21 fevereiro, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CIII)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)

Diário, que saco aquele vídeo da demissão do Bebianno!
Nem consegui disfarçar que estava sendo obrigado a fazer aquilo. Mas foi uma exigência do Bebianno para ele sair numa boa.
Primeiro eu gravei uma mensagem do meu jeito. Mas ele não aprovou. Disse que eu não podia usar a camisa do Palmeiras e também não gostou do texto.
Aí ele mandou outro, eu botei um terno e gravei. Mas gravei com uma cara bem azeda, de quem está com o intestino preso. Nem disfarcei os olhos lendo o teleprompter.
Vou mostrar a diferença da mensagem dele e da minha:
O começo dele: “Comunico que, desde a semana passada, diferentes pontos de vista sobre questões relevantes... blá, blá, blá... não sendo adequado pré-julgamento de qualquer natureza.”
O meu começo: “Comunico que desde a semana passada a gente está no maior quebra-pau por causa da história dos candidatos laranjas. Aí o Carluxo entrou na briga, a gente chamou o cara de mentiroso e a coisa fedeu mais ainda”.
O meio dele: “Tenho que reconhecer a dedicação e comprometimento do senhor Gustavo Bebianno à frente da coordenação da campanha eleitoral... blá. blá, blá... e continuo acreditando na sua seriedade e qualidade do seu trabalho.”
O meu meio: “Tenho que reconhecer que o Bebianno trabalhou à beça para a minha eleição. Se teve um puxa-saco esforçado, foi ele. O Bebianno que me levou para o Partido do Suco de Laranja, mas agora estou entendendo o motivo. Por causa disso ele ficou mais sujo que pau de galinheiro e vou ter que mandar o cara embora.”
O fim dele: “Como presidente da República comunico que blá, blá, blá... meus sinceros votos de sucesso em sua nova jornada.”
O meu fim: “Meus filhos falaram que eu é que mando nessa porra toda e que eu tinha que exonerar o Bebianno, então: Esteje exonerado! Não me encha mais o saco e vá pra casa do c...aramba!”
Bom, Diário, são os ossos do edifício. Essa crise já foi. Vamos para a próxima!
Falando nisso, amanhã é dia de levar a proposta da reforma da Previdência para o Congresso. Vou de papete ou não?

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Depois desta, só me resta repetir:
Gustavo Bebianno: se você falar o que sabe do Coiso, sua família e a campanha eleitoral, arrumamos uma embaixada para você se refugiar. Nada de acordo com o Lorenzetti... ops, Lorenzoni.
Vai ser uma brasa, mora!

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A nossa indicação para esta séria série trata de um cinema que não aparece por aqui faz tempo: o cinema da África do Sul. E ainda por cima, todo falado em afrikaaner – o holandês antigo trazido pelos primeiros colonizadores do território.
Sim, falar de África do Sul lembra Nelson Mandela. Mas lembra também o apartheid – o regime de segregação racial e política implantado no país em 1948 que só acabou em 1994. Depois de 1994, ações afirmativas para a integração foram implementadas no país pelos governos do CNA (Congresso Nacional Africano), mas as diferenças ainda existem.
Ah, sim: a Constituição de 1994 discriminalizou a homossexualidade, e em 2006, o país aprovou o casamento entre pessoas do mesmo sexo – uma exceção numa África cada vez mais homofóbica.
Pois as diferenças raciais e a homossexualidade são os motes de High Fantasy (África do Sul-Luxemburgo, 2017) de Jenna Cato Bass – um pouco através da fantasia, ainda que seja em forma de mockumentary (falso documentário).
O documentário entrevista um grupo de jovens – quatro moças, Xoli (Qondiswa James),Tatiana (Liza Scholtz),Stacey-Lee (Loren Loubser) e Lexi (Francesca Varrie Michel), e um rapaz, Thami (Nala Khumalo) – que foram acampar numa fazendo no interior do país (dos pais de Lexi), e passam por uma experiência estranha: um dia (sabe-se lá por que), eles acordam... e descobrem que trocaram de corpos – as brancas passaram para os corpos das negras, e uma delas trocou de corpo com o rapaz.
Deu-se a melódia, pois cada um deles tem heranças culturais diferentes. Fora a tensão que já existia entre a branca Lexi e a negra Xoli, bem como entre as três garotas e Thami.
O que acontece daí por diante? Peçam a algum distribuidor para trazer o filme para Terra Papagalli, e assistam para saber o que acontece – como vão navegar por um labirinto pessoal e político para que sua amizade e suas vidas sejam as mesmas novamente.
Por enquanto, vejam o trailer, e até a próxima.



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