Diário
do Bolso
(José Roberto Torero)
Os ex-amigos
Diário, que dia infeliz.
Tive que voltar atrás mais uma vez. Eu ia mandar o Gustavo Bebianno embora, desisti, mas desisti de desistir. Era muita gente me enchendo o saco. O meu filho Carlos odeia o Bebi porque os dois querem mandar na comunicação. O meu filho Flávio odeia o Bebi porque acha que ele andou vazando coisas para derrubá-lo do Senado, já que assim o Paulo Marinho, que é amigão do Bebi e suplente do Flávio, ia assumir a vaga. E o Eduardo odeia o Bebi porque não quer ficar de fora da brincadeira.
Os garotos ficaram zoando na minha orelha que nem pernilongo, dizendo que o Bebi não podia ficar, que eu não podia ceder à chantagem, que tinha que mostrar autoridade, aquelas coisas... O pior é que eles pegaram minha faixa presidencial e ficaram me fazendo de bobinho, um jogando a faixa pro outro. E disseram que, se eu fosse presidente de verdade, tinha que mandar o cara embora.
Até o Paulo Guedes veio me torrar a paciência: “Como é que a gente vai aprovar a reforma da previdência sem credibilidade? Convencer o povo de que trabalhar mais e ganhar menos vai ser bom já é difícil. Se o governo não parecer honesto, aí fica impossível. Pode perguntar pro Temer.”
Enfim, não deu mais pra aguentar. No fim da tarde, chamei o Bebi para uma conversa reservada.
- Gustavo, vou direto ao ponto.
- Gustavo? Não sou mais o Bebi?
- Você é meu amigo, mas está fedendo mais que aquele saquinho que eu carregava.
- Pensei que eu ia ficar no governo.
- Vai ter que sair.
- Só se me derem uma saída honrosa.
- Você pode ir para uma estatal, tipo Itaipu. Você não gosta de cachoeira?
- Que ingratidão! Isso é prêmio de consolação. Não quero.
- Então não vai ter outro jeito. Vou assinar já a sua exoneração. Cadê a minha bic da Compactor?
- Você sabe que eu posso complicar a sua vida.
- Já complicou. Você vazou áudios meus para a imprensa. Agora vai ter que sair para descomplicar.
- Entendi. Acabou tudo entre nós. Adeus, Jair.
- Adeus, Bebi. Quer dizer, adeus, Gustavo.
Ah, Diário, como é triste o fim de uma amizade...
Mas pelo menos os garotos devolveram a minha faixa.
Tive que voltar atrás mais uma vez. Eu ia mandar o Gustavo Bebianno embora, desisti, mas desisti de desistir. Era muita gente me enchendo o saco. O meu filho Carlos odeia o Bebi porque os dois querem mandar na comunicação. O meu filho Flávio odeia o Bebi porque acha que ele andou vazando coisas para derrubá-lo do Senado, já que assim o Paulo Marinho, que é amigão do Bebi e suplente do Flávio, ia assumir a vaga. E o Eduardo odeia o Bebi porque não quer ficar de fora da brincadeira.
Os garotos ficaram zoando na minha orelha que nem pernilongo, dizendo que o Bebi não podia ficar, que eu não podia ceder à chantagem, que tinha que mostrar autoridade, aquelas coisas... O pior é que eles pegaram minha faixa presidencial e ficaram me fazendo de bobinho, um jogando a faixa pro outro. E disseram que, se eu fosse presidente de verdade, tinha que mandar o cara embora.
Até o Paulo Guedes veio me torrar a paciência: “Como é que a gente vai aprovar a reforma da previdência sem credibilidade? Convencer o povo de que trabalhar mais e ganhar menos vai ser bom já é difícil. Se o governo não parecer honesto, aí fica impossível. Pode perguntar pro Temer.”
Enfim, não deu mais pra aguentar. No fim da tarde, chamei o Bebi para uma conversa reservada.
- Gustavo, vou direto ao ponto.
- Gustavo? Não sou mais o Bebi?
- Você é meu amigo, mas está fedendo mais que aquele saquinho que eu carregava.
- Pensei que eu ia ficar no governo.
- Vai ter que sair.
- Só se me derem uma saída honrosa.
- Você pode ir para uma estatal, tipo Itaipu. Você não gosta de cachoeira?
- Que ingratidão! Isso é prêmio de consolação. Não quero.
- Então não vai ter outro jeito. Vou assinar já a sua exoneração. Cadê a minha bic da Compactor?
- Você sabe que eu posso complicar a sua vida.
- Já complicou. Você vazou áudios meus para a imprensa. Agora vai ter que sair para descomplicar.
- Entendi. Acabou tudo entre nós. Adeus, Jair.
- Adeus, Bebi. Quer dizer, adeus, Gustavo.
Ah, Diário, como é triste o fim de uma amizade...
Mas pelo menos os garotos devolveram a minha faixa.
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Repetindo,
Gustavo Bebianno: se você falar o que sabe do Coiso, sua família e a campanha
eleitoral, arrumamos uma embaixada para você se refugiar.
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E agora, a nossa
indicação para esta séria série: As Histórias Não Contadas de Armistead Maupin (The Untold Tales of Armistead Maupin - EUA, 2017), de Jennifer M. Kroot, que já veio
cheio de prêmios (Melhor Documentário do Público no SXSW 2017, Melhor
Documentário no OUTshine Miami 2017, Prêmio do Público no Festival de Nashville
2017) para o 25º Mix Brasil (2017)
Peraí,
tiôôôô... quem é esse tal de Armistead Maupin?
Calma, filho, a Wikipedia
te explica quem é Armistead Maupin (1944). (Você escolhe o idioma. Em português, a
ficha é curta e grossa; a versão original em inglês é mais descritiva – isso se you speak english...) E esse
documentário mais ainda.
Armistead
Maupin é
um escritor norte-americano, famoso pela sua série de livros Tales of the City (Contos da cidade ou Histórias
de São Francisco, em português). E sim, ele gay, casado desde 2007 com Christopher
Turner.
E o
documentário de Jennifer M. Kroot se dedica a uma análise
de sua vida e de seu trabalho, seguindo sua trajetória de filho de família conservadora
do Velho Sul a um pioneiro defensor dos direitos gays, passando pelas selvas do
Vietnã (servindo à marinha dos EUA durante a guerra) às casas de banho de San
Francisco nos anos 1970 e para a linha de frente da guerra cultural americana, cujos
livros inspiraram milhões a reivindicarem suas próprias verdades. Com a ajuda
de seus amigos (incluindo Neil Gaiman, Laura Linney, Olympia Dukakis, Sir Ian
McKellen e Ann Tan) Maupin – mais conhecido por sua série de livros Histórias
de uma cidade – oferece um olhar desarmadamente franco à sua jornada.
This is the
trailer. Bye, bye.
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