09 fevereiro, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (LXXXV)

Diário do Bolso - 6
(José Roberto Torero)
Diário, que sonho maluco que eu tive hoje!
Sonhei que meu nariz acordou comprido que nem o do Pinóquio!
Fui dar um beijo na Michelle e ela teve que ir pro oculista. Na reunião com os ministros, quando eu virara para a direita, acertava o Paulo Guedes, quando eu virava para a esquerda, derrubava a Damares da cadeira. Foi horrível! O pior foi é que no sonho eu estava resfriado. Cada atchim que eu dava deixava todo mundo verde.
Quando acordei, eu fiquei me perguntando: “Por que que é que eu sonhei isso?”
E eu me respondi: "Acho que é porque os caras estão mentindo muito. E mal."
Pra mentir direito tem que combinar antes, tem que ensaiar, tem que fazer bem feito.
Por exemplo, o Onyx bobeou. Usou umas notas fiscais de um amigo para receber verba de gabinete. Até aí tudo bem, quem é que não faz isso? Mas 29 notas com numeração seguida? Aí ficou na cara que a empresa do amigo dele era de fachada. O pior é que o Onyx pegou essa de mania de fazer tatuagem cada vez que é pego na mentira e agora vai ter que fazer outra. Até o final do mandato vai parecer o Aquaman.
E o Mourão? Dar emprego pro filho está certo. Acho que todo pai decente tem que fazer isso. Eu mesmo coloquei os meus na política e tá todo mundo bem de vida. Mas o Mourão não podia dizer que o garoto dele foi perseguido no governo do petê. Abriu a retaguarda, pô. Foi só os jornalistas irem atrás para ver que o menino tinha sido promovido oito vezes. Não é assim! Se quer inventar história, tem que inventar direito. Senão é melhor se fingir de morto. É o que eu sempre falo.
O Flávio até me entendeu errado e uma vez desmaiou num debate depois de uma pergunta difícil. Aí eu expliquei que não era para se fingir de morto de verdade, era só para ficar calado, não responder, essas coisas. Agora, no caso do Queiroz, ele aprendeu. Não vai falar nada. O Queiroz que se vire.
Bom, mudando de assunto, saiu a minha foto oficial. Mas eu não gostei muito, não. Parece que eu estou fazendo aquele forcinha final para soltar o pum. É que é muito difícil dar risada. Quase tive uma câimbra na boca. O meu consolo é que meu nariz saiu pequeno.

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Bom, quem sabe uma indicação para esta séria série vinda de Bollywood (isso mesmo, um filme da Índia) chame muito a atenção de vocês: Ek Ladki Ko Dekha Toh Aisa Laga (How I felt when I saw that girl / Como eu me senti quando vi aquela garota - Índia, 2019), de Shelly Chopra Dhar.
Talvez porque a história de amor de Ek Ladki Ko Dekha Toh Aisa Laga não seja tão simples. Como a história da moça Sweety Chaudhary (Sonam Kapoor; Sara Arjun, quando criança). Sweety é uma jovem Punjabi que tem que lidar com sua família tradicional, que quer casá-la com Sahil Mirza (Rajkummar Rao), um jovem escritor que é completamente apaixonado por ela. (Lembrando: casamentos arranjados por suas famílias ainda são mais do que comuns na sociedade indiana.) O problema é que Sweety é lésbica, e está apaixonada por outra mulher, Chatro (Juhi Chawla).
Sim, eu sei que, em setembro de 2018, a Suprema Corte da Índia descriminalizou a homossexualidade (em inglês, no The Guardian)), acabando com uma proibição oriunda do período colonial britânico. Mas, assim como os casamentos arranjados, a homofobia é um troço difícil de acabar na sociedade tradicional indiana.
Quem sabe, o trailer nos dá uma pista do que pode acontecer com Sweety nesta história.


(Ah, a propósito: nos últimos tempos, filmes com temática LGBT não são tão raros em Bollywood. Ao contrário: estão chamando muito a atenção por serem filmes que tentam quebrar tabus na índia. Mas isso é assunto para outro dia.)

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