Diário
do Bolso
(José Roberto
Torero)
Diário, é muita perseguição da imprensa. Todo dia sai alguma reportagem
contra mim ou contra a minha turma. Que inveja do tempo da censura...
1-) Hoje, por exemplo, disseram que o Alcolumbre omitiu uns imóveis na
sua declaração de bens à Justiça Eleitoral. Pô, quem é que nunca deixou de lado
umas casas no Imposto de Renda, só para parecer mais pobre? Já é uma coisa do
brasileiro.
2-) Descobriram também que o Ricardo Salles não estudou em Yale. Mas pô,
quem é que nunca mentiu quando fez um currículo? Tem que entender o garoto.
Mentir é uma mania dele. Tanto que o Ricardo também já alterou mapa de
zoneamento e adulterou minuta de decreto para beneficiar umas mineradoras. Como
é mesmo o nome de quem mente o tempo todo? Lembrei: é mitômano! Dizem que isso
é ruim, mas, pô, se eu sou o Mito, ser mitômano é bom. Kkkkkkkk!
3-) Outra que teve problema com a imprensa foi a Carmen Flores,
ex-presidente do PSL no Rio Grande do Sul. Ela foi candidata a senadora e
perdeu. Mas o pior é que descobriram que parte do dinheiro do fundo partidário
foi parar nas contas da filha, da neta e da própria loja de móveis dela. Mas
quem é que não emprega a família quando pode? Quem é que não compra de si mesmo
quando o dinheiro é do outro? A imprensa é muito exigente, pô!
4-) Só para ninguém dizer que eu sou reclamão, vou falar que a imprensa
de Goiás é boa. Essa não perde tempo com bobagem. Por exemplo, esses dias a
Polícia Militar invadiu um acampamento do MTST em Goiânia pouco antes da
meia-noite. Quando pediram o mandado, o sargento Antunes mostrou o fuzil e
disse “Aqui está o meu mandado”. Depois o sargento exigiu que se levantasse a
ficha do coordenador. Não achou nada. Mas falou no ouvido do comuna
ocupacionista: “Eu sou acostumado a matar bandido. Se falar alguma coisa, eu
volto aqui, te levo para dentro de um barraco e meto um monte de bala na sua
cara. Se não for eu, vem outro, porque a polícia é grande”. Isso não saiu em
nenhum jornal, em nenhuma rádio, em nenhuma tevê de Goiás. Ah, o Caiado é que
tem sorte...
Ah, Diário, bons tempos aqueles em que a gente dava uma prensa na
imprensa.
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E agora, a nossa indicação para esta séria
série: Tell it to the bees (Reino Unido, 2018), de Annabel Jankel, baseado no romance homônimo de Fiona Shaw.
Depois da morte do
pai, a médica Jean Markham (Anna Paquin) volta à sua cidade natal para cuidar da sua clínica. É quando
conhece Lydia (Holliday Grainger), mãe de
Charlie (Gregor Selkirk) e abandonada pelo marido. No começo, a relação é
apenas médica-paciente – Charlie é levado para o consultório de Jean depois de
ser intimidado na escola. Quando Lydia e Charlie são despejados por não
conseguir pagar o aluguel, Jean os acolhe em sua casa. Jean e Lydia logo
desenvolvem uma amizade... e pouco a pouco se encontram atraídas uma
pela outra, de uma forma que Jean já conhece e teme, e que Lydia nunca esperou
sentir.
Ah, já ia me esquecendo, antes que alguém ache a
historinha meio sem graça: o filme se passa numa cidade do interior da Escócia
(e cidades do interior são meio conservadoras mesmo), nos anos 1950 (época em
que a homossexualidade era punida criminalmente).
Vejam um teaser
do filme, e até lá.
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