eleição fosse hoje, teria 500 mil votos.

Só preciso corrigir o Mello em uma coisa: há uma luta por melhores salários e pensões para os militares. Só que, na verdade, Besteiraro não está nesta luta. Ele finge que luta pelos direitos da classe militar. A sua única e verdadeira luta é para aparecer - na velha e chata estratégia da "melancia-no-pescoço" - e divulgar ideias de jerico de extrema-direita. (Pensando bem, exagerei na redundância do pleonasmo, ao escrever "ideias de jerico de extrema-direita". Putz, toda ideia de extrema-direita é de jerico...)
Claro que um militar qualquer, da ativa, da reserva ou reformado, dirá que estou exagerando e sendo injusto com Besteiraro - afinal, "foi ele que conseguiu melhorias para os nossos vencimentos".
ELE conseguiu?
Ele SOZINHO?
Bem, até onde sei, a presidente da República chama-se Dilma Rousseff. E seu antecessor chamava-se Luís Inácio Lula da Silva. Nenhum deles chama-se Jair Besteiraro. (Aliás, os dois são constantemente xingados pelo ínclito deputado.)
Até onde sei, o ministro da Fazenda - que é um dos homens do dinheiro na administração federal - chama-se Guido Mantega. Não se chama Jair Besteiraro.
Até onde sei, o ministro da Defesa (ainda...) é o advogado e ex-ministro do STF Nelson Jobim. Não se chama Jair Besteiraro.
E, até onde sei, o comandante do Exército é o general Enzo Peri. E não o capitão da reserva Jair Besteiraro.
O que o ínclito deputado pode fazer é apresentar projetos de lei para melhorar os salários dos militares. E, ainda assim, para conseguir sua aprovação, tem de negociar com seus ilustres colegas de parlamento para que sejam aprovados nas comissões temáticas, votados no plenário, mandados para o Senado, onde tem de passar por nova votação antes de virar lei e ser sancionada pelo(a) presidente da República. E, depois das, com perdão da má palavra, das m*&%$@s que falou e fala contra os homossexuais, só mesmo com a bancada evangélica que ele pode negociar. E a bancada evangélica, mesmo grande, não é a maioria dos 503 deputados da Câmara, nem dos 81 senadores da República.
No fim das contas, só as quatro ou cinco pessoas acima citadas (a presidente da República, o ministro da Fazenda, o ministro da Defesa e o comandante do Exército) é que tem a caneta necessária para dar as melhorias salariais que os militares precisam e merecem. Não a caneta de Jair Besteiraro.
Portanto, caro militar, se Jair Besteiraro voltar a dizer que conseguiu as melhorias salariais para a sua categoria SOZINHO, cabe responder a ele: "Sozinho é o c@#@%&*, seu terrorista!" 
Até porque se você, militar, é contra o terrorismo, por que vota num terrorista como Jair Besteiraro? (Ora esta, as bombas que planejavam explodir nos banheiros destas unidades militares "não iriam matar nem ferir ninguém" - a não ser quem, inadvertidamente, precisasse usar o banheiro no mesmo momento em qua bomba explodisse... isso ele e seus companheiros de terrorismo não pensaram...)
E não se engane: quem planeja atos terroristas, como explodir bombas, mesmo não os executando, é terrorista do mesmo jeito.

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Isto posto, em mais uma homenagem - desta vez, aos corajosos ministros do Superior Tribunal Militar (é preciso muita coragem para não expulsar do Exército e não condenar à prisão um terrorista como Bolsonaro, né não?) - a indicação de nossa séria série, que já esteve nos nossos cinema e está em DVD: Yossi & Jagger (Israel, 2002), de Eytan Fox.
pequeno detalhe, só para se situarem: Israel possui um dos melhores exércitos do mundo, e também um dos regimes democráticos mais estáveis do planeta (menos, claro, para os palestinos...) - tão estável que, até agora, eles não tem sequer uma Carta Magna. Não, não é para imitar os ingleses - que governaram a região da Palestina, por mandato, do final da Primeira Guerra Mundial até pouco depois da Segunda Guerra - que também não tem uma constituição. É que ainda não chegaram a um acordo sobre ela.
Enquanto isso, leis regulam o regime democrático - que vai bem, obrigado. Especialmente quanto aos direitos dos cidadãos LGBTS - inclusive em suas forças armadas. (Já as forças armadas daqui de Terra Papagalli...)

Isto posto, voltemos ao filme.
Yossi & Jagger se passa em uma base militar na fronteira de Israel com o Líbano que abriga jovens soldados, homens e mulheres. Yossi (Ohad Knoller) é o comandante do grupo, um homem duro que mantém a todo custo sua postura rígida e a fama de mau. Jagger (Yehuda Levi), o segundo na hierarquia do quartel, tem uma personalidade mais sensível, apesar de também encarar seu trabalho com seriedade. Uma vez juntos, os dois militares vivem uma história de amor proibida que tentam esconder dos demais membros da tropa a todo custo. No entanto, esse esforço fica ameaçado quando a recruta Yaeli (Aya Steinovitz) declara ser apaixonada por Jagger. Os dois amantes terão de tomar uma decisão...
A seguir, o trailer do filme.

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