Diário do Bolso - 5
(José Roberto Torero)
Pô,
Diário, tá fogo!
Todo
dia eu tenho que voltar atrás.
A
palavra que eu mais tenho usado é “des”. Desfazer, despedir, desdizer.
Assim
vão mudar meu apelido de “Mito” pra “Desminto”.
É
que nem disse aquele cara segurando a caveira: “Ser ou desser, eis a questão.”
Ontem
teve a história do livro didático. A gente publicou um edital e teve que
despublicar. Pô, o que é que tem colocar umas propagandas no livro? E por que
precisa dessa tal “referência bibliográfica”. O pessoal pega tudo da wikipédia
mesmo. O jeito vai ser botar a culpa no Temer.
Antes
disso foi a história da base militar. Eu convidei os americanos para fazerem
uma base aqui, mas todo mundo reclamou (até os militares) e tive que
desconvidar.
Teve
também aquele negócio do IOF. Primeiro ia ter, depois não teve, todo mundo me
desdisse, me chamaram de confuso, e eu fiquei com fama de ioiô.
O
Onyx, que despediu todo mundo, agora está tendo que desdespedir.
O
cara da Apex, o tal de Alecxandro, fez tanta besteira em uma semana que teve
que ser despachado (o que eu achei bom, porque eu nunca ia acertar o nome
dele).
A Reforma Agrária ia ser suspensa e foi dessuspensa (na verdade,
vai ser suspensa mesmo, mas a gente não pode sair contando por aí em
memorando).
Parece que o mundo apertou aquele botão rewind do gravador e está
tudo voltando para trás. Até o Olavo de Carvalho entrou nessa e disse que a
Terra não gira em volta do Sol. Assim o cara me desmoraliza.
Bom,
Diário, o que eu sei é que por estes dias tudo que era para ser desfoi. Assim
fica difícil. Meu governo tá dando pra trás. E quem dá pra trás é boiola.
*********
E agora, a nossaindicação para esta séria série: Querida mamãe (Brasil, 2017), de Jeremias Moreira Filho e Dani Carvalho. Certo,
não teve muita repercussão – nem de crítica, nem de público – apesar de ser baseada
em peça de Maria Adelaide Amaral (a Levinha, grande amiga de Caio Fernando
Abreu...) Quem sabe, a exibição na TV por assinatura e/ou o lançamento em DVD
ajudem a mudar este fato. Quem sabe, vendo o trailer, você possa saber se
mereceu o gelo dos coleguinhas críticos.
A sinopse é
bem simples:
Heloisa (Letícia Sabatella) é uma médica recentemente divorciada que
mantém um relacionamento conflituoso com sua mãe Ruth (Selma Egrei). Heloisa
culpa Ruth por seu mau relacionamento com sua própria filha, Priscila (Bruna
Carvalho), seu casamento fracassado e até mesmo sua carreira de sucesso. A
difícil relação fica ainda pior quando Ruth, após ser diagnosticada com câncer,
descobre que Heloisa se apaixonou por Leda Amarante (Cláudia Missura), pintora
que conheceu no hospital onde trabalha.
O novo relacionamento não é
bem aceito por sua família, muito menos por Ruth, o que piora o atrito entre
eles.
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