Diário
do Bolso
(José Roberto
Torero)
Diário, que saco aquele vídeo da demissão do Bebianno!
Nem consegui disfarçar que estava sendo obrigado a fazer aquilo. Mas foi
uma exigência do Bebianno para ele sair numa boa.
Primeiro eu gravei uma mensagem do meu jeito. Mas ele não aprovou. Disse
que eu não podia usar a camisa do Palmeiras e também não gostou do texto.
Aí ele mandou outro, eu botei um terno e gravei. Mas gravei com uma cara
bem azeda, de quem está com o intestino preso. Nem disfarcei os olhos lendo o
teleprompter.
Vou mostrar a diferença da mensagem dele e da minha:
O começo dele: “Comunico que, desde a semana passada, diferentes pontos
de vista sobre questões relevantes... blá, blá, blá... não sendo adequado
pré-julgamento de qualquer natureza.”
O meu começo: “Comunico que desde a semana passada a gente está no maior
quebra-pau por causa da história dos candidatos laranjas. Aí o Carluxo entrou
na briga, a gente chamou o cara de mentiroso e a coisa fedeu mais ainda”.
O meio dele: “Tenho que reconhecer a dedicação e comprometimento do
senhor Gustavo Bebianno à frente da coordenação da campanha eleitoral... blá.
blá, blá... e continuo acreditando na sua seriedade e qualidade do seu
trabalho.”
O meu meio: “Tenho que reconhecer que o Bebianno trabalhou à beça para a
minha eleição. Se teve um puxa-saco esforçado, foi ele. O Bebianno que me levou
para o Partido do Suco de Laranja, mas agora estou entendendo o motivo. Por
causa disso ele ficou mais sujo que pau de galinheiro e vou ter que mandar o
cara embora.”
O fim dele: “Como presidente da República comunico que blá, blá, blá...
meus sinceros votos de sucesso em sua nova jornada.”
O meu fim: “Meus filhos falaram que eu é que mando nessa porra toda e
que eu tinha que exonerar o Bebianno, então: Esteje exonerado! Não me encha
mais o saco e vá pra casa do c...aramba!”
Bom, Diário, são os ossos do edifício. Essa crise já foi. Vamos para a
próxima!
Falando nisso, amanhã é dia de levar a proposta da reforma da Previdência
para o Congresso. Vou de papete ou não?
*********
Depois
desta, só me resta repetir:
Gustavo
Bebianno: se você falar o que sabe do Coiso, sua família e a campanha
eleitoral, arrumamos uma embaixada para você se refugiar. Nada de acordo com o
Lorenzetti... ops, Lorenzoni.
Vai ser uma
brasa, mora!
*********
A nossa
indicação para esta séria série trata de um cinema que não aparece por aqui faz
tempo: o cinema da África do Sul. E ainda por cima, todo falado em afrikaaner – o holandês antigo trazido
pelos primeiros colonizadores do território.
Sim, falar
de África do Sul lembra Nelson Mandela. Mas lembra também o apartheid – o regime
de segregação racial e política implantado no país em 1948 que só acabou em
1994. Depois de 1994, ações afirmativas para a integração foram implementadas
no país pelos governos do CNA (Congresso Nacional Africano), mas as diferenças
ainda existem.
Ah, sim: a
Constituição de 1994 discriminalizou a homossexualidade, e em 2006, o país
aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo – uma exceção numa África cada
vez mais homofóbica.
Pois as diferenças raciais
e a homossexualidade são os motes de High
Fantasy (África do Sul-Luxemburgo, 2017) de Jenna Cato Bass – um
pouco através da fantasia, ainda que seja em forma de mockumentary (falso documentário).
O
documentário entrevista um grupo de jovens – quatro moças, Xoli (Qondiswa
James),Tatiana (Liza Scholtz),Stacey-Lee (Loren Loubser) e Lexi (Francesca
Varrie Michel), e um rapaz, Thami (Nala Khumalo) – que foram acampar numa
fazendo no interior do país (dos pais de Lexi), e passam por uma experiência estranha:
um dia (sabe-se lá por que), eles acordam... e descobrem que trocaram de corpos
– as brancas passaram para os corpos das negras, e uma delas trocou de corpo
com o rapaz.
Deu-se a melódia, pois cada um deles tem heranças culturais diferentes.
Fora a tensão que já existia entre a branca Lexi e a negra Xoli, bem como entre as três garotas
e Thami.
O que acontece daí por diante? Peçam a algum distribuidor para trazer o
filme para Terra Papagalli, e assistam para saber o que acontece – como vão navegar
por um labirinto pessoal e político para que sua amizade e suas vidas sejam as
mesmas novamente.
Por enquanto, vejam o trailer, e até a próxima.
Nenhum comentário:
Postar um comentário