10 julho, 2011

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (VIII)

Tem gente que se recusa a tomar simancol canforado. Anthony Gargantinho é um deles. Este narcisista truculento quer porque quer ser o primeiro presidente evangélico da República (ou o primeiro presidente da República Evangélica Brasileira?) e, nessa obsessão, passa por cima de toda e qualquer noção de moralidade -a mesma moralidade que faz os evangelicos barrarem toda e qualquer proposta em favor do povo LGBTS no Congresso Nacional e na Justiça. Fora a mania de insultar a inteligência dos outros, evangélicos ou não.
A Agência Estado, via Yahoo!, informa (http://br.noticias.yahoo.com/garotinho-insinua-dilma-sabia-corrupção-153100415.html):

Garotinho insinua que Dilma sabia de corrupção

O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) afirmou ontem, em seu blog, que a crise no Ministério dos Transportes “nada tem a ver com combate à corrupção e sim com a proximidade do julgamento do mensalão”. A teoria dele é que o mensalão só está no STF por causa de dois indiciados - Valdemar Costa Neto e João Paulo Cunha. Se Costa Neto “for atacado com denúncias e renunciar ou for cassado e se Cunha deixar a Câmara para se candidatar a prefeito de Osasco, o processo terá de ser reiniciado na primeira instância, o que levaria à prescrição dos crimes”.

Garotinho chama de “inacreditável” o modo como tudo aconteceu. E pergunta: a presidente Dilma, como ministra, “não sabia da corrupção nos Transportes? Ou sabia, contou a Lula e ele não tomou providência nenhuma?”
Ele também estranha que o escolhido de Dilma, Paulo Passos, sendo secretário-executivo, não soubesse de tudo que ocorria no ministério. “Ele não viu nada, não sabe de nada? Não dá para condenar uns e absolver outros. Ou todos são inocentes ou todos são culpados”, afirmou.

Então tá, doutor Anthony Gargantinho. O senhor não acredita que a presidente Dilma Rousseff não sabia das falcatruas dentro do Ministério dos Transportes, e realmente é difícil não acreditar nisso.
Tudo bem, é direito seu.
Eu também não acredito que, durante seus dois (des)governos no estado do Rio de Janeiro (ou vocês acham que a esposa Rosinha Matheus Gargantinho realmente governou o estado, tendo o senhor por trás do trono?), o senhor não percebeu o propinoduto que o doutor Silveirinha montou dentro da Secretaria de Fazenda.
Também não acredito que o senhor não percebeu que as ONGs que doaram dinheiro para a sua malograda pré-campanha para presidente da República, em 2006, eram, por coincidência, prestadoras de serviços para o estado do Rio de Janeiro (Aliás, serviços mesmo elas não prestaram, mas receberam do erário fluminense do mesmo jeito.)
E nem acredito que o senhor não percebeu que a banda podre do aparelho policial fluminense se organizou nas malfadadas milícias, que exploram comunidades carentes tanto quanto o tráfico, e agora estão metidas com agiotagem.
Falando sério (e à la Leonel Brizola): francamente... francamente!... Precisamos de um Edward R. Murrow ou de um Joseph Welch para enfrentar este aprendiz de macarthista chamado Anthony Gargantinho.

Pai dos Burros e Desinformados:
Edward R. Murrow era um jornalista admirado por sua honestidade e integridade – admiração surgida durante seu trabalho como correspondente de guerra, transmitindo notícias pelo rádio durante a II Guerra Mundial. Ora, quem enfrentou uma guerra não iria ter medo de um demagogo chamado Joseph McCarthy. E não teve mesmo: já como âncora de televisão na rede CBS, Murrow enfrentou McCarthy e sua central de histeria montada na Comissão de Atividades Antiamericanas do Senado americano. Ele e a televisão desmontaram o bicho-papão que McCarthy se tornou.
Joseph Welch era um dos mais eminentes advogados norteamericanos. Em 1954, foi chamado pelo Exército dos EUA para defendê-lo das acusações de McCarthy. E conseguiu desmontá-lo via televisão com uma simples e memorável frase:
"Acredito que eu nunca havia realmente avaliado a sua crueldade e a sua imprudência. Será que o senhor não possui o mínimo senso de decência? Será que, depois de tanto tempo, não lhe restou um pouquinho de decência?"
Será que não vai surgir nenhum Murrow ou um Welch que chame este narcisista truculento chamado Anthony Gargantinho na chincha, que o encare, e lhe pergunte: será que o senhor não tem nem um mínimo senso de decência?

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Enquanto não aparece um Murrow ou um Welch brasileiro, mudemos um pouquinho de assunto. Ou nem tanto.
Por curiosa coincidência, na mesma época em que Mr. McCarthy fazia misérias (mesmo), que um rapaz chamado Roy Harold Scherer Jr. começava a se tornar famoso como ator em Hollywood, com o nome artístico de Rock Hudson. Um galã que era a quintessência da masculinidade. A subcultura LGBTS de Los Angeles sabia que, em se tratando de Rock Hudson, a história era outra. Mas esta outra história só viria à tona em 1985, quando Hudson assumiu publicamente que tinha o vírus da AIDS e, de quebra, sua homossexualidade.
Antes que o gentil leitor o condene por hipocrisia, um lembrete: Rock Hudson começou sua carreira num tempo em que a homossexualidade era considerada crime e perseguida pela polícia. Se havia tão pouca vontade com a esquerda – ou com o que o conservadorismo político norte americano considerava como esquerdista (onde já se viu um país como os EUA não ter um serviço público de saúde para os pobres e os sem-dinheiro? Pau no Tea Party, Obama!) – imagine-se para a homossexualidade. Certo, em 1969 houve a revolta de Stonewall, em Nova York, contra os desmandos da polícia sobre o povo LGBTS. Mas a esta altura, já era tarde para Hudson voltar atrás.
Logo, a nossa indicação para esta séria série não poderia ser outra: Saia justa (Straight-Jacket, EUA, 2004) de Richard Day. Breve sinopse desta comédia divertidíssima:
Hollywood, década de 1950. O astro de cinema Guy Stone (o sobrenome não lhe lembra alguém?) é o sonho de toda a mulher americana... apesar de ser homossexual. Ele é forte candidato ao papel principal de uma nova versão de Ben-Hur. (Gozação com Charlton Heston, protagonista da segunda versão, de 1959, e venerando presidente, até o fim da vida, da National Rifle Association, o lobby de defesa do direito de todos, inclusive os psicopatas, de portar armas? Ou homenagem a Ramon Novarro, protagonista da primeira versão, de 1925, que também era homossexual?). O problema é que, durante uma batida policial em um bar gay em Los Angeles, ele é preso e fotografado por um jornalista de uma publicação sensacionalista. Para salvar as aparências, o estúdio faz com que Guy se case com Sally, secretária do estúdio, a fim de esconder sua homossexualidade. Mas Sally não tem idéia de seu casamento é uma farsa, e transforma a vida de Guy de cabeça para baixo. A partir daí...
A partir daí, se quiser saber o resto da história, insista com alguma distribuidora para que o lance aqui nos cinemas do Brasil. Por enquanto, fiquemos com o trailer.

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