25 fevereiro, 2019

DA SÉRIA SÉRIE "FILMES QUE JAIR BESTEIRARO ET CATERVA A-DO-RA-RI-AM..." (CV)

Diário do Bolso
(José Roberto Torero)

Pô, Diário, hoje fui procurar uma palavra no dicionário e não achei. E fui procurar porque eu sempre falo ela, mas não sei como se escreve. A palavra é “talkei”.
Só que eu não sei se se é “taoquei”, “talkey”, “taokei”, “talkei”, “taokey” ou “talquei”.
“Talquei” acho que não é, porque a palavra não tem nada a ver com talco. Ela quer dizer uma coisa meio assim “me escutou, imbecil?” ou “entendeu, sua besta?”. Eu sempre usava essa palavra com os meninos. Tipo assim: “Tudo bem, leva o revólver do papai pra festa, mas não mata ninguém, talquei?”
Acho que também não pode ser “talkey” e “taokey”, porque essas palavras têm “y”, e essa letra nem é da língua brasileira. Pô, se já tem o “i”, pra quê essa letra enfrescalhada que parece uma pepeca pingando?
“Taoquei” também não deve ser, porque parece uma palavra chinesa. Tanto que tinha até aquele líder deles lá, o Tao Tsé Tung, que foi quem inventou um tipo de comunismo chamado taoísmo.
Bom, então só sobrou “talkei”. E deve ser assim mesmo que se escreve, porque “talk” em inglês quer dizer “falar” (o Mourão andou me dando umas aulas de inglês). Daí fica na cara que “talkei” significa “falei” ou “tá falado”.
Vou até fazer uma frase para dar o exemplo: “Não é porque uma pessoa homenageia miliciano, emprega família de miliciano, tem cheque assinado por irmã de miliciano que ele tem alguma coisa a ver com miliciano, talkei?”
É, acho que ficou bem claro.
Talkei, Diário?

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Não devia, mas vou te dar uma ajudinha. Como você maltrata o português, não entende que o que você fala mesmo é "Tá OK?"
OK vem do inglês norteamericano, e equivale em português – idioma que você maltrata – a "Está bem?"
A primeira vez que apareceu o acrônimo O.K. foi no dia 23 de Março de 1839, no jornal "Boston Morning Post", e a autoria é atribuída ao seu editor Charles Gordon Greene.
Já a origem é mais complicada de determinar. Uns dizem que vem de okeh, que quer dizer "sim" na língua dos índios americanos Choctaw.
Já outros acham que surgiu durante as eleições americanas de 1840 quando foi utilizado pelo Partido Democrata como slogan para a campanha do candidato a presidente Martin Van Buren, cuja alcunha era Old Kinderhook (Kinderhook era o seu local de origem) e portanto os seus apoiantes eram o chamado OK Club.
E ainda há quem ache (e talvez você e os generais de pijama que o cercam gostem...) que vem dos quartéis militares norteamericanos durante a Guerra Civil (1861 a 1865). Quando as tropas voltavam para os alojamentos depois de um dia de batalha sem a morte de nenhum militar, era exposto um grande painel com os caracteres "0K", que significava "0 Killed", ("zero mortos") – isto é, após um dia inteiro não havia mortos, o que era um bom sinal, e por esse motivo foi traduzido como "tudo bem".
Tá OK?

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Lembram-se daquela velha máxima do repórter de O homem que matou o facínora (The Man Who Shot Liberty Valance – EUA, 1962), de John Ford: "Quando a lenda se torna realidade, publica-se a lenda"?
Pois é. Tudo leva a crer que a nossa indicação para esta séria série – The Death and Life of John F. Donovan (Canadá, 2018), de Xavier Dolan – tem a ver com esse velho vício da imprensa em todo o mundo – para o bem e (no caso) para o mal.
O filme começa uns vinte anos após a morte de um astro da TV americana, John F. Donovan (Kit Harrington – pra quem não se lembra, ator de Game of thrones), quando um jovem ator, Rupert Turner (Ben Schnetzer) relembra a correspondência escrita que compartilhou com ele, bem como o impacto dessas cartas em suas vidas.
Na época, Donovan era um jovem ator americano de talento, que buscava uma carreira bem sucedida na indústria audiovisual americana. Mas seu sonho é interrompido quando descobrem – através de uma revista chamada The Gossip – que ele se ele se corresponde com Rupert – na época, um garoto britânico de onze anos (Jacob Tremblay). Não teria nada de mais, se a reportagem (ou "reporcagem", como diria Paulo Henrique Amorim?) de The Gossip (A Fofoca – nome legal para uma "seríssima" revista...) não desse a entender que... tinha algo de pedofilia no meio...
Já se pode imaginar o que pode acontecer depois, certo?
"Quando a lenda se torna realidade, publica-se a lenda". Mesmo que seja para o mal. Ou não?
Vejam o trailer e tirem suas conclusões. Até lá.



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